Juan Nepomuceno Carlos Pérez Rulfo Vizcaíno
(1917 — 1986), filho de uma família de fazendeiros, perdeu a fortuna, devido à Revolução Mexicana. Trabalhou em vários serviços com engenheiros e antropólogos, o que lhe permitiu conhecer o México profundo. Em 1962 passou a trabalhar no Instituto Nacional Indígena , onde foi editor de publicações. Rulfo conseguia expressar o universal através particular, não conta uma história sobre um "pueblito" mexicano, é antes uma digressão das condições universalmente compartilhadas pelo ser humano.
Escritor perfecionista, que se consagrou como autor do realismo mágico, escrevia, re-escrevia e destruía os seus manuscritos. Talvez nunca tivesse publicado nada, se não fosse um amigo ter insistido na publicação.
Depois nós dois íamos tão próximos que nossos ombros quase se tocavam.
— Eu também sou filho de Pedro Páramo- disse-me.
Minha mãe sempre foi avessa a deixar-se fotografar. Dizia que os retratos eram coisa de bruxedo.
E é que a alegria cansa. Por isso não fiquei surpreso que tenha terminado.
Nada pode durar tanto tempo, não há memória tão intensa quanto possível que não apague.
Estou a começar a pagar. É melhor começar cedo, terminar em breve.
Sempre que eu entendo menos. Eu gostaria de voltar para onde eu vim.
Os velhos dormiam pouco, quase nunca. Às vezes, mal dormimos; Mas ainda pensamos.
Todo suspiro é como um sopro de vida do qual a pessoa se livra.
Lembrei-me do que minha mãe havia me dito: «Lá você me ouvirá melhor. Eu estarei mais perto de você. Você encontrará a voz das minhas lembranças mais próxima do que a da minha morte, se a morte já teve uma voz.»
A madrugada, a manhã, o meio-dia e a noite, sempre iguais: mas com a diferença do ar. Onde o ar muda a cor das coisas: onde a vida é ventilada como se fosse um murmúrio; como se fosse um puro murmúrio da vida.
Eu sou um homem pobre disposto a humilhar-se . Enquanto sente vontade de o fazer.
Vivemos numa terra onde tudo acontece, graças à providência, mas tudo acontece com acidez. Estamos condenados a isso.
Eu vi as gotas de raios caírem, sempre que eu respirava, suspirava e toda vez que pensava, pensava em você, Susana.
Nenhum daqueles que ainda vivem está na graça de Deus. Ninguém pode erguer os olhos para o céu sem se sentir sujo de vergonha.
A história desenvolve-se entre os 45 anos anteriores e os 45 anos posteriores, sendo protagonizada por duas personagens principais: um pai que percorre todo o tempo anterior ao 25 de Abril e uma filha, que vai percorrer os 45 anos posteriores.
Na verdade, quando se refere a Portugal como personagem, Álvaro Laborinho Lúcio diz que poderia antes ter dito que a personagem era "o 25 de Abril, tal como aconteceu na sua projeção para trás e para a frente".
"A Catarina quando diz 'eu sou filha da revolução' tem muito a ver com a procura de identidade do próprio país no pós-25 de Abril, isto é, o que é hoje Portugal e quem somos nós hoje".



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