" A arte contemporânea como ponto de partida; a literatura pega nela e vai indo sem olhar um segundo para trás; calcula-se o vago ponto zero – o nome de um artista, uma obra – mas tudo o que vem a seguir existe nesse texto que começa a pensar pela sua própria cabeça. Um texto tem cabeça e é com ela que o texto pensa. Basta um indício visual para a linguagem se pôr a caminho e avançar por veredas estreitas e desvios a pique, subidas e descidas.Interessa-me isto: a arte que se vê como modo de emitir por trás de si uma linguagem que é necessário extrair do solo da própria obra à força. O olhar de quem escreve faz isso: o que vê transforma-se em palavra, mas há neste começo claro, – as obras de arte contemporâneas – uma potência que conduz o texto por dentro.(...)
Este Dicionário de Artistas, este Museu, parte de um pormenor, detalhe ínfimo ou centro centralíssimo, da obra de um artista, nunca da biografia, e daí o texto vai para outro local qualquer. Como um animal que tem fome parte do ninho para um ponto onde pressente o alimento, assim parte o texto à sua vida. Mas nada de didático ou explicativo, os textos deste Dicionário são seres autónomos que saem à rua livres e bem sozinhos depois da meia-noite."
Bastou ler os nomes referidos na contracapa para experimentar o incómodo de ser confrontada com a minha ignorância: conheço unicamente cinco nomes... Desses cinco, só dois têm para mim algum significado: Arte contemporânea não é , de todo, a minha especialidade....
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