As grandes descobertas devem-se à coordenação perfeita entre o instinto e a razão.
Tipos de estúpidos, segundo Musil, no homem sem qualidades: estúpido funcional; génio disfuncional;estúpido ocasional.
O estúpido funcional mantém toda a funcionalidade social, mas vai perdendo a sua individualidade, sendo vítima de um tipo de estupidez presente em qualquer extremismo ideológico.
O estúpido funcional mantém toda a funcionalidade social, mas vai perdendo a sua individualidade, sendo vítima de um tipo de estupidez presente em qualquer extremismo ideológico.
O estúpido ocasional, a pessoa comum, deseja retirar da vida — e que acaba por consegui-lo — um único bem: não
o poder, nem o dinheiro, nem o conhecimento, mas essa felicidade que é afinal
a motivação de toda a reflexão ética e moral
"Se a estupidez não fosse tão parecida, a ponto de confundir-se, com o progresso, com o talento, a esperança ou a melhora, ninguém desejaria ser estúpido"
"[…] a falta de sentido artístico de um povo não se exprime apenas nas más épocas e sob forma grosseira, mas também nas boas e sob todas as formas, de tal modo que entre a repressão ou a proibição e os doutorados honoris causa, a atribuição de cátedras universitárias e as distribuições de prémios, há apenas uma diferença de grau.
Desconfiei sempre que esta resistência multiforme de um povo, que tem pretensões a amar a arte, à criação e a toda a delicadeza de espírito era apenas estupidez, talvez uma variedade particular de estupidez, uma estupidez estética e talvez também afetiva; manifestando-se de tal modo, em todo o caso, que aquilo a que nós chamamos “bel esprit” poderia também ser qualificado de “bela estupidez”; hoje, ainda, não vejo muitas razões para mudar de opinião. "
"qualquer coisa pode ser estúpida sem o ser necessariamente, que o significado da palavra muda com o contexto, e que a estupidez está
estreitamente relacionada com outra coisa sem por isso ultrapassar de nenhum modo o fio que permitiria, se se puxasse por ele, desfazer de uma só vez todo o tecido."
"Estupidez e orgulho crescem no mesmo galho."
Através desta metáfora, concebemos a estupidez como um elemento externo ao indivíduo, que invade um determinado corpo, vivo ou concetual. O que se deve notar neste excerto é o uso do advérbio necessariamente: afirmar-se que qualquer coisa pode ser estúpida sem o ser necessariamente significa que a estupidez pode ser considerada um estado temporário, acidental, em que algo ou alguém se encontra em face das corcunstâncias exteriores. São estas circunstâncias que atuam frequentemente numa uniformização social dos indivíduos. A estupidez funcional está relacionada com este estado de um certo apagamento da consciência e do pensamento crítico, a que os sujeitos ou as ideias de certas épocas são expostos.
"As pessoas assemelhavam-se a um pé de trigo numa seara […] — tudo estava
claramente definido e as responsabilidades assumidas. Hoje, pelo contrário, a
responsabilidade deixou de ter o seu centro no indivíduo, e passou a tê-lo nas
circunstâncias." (HSQ, I, 214) // "[…] as condições de vida atual são tais, formam um conjunto tão vasto, tão
complexo, tão caótico, que as estupidezes ocasionais dos indivíduos podem
facilmente causar uma estupidez constitucional da comunidade."
"Não há nenhum pensamento importante que a estupidez não saiba aplicar, ela move-se em todas as direções e pode vestir todas as roupagens da verdade. A verdade, ao contrário, tem apenas uma roupa em qualquer ocasião, um só caminho, e sempre está em desvantagem."
"Mas, se tivéssemos que acrescentar alguma coisa, seria o seguinte: com tudo o que foi dito não existe ainda nenhum sinal seguro de reconhecimento e diferenciação do significativo e não poderia existir nem de leve um sinal totalmente suficiente. Mas justamente isso nos leva ao último e mais importante meio contra a estupidez: a modéstia."
Ela é dirigida, sobretudo, às pessoas que têm a possibilidade de mudar o rumo histórico dos acontecimentos. É dirigida, portanto, à pessoa comum. É também este o motivo que torna «Über die Dummheit» um texto tão actual.
Esta «pessoa comum» difere tanto do estúpido funcional como do génio disfuncional. É porém com o estúpido funcional que mantém uma relação mais estreita. Tal deve-se ao facto de o estúpido funcional ser, na verdade, nada mais do que uma pessoa comum que se deixou dominar pelas circunstâncias históricas. A pessoa comum, então, difere de uma pessoa realmente estúpida porque não está totalmente dominada por uma concepção histórica. Para Nietzsche, esta é a pessoa que detém o verdadeiro poder de plasticidade.
Este indivíduo não deve ser menosprezado, porque é também ele que reúne as condições para a felicidade: ele é o estúpido ocasional.
Como já foi referido, Musil opõe-se veementemente a chamar «estúpido» a alguém que não seja eficiente no agir. As pessoas têm, universalmente, a
capacidade de pensar racionalmente; mas por alguma razão, as pessoas também agem inobjectivamente. Devemos então admitir que o humano tem uma aptidão natural para a inobjectividade e, possivelmente, para a ineficácia."
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