Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Solidão...

Solo, vive solo. Solo, vive muy solo
Se acuesta solo, duerme solo
Trabaja solo, hace todo solo



Solo, vive solo
Solo, vive muy solo
Y duerme solo, duerme solo
Y come solo, hace todo solo






A pior solidão que existe é darmo-nos conta de que as pessoas são idiotas. Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia.Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.

O que começou por ser uma mera obrigação revelou-se um prazer, embora o processo de escrita seja medianamente satisfatório...e muito distante dos imerecidos encómios de que tem sido alvo.

Todos nascemos filhos de mil pais e de mais de mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.”

Um tema aliciante,um título sugestivo, um otimismo de que não partilha ...

A consciência dolorosa e ardente de uma seca solidão,onde já não havia lugar para o amor...Era assim que ele tinha desejado:consciente,sem disfarces,sem covardia,a sós consigo,...Nem um amor,nem uma paisagem,nada: apenas um desejo infinito de solidão e de felicidade... Quem não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre. A perfeição é um caminho que só leva à solidão...

Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar.(...) Assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver. Preciso de segredos para ser...

Una soledad adentro y otra soledad afuera.Hay momentos en que ambas soledades no pueden tocarse.Queda entonces el hombre en el medio como una puerta inesperadamente cerrada./Una soledad adentro.Otra soledad afuera.Y en la puerta retumban los llamados. La mayor soledad está en la puerta.

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! Supor o que dirá Tua boca velada É ouvir-te já. É ouvir-te melhor Do que o dirias. O que és não vem à flor Das caras e dos dias. Tu és melhor -- muito melhor!-- Do que tu. Não digas nada. Sê Alma do corpo nu Que do espelho se vê.

Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!


... Nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma sensação minha e uma coisa externa, que não está em meu poder alterar. Ah, quantas vezes os meus próprios sonhos se me erguem em coisas, não para me substituirem a realidade, mas para se me confessarem seus pares em eu os não querer, em me surgirem de fora, como o eléctrico que dá a volta na curva extrema da rua, ou a voz do apregoador nocturno, de não sei que coisa, que se destaca, toada árabe, como um repuxo súbito, da monotonia do entardecer!

Aqui está-se sossegado,Longe do mundo e da vida, Cheio de não ter passado,Até o futuro se olvida. Aqui está-se sossegado. (...)Tudo está certo depois.Mas a dor que nos desola, A mágoa de um não ser dois —Nada explica nem consola.

E nós não deixamos ninguém...Se deixássemos, ah os lenços que lindos!, o navio que se afasta Afastar-se-ia de mais do que da terra; Afastava-se do nosso passado todo, de nós-mesmos,(...) Bebedeira da vida... ligeiro nervoso nas nossas sensações...Perturbação alcoólica dos nossos sentidos íntimos...A nossa alma sai um pouco para fora do seu lugar E as rodas da nossa vida quotidiana começam a cambalear como se fossem sair do eixo...

Dói-me quem sou. E em meio da emoção
Ergue a fronte de torre um pensamento.
É como se na imensa solidão
De uma alma a sós consigo, o coração
Tivesse cérebro e conhecimento.


O mistério da vida dói-nos e apavora-nos de muitos modos. Umas vezes vem sobre nós como um fantasma sem forma, e a alma treme com o pior dos medos — a da incarnação disforme do Não-ser. Outras vezes está atrás de nós, visível só quando nos não voltamos para ver, e é a verdade toda no seu horror profundíssimo de a desconhecermos. Mas este horror que hoje me anula é menos nobre e mais roedor. É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma. E o sentimento súbito de se estar enclausurado numa cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?

Meu coração é um pórtico partido
Dando excessivamente sobre o mar
Vejo em minha alma as velas vãs passar
E cada vela passa num sentido.
Um soslaio de sombras e ruído
Na transparente solidão do ar
Evoca estrelas sobre a noite estar
Em afastados céus o pórtico ido...
E em palmares de Antilhas entrevistas
Através de, com mãos eis apartados
Os sonhos, cortinados de ametistas,
Imperfeito o sabor de compensando
O grande espaço entre os troféus alçados
Ao centro do triunfo em ruído e bando...


A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir.

Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração.
Enevoa-se-me o ser
Como um olhar a cegar,
A cegar, a escurecer.
Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim.


Não emociona particularmente este livro. Agrada,no entanto, a ideia de um "solitário quotidiano de um eu que se transcende pela escrita."...


Ando com tanta vontade de chorar... Estar só cria uma melancolia tão profunda!
Só e sem uma ilusão de gosto! Esta impressão de completo deserto moral é acabrunhante. Uma impressão em mim contínua, actualmente. Mas houve dias, de quando? nunca se podem localizar bem estas impressões! -em que eu me sentia com a ânsia de viver, o gosto da vida. E tolerante, quase alegre...
Deve ter sido há muito tempo. Não me reconheço nessa que fui, nem sei quando é que assim fui.
Olho para o que me rodeia, para esta casa, estes bocados de parede tão indiferentes e pergunto-me que é que tenho aqui feito, se isto é viver?


A solidão, quando é vivida na infância em completa disponibilidade, sem constrangimento, como um estado semelhante ao do primeiro homem e da primeira mulher, tem tendência a tornar-se crónica.

Não quero, Cloé, teu amor, que oprime Porque me exige amor. Quero ser livre.
Não só quem nos odeia ou nos inveja Nos limita e oprime; quem nos ama Não menos nos limita.

A verdadeira escravidão tem origem em quem nos ama e naqueles que amamos. É fácil ser indiferente aos indiferentes… Para uma pessoa íntegra e segura, é fácil não ceder às pressões meramente sociais, económicas ou políticas… O penoso reside em não ceder a quem amamos e, apesar do afeto, dizer não... Uma cedência por amor nunca é única, é apenas a primeira de muitas outras que acabam por nos enredar numa teia de chantagens emotivas que nos tornam num escravo de afetos e de fidelidades. Quem me ama como ser livre e autónomo deve aceitar e respeitar as convicções do objeto do amor, não tolerando que ELE as desrespeite.


I'm perfectly lonely I'm perfectly lonely I'm perfectly lonely (Yeah) 'Cause I don't belong to anyone Nobody belongs to me...

As ligações evitam que uma pessoa chegue ao isolamento final da cidade e que de certa maneira não se atire do 8º andar. Há uma frase do Novalis de que gosto: "estamos sós com tudo aquilo que amamos". A nossa solidão tem o tamanho das nossas ligações. Um casal de namorados que está apaixonado cria uma solidão, despovoa tudo à volta, desliga-se de tudo o resto. Isso também é para mim muito forte e está neste livro como em muitos outros. A questão de haver um vínculo muito grande entre as ligações e as desligações. O interessante é que a escolha amorosa é uma escolha antecedida de uma grande violência, é não escolher os outros, quase ignorá-los. O elogio de duas pessoas que se enamoram, que se esquecem de tudo, não precisam de mais nada, pode ser visto como algo absolutamente insultuoso em relação a toda a cidade. O que um poeta romântico colocaria em versos muito bonitos, do ponto de vista da cidade, é qualquer coisa muito perigosa, uma afronta. Se todas as pessoas estivessem totalmente enamoradas e lhes fosse totalmente indiferente se a principal torre da cidade caísse ou não, não ficaria ninguém para a proteger. Todas as cidades já teriam sucumbido.

Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.
solidão... não creio como eles crêem, não vivo como eles vivem, não amo como eles amam. Morrerei como eles morrem.
Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar (...) Assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogo de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.

Una soledad adentro y otra soledad afuera.Hay momentos en que ambas soledades no pueden tocarse.Queda entonces el hombre en el medio como una puerta inesperadamente cerrada./Una soledad adentro.Otra soledad afuera.Y en la puerta retumban los llamados. La mayor soledad está en la puerta.

Era assim que ele tinha desejado: consciente, sem disfarces, sem covardia, a sós consigo...Nem um amor, nem uma paisagem, nada: apenas um desejo infinito de solidão e de felicidade...

A consciência dolorosa e ardente de uma seca solidão, onde já não havia lugar para o amor. (...) punha-se a imaginar as lágrimas que não lhe vinham aos olhos. Bastaria um amigo, uns braços abertos. Mas as lágrimas paravam na fronteira do mundo sem ternura em que se afundava...

Quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.(...) Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.(...) Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogéneos causa um efeito incómodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu «eu» sem nada lhe oferecer em troca.




La solitude ça n'existe pas La solitude ça n'existe pas La solitude ça n'existe pas La solitude ça n'existe pas

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