Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...
terça-feira, 30 de julho de 2019
Idolos...
Suplico‑vos, meus irmãos! Permanecei fiéis a terra e não acrediteis naqueles que vos falam de esperanças extraterrestres! Envenenadores, eis o que eles são, quer o saibam, quer não.(...) Outrora , a ofensa a Deus era o maior ultraje, mas Deus morreu , e, com ele, morreram também esses sacrílegos. Agora, o que há de mais terrível é ultrajar a terra e dar mais apreço às entranhas do inescrutável do que ao sentido da terra
Assim falava e muito bem...
Primus amor Phoebi Daphne Peneia, quem non fors ignara dedit, sed saeva Cupidinis ira...
Pousou alígero ao frondoso alcácer
De Parnaso, tirou da sua aljava
Duas flechas de efeitos diferentes:
Aquela faz, esta repele amor:
Estarás entre os líderes do Lácio,
Com leda voz a modular vitórias
E a ver do Capitólio imensos faustos.
Disposta à entrada do palácio augusto,
Serás fiel vigia dos portões
E, ao centro, irás velar pelo carvalho.
Barão de Teive e Bernardo Soares, comparados por Fernando Pessoa
Compararei algumas d’estas figuras, para mostrar, pelo exemplo, em que consistem essas differenças. O ajudante de guarda-livros Bernardo Soares e o Barão de Teive — são ambas figuras minhamente alheias — escrevem com a mesma substancia de estylo, a mesma grammatica, e o mesmo typo e forma de propriedade: é que escrevem com o estylo que, bom ou mau, é o meu. Comparo as duas porque são casos de um mesmo phenomeno — a inadaptação á realidade da vida, e, o que é mais, a inadaptação pelos mesmos motivos e razões. Mas, ao passo que o portuguez é egual no Barão de Teive e em Bernardo Soares, o estylo differe em que o do fidalgo é intellectual, despido de imagens, um pouco, como o direi?, hirto e restricto; e o do burguez é fluido, participando da musica e da pintura, pouco architectural. O fidalgo pensa claro, escreve claro, e domina as suas emoções, se bem que não os seus sentimentos; o guarda-livros nem emoções nem sentimentos domina, e quando pensa é subsidiariamente a sentir.
Manuscrito encontrado numa gaveta:Para não deixar o livro em cima da mesa do meu quarto, sujeito assim ao exame de mãos suspeitamente limpas dos criados do hotel, abri, com certo esforço, a gaveta, e meti-o lá, empurrando-o para trás.
Esbarrou em qualquer coisa, pois a própria gaveta não era tão pouco funda.
Sempre que, em qualquer coisa, tive um rival ou a possibilidade de um rival, desde logo abdiquei sem besitar. É uma das poucas coisas da vida um que nunca tive hesitação.
Não creio na Virgem Maria nem na eletricidade.
Desde que existe inteligência, toda a vida é impossível.
Sempre que, em qualquer coisa, tive um rival ou a possibilidade de um rival, desde logo abdiquei sem besitar. É uma das poucas coisas da vida um que nunca tive hesitação.
Todos os indivíduos grosseiros têm necessidade da nota sexual; é ela, até, que os distingue. Não podem contar anedotas fora da sexualidade; não sabem ter espírito fora da sexualidade.Veem em todos os pares uma razão sexual de serem pares.
Atingi, creio, a plenitude do emprego da razão. É é por isso que me vou matar.
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