Bucolismo...
Who will fall far behind?
Tityre tu patulae recubans sub tegmine fagi silvestrem tenui Musam meditaris avena; nos patriae finis et dulcia linquimus arva nos patriam fugimus; tu Tityre lentus in umbra formosam resonare doces Amaryllida silvas.
Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha pára, Ora nos ares sussurrando gira.
Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira, Mais tristeza que a noite me causara.
Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito; prendamo-nos, Marília, em laço estreito, gozemos do prazer de sãos amores (...) Aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças e ao semblante a graça.
una pequeña flor nace en la tarde brota blanca como tu piel sencilla surge entre la hierba silenciosa es una flor solitaria desnuda sola enamorada.
Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Novelas...
Reconheço-me o mérito de ter passado a vida a construir a metafísica do todo-amante, sem me interessar em fazer a minha: tal como eu sou não mereço nem explicação nem eternidade; não mereço nem uma Ela ,nem uma metafísica.
Eu quero que o meu leitor saiba sempre que está a ler uma novela e não a viver uma vida...No momento em que o leitor seja penetrado pela Alucinação,eu perdi um leitor, não o ganhei.O que eu quero é totalmente outra coisa: é ganhá-lo a ele como personagem,é dizer que,por um instante, ele acredita mesmo no que vive.Esta é a emoção que o leitor me deve agradecer e que ninguém julgou procurar.
Ser personagem é sonhar ser real. A magia das personagens,o que nos possui e nos encanta nelas, aquilo que só elas possuem e forma o seu ser, não é o sonho do autor, o que este as faz executar e sentir, mas o sonho de ser, de que avidamente se apropriam...
Uma novela com 57 prólogos, que não é, afinal, uma novela, mas uma ars poetica da narrativa...Uma " Primera novela" que é, afinal, a última; uma novela "buena" , uma obra prima, escrita a pensar em mim, que vem ter comigo, no momento exato em que precisei de a ler...
As palavras fugiam-lhe, perdiam-se entre a multidão das palavras dele próprio,que transitavam tumultuariamente no seu cérebro....Era, agora, um sopro da sua infância, uma reminiscência já longínqua, quase tão esfumada como a superfície do lago sob a neblina naquela manhã em que o vira, depois de lhe terem dito o que acontecera há dois séculos.
- Tenho tantas coisas a dizer, mas, com uma noite assim, nem tenho vontade de falar. E tu?
Ela não respondeu.Mas aquela voz doce,levemente trémula,como nunca lhe ouvira, parecia expressar-lhe o que ela própria sentia.
Para além da curva da estrada Talvez haja um poço, e talvez um castelo, E talvez apenas a continuação da estrada. Não sei nem pergunto. (...)Essa é que é a estrada para eles. Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos. Por ora só sabemos que lá não estamos.Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva Há a estrada sem curva nenhuma.
Quando vinha com minha mãe ao mercado de Oliveira de Azeméis, passava por uma meia porta e via lá uma máquina a trabalhar, a tirar o jornal; aquilo parecia-me uma obra de Deus e o meu sonho todo, tinha 9 anos, seria escrever umas coisas para aquele jornal, para a «Opinião». Se alguém podia ter feito a felicidade de uma criança, seria aquele jornal. (…)
Na minha aldeia fiz a instrução primária; no seringal, lia todos os livros que conseguia encontrar, o que estava muito longe de ser suficiente. Eu sou autodidacta. Não posso mesmo dizer que estudei, no que isto significa de disciplina, pois tudo o que aprendi, desde as línguas que me permitissem conhecer o espírito dos outros povos, até à Sociologia e a Filosofia, que tanto me interessavam, o fiz sem esforço… e, graças a isso, todas as minhas incursões no mundo do conhecimento humano foram agradáveis em vez de penosas
O não ter tido acesso ao ensino formal encarado positivamente, sem o miserabilismo autocomiserativo do neorrealismo, é um dos toques de raridade deste homem, apesar de tudo livre.
Ele levantou-se no escuro e,sobre a ponta dos pés descalços, caminhou até à porta.Ali se deteve,à escuta...Continuou junto à porta, sem se decidir a abri-la. Voltava a sentir aquela repugnância futura,que esmorecia sempre os seus pensamentos mais ousados.Uma nova ideia fazia-o vacilar perante a escolha - uma escolha que ...nunca lhe aprazia completamente.
Depois do almoço, quando se deitara para o repouso que costumava fazer,sentira os membros lassos como nunca,um desejo de cerrar os olhos,de deslizar suavemente,inconscientemente,para algures onde não houvesse luz,onde fosse tudo mole,tudo fosse sumaúma.Mas,uma vez estendida na cama e com o quarto em penumbra,dir-se-ia que a própria quietude,aquela indolência do corpo no silêncio da casa,lhe modificava os sentimentos... Ela tentava reagir,libertar-se da obsessão, simultaneamente, afagante e repulsiva,mas sempre aquilo volvia,como se houvesse duas mulheres dentro dela própria.
A imagem matinal volveu.É sempre com aquela porta que parecia abrir-se não no corredor da casa de Soriano,mas dentro dela própria
O pavor de abrir a porta é o medo da "repugnância futura"...
O inferno são os outros, disse sartre. Não, o inferno somos nós, digo eu.
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