Ao ler uma biografia , de quem quer que seja, procuro sempre o homem e não o artista. Será um erro? Não sei .
Percorreram-me sentimentos paradoxais, ao ler esta biografia do Zé Pedro, alguém que conheci, ocasionalmente, e com quem passei uma noite a conversar, no Bar Clinic, em Alcobaça. Lembro-me perfeitamente do tema da conversa...
A fase da euforia, do surgir da banda, irritou-me: não consigo encontrar encanto algum numa geração que, para sonhar, recorre a substâncias. Não vejo poesia no facto de o dono do bar, onde os Xutos deram o primeiro concerto, ser um traficante que lhes pagava em droga. É a realidade de uma " esquerda caviar" que nunca me fascinou, antes pelo contrário...
O momento em que a mãe de Zé Pedro, doente com cancro, regressa a casa do IPO e, ao perceber que o filho consumiu heroína, fazendo-lhe festas na cabeça, lhe diz: " Ando eu aqui a tentar viver e tu a tentares matar-te assim devarinho", marca , para mim, o início da segunda parte desta biografia... O sentimento de uma certa hostilidade cessou totalmente e , até ao fim, foi sendo progressivamente substituída por uma emoção que me recordou o ser bonito que , de modo tão efémero, conheci.
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