tag:blogger.com,1999:blog-3864824713043509432024-03-21T15:14:30.737+00:00Leituras...Este palavrário é o que fica do que nunca serei...Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.comBlogger340125tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-15973238797219929052024-03-21T15:08:00.006+00:002024-03-21T15:13:29.159+00:00Dia mundial da poesiaAdília Lopes , uma poetisa que nasceu Maria José, mas quis ter o direito de escolher o nome.É assim que distingue as duas: a Adília é estado gasoso; a Maria josé é estado sólido...<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf0znpDXglvYCMvPWFZu0RMkgS4KcIOiqhtiiaypLy5qFSKTWdaUXpyIssyUwQlcm0bPMAMP7AYuy247XVb-BcuyM8UWUWUYvfHyJ1LCEnqiH90V69eOU6J3GCkLoebLqkNMFuMyzCWHG0Tn_Crdlrca5YjeijuyA1SmvXsWQJ3R4m3TnKefb66xeH9HQ/s247/manh%C3%A3.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="247" data-original-width="175" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf0znpDXglvYCMvPWFZu0RMkgS4KcIOiqhtiiaypLy5qFSKTWdaUXpyIssyUwQlcm0bPMAMP7AYuy247XVb-BcuyM8UWUWUYvfHyJ1LCEnqiH90V69eOU6J3GCkLoebLqkNMFuMyzCWHG0Tn_Crdlrca5YjeijuyA1SmvXsWQJ3R4m3TnKefb66xeH9HQ/s320/manh%C3%A3.webp" /></a></div><p> <i>Desde que comecei a dansar escrevo dansar com s como a Sophia. Danso sozinha para os gatos.(...) Enquanto danso penso. Penso e giro. De girar e de gerir.(...)</i></p><div><i><br /></i></div><div>
<i>Gosto das cebolas</i></div><div><i> e das pessoas</i></div><div><i><br /></i></div><div><i> Mas as pessoas</i></div><div><i> são como as cebolas </i></div><div><i>fazem chorar</i> <br /><br /><i>Moro na prisão</i></div><div><i>entre grades</i></div><div><i>sou uma árvore</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>
Uma médica psiquiatra disse-me nos anos 80: sempre que uma pessoa faz uma coisa bem feita é punida por isso.<br /><br /><br /></i></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-25562658495862484752024-03-12T21:32:00.007+00:002024-03-20T11:34:56.004+00:00Bibliotecas...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy9cV4KDt93GPzyhUD1Te-6epF_yVvQC0BflxTImooAqzcpo1f3pmzt4bbAHYv6TP3o3oIafHHDTfRt9bdMjbbLMT6H_xGNXXcE0GrWARpX41UWEO9h1J-2UflSFKX7p2Ng8llzuNz1aQ58REmNiasFUPJZwp431OA8fBMe3zJLqkuKWP0rqospDsAHmU/s823/BIBLIOTECA.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="823" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy9cV4KDt93GPzyhUD1Te-6epF_yVvQC0BflxTImooAqzcpo1f3pmzt4bbAHYv6TP3o3oIafHHDTfRt9bdMjbbLMT6H_xGNXXcE0GrWARpX41UWEO9h1J-2UflSFKX7p2Ng8llzuNz1aQ58REmNiasFUPJZwp431OA8fBMe3zJLqkuKWP0rqospDsAHmU/s320/BIBLIOTECA.webp" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigDdHA2jG_WEaWDKbD8QI2ZesMwZXeZD6sICKBvqFkgz-XYbdnX2XZFOHGG2t2TzP1ScEfuw4Y0JSgdlQ1uBND-5Stg7NDwlRptPGw9zPbze7DH1VQkmLtLimCOR4z0aVplMA-03Tz_lQYnviXkIZPV8vUpUDhpkmC8BHgRncqMrUueqNKc3MITieeO1c/s319/afonso_cruz.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigDdHA2jG_WEaWDKbD8QI2ZesMwZXeZD6sICKBvqFkgz-XYbdnX2XZFOHGG2t2TzP1ScEfuw4Y0JSgdlQ1uBND-5Stg7NDwlRptPGw9zPbze7DH1VQkmLtLimCOR4z0aVplMA-03Tz_lQYnviXkIZPV8vUpUDhpkmC8BHgRncqMrUueqNKc3MITieeO1c/s319/afonso_cruz.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="319" data-original-width="233" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigDdHA2jG_WEaWDKbD8QI2ZesMwZXeZD6sICKBvqFkgz-XYbdnX2XZFOHGG2t2TzP1ScEfuw4Y0JSgdlQ1uBND-5Stg7NDwlRptPGw9zPbze7DH1VQkmLtLimCOR4z0aVplMA-03Tz_lQYnviXkIZPV8vUpUDhpkmC8BHgRncqMrUueqNKc3MITieeO1c/s320/afonso_cruz.jpg" /></a></div>
" Não há nenhuma diferença entre a leitura e a escrita. Quem lê é o autor daquilo que lê." Christian Bobin <div><br /></div><div><br /></div><div><span> </span></div><div> "Na biblioteca do faraó Ramsés II estava escrito por cima da porta de entrada: «Casa para terapia da alma». É o mais antigo mote bibliotecário. De facto, os livros completam-nos e oferecem-nos múltiplas vidas. São seres pacientes e generosos. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor<br />.Somos histórias, e os livros são uma das nossas vozes possíveis (um leitor é, mal abre um livro, um autor: ler é uma maneira de nos escrevermos)"</div><div><br /><span> </span>Livros perdidos nas estantes que se reencontram e a surpresa , perante as <b>nossas </b>anotações<br /><br /><span> </span>Cartas de kafka a um menina desconhecida, em nome da sua boneca desaparecida...</div><div><br /></div><div><br /></div><div>"Livros que nos casam"<br /><br />Personagens de romances que invadem a nossa vida...</div><div><br /></div><div>Poderes da poesia ...<br /><br />"Ler 30 minutos por dia fará viver, em média, mais dois anos."<br /><br />"Para roubar como deve ser é preciso cultura.", mas a cultura é sempre uma ameaça....</div><div>Quando temos dois pães, devemos.</div><div><br /></div><div>Ir para a escola pelo caminho com mais palavras...<br /><br />Mulher árabe : " Comecei a ler e libertei-me"<br /><br />"Um escritor que não tem uma ferida constantemente aberta não é um escritor.", disse <b> Elias Canetti; eu </b>substituo escritor por ser humano...</div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-29705698139127095642024-03-01T00:47:00.003+00:002024-03-01T00:52:09.305+00:00Menina de colégio...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTa3l4fViaRQ0Mwg9qdcsawan2C9e5Ori3e9ksXtDQLzHu-0jbWnMzTTlZ-xwYkopiN0pdIPoROnaoiEzecWwy_-kr7UqXspFwDOqMQBk-3aD6UzwlVXAFY9WCr1u6lYX0FD_KAyJJOvIJRSkE5NXoSL3kX1XfgJATIbZGxjEyd0vmOv-y5STpOpudj3w/s851/5felizes%20anos.webp" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="320" data-original-height="851" data-original-width="550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTa3l4fViaRQ0Mwg9qdcsawan2C9e5Ori3e9ksXtDQLzHu-0jbWnMzTTlZ-xwYkopiN0pdIPoROnaoiEzecWwy_-kr7UqXspFwDOqMQBk-3aD6UzwlVXAFY9WCr1u6lYX0FD_KAyJJOvIJRSkE5NXoSL3kX1XfgJATIbZGxjEyd0vmOv-y5STpOpudj3w/s320/5felizes%20anos.webp"/></a></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-49654799211482058352024-02-25T08:49:00.004+00:002024-02-25T09:28:27.449+00:00Fragmentos sonoros...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ug1pv8SBo-2nLnWcJ5Rn8xGVhSRVllSjuca1MmQajcDvVAALUsJaIcPXEjs1wyIRRGLn3QSFuYO8JGC7MbcAQFcTdUcoSVX0mJLDrgV6C5_NlcKU5bB54iEQyqbRpNdLx3plQN-XfwnK9-jMJu02CTWiguBLjDb37HjfECTdPAszPkBFdWEScwfoibI/s1392/as_botas_de%20_mussolini.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1392" data-original-width="896" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ug1pv8SBo-2nLnWcJ5Rn8xGVhSRVllSjuca1MmQajcDvVAALUsJaIcPXEjs1wyIRRGLn3QSFuYO8JGC7MbcAQFcTdUcoSVX0mJLDrgV6C5_NlcKU5bB54iEQyqbRpNdLx3plQN-XfwnK9-jMJu02CTWiguBLjDb37HjfECTdPAszPkBFdWEScwfoibI/s320/as_botas_de%20_mussolini.webp" /></a></div><div><br /></div><div><span> </span>Primeiro fragmento de uma história do mundo , elaborada a partir da análise de notícias atuais e de memórias de personagens/ factos históricos, com "saltos no tempo e na frase", numa "prosa sonoramente pensada e partida para ser lida em voz semialta", como afirma o autor que, entre muitas outras coisas lhe interessa isto:" o entendimento que vem do ritmo e do som da linguagem de frente para os acontecimentos" </div><div><br /></div><div> <b>1. Notícias no século XXI<i></i> </b></div><div><br /></div><div> <i>Animais periódicos, diários, que têm apetite súbito </i></div><div><i>quando a presa está fraca,</i></div><div><i> fazem da fotografia de um fracasso banquete</i></div><div><i> para a enorme pançarra dos muitos sujeitos de saliva na boca.</i></div><div><i> Notícias com rostos apanhados em descalabro </i></div><div><i>são vendidas no mundo a peso e a metro,</i></div><div><i> régua que mede em dólares e não em centímetros.
</i></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-20155284777847897042024-02-12T18:15:00.017+00:002024-02-23T17:16:52.573+00:00AmizadeS...<iframe width="760" height="150" src="https://www.youtube.com/embed/8diYfpE0Zsc?si=2mR4vObQnyRctmmU" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe>
Um livrinho encantador que concilia simplicidade, leveza, com profundidade...
Muitas perguntas , poucas certeza, como é característico das pessoas
inteligentes... Uma sintonia perfeita entre texto e imagem.
<div class="separator" style="clear: both;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7LC3CZQNySaf0veIzlv1lSK4951tB0zbojHn3JJiSNdaDR_y8z92EaeKgkvPQiX23Us7kAP3rOwkpVxSjxqblmoKproDGALBdlRNv5cW185dSBS9j97C_03CWPrGFzipcYzFnorO2sfhtDFHs1jUXWzGkwbibfioFHvJmEVzOVsa80UxB8opUWGPrH1M/s724/amigos.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="724" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7LC3CZQNySaf0veIzlv1lSK4951tB0zbojHn3JJiSNdaDR_y8z92EaeKgkvPQiX23Us7kAP3rOwkpVxSjxqblmoKproDGALBdlRNv5cW185dSBS9j97C_03CWPrGFzipcYzFnorO2sfhtDFHs1jUXWzGkwbibfioFHvJmEVzOVsa80UxB8opUWGPrH1M/s320/amigos.webp" /></a>
</div>
<p> Este livro responde a perguntas que as crianças nos fazem ou que nunca
chegaram a sair da suas (e até das nossas) cabeças: </p><p> <i>Como é que os nossos amigos ficam nossos amigos? O que nos faz aproximar
ou afastar uns dos outros?</i> </p><p>Uma história sobre como nascem os amigos e os vários níveis de amizade; como
se explica que haja amigos mais próximos, amigos mais distantes, amigos que
só estão alguns dias na nossa vida e amigos que estarão durante toda a vida,
e que não o adivinhamos. Um texto sobre porque é que a nossa vida é bem
melhor com eles do que sem eles. O narrador compara o universo físico
(planetas, lua, estrelas) com o universo da amizade e dá pistas sobre como
reconhecer os grandes amigos. </p><p> <i>O universo é feito de muitos (muitos mesmo, tipo infinitos) planetas,
estrelas, galáxias, eu sei lá... (muitos eu sei lás...)</i></p><p>
<i>
A força que os atrai uns para os outros chama-se gravidade. Se se
aproximam muito, chocam uns com os outros; se se afastam muito, separam-se
para sempre.</i> </p><p>
<i>E as pessoas? Qual é a força que as faz aproximar e afastar? Não há
nenhuma teoria?</i> <i>Uma Lei da Gravitação Universal das Pessoas? Que leis da Física ou da
Química - ou da Música - nos regulam?</i></p>
Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-45001608120748798282024-01-28T16:19:00.004+00:002024-03-10T19:31:54.616+00:00<p> </p> Narrativa sobre a solidão, a doença dos tempos modernos, e o confronto com o passado com que nos tentamos reconciliar...
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfT0_1XzghEwYLnV2p6K212-zurwX92Ty3U2arNqb1piOPej3hfLfQuL1Ji3zYhVJompYHxl3RqGvaSxRDzyb0_H7ieBjHgWdTD6Z2ItILTm-k0bd-EAd4E0WRqs29cUownvEhm_C70ykp6Dup8KZchyphenhyphenTnn7UAehw_rv60FvbNtAcIOnDGHRFFn21eORE/s281/jo%C3%A3o_tordo.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="281" data-original-width="179" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfT0_1XzghEwYLnV2p6K212-zurwX92Ty3U2arNqb1piOPej3hfLfQuL1Ji3zYhVJompYHxl3RqGvaSxRDzyb0_H7ieBjHgWdTD6Z2ItILTm-k0bd-EAd4E0WRqs29cUownvEhm_C70ykp6Dup8KZchyphenhyphenTnn7UAehw_rv60FvbNtAcIOnDGHRFFn21eORE/s320/jo%C3%A3o_tordo.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div>Tentarei que tudo seja muito simples, vorobusshek: como se esta fosse uma história para crianças.</i> <div><br /></div><div>
<i>George B. nunca saía de casa e, portanto, o mundo tinha de ir até ele.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>O mundo é o reino do preconceito, afirmou, mas o meu apartamento é o reino da liberdade. Pode parecer-te uma prisão. mas, aqui dentro, posso ser exactamente quem sou.</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>Não tinha necessidade de sair. Tinha o dinheiro da pensão. Os amigos lá fora tratavam de tudo por mim.Tornou a levar os dedos às têmporas. A imaginação, Natascha disse, como se su fosse muito burra. A imaginação é suficiente.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>O falecido deixou-lhe ...e uma lista telefónica de 1992.</i> </div><div><b>Compreendo que tenha recusado tudo, exceto a lista telefónica...</b></div><div><b><br /></b></div>
"Acabámos agora o nosso encontro sobre o livro<i> O nome que a cidade esqueceu</i>, de João Tordo. De uma forma geral, todas gostámos do livro e sentimos que as personagens e a história central nos cativou e nos fez refletir acerca de um dos maiores flagelos da sociedade atual, a solidão dos centros urbanos.
A cada página, o escritor consegue transportar-nos para aquele início da década de 90, pós queda da URSS e consequentes transformações, levando o leitor a caminhar pela cidade de Nova Iorque através dos passos de Natasha, revivendo o que era a ida à biblioteca quando não havia smartphones, as relações nascidas nas típicas lavandarias norte-americanas, as personagens caricatas de uma grande metrópole, a importância das cabines telefónicas; mas também absorvendo a história de George e o seu destino, pois, tal como o nome que ele procurava na lista telefónica, ele foi um "nome que a cidade esqueceu". George e Natasha são a prova de que as coincidências existem e que, entre milhões de pessoas, às vezes podemos encontrar alguém que revoluciona o nosso destino e nos faz acreditar num "Deus do impossível, aquele que desafia toda a lógica", mesmo que o final não seja tão belo quanto esperávamos, tal como a vida real." <b>Vanda Balão
</b>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-68689303815447963152024-01-22T11:17:00.003+00:002024-01-22T11:27:38.955+00:00Luís Vaz de CamõesNasceu faz hoje 499 anos? Nasceu faz hoje 500 anos? O que importa é que tem de ser recordado, porque devem ser assinalados "Aqueles que por obras valerosas / se vão da lei da morte libertando".<div><br /><b> Camões foi só um dos maiores poetas do Renascimento . Camões foi só um génio do humanismo português...</b><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYesrc7UJdkNZSn9IaaNwCMnvqS8Sd-OQBN8Ez5k3rJ0S4CkIpvXZh5a9_RZo-naOKzaixe2HrGXFb7WnPWJ_hrdzz9GiTtLRqZ7rsnR_UM473GxQcffOsmFPZEnxfwQJftDLGN0hgGm0q9uNEKMy9oyOtRVTdpclIZCECcp7gxf5VBY1eUMDkFEShw20/s599/retrato-de-camoes.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="599" data-original-width="364" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYesrc7UJdkNZSn9IaaNwCMnvqS8Sd-OQBN8Ez5k3rJ0S4CkIpvXZh5a9_RZo-naOKzaixe2HrGXFb7WnPWJ_hrdzz9GiTtLRqZ7rsnR_UM473GxQcffOsmFPZEnxfwQJftDLGN0hgGm0q9uNEKMy9oyOtRVTdpclIZCECcp7gxf5VBY1eUMDkFEShw20/s320/retrato-de-camoes.webp" /></a></div><div><b> </b></div></div><div><b><span> </span>Recordemo -lo, então, pelo lamento desencantado com que se despede na sua epopeia. Tão magoadamente verdadeiro: há 500 anos, tal como hoje...</b></div><div><b><br /></b></div><div><br /></div><div> <i>Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho</i></div><div><i> Destemperada e a voz enrouquecida, </i></div><div><i> E não do canto, mas de ver que venho</i></div><div><i> Cantar a gente surda e endurecida. </i></div><div><i> O favor com que mais se acende o engenho </i></div><div><i> Não no dá a pátria, não, que está metida </i></div><div><i> No gosto da cobiça e na rudeza </i></div><div><i> Duma austera, apagada e vil tristeza.</i> </div><div><br /></div><div><br /></div><div> <i>Os Lusíadas,</i> Canto X,145</div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-35989789987411416502024-01-11T12:41:00.009+00:002024-02-04T19:44:53.986+00:00À espera...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiLEK1BJaRlQpO7pUfA_nlGkoZ42cWz4zAp8kXOU8Dizbk7NJSFpw4MOraD_lQaNYWV3ENLhebYGyFN_vg9GE6iBGOfsuqvX9giwMXGdWWBcHR-Wmm6ln8D5HxGinAluRuD3-Pnw1_ytxHUrtmfpMQ1k4XY_neSx7CpkZLegpVWYCVNQ8IjZMKmCmAkzg/s454/maryse.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="454" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiLEK1BJaRlQpO7pUfA_nlGkoZ42cWz4zAp8kXOU8Dizbk7NJSFpw4MOraD_lQaNYWV3ENLhebYGyFN_vg9GE6iBGOfsuqvX9giwMXGdWWBcHR-Wmm6ln8D5HxGinAluRuD3-Pnw1_ytxHUrtmfpMQ1k4XY_neSx7CpkZLegpVWYCVNQ8IjZMKmCmAkzg/s320/maryse.jpg" /></a></div><div><br /></div><b>
Sinopse</b> <div><br /></div><div> "Babakar Traoré estudou no Canadá, é médico e vive sozinho em Guadalupe, onde estão as origens da sua família materna - mas também a sua solidão, os seus fantasmas, bem como a recordação de uma infância africana, de uma mãe de olhos azuis que vem visitá-lo em sonhos, de um antigo amor, Azélia, também desaparecida, e de outras ilusões juvenis antes do seu exílio e da idade adulta.
Quando, a meio de uma noite de temporal, é chamado para assistir um parto, Babakar não sabe que a sua vida está prestes a mudar por causa dessa criança que vai nascer; a mãe, Reinette, uma refugiada haitiana, morre ao dar à luz - e a pequena Anaïs fica a seu cargo.
O desejo de Reinette era que a filha fosse criada no Haiti, e Babakar muda-se para a ilha, à procura de quem pudesse ensinar a Anaïs de onde ela vem. Através da história dessa dupla improvável, Babakar e Anaïs, dos amigos Movar e Fouad, que os acompanham, e dos que foram encontrando naquela ilha martirizada por violência, governos corruptos e gangues rebeldes, mas tão bela e fascinante, irá reconstruir-se um novo mapa ligado pelos danos do colonialismo..."
</div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-62316631131643647202024-01-01T14:39:00.004+00:002024-01-01T14:40:42.351+00:00Ano novo, vida nova...<p> </p><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupebP_eITz7gIglXz4nETYQlikyVUpTtTlYpvjIwgjJdHaLOQ4GiPLzKSrD342Xd0qyi3HJGsEOJXNPWy-BavCqku2ZeLh-lZN1-bhvqHnbeoPEo4zi_bX2z_KjuucjxgdlUsEcdo6a7FW474jdUvHSrc1m64QswR_3MrMMOOM00txKCeJpj6gxD5M2k/s527/virginia_woolf.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="304" data-original-width="527" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupebP_eITz7gIglXz4nETYQlikyVUpTtTlYpvjIwgjJdHaLOQ4GiPLzKSrD342Xd0qyi3HJGsEOJXNPWy-BavCqku2ZeLh-lZN1-bhvqHnbeoPEo4zi_bX2z_KjuucjxgdlUsEcdo6a7FW474jdUvHSrc1m64QswR_3MrMMOOM00txKCeJpj6gxD5M2k/s400/virginia_woolf.jpg"/></a></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-74007145101098804702023-12-19T12:29:00.007+00:002023-12-25T19:21:24.700+00:00Natal...<i>Odi et amo. Quare id faciam fortasse requiris.
Nescio, sed fieri sentio, et excrucior.</i> <div><br /></div><div>
<b>Natal</b></div><div>
<i>Leio o teu nome </i></div><div><i>Na página da noite:
Menino Deus... </i></div><div><i>E fico a meditar </i></div><div><i>No milagre dobrado</i></div><div><i> De ser Deus e menino. </i></div><div><i>Mas de ti como posso duvidar? </i></div><div><i>Todos os dias nascem</i></div><div><i> Meninos pobres em currais de gado.</i></div><div><i> Crianças que são ânsias alargadas </i></div><div><i>De horizontes pequenos. </i></div><div><i>Humanas alvoradas... </i></div><div><i>A divindade é o menos</i>.
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYn-xFwRQi1_93aqFJYLUzd6HjedI1r8mfHrUZGiCXjG-zp0l6OSRShcTCxozENsSi_MUFaHo_srvuftogzJNCzI7y658Rpzvo9EUiEyMoC1M7ujYvCSC7J0xIUn0qCUUhHjqYOpBnAerGw3qX1_griD_o0Ade2neZsx-bMVaf-Dlq4CJrMfoBPTCDjUg/s268/escapar_ao%20_natal.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="268" data-original-width="188" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYn-xFwRQi1_93aqFJYLUzd6HjedI1r8mfHrUZGiCXjG-zp0l6OSRShcTCxozENsSi_MUFaHo_srvuftogzJNCzI7y658Rpzvo9EUiEyMoC1M7ujYvCSC7J0xIUn0qCUUhHjqYOpBnAerGw3qX1_griD_o0Ade2neZsx-bMVaf-Dlq4CJrMfoBPTCDjUg/s320/escapar_ao%20_natal.jpg" /></a></div><p><br /></p><p> 1<i>ª - Substituir o mês de dezembro por julho. </i></p><p><i>2ª - Limpar o calendário, com especial afinco os dias 24 a 26 dezembro. </i></p><p><i>3ª - Fazer um retiro em dezembro. </i></p><p><i>4ª - Perder a memória com uma paulada na cabeça. </i></p><p><i>5ª - Tornar-se budista ou muçulmano.</i></p><p><i> 6ª - Estragar o Natal dos outros. </i></p><p><i>7ª - Ficar preso no elevador. </i></p><p><i>8ª - Tornar-se monge. </i></p><p><i>9ª - Organizar uma série de manifestações contra a guerra. </i></p><p><i>10ª - Ter um acidente de automóvel. </i></p><p><i>11ª - Suicidar-se.</i></p><p><i> (Ainda tínhamos muitas ideias: prisão, LSD, Lua...Desistimos delas. Mas temos uma última:</i></p><p><i> 12ª - Fazer uma lista de propostas para escapar ao Natal.</i></p><p><i> Nota do Autor: Feliz Natal!</i></p></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-88523132770560060882023-12-16T17:29:00.010+00:002024-01-21T13:02:58.404+00:00<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyE616uEljF9UC9EG4Qnt_hd9MUpsv6QDJXbYZTXP5PgDLMD0uB9TZELRwT1E5kT9n88cKztwGz5Jk1rKF6hdlTRStoPasrZJNtXslKTBlMIj1dMgKj9WaHECRQ7_K2ogECqKfziTxCpatx_patG5W3AY0KHGBqPHigBXF7eMDz7ZSJpldSXI5x55bArQ/s855/outro_nome.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="559" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyE616uEljF9UC9EG4Qnt_hd9MUpsv6QDJXbYZTXP5PgDLMD0uB9TZELRwT1E5kT9n88cKztwGz5Jk1rKF6hdlTRStoPasrZJNtXslKTBlMIj1dMgKj9WaHECRQ7_K2ogECqKfziTxCpatx_patG5W3AY0KHGBqPHigBXF7eMDz7ZSJpldSXI5x55bArQ/s320/outro_nome.jpg" /></a></div><p> </p>
"Mais um ano está a findar, e Asle, um velho pintor viúvo e solitário, está parado defronte da sua última tela. Interroga-se se estará pronta, se gosta dela ou se a levará juntamente com as outras treze obras que preparou para a sua próxima exposição em Bjørgvin. É o início de uma longa meditação sobre o seu passado de jovem pintor sem dinheiro, a relação com Ales, a sua falecida mulher, e a conversão tardia ao catolicismo. Porém, existe um outro Asle, tão real quanto aquele, também ele pintor, também ele solitário, mas dependente do álcool. Duas histórias de vida que se cruzam. Luz e sombra. Fé e desespero."<b> Serão duas histórias?</b> <div><br /></div><div>
<i>...ou Deus é todo -poderoso e logo não existe livre arbítrio, ou Deus é não todo -poderoso e existe livre arbítrio...</i>
<div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgj9Ufb9hGVk3fP1z5pZKbRKWqTh3ONeejGV_R_PHxmLNc3qu3eR1JNVeZOaAupeFc9AGJ-tiam3lz1HcKbuXE-r3_bKxdw0kIDwph-ZI0_8CcwqOz3CzidGBCa9a8o88JrB_CmwyF9ukMgClEgjfj-29u_8F365oOqd6zqQsS46oSDjdDVvLmnepfCPA/s740/jon_fosse_oeu%C3%A9umoutro.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="740" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgj9Ufb9hGVk3fP1z5pZKbRKWqTh3ONeejGV_R_PHxmLNc3qu3eR1JNVeZOaAupeFc9AGJ-tiam3lz1HcKbuXE-r3_bKxdw0kIDwph-ZI0_8CcwqOz3CzidGBCa9a8o88JrB_CmwyF9ukMgClEgjfj-29u_8F365oOqd6zqQsS46oSDjdDVvLmnepfCPA/s320/jon_fosse_oeu%C3%A9umoutro.jpg" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div><div><span> </span> Asle é um "eu" que medita sobre os " uns outros" que o habitaram na infância e juventude.</div><div><br /></div><div><br /></div><i>
<span> </span>e então olho na escuridão e vejo o Asle sentado no baloiço do pátio de sua casa mas sem baloiçar</i></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-24873359796442508182023-11-28T12:35:00.014+00:002023-12-11T14:48:32.664+00:00Pessoa revisitado...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUAu_gQkEtcHbIIB1FgDlhCEszc4J_XgttCMw9AZjKPtE_Avi69wPe8BxrmJTVuf-exgxqtCWw5hw0LzcT0nK_YI9VWje1xVJOIqGEPjDbeRAXsUIo212Csoqk9RLIsumqU7r3Nc8PKkBH2KpIYX8Op9vil94O1-xcNkF0FU0Dvu4VZ_ECSHoMb8tOyyg/s1188/Pessoa_ultima_foto.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1188" data-original-width="800" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUAu_gQkEtcHbIIB1FgDlhCEszc4J_XgttCMw9AZjKPtE_Avi69wPe8BxrmJTVuf-exgxqtCWw5hw0LzcT0nK_YI9VWje1xVJOIqGEPjDbeRAXsUIo212Csoqk9RLIsumqU7r3Nc8PKkBH2KpIYX8Op9vil94O1-xcNkF0FU0Dvu4VZ_ECSHoMb8tOyyg/s320/Pessoa_ultima_foto.jpg" /></a></div><p>Compararei algumas destas figuras, para mostrar, pelo exemplo, em que consistem essas diferenças. O ajudante de guarda-livros Bernardo Soares e o Barão de Teive — <b>são ambas figuras minhamente alheias </b>— escrevem com a mesma substância de estilo, a mesma gramática e o mesmo tipo e forma de propriedade: é que escrevem com o estilo que, bom ou mau, é o meu. Comparo as duas porque <b>são casos de um mesmo fenómeno — a inadaptação à realidade da vida, e, o que é mais, a inadaptação pelos mesmos motivos e razões. </b>Mas, ao passo que o português é igual no Barão de Teive [e] em Bernardo Soares, o estilo difere em que o do <b>fidalgo é intelectual, despido de imagens, um pouco — como direi? — hirto e restrito;</b> e o do burguês é fluido, participando da música e da pintura, pouco arquitectural. <b>O fidalgo pensa claro, escreve claro, e domina as suas emoções, se bem que não os seus sentimentos</b>; o guarda-livros nem emoções nem sentimentos domina, e quando pensa é subsidiariamente a sentir.</p><div class="separator" style="clear: both; font-style: italic;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEharF6F3ij9-tlrbqRl2zZK5KnSSAkLDrJPORIARWJFQhjsw6dC4_SMVJ32dB8pnqfnE4PyHSrCR2FPbb9BTNKoEC45D_xQYXLUOvEqoTNUX6OAHwUs4kCtFp8H9iBE9NXwaYjgV_pbH3gSI7wCp-fKhV9fajEvpgvfL25kFg1t_L5iTxW9gih2_i9fyZk/s435/bar%C3%A3o_teive.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="435" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEharF6F3ij9-tlrbqRl2zZK5KnSSAkLDrJPORIARWJFQhjsw6dC4_SMVJ32dB8pnqfnE4PyHSrCR2FPbb9BTNKoEC45D_xQYXLUOvEqoTNUX6OAHwUs4kCtFp8H9iBE9NXwaYjgV_pbH3gSI7wCp-fKhV9fajEvpgvfL25kFg1t_L5iTxW9gih2_i9fyZk/s320/bar%C3%A3o_teive.jpg" /></a></div><div><br /></div>O único manuscrito de Álvaro Coelho de Athayde, décimo quarto Barão de Teive.<div><br /></div><div>Manuscrito encontrado numa gaveta. </div><div><i>Para não deixar o livro em cima da mesa do meu quarto, sujeito assim ao exame de mãos suspeitamente limpas dos criados do hotel, abri, com certo esforço, a gaveta, e meti-o lá, empurrando-o para trás.</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Esbarrou em qualquer coisa, pois a própria gaveta não era tão pouco funda.</i> </div><div><br /></div><div> Atingi a saciedade do nada, à plenitude de coisa nenhuma. O que me levará ao suicídio é um impulso como o que lava a deitar cedo. Tenho um sono íntimo de todas as intenções. Nada pode transformar a minha vida. Se...se...Sim, mas se é sempre uma cousa que não aconteceu; e se não aconteceu, parq que supor o que seria se ela fosse?
</div><div><br /></div><div>Estas páginas não são a minha confissão senão a minha definição.(...) Por ter duas virtudes, o sentimento intelectual e o sentimento mora) nunca pude fazer nada de mim.</div><div><br /></div><div>Ainda me punge perder uma ideia, escapar-me da memória uma frase por escrever, não fixar um ponto de vista. Sei bem, muitas vezes, que não conseguiria dar corpo real a esses esboços dele. Mas há um ciúme de mim mesmo, uma avareza do abstracto, e tenho notado que a avareza e o espírito de vingança, talvez por serem duas formas de mesquinhez, têm parentesco e sangue comum.</div><div><br /></div><div>Se tive certezas, lembro-me que todos os loucos as tiveram maiores.</div><div><br /></div><div>Na construção de um sistema sobre os fenómenos sexuais próprios, não posso esquivar-me a ver qualquer coisa de implacavelmente grosseiro e vil. Todos os indivíduos grosseiros têm necessidade da nota sexual; é ela, até , que os distingue. Não podem contar anedotas fora da sexualidade; não sabem ter espírito fora da sexualidade. Vêem em todos os pares uma razão sexual de serem pares.</div><div><br /></div><div>Nunca tive saudades , porque nunca tive de que as ter e fui sempre racional com os meus sentimentos. Como nada fiz da minha vida, não tenho de que recordar-me com saudade, pude ter esperanças, porque o que não existe pode ser tudo; hoje nem tenho esperanças , porque não vejo razão porque o futuro seja diferente do passado.</div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Há páginas ...que me angustiam; parecem escritas, não diria por mim, mas, que me seriam de um absurdo apropriado, por um irmão gémeo que não tive, algém que é diferentemente a mesma cousa que sou.</div><div><br /></div><div><b>O prazer é para os cães, a queixa para as mulheres; o homem tem somente, de seu e próprio, a honra ou o silêncio.</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Atingi, creio, a plenitude do emprego da razão. E é por isso que me vou matar.</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Nota explicativa : </b>Transferi para Teive a especulação sobre a certeza, que os loucos têm nais do que nós.</div><div><br /></div><div><i>Nascemos sem saber falar e morremos sem ter sabido dizer. Passa-se nossa vida entre o selêncio de quem está calado e o silêncio de que não foi entendido, e em torno dist, como uma abelha em torno de onde não há flores, paira incógnito um inútil destino.</i><br /><br />Páginas que recomendaria a um amigo escritor : 45,46,47; 50,51, 52.</div><div>Páginas que recomendaria a um amigo namoradeiro: 54,55.</div><div>Páginas que recomendaria a um amigo, admirador de Antero: 68 a 72.</div><div><b><br /></b></div><div><b>Reflexão final de Richard Zenith:</b></div><div><br /><i>Para além da curva da estrada<br />Talvez haja um poço, e talvez um castelo,<br />E talvez apenas a continuação da estrada.<br />Não sei nem pergunto.<br />Enquanto vou na estrada antes da curva<br />Só olho para a estrada antes da curva,<br />Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.<br />De nada me serviria estar olhando para outro lado<br />E para aquilo que não vejo.<br />Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.<br /><br /><br />Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.<br />Se há alguém para além da curva da estrada,<br />Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.<br />Essa é que é a estrada para eles.<br />Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.<br />Por ora só sabemos que lá não estamos.<br />Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva<br />Há a estrada sem curva nenhuma.</i><br /><br /><br /><i>Disse Amiel que uma paisagem é um estado de alma, mas a frase é uma felicidade frouxa de sonhador débil. Desde que a paisagem é paisagem, deixa de ser um estado de alma. Objectivar é criar, e ninguém diz que um poema feito é um estado de estar pensando em fazê-lo. Ver é talvez sonhar, mas se lhe chamamos ver em vez de lhe chamarmos sonhar, é que distinguimos sonhar de ver.(...)<br />O Tejo ao fundo é um lago azul, e os montes da Outra Banda são de uma Suíça achatada. Sai um navio pequeno - vapor de carga preto - dos lados do Poço do Bispo para a barra que não vejo. Que os Deuses todos me conservem, até à hora em que cesse este meu aspecto de mim, a noção clara e solar da realidade externa, o instinto da minha inimportância, o conforto de ser pequeno e de poder pensar em ser feliz.</i><br /><br /><i>O Chiado sabe-me a açorda.<br />Corro ao fluir do Tejo lá em baixo.<br />Mas nem ali há universo.<br />E o tédio persiste como uma mão regando no escuro.</i><br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu5trOj8w5E9MZQl8WsR5gUhwl1GVN8NXfRLNNM1hIRj6LD_udgRUSWK88G6YSLSKhVvssN6U7FjzOEJWxSX2P2jjM92NOixM2ruqxoqLDvA4UYGYVXNBhCi7EugabJWlkTUP2HaGx4k4/s1600/s%25C3%25A9rgio_martinho.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="794" data-original-width="960" height="165" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu5trOj8w5E9MZQl8WsR5gUhwl1GVN8NXfRLNNM1hIRj6LD_udgRUSWK88G6YSLSKhVvssN6U7FjzOEJWxSX2P2jjM92NOixM2ruqxoqLDvA4UYGYVXNBhCi7EugabJWlkTUP2HaGx4k4/s200/s%25C3%25A9rgio_martinho.jpg" width="200" /></a></div><br /><b><i>Eterna verdade vazia e perfeita!<br />Ó macio Tejo ancestral e mudo,<br />Pequena verdade onde o céu se reflecte!<br />Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!<br />Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.<br /><br />Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...<br />E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!</i></b><br /><br /><br />Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh eh-eh-eh!<br />EH-EH EH-EH-EH EH-EH EH-EH EH-EH-EH!<br />EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH EH EH-EH!<br />EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH!<br />EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH!<br /><br />Parte-se em mim qualquer coisa. O vermelho anoiteceu.<br />Senti demais para poder continuar a sentir.<br />Esgotou-se-me a alma, ficou só um eco dentro de mim.<br />Decresce sensivelmente a velocidade do volante.<br />Tiram-me um pouco as mãos dos olhos os meus sonhos.<br />Dentro de mim há um só vácuo, um deserto, um mar nocturno.<br />E logo que sinto que, há um mar nocturno dentro de mim,<br />Sabe dos longes dele, nasce do seu silêncio,<br />Outra vez, outra vez o vasto grito antiquíssimo.<br />De repente, como um relâmpago de som, que não faz barulho mas ternura,<br /><br />Subitamente abrangendo todo o horizonte marítimo<br />Húmido e sombrio marulho humano nocturno,<br />Voz de sereia longínqua chorando, chamando,<br />Vem do fundo do Longe, do fundo do Mar, da alma dos Abismos,<br />E à tona dele, como algas, bóiam meus sonhos desfeitos...<br />Ahó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó — yy...<br />Schooner ahó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó — yy......<br /><br /><br /><i>O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,</i><br /><br /><i>De longe vejo passar no rio um navio...<br />Vai Tejo abaixo indiferentemente.<br />Mas não é indiferentemente por não se importar comigo<br />E eu não exprimir desolação com isto...<br />É indiferentemente por não ter sentido nenhum<br />Exterior ao facto isoladamente navio<br />De ir rio abaixo sem licença da metafísica...<br />Rio abaixo até à realidade do mar.</i></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-29272568942196968392023-11-26T17:46:00.023+00:002023-12-03T18:18:18.581+00:00Normalidades...Rauli, um rapazinho muito delicado, quase feminino, dado à contemplação, ávido leitor dos clássicos, é um menino de dez anos que adivinha o futuro e se sente como uma mulher que nasceu no corpo de um homem. Como Cassandra (filha dos reis de Troia, irmã de Heitor e Páris, sacerdotisa de Apolo), Rauli tem o dom da profecia e a maldição de ninguém acreditar nele. Desde cedo sabe que irá combater em Angola e que morrerá trespassado por balas e pela homofobia. O romance testemunha também o colapso do sonho do «homem novo» e da utopia internacionalista. Lírico e histórico ao mesmo tempo, <i>Chamem-me Cassandra </i>reconstrói o quotidiano da Cuba dos anos 70, através da ligação do mito clássico e de figuras da guerra de Troia ao enredo da guerra de Angola. (Texto da contracapa, adaptado)
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsPSPsL4PbIOHnehSEsqFRu251zXyj-8jJ6KWOpyjYYXhx87LGfMWWZrzeXzI8A8LKHtmOV3GflCCm5K5jX5RglqjYaOvDYqt9v3rECX9Cw9MqDKFvOLc-UvZYAwDiIL4OCsxcJ6SVeP2Nasw0Xp079iX_jzRvdxiDKOe9HJURdond3G7sHnSpiaGwRwk/s864/marcial_gala.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="864" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsPSPsL4PbIOHnehSEsqFRu251zXyj-8jJ6KWOpyjYYXhx87LGfMWWZrzeXzI8A8LKHtmOV3GflCCm5K5jX5RglqjYaOvDYqt9v3rECX9Cw9MqDKFvOLc-UvZYAwDiIL4OCsxcJ6SVeP2Nasw0Xp079iX_jzRvdxiDKOe9HJURdond3G7sHnSpiaGwRwk/s320/marcial_gala.webp" /></a></div>
<div><b><br /></b></div><div><span style="font-weight: bold;"><i>.<span style="font-weight: normal;">.. quero passar muito tempo a olhar para o mar até o mar se gastar nos meus olhos e não ser mais do que uma linha branca que faz chorar.</span></i><span style="font-weight: normal;"> </span></span></div><div><i><br /></i></div><div><i>Gastei o dinheiro do transporte em livros e arrrasto os pés para levantar o pó e depois respirá-lo...</i> </div><div><i><br /></i></div><div><i>Vejo mortos.(...) Também adivinho coisas.</i><i> Eu sei como a russa vai morrer...</i> </div><div><br /></div><div><i>Afundo-me nas ideias de Kierkegaard quando volto da escola. Afundo-me nas suas ideias como quem regressa a um porto seguro onde já esteve...</i></div><div style="font-weight: bold;"><b><br /></b></div><div><i>A minha mãe penteia-me, põe-me um laço azul e chama-me Nancy.Queri ir para o quarto para continuar a ler</i> <i>Kierkegaard , ir assim, vestido de mulher.</i></div><div><i><br /></i></div><div style="font-weight: bold;"><br /></div><div><i>A minha mãe também julga que eu sou maricas, que gosto de homens, mas eu não sinto nada.</i></div><div><br /></div><div><br /></div><div><i>Sinto-me à vontade vestida de Nancy e ninguém me reconhece e posso dizer que sou a Cassandra e ninguém olha para mim com estranheza. Sou uma rapariga que vai a uma festa...</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>OCAPITÃO.O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i> O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão.</i><i>O </i><i>capitão olha para mim e é como se não me visse. O capitão olha para mim, mas não olha para mim. Ocapitão olha para a mulher amada que jaz em Cuba e é parecida comigo. Não estou dentro dos olhos do capitão, ela é que está, a que já não está.</i></div><div><i><br /></i></div><div><b>Dedicatória que a russa escreve, na edição cubana de <i>Anna Karenina, </i>que oferece a Raulito</b>: "<i> Para o Raulito porque gosto mais dele do que dos filhos que terei no futuro."<br />Foi a Svetlana que te ofereceu esta merda- diz a minha mãe quando me vê chegar com o livro.</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>A minha mãe chama-me maricas num entardecer de setembro, olhando-me nos olhos.</i><br /><br /><b>Raulito usa a palavra "anjo" num poema e é acusado de " diversionismo ideológico"...Comove imaginar o sofrimento deste adolescente que não percebe quem é...</b><i>Eu não tenho futuro , sou uma árvore de raízes na areia...</i><br /><br />A mãe quer que Raulito seja Nancy, a tia precocemente, desaparecida; o capitão vê no soldado Raul Iriarte a mulher que ficou em Cuba e morreu...Ele torna-se Cassandra...</div><div><br /></div><div><i>O capitão chama-me pelo nome dela e dá-me um abraço que nos consome a ambos, o abraço mais longo do mundo deu-me o capitão enquanto as balas que me vão matar descansam dentro da espingarda automática.</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Jogamos beisebol e o Anna Karénina ficou aberto em cima da cama e eu penso que algém pode roubar-mo para limpar o ânus e que então ficarei mais só, mais abandonado do que nunca, apenas com os deuses, apenas com Apolo...</i></div><div><i><br /></i></div><div>José, irmão de Raulito: - <i> " Se o velho descobrir, mata-te,e a ele expulsam-no do partido e, provavelmente, do trabalho, está proibido de ter um filho maricas."</i></div><div style="font-weight: bold;"><b><br /></b></div><div>A alternância Cuba/ Angola não me parece eficaz, como estratégia narrativa. Desagrada-me...Também não apreciei a veracidade dos dons divinatórios de Taulito como Cassandra: tudo deveria ter permanecido no reino da imaginação....</div><div><br /></div><div><span face="Gilda, sans-;">Lejos de un dilema de época, la literatura de Gala crece en esa representación de los inadaptados: aquellos que no encajan, que incomodan y quedan a la deriva en un sistema que prefiere invisibilizarlos. El tiempo y el espacio son relativos. ¿Angola? ¿Cuba? ¿La Grecia clásica? Lo que importa, más allá de eso, es el escenario de tragedia anticipada, cómo la condición humana sigue sujeta a mandatos que la arrastran hasta su propia perdición>Él siente que lo es, y que está viviendo en un cuerpo prestado, pero no por ser transgénero –que lo es– sino que es como una reencarnación.</span></div><div><br /></div><div style="font-weight: bold;"><b><br /></b></div><div style="font-weight: bold;"><b> O que eu adoro este poema...</b></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoQW8Xw255QZ96ZSmdZiiK8YzQoIz64FteMOqqPNItq7uvFIzn9qj3bJz6fMYdQbPSWuk2t2rEyuOCnai6KsN9B0CKkucmuozs-dxrL9VcLsEBVTBYMGmL_JHFG59jAooTUOpFUHc0jo3fyFhO0A-YBe2DVfIwR-nF2AsKQX8hCO2OPj90cTF1OFWI/s843/raul_de_carvalho.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="822" data-original-width="843" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoQW8Xw255QZ96ZSmdZiiK8YzQoIz64FteMOqqPNItq7uvFIzn9qj3bJz6fMYdQbPSWuk2t2rEyuOCnai6KsN9B0CKkucmuozs-dxrL9VcLsEBVTBYMGmL_JHFG59jAooTUOpFUHc0jo3fyFhO0A-YBe2DVfIwR-nF2AsKQX8hCO2OPj90cTF1OFWI/s320/raul_de_carvalho.jpg" width="320" /></a></div>
<div><b><br /></b></div><b><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b></div>Sempre soube que na minha cabeça alguma coisa não funcionava muito bem.</b>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsj1SIdPSP-MR3aryn8adue3j0RYb7xzFOOYgWNjbdHSrBXY21nU6ioRxEiZRV79x91b5Ia0toSUmcG6l_BDJBUi0_ojTA3vG2FLqC5s1kK6NlhUW1oLHiwdkzimDHLPqB0o-Pake4sNVikB-ORfKy4nwE-lZx5MR1KkOr3AQawrJ4zfb1mwkvjm_o/s270/rosa_montero.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="270" data-original-width="175" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsj1SIdPSP-MR3aryn8adue3j0RYb7xzFOOYgWNjbdHSrBXY21nU6ioRxEiZRV79x91b5Ia0toSUmcG6l_BDJBUi0_ojTA3vG2FLqC5s1kK6NlhUW1oLHiwdkzimDHLPqB0o-Pake4sNVikB-ORfKy4nwE-lZx5MR1KkOr3AQawrJ4zfb1mwkvjm_o/s320/rosa_montero.webp" /></a></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-90115209194228919232023-11-18T20:29:00.020+00:002023-11-24T14:23:33.128+00:00Tédio...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHq_GAWglN62hJmbjOJu4rcGXjZNdJG2I08JunCY7-lEPBBB2lLGFMW3RDiYodizQgSM8hqy3xQPv-URWUiNl6UTcQuxgQwpgnG9ly0gqS2balkaocTNV1mQjzKKCEphYnGOR-FHUzVjEj5iOh2ZnbojpTGSrT8a3hYMEfkmE9ytrEdMf740sYK8Mkj3M/s822/qu%C3%ADmica.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="822" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHq_GAWglN62hJmbjOJu4rcGXjZNdJG2I08JunCY7-lEPBBB2lLGFMW3RDiYodizQgSM8hqy3xQPv-URWUiNl6UTcQuxgQwpgnG9ly0gqS2balkaocTNV1mQjzKKCEphYnGOR-FHUzVjEj5iOh2ZnbojpTGSrT8a3hYMEfkmE9ytrEdMf740sYK8Mkj3M/s320/qu%C3%ADmica.webp" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div><div> "Elizabeth Zott não é uma mulher comum. Aliás, Elizabeth Zott seria a primeira a dizer que a mulher comum não existe. Estamos no início dos anos sessenta e a sua equipa de trabalho no Instituto de Pesquisa Hastings é exclusivamente masculina. Elizabeth pode ter sido uma das melhores alunas do curso de Química (foi), mas todos os colegas esperam que seja ela a ir buscar cafés ou fazer fotocópias (não será). Há, porém uma exceção: Calvin Evans, um jovem brilhante que se apaixona por ela. Entre eles, a química é a sério.
Mas tal como na ciência, a vida nem sempre segue uma linha reta. Anos mais tarde, Elizabeth é mãe solteira e a estrela relutante do programa de culinária mais amado da América, o Jantar às Seis. A sua abordagem à cozinha é extravagante e revolucionária A sua popularidade irrita muita gente.
Longe dos holofotes, Elizabeth também usa a ciência para alimentar o corpo irrequieto e a mente subversiva da filha de quatro anos, Madeline, bem como o espírito crítico de Seis e Meia, o cão. ...<br /><br /><b>Uma obra prima que me começou por causar um profundíssimo, " íssimo", tédio, mas que evoluiu de forma agradável...</b></div><div><b><br /></b></div><div><i>A bibliotecária é a educadora mais importante da escola. Aquilo que ela não souber, consegue encontrar. Isto não é uma opinião, é um facto. Não partilhes este facto com Mrs Mudford</i>.<b> </b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Momento mais interessante; conversa, na biblioteca, entre Mad, uma criança muito especial, e Wakely, o reverendo presbiteriano...</b>( p.289- 301)</div><div><div><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; text-indent: 2em;"><br /></p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Sono de ser, sem remédio,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Vestígio do que não foi,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Leve.mágoa, breve tédio,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Não sei se pára, se flui;</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Não sei se existe ou se dói</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; text-indent: 2em;"><br /></p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; text-indent: 2em;"><b><br /></b></p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; text-indent: 2em;"><b>A loucura chamada afirmar, a doença chamada crer, a infâmia chamada ser feliz — tudo isto cheira a mundo, sabe à triste coisa que é a terra. <span style="text-indent: 2em;">Sê indiferente. Ama o poente e o amanhecer, porque não há utilidade, nem para ti, em amá-los.</span></b></p></div><i><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div>O tédio... Sofrer sem sofrimento, querer sem vontade, pensar sem raciocínio... É como a possessão por um demónio negativo, um embruxamento por coisa nenhuma. Dizem que os bruxos, ou os pequenos magos, conseguem, fazendo de nós imagens, e a elas infligindo maus tratos, que esses maus tratos, por uma transferência astral, se reflictam em nós. O tédio surge-me, na sensação transposta desta imagem, como o reflexo maligno de bruxedos de um demónio das fadas, exercidas, não sobre uma imagem minha, senão sobre a sua sombra. E na sombra íntima de mim, no exterior do interior da minha alma, que se colam papéis ou se espetam alfinetes. Sou como o homem que vendeu a sombra, ou, antes, como a sombra do homem que a vendeu.</i> <div><br /></div><div>
<i>...e um profundo e tediento desdém por todos quantos trabalham para a humanidade, por todos quantos se batem pela pátria e dão a sua vida para que a civilização continue......um desdém cheio de tédio por eles, que desconhecem que a única realidade para cada um é a sua própria alma, e o resto — o mundo exterior e os outros — um pesadelo inestético, como um resultado nos sonhos de uma indigestão de espírito. </i></div><div><i><br /></i></div><div><i> A minha aversão pelo esforço excita-se até ao horror quase gesticulante perante todas as formas do esforço violento. E a guerra, o trabalho produtivo e enérgico, o auxílio aos outros (...) tudo isto não me parece mais que o produto de um impudor, (...) E, perante, a realidade suprema da minha alma, tudo o que é útil e exterior me sabe a frívolo e trivial ante a soberana e pura grandeza de meus mais vivos e frequentes sonhos. Esses, para mim, são mais reais</i>.
</div><div><br /></div><div><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; text-indent: 28px;"><b>As misérias de um homem que sente o tédio da vida do terraço da sua vila rica são uma coisa; são outra coisa as misérias de quem, como eu, tem que contemplar a paisagem do meu quarto num 4º andar da Baixa, e sem poder esquecer que é ajudante de guarda-livros.</b></span></div><div><br /></div>
Tenho às vezes o tédio de ser eu <div>Com esta forma de hoje e estas maneiras...</div><div> Gasto inúteis horas inteiras </div><div>A descobrir quem sou; e nunca deu</div><div><br /></div><div><br /></div><div><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; text-indent: 28px;">Uma tristeza de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas, um tédio de sentir qualquer coisa, uma dor como de um soluço parado ou de uma verdade obtida. Desenrola-se-me na alma desatenta esta paisagem de abdicações - áleas de gestos abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados, inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no desalinho triste das minhas sensações confusas.</span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Quando o Tédio, invencível e infecundo,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Nos faz sentir a solidão de ser,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">E uma monotonia ocupa o mundo,</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Que mais tem o espírito a fazer</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;"></p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Do que ensinar ao corpo que o profundo</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Desgosto da existência lhe requere</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">Que veja sempre ao cálix o seu fundo</p><p style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; height: auto; margin-bottom: 0em; margin-top: 0em; min-height: 1.2em; padding-left: 8em; text-indent: -8em;">E sempre tome o cálix a encher?</p></div><div><br /></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-11050978869013800062023-10-29T13:17:00.006+00:002023-11-18T20:21:56.715+00:00Dúvidas...<i>Caminho entre fantasmas inimigos que a minha imaginação doente imaginou e localizou em pessoas reais. Tudo me esbofeteia e me escarnece. E às vezes, em pleno meio da rua — inobservado, afinal — paro, hesito, procuro como que uma súbita nova dimensão, uma porta para o interior do espaço, para o outro lado do espaço, onde sem demora fuja da minha consciência dos outros, da minha intuição demasiado objectivada da realidade das vivas almas alheias. </i><div><i><br /></i></div><div><i> Será que o meu hábito de me colocar na alma dos outros, me leva a ver-me como os outros me vêem, ou me veriam se em mim reparassem? Sim. E uma vez eu perceba como eles sentiriam o meu respeito se me conhecessem, é como se eles o sentissem na verdade, o estivessem sentindo, e sentindo-o, exprimindo-o naquele momento. Conviver com os outros é uma tortura para mim. E eu tenho os outros em mim. Mesmo longe deles sou forçado ao seu convívio. Sozinho, multidões me cercam. Não tenho para onde fugir a não ser que fuja de mim.</i>
<div><br /></div><b>As imagens mais verdadeiras são aquelas que mentem. <i></i></b>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt1ftPUbmQs3DuCt1CI9vea4ZhWLqLBpAgdxBRHyAwjXIYf3eSC-nw8yV7NHKvxj2SB8jugEE_Y7a3dp9eMpBdSCjX25l7ydXhnA34wHqAlR_PShZry2GoWAQvUdWy8bL9NDvKHPDYdyNYdB9S0EtcBpIN3iDAJ4Y9POi-jJo-KDbH6qkdhoNc2LlPHKE/s1724/3D_hist_roma_bertholo.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1724" data-original-width="1179" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt1ftPUbmQs3DuCt1CI9vea4ZhWLqLBpAgdxBRHyAwjXIYf3eSC-nw8yV7NHKvxj2SB8jugEE_Y7a3dp9eMpBdSCjX25l7ydXhnA34wHqAlR_PShZry2GoWAQvUdWy8bL9NDvKHPDYdyNYdB9S0EtcBpIN3iDAJ4Y9POi-jJo-KDbH6qkdhoNc2LlPHKE/s320/3D_hist_roma_bertholo.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div>Ele e eu fomos próximos da forma desapegada e intermitente que é a única que tenho de ser próxima de alguém. Era dele o eixo que estruturava o meu viajar: norte, bússola, não ter medo de me perder. Mesmo antes dos movimentos além-fronteira, foi ele o contraponto ao temperamento volátil da minha mãe. Penso: talvez ser mãe esteja ligado a ser filha. Pode ser que a filha que eu fui determine em parte a mãe que poderia ter sido. Tanto quanto não-sido.</i></div><div><i><br /></i></div>
<i>Ter filhos não é problema. Ter filhos é um objetivo comum.</i> <div><br /></div><div>A mulher que tem filhos torna-se mãe, mas não há palavra para não o ser... </div><div><b>Não deverá existir o direito de não nascer?</b> </div><div><br /></div><div> <i>Nunca me esqueci do que me impeliu para o ser amado.</i> </div><div><br /></div><div><br /></div><div> <i>A menina silenciosa tornou-se numa rapariga discreta, de poucos afetos e menos entusiasmos.</i></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-70838997030267071392023-09-07T20:03:00.017+01:002023-10-29T21:59:19.034+00:00No Antigo Testamento, Job rasga o seu manto e expõe as marcas do mal que o reveste. Esse manto, que todos nós carregamos, é impossível de ser descrito, pois, desagasalhando-nos ou ocultando-nos, subsiste sempre no seu arrastar de «todas as fúrias e ternuras do mundo», expondo tanto as suas manchas e os seus rasgões como as marcas do corpo que protege.<div><br /></div><div> <i>O Manto</i>, de Agustina enovela as várias personagens do Porto de finais dos anos cinquenta do século XX, em simultâneo com a família de Job, entrecruzando-as e às suas experiências num ensaio visionário sobre a natureza humana – donde irrompem tanto as paixões como, também, a perversidade que já vários apontaram a Agustina, e que ela refuta, no entanto, sublinhando a diferença entre o saber-se o que é a perversidade, e sê-lo, de facto. João Miguel Fernandes Jorge <div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj89z9XRSFgS6jlHWDxk5xSaF7irMN1_ykmTMuR0Lk-qaYYl15l35jqcpdBcN_9id0fYVZQlhoZoGWgd2BHSmDk3Gjs3vAf38UablRMIyOtm6GpTO1C_BEnW0mh_FavAvH-DqXZS72mnc8tJDFc1qGOIx5sE7kO2XQj3kLo-tBlvzRGSXtaoGOBzYux_Gc/s655/manto_agustina.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="655" data-original-width="492" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj89z9XRSFgS6jlHWDxk5xSaF7irMN1_ykmTMuR0Lk-qaYYl15l35jqcpdBcN_9id0fYVZQlhoZoGWgd2BHSmDk3Gjs3vAf38UablRMIyOtm6GpTO1C_BEnW0mh_FavAvH-DqXZS72mnc8tJDFc1qGOIx5sE7kO2XQj3kLo-tBlvzRGSXtaoGOBzYux_Gc/s320/manto_agustina.jpg" /></a></div><div><br /></div>
<span><div><span><br /></span></div> </span>Em <i>O Manto</i> há várias personagens principais, que a narradora mergulha na melancolia, na inquietude e na incerteza, O desenho das paisagens da extinta província do Entre-Douro-e-Minho, entre o Porto e a Serra d’Arga, constrói-se a partir das personagens e das suas relações pessoais; na fragilidade de Lourença, na argúcia de Filipe, na paixão de Gracia.</div><div><br /></div><div> Entre galanteios, conluios, discussões filosóficas ou discussões prosaicas, retrata a sociedade portuense, que se fragmenta nas aspirações, nas paixões, nas desilusões, nas ambições das personagens, que oscilam oscilantes entre o altruísmo e a venalidade, que tecem o manto de «farrapos imensos onde se embalou a morte», o manto que «não se lê nem se escreve»</div><div><br /></div><div> No fim deixa em aberto o destino das personagens e as questões que irrompem ao longo da narrativa . «Eis como se termina um livro – deixando sempre alguma coisa por dizer»<b>.
</b><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgsGSyFR12A9zAWvVe6T6LqBfjwDItQtXGQRh_Ydsq4WWZv-2auLj5uNCLF9Mwx-7Mqu4p0OOFJnoOvwYWBNbVRfGDniPqOXFs450bqLUQly8aNeB_5tR-uMtHJgPaYgHobJK5eu47VYu0_2Y8tKfQbmjEErQHsR_DWq5Pi30Xooj6ZdaUuSuNyLy02ZA/s266/schopenhauer.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="266" data-original-width="177" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgsGSyFR12A9zAWvVe6T6LqBfjwDItQtXGQRh_Ydsq4WWZv-2auLj5uNCLF9Mwx-7Mqu4p0OOFJnoOvwYWBNbVRfGDniPqOXFs450bqLUQly8aNeB_5tR-uMtHJgPaYgHobJK5eu47VYu0_2Y8tKfQbmjEErQHsR_DWq5Pi30Xooj6ZdaUuSuNyLy02ZA/s320/schopenhauer.webp" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8bhhOU9D1_lMjy1ySa2NrKmg621rT7ftrc3fOGzzzBVuLAGGiFuTJe7SQpzMkjM-XKYnSkYpPpzXZ-o-e0y4FSMJHKbRNNst0wSjQuo0x96m_3TwoVcQD6Z0l9ws1uVtF0u1TJezjlDm372GeH5eVAxGqSSQUL7MtFq39CSXyc6f0Op7_bHuyZgP7zOM/s277/criada.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="277" data-original-width="182" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8bhhOU9D1_lMjy1ySa2NrKmg621rT7ftrc3fOGzzzBVuLAGGiFuTJe7SQpzMkjM-XKYnSkYpPpzXZ-o-e0y4FSMJHKbRNNst0wSjQuo0x96m_3TwoVcQD6Z0l9ws1uVtF0u1TJezjlDm372GeH5eVAxGqSSQUL7MtFq39CSXyc6f0Op7_bHuyZgP7zOM/s320/criada.jpg" /></a></div><p> <span> </span><i>Se sair desta casa, será algemada.
Devia ter fugido enquanto podia. Agora, a minha oportunidade desapareceu. Neste momento, os polícias estão na
casa e descobriram o que está no andar de cima, não há volta atrás.
Estão a cerca de cinco segundos de me ler os meus direitos.
Não sei muito bem por que não o fizeram ainda. Talvez esperem
induzir-me a dizer-lhes algo que não devia.
Boa sorte com isso.</i></p><p><i><br /></i></p> <span> </span>Não é , de modo nenhum, o tipo de livro que me cativa. Reconheço, no entanto, que a intriga romanesca prende e, sobretudo, surpreende. Lê-se com agrado, pois os diálogos estão bem construídos e dão muita vivacidade à narrativa. Tem ingredientes para dar um bom filme de suspense.<br /><br /><b> <span> </span></b><div><b> Nina não sairá daquela casa algemada...</b></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-56306897937784963312023-08-21T21:15:00.017+01:002023-10-29T12:44:28.125+00:00Dor...
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yxWi_6qHnB06reCmpyqJhOSH_zXWTilpLkGuCPP9jEaPZfz5VZTaeHLKgdOM2UuMHeAhMSk7ycCnYyFboZZLuGiN9i4PPlGkmH1k7boxIuUPwRdfUrVAnaUvRKSlEC0c3mTTKy6nYRtij3fb4qSttzX9VB9_tpEQGk2v6BOetQr2D7GGa5KK1IMztxI/s281/amor_estragado.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="281" data-original-width="179" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yxWi_6qHnB06reCmpyqJhOSH_zXWTilpLkGuCPP9jEaPZfz5VZTaeHLKgdOM2UuMHeAhMSk7ycCnYyFboZZLuGiN9i4PPlGkmH1k7boxIuUPwRdfUrVAnaUvRKSlEC0c3mTTKy6nYRtij3fb4qSttzX9VB9_tpEQGk2v6BOetQr2D7GGa5KK1IMztxI/s320/amor_estragado.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div>Matei a minha mulher. Não foi de propósito, mas é daquelas coisas que, depois de feitas, já não deixam volta a dar</i>. <div><br /></div><div>Manel, o homicida, confessa, impassível, o crime acabado de cometer. Este homem, insensível, com uma linguagem limitada a " merda", " foda-se", caralho", de modo redutor e grosseiro, relata todas as emoções, sentimentos e estados de espírito. É uma das duas vozes narrativas, a outra é Zé, o seu irmão. <br /><br />Através destas personagens, desfilam perante o leitor uma série de acontecimentos domésticos e familiares que, pela sua escalada de violência, explicam o desenlace que é anunciado, logo na frase de abertura do romance.
<br /><b><br /></b></div><div><b>Que raões poderão explicar o comportamento de todos os Maneis que envergonham qualquer país civilizado??</b> Raiva por a mulher não cumprir o serviço militar? . No trabalho obedece, em casa manda? Ciúmes da mãe.? </div><div> </div><div><b>Reflexões</b> </div><div>Acredita, sinceramente, que a culpa é dela... ela, ela, ela... Ele é uma vítima, só uma vítima.</div><div>Será verdade que não se pode deixar de gostar de um irmão?</div><div>Em que medida a linguagem é um indicador importante? Confrontar com o filme " viver mal" de João Canijo. O Manel utiliza <b>exatamente </b> o mesmo nível de língua que os clientes do hotel, classe média alta. como explicar? </div><div> O que vai ser do Manel quando sair da prisão? Que efeito tem a prisão num ser que não consegue sentir culpa? </div><div> Como se explica a agressividade orientada para um único ser, por parte de um homem que tem capacidade de amor? Manel ama, verdadeiramente, os sobrinhos e a mãe...
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXtT2stn5VSPe8cWNWSGLhKIOC94sOrzCJm1m4y30RrQVqsP3v2RwMGvD_CIejhyk9umUwi2noinYl3o__VCtTt_nZ_vZpGPMgPvvl29MZd7WcJgTPuk4PrcxmK9u0G5LYJ0TtKu6hW76gaC-5yqMrL8C5dyyMnVvRqP9dlOpEeUHdr5GfwTbjl_rJlSw/s251/leme.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="251" data-original-width="155" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXtT2stn5VSPe8cWNWSGLhKIOC94sOrzCJm1m4y30RrQVqsP3v2RwMGvD_CIejhyk9umUwi2noinYl3o__VCtTt_nZ_vZpGPMgPvvl29MZd7WcJgTPuk4PrcxmK9u0G5LYJ0TtKu6hW76gaC-5yqMrL8C5dyyMnVvRqP9dlOpEeUHdr5GfwTbjl_rJlSw/s320/leme.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div>O medo está todo dentro de casa. Não sentia medo nenhum do mundo.</i><div><br /></div><div>
<span> </span>Um tema banal: a violência doméstica;</div><div><span> </span>O culpado do costume: o padrasto;</div><div> <span> </span>Uma vítima não inocente: a mãe; </div><div><span> </span>Uma vítima inocente: a filha;<br /> Um tio abusador sexual; <br /><br /></div><div><span> </span>Um crítico / apresentador de eleição - Gonçalo M. Tavares; </div><div><span> </span>Uma cara bonita com apelido bem conhecido...</div><div><br /></div><div> Sem qualquer genialidade: nem pelo conteúdo nem pela forma.</div><div><br /></div><div> Não consigo entender que quem deprecia Margarida Rebelo Pinto endeuse esta Madalena...</div><div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzYSKPMOzSoNPRTQzcO6WUDsGM58vCMwljB_kHlPzcN-eXXLQPVMZOr8OX8e3qGzIp-cLgN6ankru-vTO1PD-ZrrGR_51hNNcFlSdUcB60YFPmnIj_go36mOLqQ6VgORz5xvP1Z_AwQBgM5pP6j0NqT431GmDqiO_F9uExiaL3OTGb3aeopyPH9lfZxMA/s279/dor_fantasma.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="279" data-original-width="181" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzYSKPMOzSoNPRTQzcO6WUDsGM58vCMwljB_kHlPzcN-eXXLQPVMZOr8OX8e3qGzIp-cLgN6ankru-vTO1PD-ZrrGR_51hNNcFlSdUcB60YFPmnIj_go36mOLqQ6VgORz5xvP1Z_AwQBgM5pP6j0NqT431GmDqiO_F9uExiaL3OTGb3aeopyPH9lfZxMA/s320/dor_fantasma.jpg" /></a></div>
<i><span> </span></i><div><i><span> </span>As mãos pousam ao piano. Na brancura do teclado, os dedos se deixam deslizar, potentes cavalos-marinhos de volta à água aonde pertencem. Lançada de cima, a luz do palco o divisa da escuridão, abre cortinas por entre as cortinas. Sob o peso das falanges dele, antes mesmo do ataque inicial, as teclas se curvam em obediência. Silêncio, ainda. No vão oculto do instrumento, mecanismos se alçam rentes às cordas, véspera do bote. A partitura de Funerais, de Franz Liszt, posiciona-se no suporte, amuleto sem qualquer metafísica. Rômulo a mantém ali como gesto de reverência ao compositor; sequer olhará em sua direção, nem mesmo passará as páginas. Conhece de cor cada um desses milhares de alvos circulares, grafados entre as linhas da pauta. Sabe que não pode errar nenhum. Não vai errar.</i></div><div><br /></div>
<i><span> </span>O desespero sobe repentino pela garganta, não há fôlego para gritá-lo.(...) Pegam no braço dele,atam-no, aparelhos hospitaleres tomam-no de assalto. Muita dor, prolongada por onde ele deixou de existir. A dor do imenso. Nada. Morrer é isso? Sim, também isso é morrer. Não é a negação definitiva da vida, mas a afirmação totalizante da perda.(...) Ser um só com a dor, tornar-se o fantasma. Aos estertores, ele só consegue nomear aquilo que falta: minha mão, minha mão, minha mão, minha mão. Eu.</i> <div><br /></div>
Foi pena o romance não ter terminado aqui.. As peripécias que se sucedem são factos que em nada valorizam uma intriga que se desejaria intimista... Não gostei.</div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-78522698926712877852023-07-14T12:29:00.024+01:002023-11-25T12:54:34.839+00:00Indefinível...
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF5jyS5dmZrR3fOQwowEwSVD5YFTUdacHf5tMcWCoIGnAeFGY2tXJreXr0XJaZmY7Gbq3qpCZvxKxve2GYTcIxaIenMx8XpbFIgQqydBSiEaX9AJ9Wsi0WbqnOt5hAEWxXluUTX41Wr2KPpt3mtkmPZbEiyT1F7dZff35XFZCS0baTf2xFhiw0IGbepNI/s765/livro_vasco.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF5jyS5dmZrR3fOQwowEwSVD5YFTUdacHf5tMcWCoIGnAeFGY2tXJreXr0XJaZmY7Gbq3qpCZvxKxve2GYTcIxaIenMx8XpbFIgQqydBSiEaX9AJ9Wsi0WbqnOt5hAEWxXluUTX41Wr2KPpt3mtkmPZbEiyT1F7dZff35XFZCS0baTf2xFhiw0IGbepNI/s765/livro_vasco.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="765" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF5jyS5dmZrR3fOQwowEwSVD5YFTUdacHf5tMcWCoIGnAeFGY2tXJreXr0XJaZmY7Gbq3qpCZvxKxve2GYTcIxaIenMx8XpbFIgQqydBSiEaX9AJ9Wsi0WbqnOt5hAEWxXluUTX41Wr2KPpt3mtkmPZbEiyT1F7dZff35XFZCS0baTf2xFhiw0IGbepNI/s320/livro_vasco.jpg" /></a></div>
<i><div><i>Adivinho em ti o sabor da maçã, o contundente desígnio do fruto proibido, a morte que silenciosamente me aguarda à beira da praia.</i> </div><div><br /></div><div><i>O céu deve ser mais ou menos assim. Sem trouxas de ovos. Enfeitiçado pelo teu sorriso. E com esta música de algodão.</i></div></i><div><div><br /></div><div><i>Escrevo-me. Escrevo-me. Escrevo-nos</i></div><div><br /></div><div><i>ou seja lá o que for...</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Os sonhos são sempre estranhos. Lugares infinitos da imaginação. Mel. Precipício. Ilusão.</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Confesso ter-me perdido de ti na imensidão poética daquela Costa de Prata...</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Um subterrâneo escreve-se sem palavras, sem frases e sem mudança de parágrafo. Avança-se e vive-se numa linguagem de morcegos, fungos, bactérias, em textual ilusão de crença e autonomia. Larva. Lamela. Laringe.</i></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>Não gosto da vulgaridade de Benta, não gosto da sensualidade de Bernardo, não gosto do realismo das cenas de sexo, nos mais diversos lugares... <span face=""Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; font-weight: bold; white-space-collapse: preserve;">.</span>Não gosto dos diálogos, não gosto do uso e abuso de vocábulos , num nível de língua demasiado pomposo. <b>Gosto, apesar de tudo, do narrador, particularmente nas descrições...</b></div><div><br /></div><div>
Klara é um AA (Amigo Artificial) , talvez um androide, apesar de o autor nunca usar esta designação. Dotada de uma grande capacidade de observação, Klara estuda o comportamento das pessoas em frente à montra da loja onde está exposta. Klara espera, assim como outros AA, que uma pessoa a escolha como companheira, a compre e a leve para sua casa
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgljGBS_PifgKDsqP0SNi4n2tmrWD5UYMVaktrlQqtIaZyNsjRnGBpAvsvTb6-yVRCH1Zw48eFiOWuVOGke1t8ntU6CcGZEsNcMNYLW8drx4lo71uqP0RqxDO14sQPkNcbdsP3ZVqtj3QGfjN9z8SIZhIPZhL5TeoKcDjBs5i7BVCA85CLJ7WSDhjKMmTU/s704/klara_sol.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="704" data-original-width="474" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgljGBS_PifgKDsqP0SNi4n2tmrWD5UYMVaktrlQqtIaZyNsjRnGBpAvsvTb6-yVRCH1Zw48eFiOWuVOGke1t8ntU6CcGZEsNcMNYLW8drx4lo71uqP0RqxDO14sQPkNcbdsP3ZVqtj3QGfjN9z8SIZhIPZhL5TeoKcDjBs5i7BVCA85CLJ7WSDhjKMmTU/s320/klara_sol.jpg" /></a></div><div><br /></div>
<i><span> </span>Quando éramos novas, Rosa e eu estávamos a meio da loja, ao lado da mesa das revistas, e conseguíamos ver mais de metade da montra. Víamos, portanto, o exterior — os trabalhadores de escritório apressados, os táxis, os corredores, os turistas, o Pedinte e o seu cão, a parte inferior do Edifício RPO. </i><div><br /></div><div>
<span> </span><i>eu sabia que a melhor estratégia seria esforçar -me mais do que nunca para ser uma boa AA para Josie até que as sombras recuassem. Ao mesmo tempo, ficava cada vez mais claro para mim até que ponto os humanos, no seu anseio de fugir da solidão, faziam manobras muito complexas e difíceis de compreender.</i></div><div><i><br /><i>Somos ambos sentimentais.Não conseguimos impedi-lo. A nossa geração ainda tem os velhos sentimentos. Uma parte de nós recusa-se a reconhecer. A parte que quer continuar a acreditar que existe algo inatingível dentro de cada um de nós. Algo que é único e não transmissível. Mas não há nada disso, sabemo-lo agora.</i></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br />
<i> Eu gosto deste sítio</i>( da Sucata) <i>E tenho as minhas próprias memórias para percorrer e pôr na ordem certa.</i>
</i><div><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9OhLa3rBUvE70Bj44G-3xt_-4pMuuOInUJ8N4wIzAlZLCU3bubrkLpqnz_KqSp7JKQDnDw7gfyGmxYef061P1NBN3zY0Mt0wwiixGcVKQhEOOAq3H7Sm1sEw5eaYRc6Headyggtnmr7FASI_yZOt_9rUKJ7MiEXodjlXwJZQvtKwEVx1Y5z-s1ZE-XL8/s278/malina.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="278" data-original-width="181" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9OhLa3rBUvE70Bj44G-3xt_-4pMuuOInUJ8N4wIzAlZLCU3bubrkLpqnz_KqSp7JKQDnDw7gfyGmxYef061P1NBN3zY0Mt0wwiixGcVKQhEOOAq3H7Sm1sEw5eaYRc6Headyggtnmr7FASI_yZOt_9rUKJ7MiEXodjlXwJZQvtKwEVx1Y5z-s1ZE-XL8/s320/malina.jpg" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div>
<span> </span><i>Na verdade, "hoje" é uma palavra que só os suicidas deveriam poder utilizar, para todos os outros não tem sentido nenhum, para estes "hoje" é pura e simplesmente a designação de um dia qualquer, é hoje, pronto... </i><div><i><i><br /></i></i></div><div><i><i><span> </span>Eu sou o primeiro exemplo de desperdício total, entusiástica e incapaz de fazer um uso racional do mundo, e posso comparecer no baile de máscaras da sociedade, mas também posso não ir, como uma pessoa que se viu impedida de ir ou se esqueceu de fazer um disfarce, não consegue encontrar a máscara por negligência e, por isso, deixa de ser convidada</i>.
</i><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrxdNOi26HHG1u9qEyaMi9q6u5mQf2w4slqmMhNU9cBgBYlLBxkBDUUr7nFUKIegMkAuzXOX5n_ZDf-64Cx8eAhRR81vhyXyhjXdCBosGO3WVoh0pbe6JmmDSAq5C8V8hmLzPZLFSRLfFGSaTgHrdR7tigV5lW2nHrwY8H0FGsSRCNDbn66zf2g24Uzw4/s281/tempo.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="281" data-original-width="179" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrxdNOi26HHG1u9qEyaMi9q6u5mQf2w4slqmMhNU9cBgBYlLBxkBDUUr7nFUKIegMkAuzXOX5n_ZDf-64Cx8eAhRR81vhyXyhjXdCBosGO3WVoh0pbe6JmmDSAq5C8V8hmLzPZLFSRLfFGSaTgHrdR7tigV5lW2nHrwY8H0FGsSRCNDbn66zf2g24Uzw4/s320/tempo.jpg" /></a></div>
<i><div><i><span> </span><span> </span><br /></i></div> <span> <br /></span>À excessivamente meticulosa, </i><div><i> 22 anos depois do seu nascimento, </i></div><div><i> Do excessivamente indefinido </i></div></div></div></div></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-21812291677650599642023-07-07T21:44:00.009+01:002023-07-07T21:58:26.830+01:00Do I?<iframe width="715" height="100" src="https://www.youtube.com/embed/bpOSxM0rNPM" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe>
<iframe width="715" height="100" src="https://www.youtube.com/embed/nyuo9-OjNNg" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe>
Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-21072425553053218592023-06-30T10:06:00.024+01:002023-09-13T15:32:32.497+01:00Amores..."Julian Barnes em <i>Arthur & George </i>recria o caso que aconteceu nos finais do século XIX e ficou conhecido no Reino Unido como “Os Ultrajes de Great Wyrley”. O romance aproxima-se dos percursos vivenciais das duas personagens, Arthur e George, ao mesmo tempo que explora as suas particularidades psicológicas. O intimismo e a autorreflexão são recursos constantes na recriação das circunstâncias que levaram à condenação injusta de George Edalji a uma pena de prisão e à intervenção em seu favor por parte do famoso escritor, Sir Arthur Conan Doyle. Traços pós-modernistas dominam no romance, onde não existem respostas definitivas nem verdades absolutas. Um pormenor que parece irrefutável é a atitude preconceituosa e incompetente de um sistema judicial que se esperava justo e eficaz, numa sociedade civilizada como a da Inglaterra de então." <br /><b><br /></b><div><b>Anabela Cristina Antunes Pereira</b><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi07I22YVwUxQjcdnraqiVNFGSAdi4ol-2oko1N5HjgmOjxVGoCv00qVjPBdiAh70w_heQKL2XpMO0mPlrl2dEgSgEAt1J-EFjH8yT1U0AgNWVewbKf_BIaDXMZx3wtBKYu-e8v_Od-0j5q6w023riS5Nrc48s6w3c6X1o6trvR37ul3t4NFjh7YKSSbgc/s223/amor_companhia.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="223" data-original-width="142" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi07I22YVwUxQjcdnraqiVNFGSAdi4ol-2oko1N5HjgmOjxVGoCv00qVjPBdiAh70w_heQKL2XpMO0mPlrl2dEgSgEAt1J-EFjH8yT1U0AgNWVewbKf_BIaDXMZx3wtBKYu-e8v_Od-0j5q6w023riS5Nrc48s6w3c6X1o6trvR37ul3t4NFjh7YKSSbgc/s320/amor_companhia.jpg" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div>
Sinopse<br /></div><div>"Oliver, Stuart e Gillian. Oliver é o melhor amigo de Stuart e Stuart é o melhor amigo de Oliver. Gillian é namorada de Stuart, com quem virá a casar. Oliver e Stuart não podiam ser mais diferentes: o primeiro, extravagante, está convencido de que é uma luminária; o segundo é sóbrio, tímido e ligado ao «lado prático da vida». Gillian é bonita, inteligente, e ama Stuart; defende que falar de alguém ou de um assunto de forma exaustiva (como propõe o título original em inglês, Talking It Over) só é bom quando não somos o objeto em análise. Depois do casamento, uma explosão: Oliver descobre que está apaixonado por Gillian. Para contar esta história atribulada, cómica e errática, os três revezam-se na narração - com os seus pontos de vista, tiques e tópicos preferidos. Porém, o que começa como uma comédia de equívocos depressa desliza para uma exploração sombria e profunda dos pântanos da alma. Uma história interminável."
<div><br /></div><div><i><br /></i></div><div><i>Acho que devemos fazer a coisa proibida ...senão sufocamos....Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres</i>....Clarice Lispector </div><div><br /></div>"<b>Mario Benedett</b>i (1920-2009), escritor uruguaio, é um dos principais autores da literatura sul-americana do século XX, detentor de uma extensa obra composta por mais de meia centena de títulos de poesia, romance, ensaio e textos teatrais.
Intelectual participante ativo nos problemas do seu país, colabora e exerce vários cargos no jornalismo literário. É nomeado, em 1971, diretor do Departamento de Literatura da Universidade de Montevideo, porém, o golpe militar de 1973 e as suas convicções políticas numa América Latina em plena convulsão obrigam-no a sucessivos exílios: primeiro na Argentina, posteriormente no Peru, onde é detido e deportado, sucessivamente para Cuba, finalmente para Espanha.
A publicação, em 1960, do romance<i> A Trégua </i>granjeia-lhe enorme sucesso: o livro totaliza mais de 100 edições e é traduzido em 20 línguas, com adaptações ao teatro, à rádio e ao cinema. De Mario Benedetti, destacam-se, igualmente, de 1965, o romance <i>Obrigada pelo Lume</i> e, de 1992, <i>A Borra do Café</i>." <div><br /></div><div>
<b><i>A trégua</i> </b>é considerado o romance emblemático da literatura sul-americana e uma das histórias de amor mais comoventes da literatura moderna.Em Buenos Aires, dois amantes vivem um amor que transgride todas as convenções sociais. Martín Santomé é viúvo há mais de vinte anos e praticamente criou os filhos sozinho. Confidencia ao seu diário que se sente cansado de um quotidiano sedentário no escritório e que de dia para dia agravam-se os conflitos geracionais com os seus filhos. O seu único alento é a reforma, para a qual faltam seis meses e vinte e oito dias. Tudo muda quando surge uma nova colega, Laura Avellaneda, num escritório contíguo ao seu - "o seu corpo, a sua boca grande, as suas pernas lindas" - e só assim se atenua a obsessão de Martín centrada nos vinte e oito dias. Martín descobre pela primeira vez o amor com a jovem e vigorosa Laura.Superando todos os convencionalismos e transgredindo as circunstâncias impostas pela diferença de idades, os dois amantes revitalizam sentimentos e enfrentam os riscos dessa relação amorosa: Martín e Laura vivem profundamente o seu momento no qual se inscreve o sentido da eternidade. <b>Romance emblemático dos anos 60,</b> que continua vivo e a ser um testemunho psicológico e social comovente.</div><div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAYgvq-Sgjpw2T7p-bVzQavxOa4QpO4hbNOm2J31FT1LqDprYyZirZwESMYeIinaxLVAmdZhaxatwSdVVZ1AmubTn_H_JFNmMVLBgXYmlJEMJ4LC6zKVGA11eG_Ng6jZSwyNiqoaKn8R37dBv3-CUv-ZU5nkw8-S16H6-ytKv8yp5Ld9U0CjIDg9Z12no/s832/tr%C3%A9gua.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="832" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAYgvq-Sgjpw2T7p-bVzQavxOa4QpO4hbNOm2J31FT1LqDprYyZirZwESMYeIinaxLVAmdZhaxatwSdVVZ1AmubTn_H_JFNmMVLBgXYmlJEMJ4LC6zKVGA11eG_Ng6jZSwyNiqoaKn8R37dBv3-CUv-ZU5nkw8-S16H6-ytKv8yp5Ld9U0CjIDg9Z12no/s320/tr%C3%A9gua.webp" /></a></div><div><br /></div><div><i><span> <span> </span></span>Só me faltam seis meses e vinte e oito dias para me reformar... não é do ócio que eu preciso, mas sim do direito a trabalhar naquilo que quero. </i></div><div><i><br /></i></div><div><i><span> </span>Hoje foi um dia feliz; apenas rotina.<br /><br /><span> Blanca tem algo de comum comigo: é uma pessoa triste com vocação de alegre<br /></span><span> </span>O orgulho é para quando temos vinte ou trinta anos.<br /><span> Tudo foi demasiado obrigatório para que eu pudesse sentir-me feliz.</span><br /></i></div><div><i><span><br /></span></i></div><div><span>Irritação pelo facto de sermos obrigado a recordar aquilo de que não nos lembramos...</span></div><div><i><span><br /></span></i></div><div><span>D. Policarpo - o medo converte-se emfascinação</span></div><div><span><br /></span></div><div><span>Atração pelo passado</span></div><div><span><br /></span></div><div><span><i>Se algum dia me suicidar, será num domingo. É o dia mais desalentador, o mais anódino.</i></span></div><div><i>"Às vezes penso naquilo que farei quando toda a minha vida for domingo."</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Em casa de Vignale um indivíduo está à mercê desssa matilha </i>( os cinco filhos) <br /><br /><i>A nossa sensibilidade é primordialmente digestiva.</i>..</div><div><br /></div><div><i>A minha liberdade é outro nome para a minha inércia...</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>A verdadeira corrupção é o suborno para conseguir algo lícito....</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Fazer amor com com cara de empregado...</i><br /><b><br />Marcas da época:</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>* namoro com a presença da mãe</b></div><div><b>* declaração de amor<br />* importância da virgindade</b></div><div><b>* "maricas"; tentativa de encontrar um culpado, uma justificação para a homossexualidade</b></div><div><b>* dicotomia mulher/ amante</b></div><div><b>* a mulher, quando casa, deixa de trabalhar</b></div><div><b>* morte da mulher no parto</b></div><div><b>* ser velho aos 50 anos</b></div><div><b>* pai de Avellaneda- o homem típico dos anos 60, assusta-o sentir-se sentimental </b></div><div><b>* reforma aos 50 anos</b></div><div><b><br /></b><br /></div><div>
"Na Montevideu cinzenta e conservadora dos anos 50 do século XX, Martín Santomé, viúvo e pai de três filhos já adultos, regista no seu diário os poucos meses que o separam da reforma, triste corolário de uma vida composta por rotinas diárias e resignação. A monotonia dos seus dias será, porém, bruscamente interrompida quando a jovem e tímida Laura Avellaneda vem trabalhar para o seu escritório. Apesar da diferença de idades que os separam, o encontro entre Santomé e Laura derivará numa relação séria e apaixonada, que confrontará Santomé com o resultado de sentimentos que pensava já arredados da sua vida. Um romance que nos fala com sensibilidade e realismo do amor, do medo, da solidão, da felicidade e da morte."<b> Sinopse <i>Wook</i></b></div><div><br /></div><div> Sonhou com um beijo, durante anos e anos. Um dia olhou o espelho e viu como tinha envelhecido. Era tarde, demasiado tarde. Nesse momento, deixou de sonhar. e sentiu que uma parte de si tinha morrido. Restou a recordação desse beijo nunca dado e a memória da emoção que poderia ter experimentado...<div><div><br /></div><div><b>Quem é António Mega Ferreira?</b><span style="font-weight: bold;"> </span></div><div><span> </span>"Um espartano epicurista, um cético apaixonado, um obsessivo diletante, um melancólico humorista, um sonhador solitário, um escritor de palavras inesquecíveis."<br /> Palavras de Inês Pedrosa, na homenagem que lhe presta no <i>Jornal das Letras</i>, quando " atordoada de tristeza", se confessa uma " discípula fascinada" e uma " amiga inexpugnável" do seu antigo mestre.
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpaOB1GtKExLuj3xfVdjyemmq2d8vGTcvPeAQp3u-jsh2qbwhWDestYTH4c6cV9_VSSTKSYqvKKGjRyC78XOjk56xzFgDfFYzD2v0SBeK-G6zEpx-Xsnmde1pk-VEXyT5Ds1LRv4uZgl3dI2Ke9djRNHiDqKnfw9pjC577s36Bf8FuFY_dUmcxMGD8/s774/Amor.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="774" data-original-width="550" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpaOB1GtKExLuj3xfVdjyemmq2d8vGTcvPeAQp3u-jsh2qbwhWDestYTH4c6cV9_VSSTKSYqvKKGjRyC78XOjk56xzFgDfFYzD2v0SBeK-G6zEpx-Xsnmde1pk-VEXyT5Ds1LRv4uZgl3dI2Ke9djRNHiDqKnfw9pjC577s36Bf8FuFY_dUmcxMGD8/s200/Amor.webp" /></a></div><div><br /></div></div><div><i>Eu tinha vinte e poucos anos...Tinha a idade em que o amor, seja lá isso o que vier a ser, é o valor supremo de um horizonte onde só se divisa a felicidade.</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>Eu estava assustado,mas, ao mesmo tempo, seduzido pela atenção que ela me dispensava(...) Nos primeiros tempos, Winnie tratava-me como uma mulher experiente trata um rapaz bonito e desejável, mas não destituído de inteligência.</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>Winnie retribuiu-me o beijo , com uma convicção que para mim era inesperada: aquele beijo durou mais, e foi mais longo que todas as horas que tínhamos passado juntos.(...) Ela amava-me? Não sei: andava tão enlevado na minha própria forma de viver o amor, que quase não tinha olhos para tomar a medida ao afecto de Winnie por mim.(...) Eu era una espécie de amante pueril, que lhe dava o ar de ser uma mulher desejada, mesmo quando a maturidade já lhe começava a pesar no rosto.</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i> E ela, amava-me? Não sei, pelo menos na altura não sabia...andava tão enlevado na minha própria forma de viver o amor, que quase não tinha olhos para tomar a medida ao afecto de Winnie por mim.</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>Às vezes releio a carta. Tenho pena de não a ter escrito. Ou pena de nunca ter recebido uma carta assim.</i> </div><div><br /></div><div><i>A literatura é o melhor de mim e é o melhor de mim que vive dentro da minha cabeça quando estou contigo.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>Eu aprendia Marraquexe pelos olhos dela , e, através dos olhos dela, aprendia o retrato do mundo que até então imaginara.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>Samir... Era uma visão que prometia mais do que a simples percepção do instante...ambos percebemos que alguma coisa se viera inscrever em nós, na nossa história de amor, naquele preciso momento.</i></div><div><b><br /></b></div><div>
<b>Porquê do afastamento?</b>
<i> Voltámos a Lisboa.Vimo-nos mais duas ou três vezes...Os restos do nosso "romance", como lhe chamava Winnie, tinham ficado pendurados no olhar desolado de Samir.... Eu depois conheci a Marta...</i> </div><div><b>Pasados 20 anos, o reencontro</b>:<i> Envelhecera mais do que , muito mais, do que os vintes anos que tinham passado</i>.
</div><div><br /><i><b>Todo o amor é um acto de identificação e reconhecimento. Encontramos na pessoa amada, não um reflexo, o que seria pobre, mas uma ressonância da nossa própria alma...</b></i></div><div><i><br /></i></div><div> Este <i>Amor</i> é o relato da " impossível eternidade e inamovível memória do amor", " uma história arrebatadora e lúcida e triste e cheia de luz e alegria, como afinal tudo o que António Mega Ferreira escreve."</div><div><br /><i>Todas as cartas de amor são </i></div><div><i>Ridículas. </i></div><div><i>Não seriam cartas de amor se não fossem </i></div><div><i>Ridículas</i>.
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPm5qgDaW6SvIpyQ36Ml-pMRGdZP-oN7SpqrxMjjriNIctcK8ydnWjTA4SldCD6c6TlJ15xtFSg584AP2XlkYaeQ22ce5scHm4f3-GTMUcf-QQt_V6e7HK5yYUMfQ5xOac_un9Shh5V6VJWva0BSBkGCoxx4ILV3HqHV5quuu4eB5LMJfFPKeuTVtH/s800/grandes_cartas_de_amor.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="800" data-original-width="527" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPm5qgDaW6SvIpyQ36Ml-pMRGdZP-oN7SpqrxMjjriNIctcK8ydnWjTA4SldCD6c6TlJ15xtFSg584AP2XlkYaeQ22ce5scHm4f3-GTMUcf-QQt_V6e7HK5yYUMfQ5xOac_un9Shh5V6VJWva0BSBkGCoxx4ILV3HqHV5quuu4eB5LMJfFPKeuTVtH/s320/grandes_cartas_de_amor.webp" /></a></div><div><br /></div><div><i>Também escrevi em meu tempo cartas de amor,</i></div></div><div><i>Como as outras, </i></div><div><i>Ridículas.</i> </div><div><br /></div><div><i>As cartas de amor, se há amor, </i></div><div><i>Têm de ser </i></div><div><i>Ridículas. </i></div><div> </div><div><i>Mas, afinal, </i></div><div><i>Só as criaturas que nunca escreveram</i></div><div><i>Cartas de amor </i></div><div><i>É que são
Ridículas</i>. </div><div><br /></div><div><i>Quem me dera no tempo em que escrevia</i></div><div><i>Sem dar por isso </i></div><div><i>Cartas de amor </i></div><div><i>Ridículas</i>. </div><div><br /></div><div> </div><div><i>A verdade é que hoje </i></div><div><i>As minhas memórias</i></div><div><i>Dessas cartas de amor</i></div><div><i>É que são </i></div><div><i>Ridículas</i>. </div><div><br /></div><div><i> (Todas as palavras esdrúxulas, </i></div><div><i>Como os sentimentos esdrúxulos,</i></div><div><i>São naturalmente </i></div><div><i>Ridículas.)</i></div><div><i><br /></i></div><div>"Um romance situado na 3.ª década do século XX, quando a heterossexualidade era reprimida por toda a espécie de convenções, e a homossexualidade tabu social e crime perante a lei<i>..." </i><i><br /></i><div class="separator" style="clear: both; font-style: italic;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmP5lwb3sBHHgP9BkqMeGe562E7J0eAkXCpod67tabNnuu4D16gc6_8bG1zqUvWOunjJbg4vVZZsq-aqUh-LUDPp0RYaSCPTEtbOGi208eM6x31VbdNV0j6ndWcph82IxM0uBFZJBGLyHvhbU-jobF8WTBgRvInK9HDPMd9F4cUyxH5mKkKlR1v_Q7/s266/cavalo_sol.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="266" data-original-width="174" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmP5lwb3sBHHgP9BkqMeGe562E7J0eAkXCpod67tabNnuu4D16gc6_8bG1zqUvWOunjJbg4vVZZsq-aqUh-LUDPp0RYaSCPTEtbOGi208eM6x31VbdNV0j6ndWcph82IxM0uBFZJBGLyHvhbU-jobF8WTBgRvInK9HDPMd9F4cUyxH5mKkKlR1v_Q7/s320/cavalo_sol.webp" /></a></div><div style="font-style: italic;"><i><br /></i></div></div><div><i><i>Era ela que se julgava o sol, disse levantando um dedo. A esse papel, e não a ele, ela amava. Porque lhe dava a ilusão de poder tudo</i>. </i></div><div><i><i><br /></i></i></div><div><i><i><br /></i></i></div><div><i><i>Reparou que o relógio da parede não batia, era um relógio novo, virgem de qualquer uso, que só marcaria as horas quando eles habitassem a casa e se sentassem ali, no canapé, debaixo dos retratos, então o pêndulo começaria a oscilar, dentro da caixa de vidro, e ouvir-se-ia no silêncio o tiquetaque infindável de um pequeno coração mecânico batendo.</i> </i></div><div><i><i><br /></i></i></div><div><i><i><br /></i></i></div><div><i> <i>Há o cavalo do corpo e o cavalo do tempo, correndo sobre um campo. Mas cada dia é uma vida, e eu não conto os dias.
Parar o sol. Os cavalos do sol. Segurar-lhes as rédeas, com mão firme. Saindo-lhes de repente ao caminho.</i> </i></div><div><br /></div><div><br /></div><div> O núcleo romanesco, partindo da relação entre um homem e uma mulher, metaforiza diferentes dicotomias antitéticas: corpo/pensamento; ser solar/ser lunar; animalidade/racionalidade; loucura/orde; bem/mal; amor/ódio; vida/morte...</div></div>
</div></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-63932734517160326232023-06-22T06:30:00.000+01:002023-06-22T06:30:14.709+01:00Fim...<p> Sabe que chegou o fim. Mesmo que não seja necessário...</p>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-39470917581113896352023-06-11T18:22:00.009+01:002023-06-11T18:40:03.869+01:00<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX3RlFJSAIB5wUfJT6kDis0BdRFOGcoLxSI3-1mbCDaS0uj03xLkJPs1g1LHjDG2uu6uHzqsOxvS5dBzWc918jei1Z02yIhZuEMa3tKbOgd6HPGvV7h0ciQWTmxbjvgcgQhAS2QguY5yS-94ccF1v2hKnz1eyJAos3TAfMj3QT9DamtBnLbIOGK_qF/s1325/margarida.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1325" data-original-width="888" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX3RlFJSAIB5wUfJT6kDis0BdRFOGcoLxSI3-1mbCDaS0uj03xLkJPs1g1LHjDG2uu6uHzqsOxvS5dBzWc918jei1Z02yIhZuEMa3tKbOgd6HPGvV7h0ciQWTmxbjvgcgQhAS2QguY5yS-94ccF1v2hKnz1eyJAos3TAfMj3QT9DamtBnLbIOGK_qF/s320/margarida.jpg" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>
"Margarida Espantada é sobre família. Sobre irmãos. É sobre violência doméstica e doença mental. É um efeito dominó sobre a dor.<div><br /></div><div> A literatura é um jogo do avesso. Os bons romances são sempre sobre amor, e os melhores são os que fingem que não são.
Não devemos recear livros duros. As histórias que mais nos prendem trazem uma catarse que nos carrega as mágoas, personagens que apresentam as suas semelhanças connosco. </div><div><br /></div><div><br /></div><div>Gosto da ficção que é número arriscado de circo, com fogo e espadas, que nos faz chegar muito perto da queimadura que não vamos realmente sentir. Mas reconhecemos."</div><div><br /></div><div>
<b>Rodrigo Guedes de Carvalho</b></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>
"Ao longo dos tempos, a família tem sido um dos grandes temas e inspirações literárias, centro nevrálgico de poemas, ensaios ou romances. É precisamente a família – e a sua implosão – que está no centro de “Margarida Espantada” , romance de Rodrigo Guedes de Carvalho que, com o sobressalto de um thriller, nos serve uma história sobre irmãos. Uma história que deixa no ar a eterna interrogação sobre o que une e alimenta uma árvore genealógica, um sentimento que estará algures entre a cumplicidade solidária do sangue e a de se fazer parte de um aglomerado de pessoas que não se escolheram – e que, tantas vezes, se vão aturando já sem grande convicção.
Uma família alargada, onde cada um trata de carregar as suas cruzes, traumas e memórias: António Carlos, habituado a deixar “sangue fresco por cima de sangue pisado” na mulher Isabel Rita, e que vai mantendo uma relação a céu aberto com as suas amantes, a quem começa também a estender os tentáculos da violência e do abuso; Manuel Afonso e Sara Lúcia, pais tardios, às voltas com os porquês do choro da sua criança; Margarida Rosa, alguém que “decidiu logo em pequena que nada desta vida lhe causaria dano” e que, depois do falecimento dos pais, “esteve a encaixotar o pouco que tem em adulta para regressar à infância”, ficando a tomar conta da casa onde todos viveram os seus primeiros anos – uma casa onde, desde cedo, se pressente uma presença externa; Joana Ofélia, a mais nova dos quatro irmãos, nascida quando já não era esperada, guiada pelos outros como uma presa fácil e que, só em adulta, se reconciliou com o seu nome de batismo; e, por último, António Carlos, ator e em tempos um adolescente “particularmente enérgico e desobediente, caótico e explosivo de pensamentos e ações, um revolucionário à procura de uma causa”, que passou a desprezar e a provocar o pai, o grande e conhecido empresário Carlos Duval. Irmãos que desenvolveram, cada um à sua maneira, “técnicas de sobrevivência ao desemparo”, trocando o lema dos mosqueteiros por um bem mais reservado cada um por si.
A história dos irmãos vai sendo contada enquanto, no tempo presente, a inspetora Aida Santos e Paulo Paulino, a jovem promessa da psicologia forense, têm entre mãos o chamado “caso Duval”, um mistério revelado em conta-gotas no qual o leitor irá testar as suas qualidades de detetive amador.
Um romance-thriller no qual Rodrigo Guedes de Carvalho não poupa na violência, espremendo a linguagem como quem torce um pano molhado antes de nos atirar com ele à cara, perfurando as muitas camadas de pele até nos chegar ao osso. Pelo caminho, enquanto folheamos o álbum de fotografias e memórias da família Duval, tomamos em mãos o peso da infância, esquivamo-nos como podemos ao horror do mundo e lemos, “numa língua de hieróglifo, incompleta e indecifrável”, a chave para sobreviver à instituição familiar..." <b>Pedro Miguel Silva</b>
</div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-36341160115535146092023-04-18T20:58:00.023+01:002023-05-10T12:56:01.494+01:00Paradoxos...<b>Joana Bértholo nasceu em Lisboa em 1982, formou-se em Design de Comunicação e tem um doutoramento em Estudos Culturais. Escreve para dança e para teatro.</b>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf6INHmepGHaM1hvMXSW6pfhYZUrSBD0grdoNHjZJYg3M4izTYERsehAZjOHkhHMtkNciYCHsoCTSc5o-tGOf9qD3d0q4W3WGZFluXfIGhKR7q82EArxNWOObTmYj1-DOF8eLWTfgqEp8fOBigB2DUmmgY9bBpEP4jrDgTw0dSfZ9yF_FArYojVzUG/s778/joana.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="778" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf6INHmepGHaM1hvMXSW6pfhYZUrSBD0grdoNHjZJYg3M4izTYERsehAZjOHkhHMtkNciYCHsoCTSc5o-tGOf9qD3d0q4W3WGZFluXfIGhKR7q82EArxNWOObTmYj1-DOF8eLWTfgqEp8fOBigB2DUmmgY9bBpEP4jrDgTw0dSfZ9yF_FArYojVzUG/s320/joana.webp" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div>Eu era uma pessoa simples, urbana, uma planta que insistiu em crescer entre os paralelepípedos do passeio, na rua mais concorrida da metrópole, cujo destino é conhecer a sola dos sapatos de milhares de turistas e transeuntes e respirar violentas concentrações de dióxido de carbono. Eu sabia chamar um táxi, mas não o rebanho; sabia levar uma muda de roupa à lavandaria self-service e trazê-la limpa, mas não sabia levar um cântaro à teta da vaca e trazê-lo cheio. Não sabia atear fogo, construir um abrigo, nem situar-me olhando as estrelas. Não conhecia o significado dos ventos nem descodificava as nuvens, quando antecipam temporal. Os elementos do mundo em meu redor que eu considerava naturais eram indecifráveis.</i>
<div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>Sinopse- "Maina Mendes é uma mulher silenciada num mundo de homens e dos homens, que cedo percebe na sua condição imposta uma forma de a metamorfosear a seu favor: do silêncio faz a sua resignada mudez. Publicado em 1969, este é o primeiro romance de Maria Velho da Costa, um livro que mudaria para sempre as letras portuguesas pela sua força inaugural, o seu modo de dizer novo e experimental, embora filho de um legado literário prístino (Maina Mendes bem poderia ser menina e moça levada de casa de seus pais para muito longe), um exemplo máximo desta grande escritora."
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikiFQDcCS-yrh1bgUHaMG9UYOao7m9VHv6bUX5keV4V9tYNMZ47IBOHTQhHozmoqS9AG8VFciljf8s8x_1IUBFISdVNvlnyl9Hc41dNo6BMRCZccDQlxJ_eapxWfp7SpiEZYB83tdi64LGwACISpaA8pNjnutl0s7R3xgJ1aj_KG-eFTP8-rfS-cDm/s234/maina.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="234" data-original-width="158" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikiFQDcCS-yrh1bgUHaMG9UYOao7m9VHv6bUX5keV4V9tYNMZ47IBOHTQhHozmoqS9AG8VFciljf8s8x_1IUBFISdVNvlnyl9Hc41dNo6BMRCZccDQlxJ_eapxWfp7SpiEZYB83tdi64LGwACISpaA8pNjnutl0s7R3xgJ1aj_KG-eFTP8-rfS-cDm/s320/maina.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div>Os vidros das janelas estão opacos e desenha-se com a ponta do dedo um arco de correr e o pau de guiá-lo. […] Maina Mendes, cujos dedos põem ainda entre si e o vidro […] os círculos do barco a vapor e depois as lâminas de uma tesoura aberta. […] Maina Mendes desenha a dedo fugas moventes na névoa que da boca seca cai ao vidro. Muitas crianças o fazem […] mas nenhuma com tão pouca alegria e tão quieta ira. […] desenhando no vidro com tal rancor, coisas que […] não são do rapaz oculto na menina sã a desbravar, mas antes de uma fúria de fêmea e atilada.</i><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>Depois da mudez é dita por apagada e severa no trato.Os seios despontam-lhe sem pasmo, bem chegados aos braços, sem juntura, e sempre pareceu saber ao que vem e como bem se oculta o sangue nos meses.</i>
<div><br /></div><div><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD-T4K5nG7QHsrqiDRndCDsABMkbUYyk1B4PzGyRuZCXiuuKyEGoIUrksAkR64UsHzFx8yBKQX37lSh3idiatUpRCbXaB8LkTgiGP_KM_NJkRqMKl2ZFkWdkrTHdxk0xpyHJz4VQm6JHDLC8QWCq4kFzak5uLhxjAVbkN-u3xd4CA_QtrKoWhigI-R/s214/allende.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><br /></a><img alt="" border="0" data-original-height="214" data-original-width="138" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD-T4K5nG7QHsrqiDRndCDsABMkbUYyk1B4PzGyRuZCXiuuKyEGoIUrksAkR64UsHzFx8yBKQX37lSh3idiatUpRCbXaB8LkTgiGP_KM_NJkRqMKl2ZFkWdkrTHdxk0xpyHJz4VQm6JHDLC8QWCq4kFzak5uLhxjAVbkN-u3xd4CA_QtrKoWhigI-R/s320/allende.webp" /></div>
<b><i>isto não é, de todo, uma dissertação elevada, é só uma conversa informal</i>.<i></i></b> <div> Mesmo que a autora não o reconhecesse, o leitor atento facilmente surpreende a ligeireza como </div><div> feminismo é abordado...</div><div><div><br /></div><div> A parte final do livro, escrita em Março de 2020, tem uma visão optimista relativamente ao período pós-pandemia... </div><div><br /></div><div>
<i>Não podemos continuar numa civilização que se baseia no materialismo desenfreado, na cobiça e na violência. Este é um momento de reflexão. Que mundo queremos? Julgo que é essa a pergunta mais importante do nosso tempo, a pergunta que todas as mulheres e homens conscientes devem fazer-se…
Queremos uma civilização inclusiva e igualitária, sem discriminação de género, raça, classe, idade ou qualquer outra classificação que nos separe. Queremos um mundo amável, onde imperem a paz, a empatia, a decência, a verdade e a compaixão. E, acima de tudo, queremos um mundo alegre. A isso aspiram as bruxas boas. O que desejamos não é uma fantasia, é um projeto; entre todas, podemos conseguir.</i>
<div><br /></div><div><br /></div>Como o título anuncia, <i>Quase todos os poemas</i> é uma compilação de quase quarenta anos de poesia, publicada entre 1982 e 2022. Como a autora afirma, no prefácio, que esta coletânea é, em certa medida, antológica, uma vez que implica uma seleção. Embora estejam presentes temáticas características da fase subsequente ao 25 de abril (revolução, liberdade, feminismo, erotismo no feminino) , não é poesia panfletária, pois há uma delicadeza e uma sensibilidade que, pessoalmente, me agrada.
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6zD3E4Dh6OltDMSJJwBk-mjuZolu-vX2XRqwNtK6ud4Nzi_gRlEwixoIYh-tz-7YWz5up7cU-eGPUhsvfidfbtz4LTy6SrsfwLBPvoSmp_hbr6eSGGUoNObq4ETXaOPQ-j_3lpMKsngh-3-aYo912m0E7KnDELnHIydMalhvaVIZ42Q3L8zodeiU/s864/j%C3%BAlia_lello.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="864" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6zD3E4Dh6OltDMSJJwBk-mjuZolu-vX2XRqwNtK6ud4Nzi_gRlEwixoIYh-tz-7YWz5up7cU-eGPUhsvfidfbtz4LTy6SrsfwLBPvoSmp_hbr6eSGGUoNObq4ETXaOPQ-j_3lpMKsngh-3-aYo912m0E7KnDELnHIydMalhvaVIZ42Q3L8zodeiU/s320/j%C3%BAlia_lello.webp" /></a></div><div><br /></div>Que mulher se revela, se esconde, se insinua, através destes poemas discretos, mas intensos que, por vezes, evoca Eugénio de Andrade? <div><br /></div><div>Uma mulher apaixonada, mas isenta de romantismo piegas; uma mulher sensual; uma mulher lúcida e sarcástica; uma mulher revoltada,uma rebelde consciente, mas serena, sem amargura. </div><div><br /></div><div> Parafraseando Natália Correia, de quem júlia Lello foi amiga, é uma mulher moderna, mas com alma de monja barroca do século XVII.Uma poetisa que revela a capacidade de encarar o amor de forma inefável, mesmo depois do desgaste da rotina , mesmo depois do adeus. </div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div> Interessante este romance, baseado numa história real: uma menina para quem o papá é um herói; uma jovem irreverente que sonha como forma de resistência à mãe; uma mulher que se apaixona por Che Guevara e pela revolução cubana...<div>Talvez o aspeto mais curioso seja a imagem paradoxal de Silva Pais: o papá e o diretor da PIDE...<br /> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgghDFUBOyjsfANZzZTkcWrr0A0fNm8Hs9f7m4yEoxjcW2svbGhHjQYgIOAlSn6OXQdpCMHbpNPAMuS8Ja0gt9sthcHVt6VWtHtNFRGCnzsozXDZ-Pn5KQWZsn0lwuMEYHLda1vpyG1NmLnsxO-0ONPMy_4JuyzN1pAY5MDeZHdDqYBLNqkHd-1dwHF/s862/ana_cristina_silva.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="862" data-original-width="550" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgghDFUBOyjsfANZzZTkcWrr0A0fNm8Hs9f7m4yEoxjcW2svbGhHjQYgIOAlSn6OXQdpCMHbpNPAMuS8Ja0gt9sthcHVt6VWtHtNFRGCnzsozXDZ-Pn5KQWZsn0lwuMEYHLda1vpyG1NmLnsxO-0ONPMy_4JuyzN1pAY5MDeZHdDqYBLNqkHd-1dwHF/s320/ana_cristina_silva.webp" width="204" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both;"><br /></div><div a="" class="separator" como="" dos="" i="" monica="" protagonista="" style="clear: both;">Tolerância do pai - intransigência da mãe, D. Nita, uma " Mónica", como a protagonista dos<i> Contos Exemplares</i></div><br />
Para Annie o papá é um herói, só tarde percebe que o pai admirava Hitler.<div><br /><div>Annie sonhava sobretudo como forma de resistência aos sonhos da mãe.</div><div><br /></div><div> Vários namorados: Alberto, Stick, Jean Paul ... Casa com Raymond Quendoz, mas, passado um ano, já não sabe porquê. </div><div><br /></div><div> Cartas para Che - " Trouxeste a revolução a Cuba e à minha vida"
" Che não fez um filho a Annie, mas fecundou-a com um sonho"Annie só põe de lado os impulsos revolucionários por amor ao papá
"Annie Silva Pais, filha de Armanda e Fernando Silva Pais, trocou o marido e uma vida confortável na sombra do Estado Novo pelos ideais da revolução cubana e por amor... Assumiu paixões tão ardentes como o fogo revolucionário e tornou-se tradutora e intérprete, membro de confianç da equipa de Fidel Castro, à qual pertenceu até morrer. Para trás deixou a família e Portugal, onde regressou apenas em 1975, em trabalho e também para interceder pela libertação de seu pai, que nunca deixou de amar. Silva Pais foi o último diretor da PIDE. <div><br /></div><div> Que mulher foi Annie? O que a motivou? O que leva uma filha do regime - filha de um dos homens fortes do regime -, casada com um diplomata suíço, a largar tudo e encontrar um propósito como militante da revolução cubana? Mais: o que guardava o seu coração? </div><div><br /></div><div> Ana Cristina Silva combina realidade e ficção num romance tão sedutor como a figura desta mulher. Pesando factos e indícios, oferece-nos um retrato pleno de intimidade - e humanidade - numa irresistível galeria de personagens, de entre as quais sobressai Che Guevara, o grande amor de Annie." Sinopse <i>Wook</i></div></div></div></div></div></div></div></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-25270126493571644092023-03-28T14:20:00.007+01:002023-03-28T18:35:46.139+01:00Haikus: ut pictura poesis..." cada palavra eliminada aumenta a força das palavras que ficam. Eis uma possível definição de haiku."<div><br /></div><div><i>o louco</i><div><i> endireita </i></div><div><i>o globo</i></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTG8jHc2Sjh2vWDE847tRvj8MusU1Wxn-MwdTVBJhc2ZF4GI1yVmBFQPBz9aD2fira_SWnYaPo9gAwskBBkP9Oq23jUN1y7lMHF_2YuYP5m8ikm_d3ewW-Hvvh1mc7zhB_FBhCNHqB_7CMO6D2oDVXfG2ig_wGjrzDhu9nRi3zAIX9W905nfWVOGSv/s718/tempestade_motor_gmt.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="718" data-original-width="454" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTG8jHc2Sjh2vWDE847tRvj8MusU1Wxn-MwdTVBJhc2ZF4GI1yVmBFQPBz9aD2fira_SWnYaPo9gAwskBBkP9Oq23jUN1y7lMHF_2YuYP5m8ikm_d3ewW-Hvvh1mc7zhB_FBhCNHqB_7CMO6D2oDVXfG2ig_wGjrzDhu9nRi3zAIX9W905nfWVOGSv/s320/tempestade_motor_gmt.jpg" /></a></div>
<i><div><i><br /></i></div></i><div><i><br /></i></div><div>
<i> écrã desligado </i></div><div><i>continuas a fixá-lo</i></div><div><i> - espelho negro</i> </div><div><br /></div><div>
<i>depois da explosão </i></div><div><i>- um braço</i></div><div><i> procura um homem</i> </div><div><br /></div><div>
<i>tem solução </i></div><div><i>mas não tem alegria </i></div><div><i>- o sistema binário</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>paciente,</i><i>o esqueleto</i></div><div><i> na sala de aula </i></div><div><i>ensina</i></div><div><b><i><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi637uj-6_XjXoAmhPJEf63XhzJ6zWkUtLzetB4oiPmae1Dw2tgnOiJpcQQOVr4nxQQS_iF6kyAySWQ5fP2fZUFZvq20US5xznjPcNb-P6M6iHEnklFivysO-lm0UxKnDblZJataneeixU/s275/haiku.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="167" data-original-width="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi637uj-6_XjXoAmhPJEf63XhzJ6zWkUtLzetB4oiPmae1Dw2tgnOiJpcQQOVr4nxQQS_iF6kyAySWQ5fP2fZUFZvq20US5xznjPcNb-P6M6iHEnklFivysO-lm0UxKnDblZJataneeixU/s0/haiku.jpg" /></a></div><br />Fugir não é absolutamente renunciar às ações, nada mais ativo que uma fuga. É o contrário do imaginário. É igualmente fazer fugir [...] Fugir é traçar uma linha, linhas, toda uma cartografia.</i></b>- Deleuze; Parnet<br />
<br />
<i>talvez eu seja<br />
uma dessas pessoas felizes<br />
que vão chegar ao fim do ano</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGEFKH159pI92cEoFFP1FS1PoCC5qS92PNk6SIrvGyVGU-zNw5MJycQyIQrDP90S7csameoObI921tLqWMwNFHO4boW83fKp-0hjCHknpdP2T2PssfkWq6YmgVgtnrEjDPIa9f2ag4XlU/s1600/Arte-Poetica.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="335" data-original-width="205" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGEFKH159pI92cEoFFP1FS1PoCC5qS92PNk6SIrvGyVGU-zNw5MJycQyIQrDP90S7csameoObI921tLqWMwNFHO4boW83fKp-0hjCHknpdP2T2PssfkWq6YmgVgtnrEjDPIa9f2ag4XlU/s200/Arte-Poetica.jpg" width="122" /></a></div>Ut pictura poesis: erit quae, si proprius stes,<br />
te capiat magis, et quaedam, si longius abstes.<br />
haec amat obscurum, uolet haec sub luce uideri,<br />
iudicis argutum quae non formidat acumen;<br />
haec placuit semel, haec decies repeteta placebit.<br />
<br />
<i>Como pintura é a poesia: haverá aquela que, se te colocares mais próximo,<br />
mais te captará; e aquela que te captará se te afastares para mais longe.<br />
Esta ama a obscuridade; esta quer ser vista à luz,<br />
ela que não teme a arguta exigência do crítico.<br />
Esta agradou uma só vez; esta agradará dez vezes repetida.</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmGKeAELVevUOLumvfUavhuuFiLMUkxB0M8bgpQJcgvaiIqKud1xSqLAQxsT3iFNf5xOluWlgFwoVWTqBGaTFqvov1CRvOlToYHgaIftXQF05-KZjDxm4nLaKerW3JeZT5WUoltTusDbE/s1600/96454199_2739139039640507_6125888442418069504_n.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="337" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmGKeAELVevUOLumvfUavhuuFiLMUkxB0M8bgpQJcgvaiIqKud1xSqLAQxsT3iFNf5xOluWlgFwoVWTqBGaTFqvov1CRvOlToYHgaIftXQF05-KZjDxm4nLaKerW3JeZT5WUoltTusDbE/s320/96454199_2739139039640507_6125888442418069504_n.jpg" width="320" /></a></div><br />
<b> “ Um poema perfeito deve revelar –no mesmo momento- o imutável, a eternidade que nos transborda, (fueki), e o fugitivo, o efémero que nos atravessa (ryûko)."Bashô</b><br />
<br />
<b>"Sem dúvida pela aceitação que encontra em nós, entre o maravilhamento e o mistério. O tempo de um sopro (um haiku, segundo a regra, não deve durar mais do que uma respiração), o poema coincide de repente com a nossa intimidade, provocando o mais subtil dos sismos”.Zémi Bainu,</b><br />
<br />
<i>por breves instantes<br />
o meu amigo foi deus<br />
num ano para esquecer </i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_-Xcr44dUVpEDWPwhdW3kngTpr9xAoqyRypvZdp6CsBtVSeOMTcOv7LMsCmo_9nHmPyp48Jrci3yEo6n519RQqrPgkMyBU2ghEoa3uji3gwCycJAx6WeEGi1VtTaAuR9PhXzIWwtfwLI/s1600/colunas.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_-Xcr44dUVpEDWPwhdW3kngTpr9xAoqyRypvZdp6CsBtVSeOMTcOv7LMsCmo_9nHmPyp48Jrci3yEo6n519RQqrPgkMyBU2ghEoa3uji3gwCycJAx6WeEGi1VtTaAuR9PhXzIWwtfwLI/s320/colunas.jpg" width="320" /></a></div><br />
"num voo que o transporta<br />
um pássaro vê -<br />
colunas geminadas."<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmwJxnKRkvbDZIzC0pIQ9rBjfDJGO7F_2lImdRkGLTN8lKWNRKiadDX164jKrmv9veagizpMHlksu_thyphenhyphenSG6WCnmVrqGK2R1YNcMsh4cWBJoQinfwEZP4ZIdZlo6a5PIqwWEJ3NTB4spo/s1600/voo.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmwJxnKRkvbDZIzC0pIQ9rBjfDJGO7F_2lImdRkGLTN8lKWNRKiadDX164jKrmv9veagizpMHlksu_thyphenhyphenSG6WCnmVrqGK2R1YNcMsh4cWBJoQinfwEZP4ZIdZlo6a5PIqwWEJ3NTB4spo/s320/voo.jpg" width="320" /></a></div><br />
"(Como 'representar' Um movimento e não O movimento [porque o movimento de um pássaro não é o movimento de um comboio]??)<br />
<br />
por entre espigas e fios<br />
s'alevanta um pássaro -<br />
o movimento "<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRbJ6r83tPR490DuGkhKo2Fc-ev_8_GRb7-vKBAHFD5o-Z1qonJSpUFoRCZB1vj5fEUJXwZk2SKfa385RQZSi4ASzSnxbZk78zBHHcPUn1chPBjXzGezX8P2aL7cP5nsParqgP25gDApE/s1600/smile.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRbJ6r83tPR490DuGkhKo2Fc-ev_8_GRb7-vKBAHFD5o-Z1qonJSpUFoRCZB1vj5fEUJXwZk2SKfa385RQZSi4ASzSnxbZk78zBHHcPUn1chPBjXzGezX8P2aL7cP5nsParqgP25gDApE/s320/smile.jpg" width="180" /></a></div><br />
"It's a smile touchable?</div><div><br />
Can we caress a smile beyond space and time?</div><div><br />
Can a photography 'show' these eyes caressing a smile and, at the same</div><div><br /></div><div> time, the smile touching the eyes's hands?</div><div><br />
Is (would be) this (a) Haiku?"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtne4NZBQ3uNbNiDqy5hKexhJwte4Urr4fhPw0kc6_mpeihrfl1kM1HpWwWfukRzPuAqljHV2OadH8evSaufQnyUbFuvFUbCZD1ZU4nCD87-va8aiDIDt5Ui0DBwE6zh3PFlSZvJ4YC3A/s1600/vit%25C3%25B3ria.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtne4NZBQ3uNbNiDqy5hKexhJwte4Urr4fhPw0kc6_mpeihrfl1kM1HpWwWfukRzPuAqljHV2OadH8evSaufQnyUbFuvFUbCZD1ZU4nCD87-va8aiDIDt5Ui0DBwE6zh3PFlSZvJ4YC3A/s320/vit%25C3%25B3ria.jpg" width="240" /></a></div>"What haiku (is):<br />
<i><br /></i></div><div><i>Can a smile define a person, can a person simply be your own smile?<br /><br />
</i></div><div><i>Can a smile be only a smile?</i><br />
<br />
lèvres qui s'ouvrent</div><div>
tendues vers l'Autre -<br />
sourire"<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUM7wrK_HaAmWsY79ZoPvf6C5_e1r-lUJauMvD_EZ0mEAvI0UdgksarCjP1W6mWnDkzEWNljlAORSfOL9kUEHENmsaYv3AYhJecJoZZpbiYqdoBQBSAYVILjsFwmTqi3E59HTCNKdg3L0/s1600/trio.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUM7wrK_HaAmWsY79ZoPvf6C5_e1r-lUJauMvD_EZ0mEAvI0UdgksarCjP1W6mWnDkzEWNljlAORSfOL9kUEHENmsaYv3AYhJecJoZZpbiYqdoBQBSAYVILjsFwmTqi3E59HTCNKdg3L0/s320/trio.jpg" width="240" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbvIYxTclR1E9-SfaQHUjT4kPHBrtjFQ99nCo9Zstdv-nUllnNwfz_Mh_IASu29zIcFYt_aAN4PvlChnXi4q8q1bq1nXfDJBr_m1r_o8Yl-egvr8MEzrXIDpSxwyzH55_UJEgJccCuKec/s1600/caracol.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbvIYxTclR1E9-SfaQHUjT4kPHBrtjFQ99nCo9Zstdv-nUllnNwfz_Mh_IASu29zIcFYt_aAN4PvlChnXi4q8q1bq1nXfDJBr_m1r_o8Yl-egvr8MEzrXIDpSxwyzH55_UJEgJccCuKec/s320/caracol.jpg" width="180" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY6IfSj4CgKiCJlpgi60G1hyTJE08QBijKEf6CenD79h9EsAFiunW8t0k9IbSfExDUk94O4Ie7Zuwye7wgETHShebgeHKu-AKcTAf7VZtbthKl7TKomEw-RhxWlLw8Yt3b1nYTVguNPIo/s1600/quarteto.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="751" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY6IfSj4CgKiCJlpgi60G1hyTJE08QBijKEf6CenD79h9EsAFiunW8t0k9IbSfExDUk94O4Ie7Zuwye7wgETHShebgeHKu-AKcTAf7VZtbthKl7TKomEw-RhxWlLw8Yt3b1nYTVguNPIo/s320/quarteto.jpg" width="250" /></a></div>"Haste<br />
em que flor se abre -<br />
caracóis."<br />
<br />
<i>falhei o nascimento do dia<br />
mas não me esquecerei<br />
das flores que vão abrir</i><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /><br />
<br />
"os tempos<br />
do tempo -<br />
(um)(a)flor "<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHppuGWkpFB463bZB6PHYdVU5uikyV54k1fujlbAapFJFLfloiom9IAGG-2pqHkHNUexTA6VyDlT6nL1ofJLPILz1lpl2RwF0XXcDEPjPoc__Ns6-NzCKxGz9Gzg2MIeGtrP5C5ixrbOs/s1600/planta.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="489" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHppuGWkpFB463bZB6PHYdVU5uikyV54k1fujlbAapFJFLfloiom9IAGG-2pqHkHNUexTA6VyDlT6nL1ofJLPILz1lpl2RwF0XXcDEPjPoc__Ns6-NzCKxGz9Gzg2MIeGtrP5C5ixrbOs/s320/planta.jpg" width="163" /></a></div><i>cartas escritas-<br />
folhas que se juntam<br />
e no fim se queimam</i><br />
<br />
<i>vou ficar aqui<br />
até esta planta<br />
se tornar bordão</i><br />
<br />
<i>folhas novas<br />
brilham ao sol-<br />
eis o esplendor!</i><br />
<br />
o meu amigo<br />
trouxe as folhas<br />
e a lua<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv2ChxUg6t3sfrYPIE4Z7UWYQ6pGpDj0G2WlMKUUTjrE3f4mqYr5xzTsttESGV2fn8ZW32qyAhm05K3ZkYXa8AdKhyphenhyphenzbrG7GtSE2wItNmoEYxbtfwfOVlDENuH3RP-5bIPGmtFPkJm2n0/s1600/flor.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="512" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv2ChxUg6t3sfrYPIE4Z7UWYQ6pGpDj0G2WlMKUUTjrE3f4mqYr5xzTsttESGV2fn8ZW32qyAhm05K3ZkYXa8AdKhyphenhyphenzbrG7GtSE2wItNmoEYxbtfwfOVlDENuH3RP-5bIPGmtFPkJm2n0/s320/flor.jpg" width="171" /></a></div><br />
<i>a flor que abre de manhã<br />
mesmo mal desenhada<br />
não deixa de ser encantadora</i><br />
<br />
<i>quero contemplar uma flor<br />
à primeira luz do dia -<br />
para ver a face de um deus</i><br />
<br />
<br />
<i>a flor<br />
morreu durante a noite<br />
e levou o grande actor</i><br />
<br />
<i>como é frágil<br />
uma flor<br />
no calor do verão</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje22dWMly78aK7F_iYBnFlKKHj4u3_wxyg5x2RkEUEB16nYaHxXwjaZ9x08w83SKBTmozRrIvjtgjQQcxL0Iq-SbB0ZhoKTX0P49ygOQQqWNK_fdo2taVx5jFaKfJoEHXLIn51n4XyB_0/s1600/p%25C3%25A1ssaro.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="468" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje22dWMly78aK7F_iYBnFlKKHj4u3_wxyg5x2RkEUEB16nYaHxXwjaZ9x08w83SKBTmozRrIvjtgjQQcxL0Iq-SbB0ZhoKTX0P49ygOQQqWNK_fdo2taVx5jFaKfJoEHXLIn51n4XyB_0/s320/p%25C3%25A1ssaro.jpg" width="156" /></a></div><i>acima do voo da cotovia<br />
deito-me no céu<br />
desta passagem de montanha</i><br />
<br />
<i>neste lugar<br />
tudo o que o olhar vê<br />
emana frescura</i><br />
<br />
a cotovia canta<br />
e o vento toca<br />
o acompanhamento<br />
<br />
a ave<br />
continua no ramo mais alto<br />
estou só<br />
<br />
<i>tenho sido tão descuidado-<br />
por isso agora quero ficar só<br />
como um templo no outono</i><br />
<br />
<b>"Fotografar é instalar-se no espaço ou no tempo ainda não é instalar-se em uma rede de possíveis."</b><br />
<br />
<i>se não olhares muito de perto<br />
não descobrirás</i><br />
a beleza das flores<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYLTowrXZDDth2u-L0wYTJtoBYanH3-hTURy4HhsXxNmJsP4dAUNochRsOsE8KwvvzohC5UOEEzS5E1U00Z0i-mNmsb7ZmuLOTcNNMAUUJRsMswQhtT7XfYGGuyFoYVCg17VIy-2KwB8Q/s1600/haiku1.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYLTowrXZDDth2u-L0wYTJtoBYanH3-hTURy4HhsXxNmJsP4dAUNochRsOsE8KwvvzohC5UOEEzS5E1U00Z0i-mNmsb7ZmuLOTcNNMAUUJRsMswQhtT7XfYGGuyFoYVCg17VIy-2KwB8Q/s200/haiku1.jpg" width="200" /></a></div><br />
<i>lua encoberta-<br />
para onde foi<br />
a luz da flor?</i><br />
<br />
toda a noite a olhar uma flor<br />
passei a ser<br />
um ser purificado<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyFFO1TwQSMzpoPPkgUPMJiTsi9sfwopM6S2Cn5BN2aiSC3DOtGUI0kbc7t4b_2x15yfEbB0MC8-f0JVbB8KuPOkGkiSR94qv_HVDyrFKPzBX9fDr9MbebPVvB9XaMMHv2zCM02Fdghn4/s1600/haiku2flor.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="960" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyFFO1TwQSMzpoPPkgUPMJiTsi9sfwopM6S2Cn5BN2aiSC3DOtGUI0kbc7t4b_2x15yfEbB0MC8-f0JVbB8KuPOkGkiSR94qv_HVDyrFKPzBX9fDr9MbebPVvB9XaMMHv2zCM02Fdghn4/s200/haiku2flor.jpg" width="200" /></a></div>olhar uma flor<br />
dá à minha existência<br />
mais mil e um anos<br />
<br />
<i>o meu coração<br />
repousa dentro</i> <br />
destas duas corolas<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHTvFSBdKCzCOWqinM7D63iVUEWSFvOTtRO-WGHtv6xbBno3UKMqo5QDvS5QX2tISHwEc5eSUKOd-bNr3rfSVvC6bA6O8oJEz1z1qQ3oLl8BHqYNLj1lhVLM4wm35ANeg-P8PkLgS8ckU/s1600/haiku3.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHTvFSBdKCzCOWqinM7D63iVUEWSFvOTtRO-WGHtv6xbBno3UKMqo5QDvS5QX2tISHwEc5eSUKOd-bNr3rfSVvC6bA6O8oJEz1z1qQ3oLl8BHqYNLj1lhVLM4wm35ANeg-P8PkLgS8ckU/s200/haiku3.jpg" width="150" /></a></div><i>por sobre as flores-da-lua<br />
um corpo fascinado<br />
flutua sem pensamento</i><br />
<br />
<i>devo rir ou chorar<br />
quando a minha glória-da-manhã<br />
começa a murchar?</i><br />
<br />
a flor<br />
<i>não quer saber<br />
de talentos literários</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3E6ljEOBQM4FjxkFay5fLL1Dq9OAyS5poURF8uilQdG8Fc6Ystd-WnTCzuvH1rctlHviTP3vqBMBpkKxLHzzTyqTxbF2JH4RCuXfZcduUg6zY-Oi8uozE4CRg1ixVUnQN0oeNHcUnYbY/s1600/rama.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3E6ljEOBQM4FjxkFay5fLL1Dq9OAyS5poURF8uilQdG8Fc6Ystd-WnTCzuvH1rctlHviTP3vqBMBpkKxLHzzTyqTxbF2JH4RCuXfZcduUg6zY-Oi8uozE4CRg1ixVUnQN0oeNHcUnYbY/s320/rama.jpg" width="240" /></a></div><br />
"dependurada<br />
a rama balouça<br />
no vento."<br />
<br />
<i>o verão aproxima-se<br />
e vai fechar o saco dos ventos<br />
para que se salvem as pétalas </i><br />
<br />
<i>flor matinal<br />
quantas vezes já reincarnaste<br />
debaixo deste pinheiro?</i><br />
<br />
uma flor silvestre<br />
<i>num trilho de montanha<br />
enamoras-te</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivfy7CrmGVuRGxxgj78KqCG0fPKfgEEwxIspkWaMekdJZbRNHJB5zRzjEzXc8ez__9H9AbsdEeX22owaQRS42pj5VYulasWvzqGCYRyeLn-V1Mqfqer7cIJ8nzB91JVGU5VqC0gZC6zOo/s1600/cana.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivfy7CrmGVuRGxxgj78KqCG0fPKfgEEwxIspkWaMekdJZbRNHJB5zRzjEzXc8ez__9H9AbsdEeX22owaQRS42pj5VYulasWvzqGCYRyeLn-V1Mqfqer7cIJ8nzB91JVGU5VqC0gZC6zOo/s320/cana.jpg" width="180" /></a></div><i>a voz das canas<br />
é igual à do vento de outono<br />
mas vinda de outra boca </i><br />
<br />
procurar uma cana<br />
dentro da alma<br />
é impossível<br />
<br />
<i>ervas quebradiças-<br />
tudo o que acena<br />
morre de repente</i><br />
<br />
<i>bambus partidos<br />
assim são as pessoas<br />
quando morrem</i><br />
<br />
<i>folhas caídas-<br />
quando os deuses se ausentam<br />
surgem as ruínas</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyXsAyhH0hFge5o4Wrauv3PmdDrPtQGtqpRKl5rQlfGBnByQ_5Wg7vuDzIdqu2_qSbXSXm_81cT2bB7dKp-A0cUX9PacrKiHOhmssUZkDkGqFQ21cpVR7iYMuDD_xAxNCPVF-SFS4-P7U/s1600/papoila.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="905" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyXsAyhH0hFge5o4Wrauv3PmdDrPtQGtqpRKl5rQlfGBnByQ_5Wg7vuDzIdqu2_qSbXSXm_81cT2bB7dKp-A0cUX9PacrKiHOhmssUZkDkGqFQ21cpVR7iYMuDD_xAxNCPVF-SFS4-P7U/s320/papoila.jpg" width="302" /></a></div><br />
"flor-laranja<br />
em-vento<br />
imóvel."<br />
<br />
<i>sopram as brisas primaveris<br />
para que as flores rebentem<br />
em gargalhadas </i><br />
<br />
<i>botões de flor por abrir<br />
também o meu saco de poemas<br />
continua fechado</i><br />
<br />
<i>Quero ainda ver<br />
nas flores no amanhecer<br />
a face de um deus.</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH6psp8B3P3f1pgqL4RgpZU8uoWXACzgckyBMDpAivzSDm0sG4MiV0yW4Zv95kxvs1UgDxIuh71T_NzA3IzpJnzPKG0b6pwQcT1dl23kMDjqEl1wLSpD1cFEgVyHpgBRiL2cm1MlbIIGs/s1600/mar_gaivota.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH6psp8B3P3f1pgqL4RgpZU8uoWXACzgckyBMDpAivzSDm0sG4MiV0yW4Zv95kxvs1UgDxIuh71T_NzA3IzpJnzPKG0b6pwQcT1dl23kMDjqEl1wLSpD1cFEgVyHpgBRiL2cm1MlbIIGs/s320/mar_gaivota.jpg" width="320" /></a></div><i>as águas do mar agitam-se<br />
mas o voo da ave<br />
é sempre sereno</i><br />
<br />
<br />
<i>a água está muito fria<br />
e a gaivota<br />
não consegue adormecer</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqUFkuw8XQuHnO9-giPjhWMwpZSrrb3fsNpE0Y9Cs8cTZ8bzDKF_XGETzaet9iGTdNIpeY92RRqKVc_ihyphenhyphena86x4DeE49-Oa2vAuAswllGvAotfgFIirWsihKogdCqLfoGUOJcCQr009S4/s1600/p%25C3%25A1ssaro.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="429" data-original-width="960" height="143" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqUFkuw8XQuHnO9-giPjhWMwpZSrrb3fsNpE0Y9Cs8cTZ8bzDKF_XGETzaet9iGTdNIpeY92RRqKVc_ihyphenhyphena86x4DeE49-Oa2vAuAswllGvAotfgFIirWsihKogdCqLfoGUOJcCQr009S4/s320/p%25C3%25A1ssaro.jpg" width="320" /></a></div><br />
voando / "poisado"<br />
subiu, subiu / "em um-voo"<br />
para lá das nuvens / "O-Pássaro."<br />
<br />
olhando céu / "poisado <br />
sigo o voo da ave / em O-voo <br />
para chegar a mim / um-pássaro." <br />
<br />
<br />
voando / "poisado<br />
subiu, subiu / em- Um-Voo<br />
para lá das nuvens / o-pássaro."<br />
<br />
<i>a água está muito fria / " poisado<br />
e a gaivota / em o-voo<br />
não consegue adormecer</i> / Um-Pássaro."<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9AOKSkjyNx222QuZW3_vnP5rHCsKSnL1H_nLuNB2Ofz6eqN5-6Qvdg3u-buMU0ofd_RkoaXuslXpP2d5CZsbGQ5iKCrUuiULX6te5WAui5hsDIZw2W3BZ27wTTZ16b5Eb4oKMHz8v_Xc/s1600/haiku.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="397" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9AOKSkjyNx222QuZW3_vnP5rHCsKSnL1H_nLuNB2Ofz6eqN5-6Qvdg3u-buMU0ofd_RkoaXuslXpP2d5CZsbGQ5iKCrUuiULX6te5WAui5hsDIZw2W3BZ27wTTZ16b5Eb4oKMHz8v_Xc/s320/haiku.jpg" width="132" /></a></div><i>(quando) Entardece/<br />
(a) Luz/<br />
em ramos.</i><br />
<br />
<i>Ruídos nas ramas.<br />
Trémulo, meu coração detém-se<br />
e chora na noite...</i><br />
<br />
<i>Nesta noite<br />
ninguém pode deitar-se:<br />
lua cheia.</i><br />
<br />
<i>Vozes das aves.<br />
Nessas horas, um poeta<br />
não tem mais mundo.</i><br />
<br />
わが宿は蚊の小さきを馳走かな<br />
waga yado wa / ka no chiisaki o / chisō kana<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijr5pz21ABVsBa3ylgxqlHq17wrGkCoqHq0WuiDpXFde9UAmSXAbA3Sae-f5E7rPiS5gbKdvzXGHp3qRhK4xD1vdXV5r96_W-SB8tMxv2vsjCOAznmJHz2xFzLQfOu4DxsjivZJmfPYzg/s1600/haiku2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijr5pz21ABVsBa3ylgxqlHq17wrGkCoqHq0WuiDpXFde9UAmSXAbA3Sae-f5E7rPiS5gbKdvzXGHp3qRhK4xD1vdXV5r96_W-SB8tMxv2vsjCOAznmJHz2xFzLQfOu4DxsjivZJmfPYzg/s320/haiku2.jpg" width="180" /></a></div>É por isso que adormeço numa luz em movimento<br />
E escolho um espaço para ver o espaço de frente<br />
A sua cor de silêncio nocturno e desenho<br />
Uma maneira quieta de estar nele tranquilo<br />
Há nesse espaço uma fonte, um animal que desperta<br />
Uma criança que navega com as próprias mãos<br />
Bebo com as mãos juntas.<br />
<br />
Há uma voz que bebo Há um espaço entre as mãos mas não perco<br />
A sede. A água multiplica-se porque a tiro do coração<br />
Que escuta.<br />
<br />
Há um espaço no corpo que pode ser um lugar.<br />
À sombra posso olhá-lo até o ver<br />
Posso tocar as chagas no corpo<br />
<br />
E posso beber dele morrendo<br />
Nele como quem entra de tanto<br />
O desejar.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCtvTIFcPRHrARe_DHg4qj8G6fjgY6Q7-zj1hGYZe9LPvOih9GAR8t-u-k-ZM0KmKjDMOM3thFrFxoTGOin3G0dvxdo13fXIXkm8gScOXwArwp2aFarmPvDPFo9zr6kjMtURPaAdRYil0/s1600/ramos_secos3.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="523" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCtvTIFcPRHrARe_DHg4qj8G6fjgY6Q7-zj1hGYZe9LPvOih9GAR8t-u-k-ZM0KmKjDMOM3thFrFxoTGOin3G0dvxdo13fXIXkm8gScOXwArwp2aFarmPvDPFo9zr6kjMtURPaAdRYil0/s320/ramos_secos3.jpg" width="174" /></a></div>" ramos secos,<br />
sem flores,<br />
que se entrelaçam."<br />
<br />
<i>folhas caídas-<br />
quando os deuses se ausentam<br />
surgem as ruínas </i><br />
<br />
<i>a copa das árvores segura a chuva<br />
que já não cai das nuvens<br />
e a lua passa velozmente</i> <br />
<br />
os ramos da árvore<br />
não conseguem esconder<br />
a espuma das nuvens<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXd-DKuYO2Nu1U9wmBbpzf0X3FnbHN1WkrGCCONljTCmdc8BgEaOyMlvij9sipAq6Wg3qzyZDObTHG5-Rgn7EG9IjW2BrImt_qfCgu5undttpF8PkYmlhyphenhyphenZNqMY_-V3sshPbbg3MHZo3U/s1600/matsuo.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXd-DKuYO2Nu1U9wmBbpzf0X3FnbHN1WkrGCCONljTCmdc8BgEaOyMlvij9sipAq6Wg3qzyZDObTHG5-Rgn7EG9IjW2BrImt_qfCgu5undttpF8PkYmlhyphenhyphenZNqMY_-V3sshPbbg3MHZo3U/s200/matsuo.jpg" width="200" /></a></div>"Poeta e viajante, Matsuo Bashô nasceu em 1644, na pequena aldeia de Ueno, e morreu a 28 de novembro de 1694. De acordo com a sua última vontade, foi sepultado nos terrenos do mosteiro de Gichu-Ji, nas margens do Lago Biwa, perto de Zeze. Sobre a sua sepultura foi plantada uma bananeira. É considerado o poeta nacional do Japão."<br />
<br />
"A sua obra poética continua a despertar curiosidade e a influenciar o curso poético japonês séculos após a sua vida. Bashô é traduzido hoje em quase todos os continentes. No que toca à presença de Bashô no contexto português, é fundamental destacar a clareza e consistência desta versão portuguesa da sua obra: perante todas as disparidades linguísticas, hermenêuticas e/ou culturais, Joaquim M. Palma contribui para a divulgação de um poeta que se tem difundido para além das fronteiras geográficas, linguísticas e culturais..." Lauro Reis<br />
<br />
<i>O eremita Viajante </i> é constituído por 978 poemas, organizados por ordem cronológica, de 1663 a 1694, e de 24 não datados, totalizando portanto, 1002 poemas. O organizador e tradutor do livro escolheu também separá-los de acordo com as quatro estações do ano - "Outono", "Inverno", "Primavera", "Verão"- e em dois conjuntos extras -"Ano Novo" e 'Outros". Assim, o leitor pode acompanhar trinta anos de vida e a evolução poética de Bashô, vivenciando com ele a passagem do tempo...<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge8_PL0Pa9r-hefZQdUFTtA-VFsV526fDhz0bbI5OqpTjA_hNvpUMryeJNSDAMWqp_QBKWBTKpaLZYd5gEsI8NSpBEXKF-xLRZQvYn_4kThlBsMVr6muaS6Y7saKfgNaPdV27rZDLCdCQ/s1600/eremita.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="495" data-original-width="350" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge8_PL0Pa9r-hefZQdUFTtA-VFsV526fDhz0bbI5OqpTjA_hNvpUMryeJNSDAMWqp_QBKWBTKpaLZYd5gEsI8NSpBEXKF-xLRZQvYn_4kThlBsMVr6muaS6Y7saKfgNaPdV27rZDLCdCQ/s320/eremita.jpg" width="226" /></a></div><i>ao vento de outono<br />
os frágeis ramos<br />
e as finas tiras de papel escarlate </i><br />
<br />
<i>oh estes bancos de nevoeiro<br />
sempre a tentarem mostrar<br />
novas paisagens</i><br />
<br />
<i>é impossível ver a primavera<br />
no espelho decorado com<br />
flores de ameixieira </i><br />
<br />
<i>pela estrada<br />
onde ninguém passa<br />
parte o outono </i><br />
<br />
<i>ver as cerejeiras em flor<br />
é algo maravilhoso –<br />
mas o que eu tive de andar!</i> </div></div>
"Variações em torno de ("o que poderá ser?") Haiku:"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisUtAwbkjpf4UHqjCsuRs1nKMRjKN7pkFFThuLETlEuNPH7MhIqE1M4I5fc-oF6j19mKMweZFW1KHMeYagDwW1O9p-Er22Ufv5D0Krxzvy4z2ztc2N8mt3Awf8tdPnWQBW9cWoc_Z5Yjw/s1600/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es_haiku.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="459" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisUtAwbkjpf4UHqjCsuRs1nKMRjKN7pkFFThuLETlEuNPH7MhIqE1M4I5fc-oF6j19mKMweZFW1KHMeYagDwW1O9p-Er22Ufv5D0Krxzvy4z2ztc2N8mt3Awf8tdPnWQBW9cWoc_Z5Yjw/s320/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es_haiku.jpg" width="153" /></a></div>Agradeço ao senhor Presidente o convite para presidir à Comissão das comemorações do dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Estas comemorações estavam para acontecer não só com outro formato, mas também noutro lugar, a Madeira. No poema inicial do seu livro intitulado Flash, o poeta Herberto Helder, ali nascido, recorda justamente «como pesa na água (...) a raiz de uma ilha». Gostaria de iniciar este discurso, que pensei como uma reflexão sobre as raízes, por saudar a raiz dessa ilha-arquipélago, também minha raiz, que desde há seis séculos se tornou uma das admiráveis entradas atlânticas de Portugal.<br />
É uma bela tradição da nossa República esta de convidar um cidadão a tomar a palavra neste contexto solene para assim representar a comunidade de concidadãos que somos. É nessa condição, como mais um entre os dez milhões de portugueses, que hoje me dirijo às mulheres e aos homens do meu país, àquelas e àqueles que dia-a-dia o constroem, suscitam, amam e sonham, que dia-a-dia encarnam Portugal onde quer que Portugal seja: no território continental ou nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, no espaço físico nacional ou nas extensas redes da nossa diáspora.<br />
Se interrogássemos cada um, provavelmente responderia que está apenas a cuidar da sua parte - a tratar do seu trabalho, da sua família; a cultivar as suas relações ou o seu território de vizinhança - mas é importante que se recorde que, cuidando das múltiplas partes, estamos juntos a edificar o todo. Cada português é uma expressão de Portugal e é chamado a sentir-se responsável por ele. Pois quando arquitetamos uma casa não podemos esquecer que, nesse momento, estamos também a construir a cidade. E quando pomos no mar a nossa embarcação não somos apenas responsáveis por ela, mas pelo inteiro oceano. Ou quando queremos interpretar a árvore não podemos esquecer que ela não viveria sem as raízes.<br />
<br />
<br />
"solo acolhe<br />
morte de pássaro -<br />
ecoam sinos"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV7J4v2U_9Sg_79M9bQVLZ6e4jMZNUKrcluHMv1R8YBfoJgtKl1T79blti_tDEE5LqLo6NRyXYB4Yic4I3yG7SJyUW-7vPD54mvHVJyWVCYMitowBU7cbzRlWTlF8nTZXA1CxDtkGf6Y0/s1600/p%25C3%25A1ssaros.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV7J4v2U_9Sg_79M9bQVLZ6e4jMZNUKrcluHMv1R8YBfoJgtKl1T79blti_tDEE5LqLo6NRyXYB4Yic4I3yG7SJyUW-7vPD54mvHVJyWVCYMitowBU7cbzRlWTlF8nTZXA1CxDtkGf6Y0/s200/p%25C3%25A1ssaros.jpg" width="200" /></a></div><b>Camões e a arte do desconfinamento</b><br />
<br />
Pensemos no contributo de Camões. Camões não nos deu só o poema. Se quisermos ser precisos, Camões deixou-nos em herança a poesia. Se, à distância destes quase quinhentos anos, continuamos a evocar coletivamente o seu nome, não é apenas porque nos ofereceu, em concreto, o mais extraordinário mapa mental do Portugal do seu tempo, mas também porque iniciou um inteiro povo nessa inultrapassável ciência de navegação interior que é a poesia. A poesia é um guia náutico perpétuo; é um tratado de marinhagem para a experiência oceânica que fazemos da vida; é uma cosmografia da alma. Isso explica, por exemplo, que Os Lusíadas sejam, ao mesmo tempo, um livro que nos leva por mar até à India, mas que nos conduz por terra ainda mais longe: conduz-nos a nós próprios; conduz-nos, com uma lucidez veemente, a representações que nos definem como indivíduos e como nação; faz-nos aportar – e esse é o prodígio da grande literatura - àquela consciência última de nós mesmos, ao quinhão daquelas perguntas fundamentais de cujo confronto, um ser humano sobre a terra, não se pode isentar.<br />
<br />
Se é verdade, como escreveu Wittgenstein, que «os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo», Camões desconfinou Portugal. A quem tivesse dúvidas sobre o papel central da cultura, das artes ou do pensamento na construção de um país bastaria recordar isso. Camões desconfinou Portugal no século XVI e continua a ser para a nossa época um preclaro mestre da arte do desconfinamento. Porque desconfinar não é simplesmente voltar a ocupar o espaço comunitário, mas é poder, sim, habitá-lo plenamente; poder modelá-lo de forma criativa, com forças e intensidades novas, como um exercício deliberado e comprometido de cidadania. Desconfinar é sentir-se protagonista e participante de um projeto mais amplo e em construção, que a todos diz respeito. É não conformar-se com os limites da linguagem, das ideias, dos modelos e do próprio tempo. Numa estação de tetos baixos, Camões é uma inspiração para ousar sonhos grandes. E isso é tanto mais decisivo numa época que não apenas nos confronta com múltiplas mudanças, mas sobretudo nos coloca no interior turbulento de uma mudança de época.<br />
<br />
<b>Que a crise nos encontre unidos</b><br />
<br />
Gostaria de recordar aqui uma passagem do Canto Sexto d’Os Lusíadas, que celebra a chegada da expedição portuguesa à India. Os marinheiros, dependurados na gávea, avistam finalmente «terra alta pela proa» e passam notícia ao piloto que, por sua vez, a anuncia vibrante a Vasco da Gama. O objetivo da missão está assim cumprido. Mas o Canto Sexto tem uma exigente composição em antítese, à qual não podemos não prestar atenção. É que à visão do sonho concretizado não se chega sem atravessar uma dura experiência de crise, provocada por uma tempestade marítima que Camões sabiamente se empenha em descrever, com impressiva força plástica. Digo sabiamente, porque não há viagem sem tempestades. Não há demandas que não enfrentem a sua própria complexificação. Não há itinerário histórico sem crises. Isso vem-nos dito n’Os Lusíadas de Camões, mas também nas Metamorfoses de Ovídio, na Eneida de Virgílio, na Odisseia de Homero ou nos Evangelhos cristãos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQepqLDbKQajxxi3PYPJQTt38OO-A4Tknr2E7AnKQA6xrzi2Uh8xDvkHFlM6WtEMGC13NSe2wyHjD8GwAJh6mXCC0si1RPVtmArq0-7A15HOpIMKPyg-fpdimxHbBjm_rJfvuV_jgPBak/s1600/p%25C3%25A1ssaros2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQepqLDbKQajxxi3PYPJQTt38OO-A4Tknr2E7AnKQA6xrzi2Uh8xDvkHFlM6WtEMGC13NSe2wyHjD8GwAJh6mXCC0si1RPVtmArq0-7A15HOpIMKPyg-fpdimxHbBjm_rJfvuV_jgPBak/s200/p%25C3%25A1ssaros2.jpg" width="200" /></a></div>No itinerário de um país, cada geração é chamada a viver tempos bons e maus, épocas de fortuna e infelizmente também de infortúnio, horas de calmaria e travessias borrascosas. A história não é um continuum, mas é feita de maturações, deslocações, ruturas e recomeços. O importante a salvaguardar é que, como comunidade, nos encontremos unidos em torno à atualização dos valores humanos essenciais e capazes de lutar por eles.<br />
<br />
Mas à observação realística que Camões faz da tempestade, gostaria de ir buscar um detalhe, na verdade uma palavra, para a reflexão que proponho: a palavra «raízes». Na estância 79, falando dos efeitos devastadores do vento, o poeta diz: «Quantas árvores velhas arrancaram/ Do vento bravo as fúrias indignadas/ As forçosas raízes não cuidaram/Que nunca para o Céu fossem viradas». A leitura da imagem em jogo é imediata: as velhas árvores reviradas ao contrário, arrancadas com violência ao solo, expõem dramaticamente, a céu aberto, as próprias raízes. A tempestade descrita por Camões recorda-nos, assim, a vulnerabilidade, com a qual temos sempre de fazer conta. As raízes, que julgamos inabaláveis, são também frágeis, sofrem os efeitos da turbulência da máquina do mundo. Não há super-países, como não há super-homens. Todos somos chamados a perseverar com realismo e diligência nas nossas forças e a tratar com sabedoria das nossas feridas, pois essa é a condição de tudo o que está sobre este mundo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOBZ7lzNciNBLvhnbbPaJdWMJJIDmn6Mr2H8Um3H4gMAJZDVCh1J5N7_DOaALTEMZjzBD55mhu5NI8eQVhtm0L7qgv3Vkpzr9Zp8_Q0yZV02VrpzcsHVbUSKFfQG22OOVeXTPWXolR3ZM/s1600/sinos.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="959" data-original-width="720" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOBZ7lzNciNBLvhnbbPaJdWMJJIDmn6Mr2H8Um3H4gMAJZDVCh1J5N7_DOaALTEMZjzBD55mhu5NI8eQVhtm0L7qgv3Vkpzr9Zp8_Q0yZV02VrpzcsHVbUSKFfQG22OOVeXTPWXolR3ZM/s200/sinos.jpg" width="150" /></a></div><b>O que é amar um país</b><br />
<br />
O Dia de Portugal, e este Dia de Portugal de 2020 em concreto, oferece-nos a oportunidade de nos perguntarmos o que significa amar um país. A pensadora europeia Simone Weil, num instigante ensaio destinado a inspirar o renascimento da Europa sob os escombros da Segunda Grande Guerra, de cujo desfecho estamos agora a celebrar o 75º aniversário, escreveu o seguinte: um país pode ser amado por duas razões, e estas constituem, na verdade, dois amores distintos. Podemos amar um país idealmente, emoldurando-o para que permaneça fixo numa imagem de glória, e desejando que esta não se modifique jamais. Ou podemos amar um país como algo que, precisamente por estar colocado dentro da história, sujeito aos seus solavancos, está exposto a tantos riscos. São dois amores diferentes. Podemos amar pela força ou amar pela fragilidade. Mas, explica Simone Weil, quando é o reconhecimento da fragilidade a inflamar o nosso amor, a chama deste é muito mais pura.<br />
<br />
O amor a um país, ao nosso país, pede-nos que coloquemos em prática a compaixão – no seu sentido mais nobre - e que essa seja vivida como exercício efetivo da fraternidade. Compaixão e fraternidade não são flores ocasionais. Compaixão e fraternidade são permanentes e necessárias raízes de que nos orgulhamos, não só em relação à história passada de Portugal, mas também àquela hodierna, que o nosso presente escreve. E é nesse chão que precisamos, como comunidade nacional, de fincar ainda novas raízes.<br />
<br />
Nestes últimos meses abateu-se sobre nós uma imprevista tempestade global que condicionou radicalmente as nossas vidas e cujas consequências estamos ainda longe de mensurar. A pandemia que principiou como uma crise sanitária tornou-se uma crise poliédrica, de amplo espetro, atingindo todos os domínios da nossa vida comum. Sabendo que não regressaremos ao ponto em que estávamos quando esta tempestade rebentou, é importante, porém, que, como sociedade, saibamos para onde queremos ir. No Canto Sexto d’Os Lusíadas a tempestade não suspendeu a viagem, mas ofereceu a oportunidade para redescobrir o que significa estarmos no mesmo barco.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqzpfxrCoJs-L9IAUx7au_ZDHjnI3N3zihs5G7TdCzBox1kYT1cS7L3bi-5P2cYNiTf-1Hog7OnSjQoxuCH6OvlNSkrHaWwkFwZKwkdZ8M2MsfY3kUwCa1PaqpDR2Anxzy7af8D-vJswQ/s1600/badalo.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqzpfxrCoJs-L9IAUx7au_ZDHjnI3N3zihs5G7TdCzBox1kYT1cS7L3bi-5P2cYNiTf-1Hog7OnSjQoxuCH6OvlNSkrHaWwkFwZKwkdZ8M2MsfY3kUwCa1PaqpDR2Anxzy7af8D-vJswQ/s200/badalo.jpg" width="150" /></a></div><b>Reabilitar o pacto comunitário</b><br />
<br />
O que significa estar no mesmo barco? Permitam-me pegar numa parábola. Circula há anos, atribuída à antropóloga Margaret Mead, a seguinte história. Um estudante ter-lhe-ia perguntado qual seria para ela o primeiro sinal de civilização. E a expectativa geral é que nomeasse, por exemplo, os primeiríssimos instrumentos de caça, as pedras de amolar ou os ancestrais recipientes de barro. Mas a antropóloga surpreendeu a todos, identificando como primeiro vestígio de civilização um fémur quebrado e cicatrizado. No reino animal, um ser ferido está automaticamente condenado à morte, pois fica fatalmente desprotegido face aos perigos e deixa de se poder alimentar a si próprio. Que um fémur humano se tenha quebrado e restabelecido documenta a emergência de um momento completamente novo: quer dizer que uma pessoa não foi deixada para trás, sozinha; que alguém a acompanhou na sua fragilidade, dedicou-se a ela, oferecendo-lhe o cuidado necessário e garantindo a sua segurança, até que recuperasse. A raiz da civilização é, por isso, a comunidade. É na comunidade que a nossa história começa. Quando do eu fomos capazes de passar ao nós e de dar a este uma determinada configuração histórica, espiritual e ética.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiUdpJkK8yAh_VyY-Q14Dk7zNzJAkH283J5inDXBLdRUiQpJYV6tOlbJx3zG_PnqCucyPapnY0LErTHwZwKRD8Pds4cukEr1sCK83_HDBtRYnWmE289mEMZ4oNjB8u5zSNVfYpeNsH5Ws/s1600/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es1.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="381" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiUdpJkK8yAh_VyY-Q14Dk7zNzJAkH283J5inDXBLdRUiQpJYV6tOlbJx3zG_PnqCucyPapnY0LErTHwZwKRD8Pds4cukEr1sCK83_HDBtRYnWmE289mEMZ4oNjB8u5zSNVfYpeNsH5Ws/s320/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es1.jpg" width="127" /></a></div>É interessante escutar o que diz a etimologia latina da palavra comunidade (communitas). Associando dois termos, cum e munus, ela explica que os membros de uma comunidade – e também de uma comunidade nacional – não estão unidos por uma raiz ocasional qualquer. Estão ligados sim por um múnus, isto é, por um comum dever, por uma tarefa partilhada. Que tarefa é essa? Qual é a primeira tarefa de uma comunidade? Cuidar da vida. Não há missão mais grandiosa, mais humilde, mais criativa ou mais atual.<br />
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Celebrar o Dia de Portugal significa, portanto, reabilitar o pacto comunitário que é a nossa raiz. Sentir que fazemos parte uns dos outros, empenharmo-nos na qualificação fraterna da vida comum, ultrapassando a cultura da indiferença e do descarte. Uma comunidade desvitaliza-se quando perde a dimensão humana, quando deixa de colocar a pessoa humana no centro, quando não se empenha em tornar concreta a justiça social, quando desiste de corrigir as drásticas assimetrias que nos desirmanam, quando, com os olhos postos naqueles que se podem posicionar como primeiros, se esquece daqueles que são os últimos. Não podemos esquecer a multidão dos nossos concidadãos para quem o Covid19 ficará como sinónimo de desemprego, de diminuição de condições de vida, de empobrecimento radical e mesmo de fome. Esta tem de ser uma hora de solidariedade. No contexto do surto pandémico, foi, por exemplo, um sinal humanitário importante a regularização dos imigrantes com pedidos de autorização de residência, pendentes no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O desafio da integração é, porém, como sabemos, imenso, porque se trata de ajudar a construir raízes. E essas não se improvisam: são lentas, requerem tempo, políticas apropriadas e uma participação do conjunto da sociedade. Lembro-me de um diálogo do filme do cineasta Pedro Costa, «Vitalina Varela», onde se diz a alguém que chega ao nosso país: «chegaste atrasada, aqui em Portugal não há nada para ti». Sem compaixão e fraternidade fortalecem-se apenas os muros e aliena-se a possibilidade de lançar raízes.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu_jofbUZ8jOIrYGIUO7gK8u3cU44U3RzUeXUnI5aSL2ITl4Ys7YpaLpOKqDPHbxdIOkDNHSLOoozeXd15SJDmOJjXgm6oSsk2uZcqs903Vjlkhufka8Omz6n0sVlAo8mQc8oY7_Xvup0/s1600/espiga.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu_jofbUZ8jOIrYGIUO7gK8u3cU44U3RzUeXUnI5aSL2ITl4Ys7YpaLpOKqDPHbxdIOkDNHSLOoozeXd15SJDmOJjXgm6oSsk2uZcqs903Vjlkhufka8Omz6n0sVlAo8mQc8oY7_Xvup0/s320/espiga.jpg" width="180" /></a></div><b>Fortalecer o pacto intergeracional</b><br />
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Reabilitar o pacto comunitário implica robustecer, entre nós, o pacto intergeracional. O pior que nos poderia acontecer seria arrumarmos a sociedade em faixas etárias, resignando-nos a uma visão desagregada e desigual, como se não fossemos a cada momento um todo inseparável: velhos e jovens, reformados e jovens à procura do primeiro emprego, avós e netos, crianças e adultos no auge do seu percurso laboral. Precisamos, por isso, de uma visão mais inclusiva do contributo das diversas gerações. É um erro pensar ou representar uma geração como um peso, pois não poderíamos viver uns sem os outros.<br />
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A tempestade provocada pelo Covid19 obriga-nos como comunidade, a refletir sobre a situação dos idosos em Portugal e nesta Europa da qual somos parte. Por um lado, eles têm sido as principais vítimas da pandemia, e precisamos chorar essas perdas, dando a essas lágrimas uma dignidade e um tempo que porventura ainda não nos concedemos, pois o luto de uma geração não é uma questão privada. Por outro, temos de rejeitar firmemente a tese de que uma esperança de vida mais breve determine uma diminuição do seu valor. A vida é um valor sem variações. Uma raiz de futuro em Portugal será, pelo contrário, aprofundar a contribuição dos seus idosos, ajudá-los a viver e a assumir-se como mediadores de vida para as novas gerações. Quando tomei posse como arquivista e bibliotecário da Santa Sé, uma das referências que quis evocar nesse momento foi a da minha avó materna, uma mulher analfabeta, mas que foi para mim a primeira biblioteca. Quando era criança, pensava que as histórias que ela contava, ou as cantilenas com que entretinha os netos, eram coisas de circunstância, inventadas por ela. Depois descobri que faziam parte do romanceiro oral da tradição portuguesa. E que afinal aquela avó analfabeta estava, sem que nós soubéssemos, e provavelmente sem que ela própria o soubesse, a mediar o nosso primeiro encontro com os tesouros da nossa cultura.<br />
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Robustecer o pacto intergeracional é também olhar seriamente para uma das nossas gerações mais vulneráveis, que é a dos jovens adultos, abaixo dos 35 anos; geração que, praticamente numa década, vê abater-se sobre as suas aspirações, uma segunda crise económica grave. Jovens adultos, muitos deles com uma alta qualificação escolar, remetidos para uma experiência interminável de trabalho precário ou de atividades informais que os obrigam sucessivamente a adiar os legítimos sonhos de autonomia pessoal, de lançar raízes familiares, de ter filhos e de se realizarem.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWtHYi-6_3Oy0LkFnlgnq2VZQLR2m347WXeMlDvU-eTuBenf9z6b14vofjvHbG8CXRb7Wmy-c2MneXXW8wDKp1UUaAfc-VZTXbMRqDVbXKU824BPnXCzd-RbwZTzn5ZiizY9DJNE5J1oE/s1600/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWtHYi-6_3Oy0LkFnlgnq2VZQLR2m347WXeMlDvU-eTuBenf9z6b14vofjvHbG8CXRb7Wmy-c2MneXXW8wDKp1UUaAfc-VZTXbMRqDVbXKU824BPnXCzd-RbwZTzn5ZiizY9DJNE5J1oE/s320/varia%25C3%25A7%25C3%25B5es2.jpg" width="180" /></a></div><b>Implementar um novo pacto ambiental</b><br />
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A pandemia veio, por fim, expor a urgência de um novo pacto ambiental. Hoje é impossível não ver a dimensão do problema ecológico e climático, que têm uma clara raiz sistémica. Não podemos continuar a chamar progresso àquilo que para as frágeis condições do planeta, ou para a existência dos outros seres vivos, tem sido uma evidente regressão. Num dos textos centrais deste século XXI, a Encíclica Laudato Sii’, o Papa Francisco exorta a uma «ecologia integral», onde o presente e o futuro da nossa humanidade se pense a par do presente e do futuro da grande casa comum. Está tudo conectado. Precisamos de construir uma ecologia do mundo, onde em vez de senhores despóticos apareçamos como cuidadores sensatos, praticando uma ética da criação, que tenha expressão jurídica efetiva nos tratados transnacionais, mas também nos estilos de vida, nas escolhas e nas expressões mais domésticas do nosso quotidiano.<br />
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<b>Uma viagem que fazemos juntos</b><br />
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Camões n’Os Lusíadas não apenas documentou um país em viagem, mas foi mais longe: representou o próprio país como viagem. Portugal é uma viagem que fazemos juntos há quase nove séculos. E o maior tesouro que esta nos tem dado é a possibilidade de ser-em-comum, esta tarefa apaixonante e sempre inacabada de plasmar uma comunidade aberta e justa, de mulheres e homens livres, onde todos são necessários, onde todos se sentem - e efetivamente são - corresponsáveis pelo incessante trânsito que liga a multiplicidade das raízes à composição ampla e esperançosa do futuro. Portugal é e será, por isso, uma viagem que fazemos juntos. E uma grande viagem é como um grande amor. Uma viagem assim - explica Maria Gabriela Llansol, uma das vozes mais límpidas da nossa contemporaneidade -, não se esgota, nem cancela na fugaz temporalidade da história, mas constitui uma espécie de «rasto do fulgor» que exprime a ardente natureza do sentido que interrogamos.
Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-386482471304350943.post-21723943452400013182023-03-24T17:53:00.010+00:002023-04-05T12:16:06.168+01:00Normalidades...Só se brinca com coisas sérias...
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9U1anqG0BS_E6XCvQ0KhzyiYPPDkYZGMhTKLYtuPSFbocsxtu5Hr8py5N-H7_WuuYmzdDx6PTqwUeaNp8KzzHcTlEVt-nTbVndQGkW6RFCrm7wZ2FqbTmwVfrErb1XCyBQNAE8CPwGA0Bv8yP711ZJ1zKIG9FupoZ3qfbbjpitRNaWxB6HB8iejN8/s1024/roland_topor.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1024" data-original-width="717" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9U1anqG0BS_E6XCvQ0KhzyiYPPDkYZGMhTKLYtuPSFbocsxtu5Hr8py5N-H7_WuuYmzdDx6PTqwUeaNp8KzzHcTlEVt-nTbVndQGkW6RFCrm7wZ2FqbTmwVfrErb1XCyBQNAE8CPwGA0Bv8yP711ZJ1zKIG9FupoZ3qfbbjpitRNaWxB6HB8iejN8/s320/roland_topor.webp" /></a></div><div><br /></div>
<b>9</b> <i>Para contrariar o méu horóscopo.</i> <div><b><br /></b></div><div><b>15</b><i> Fico menos sozinho.</i> </div><div><b><br /></b></div><div><b>18</b> <i>A técnica certa para encontrar as minhas raízes.</i></div><div><b><br /></b></div><div>
<b>21</b> <i>Para pôr uma pedra sobre o assunto.</i></div><div><b><br /></b></div><div>
<b>33</b> <i>Terei a última palavra.</i> </div><div><br /></div><div><b>38 </b><i>Já não tenho nada que vestir</i>
<div><br /></div><b>75</b>
<i>Porque tenho preparadas umas últimas palavras belíssimas, e arrisco-me a esquecê-las se esperar demasiado.</i></div><div><b><br /></b></div><div>
<b>100</b> <i>Porque tenho mil boas razões para não gostar de mim.</i>
<div><br /></div><div><br /></div>«História de um homem que enlouquece devido à hostilidade do mundo que o rodeia»
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4w4MHH1QuxJLkc2I15Y3dNwLPlDqEkGEfFYmshWAZkj4ZAWHwQvFek6rtCjS7oN3XDq8SK93SLATNSwjBublYAZKMYhsUfFjjE6DpfYj08FiCjwSF664lFre2_9nxWK-kaza9c9pYdZS6v6oFpIdSsRg1Vge9D8k2QQ98-VvIc5gUPwouWNctjeY/s1024/inquilinoquimerico.webp" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="1024" data-original-width="658" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4w4MHH1QuxJLkc2I15Y3dNwLPlDqEkGEfFYmshWAZkj4ZAWHwQvFek6rtCjS7oN3XDq8SK93SLATNSwjBublYAZKMYhsUfFjjE6DpfYj08FiCjwSF664lFre2_9nxWK-kaza9c9pYdZS6v6oFpIdSsRg1Vge9D8k2QQ98-VvIc5gUPwouWNctjeY/s320/inquilinoquimerico.webp" /></a></div><p><i>Trelkovsky era um jovem dos seus trinta anos, honesto, bem-educado , que acima de tudo detestava complicações.</i> </p><div>
<i>De súbito, sentiu o indizível pesar de não haver conheciso Simone Choule mais cedo.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>Trelkovsky não tinha o hábito de pensar na morte... Em último recurso, tentou imaginar a própria morte..</i>. </div><div><br /></div><div>
<i>Revelou-se uma estupidez ter organizado uma festa no apartamento... Não se divertira, gastara dinheiro e , ainda por cima, comprometera o futuro.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>Na sua vida no apartamento, nunca se esquecera de que havia alguém em cima, alguém em baixo e outros dos lados.</i> </div><div><br /></div><div>
<i>Com que direito se arrogaria a minha cabeça o título de eu? Por conter o cérebro?</i></div><div><i><br /></i></div><div>
<i>O estilo das frases trocadas deixara-o extremamente contente. Tudo aquilo fora tão deliciosamente artificial! A única coisa que o desarmava era a realidade.</i>
<i>...</i></div><div><i><br /></i></div><div><i> e vomitou. Não era desagradável.Era como uma libertação. Uma forma de suicídio, por assim dizer.</i></div></div>Maria Sobralhttp://www.blogger.com/profile/12819883932992504857noreply@blogger.com0