Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Um título enganador?

O tempo e a memória são a matéria de reflexão de um autor, que nos alerta para algo fundamental: não se pode enterrar o passado


Pelo caráter ininterrupto da narrativa, os diálogos contínuos, não assinalados por aspas ou travessão, reproduzem o fluir do pensamento e o ritmo da rememoração… 

As falas do narrador, as de Austerlitz e das outras personagens entrelaçam -se, como no fluxo de uma narrativa oral, que se assemelha ao fluxo de consciência... O que acontece entre eles não é um diálogo, mas um desabafo autobiográfico recheado de informações históricas. E as aparições acontecem quase sempre em bares em que o narrador entra sem nenhuma intenção pré-concebida, ou seja, são reencontros ao acaso:

  Nesse primeiro reencontro, tal como em todas as ocasiões seguintes, retomamos a nossa conversa sem desperdiçar uma única palavra sobre a improbabilidade de nosso reencontro num local como aquele, que nenhuma pessoa sensata teria procurado. (...) Foi muitos meses após esse encontro em Liége que me encontrei com Austerlitz, de novo , por puro acaso, na antiga colina do patíbulo em Bruxelas... Nos seus estudos sobre a arquitetura das estações de comboio, disse ele quando nos achávamos sentados na frente de um bistrô no Mercado de Luvas no final da tarde, cansados de tanta caminhada, ele nunca conseguia tirar da cabeça os pensamentos da aflição da despedida e do medo de lugares estranhos, embora tais emoções obviamente não façam parte da história da arquitetura. Mas talvez justamente os nossos projetos mais ambiciosos traíam da forma mais patente o grau da nossa insegurança ...


Nos seus estudos sobre a arquitetura das estações de comboio, disse ele quando nos achávamos sentados na frente de um bistrô no Mercado de Luvas no final da tarde, cansados de tanta caminhada, ele nunca conseguia tirar da cabeça os pensamentos da aflição da despedida e do medo de lugares estranhos, embora tais emoções obviamente não façam parte da história da arquitetura. Mas talvez justamente os nossos projetos mais ambiciosos traíam da forma mais patente o grau da nossa insegurança

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