Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Pecados...

Os pecados mortais são sete: avareza, ira, gula, luxúria, soberba, preguiça e vaidade. Não me considera pecadora…


Memorar Bernardo Santareno nos 98 Anos do seu Nascimento (1920-1980)

António Martinho do Rosário nasce na freguesia de Marvila, em Santarém, em 19 de Novembro de 1920. Filho de Joaquim Martinho do Rosário e de Maria Ventura Lavareda do Rosário;
licenciou-se em Medicina, pela Universidade de Coimbra, em 1950. É considerado o maior dramaturgo português do século XX, com o pseudónimo literário de Bernardo Santareno.

O médico psiquiatra e dramaturgo legou-nos uma vasta produção teatral, tendo iniciado a sua carreira em 1957. A paixão pelo teatro manifesta-se, desde cedo; no seu tempo de adolescente, Bernardo Santareno encenava pequenas peças de teatro, estreando no “palco” os familiares e a vizinhança. Não são raras as vezes que encena estas peças na aldeia de Espinheiro, localidade pertencente ao concelho de Alcanena, onde radica a raiz familiar paterna.

A maior parte dos trabalhos de Bernardo Santareno foi censurada pela ditadura salazarista. As peças que não estavam proibidas pela censura eram representadas com intervalos de cerca de dez anos, após a sua publicação. Desanimado com esta realidade, em Março de 1974, Bernardo Santareno termina o manuscrito da sua 14ª obra literária, aquela que refere ser a sua última peça: “Português, Escritor, 45 Anos de Idade”.

Nas palavras do autor, esta peça é “um grito de raiva, de desespero e até de desistência”. É dedicada à memória de seu pai, Joaquim Martinho do Rosário, “que era um homem simples, um homem do povo, que foi um mártir do fascismo em Portugal”. Na verdade, Joaquim Martinho do Rosário, profundamente imbuído do espírito laico e republicano, empreendeu uma luta constante e persistente contra a ditadura de Salazar. Por isso, é perseguido pela PIDE e sofre em todas as prisões políticas do seu tempo; passa pelo Tarrafal, chegando a ser deportado para Angola. Uma realidade familiar que, naturalmente, marca a infância e adolescência de Bernardo Santareno.

De acordo com Maria Helena Serôdio, Bernardo Santareno é o autor que de forma mais profunda marcou o teatro português da segunda metade do século XX. Nas suas peças, o dramaturgo articula a voz trágica de forma veemente e sofrida ao mesmo tempo que revela uma compaixão pelos excluídos, vítimas de arreigados preconceitos sociais e de fanatismos vários. A forte componente psicológica no desenho das personagens e a localização da acção em pequenas comunidades fechadas (rurais, piscatórias ou citadinas) são elementos usados no que parece ser a sua procura sistemática de psicanalisar o “pathos” português.
Ana Margarida Martinho


Sem comentários: