Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

terça-feira, 4 de março de 2025

Quem somos?



Córidon, um pastor, pelo formoso Aléxis, 
delícias do seu dono, em desespero ardia.
A um denso faial, de vértices sombrios,
 vinha assíduo; aí, só, às selvas e montes 
lançava, num esforço inane, estes delírios:
 Não escutas, cruel Aléxis, os meus cantos:
 Nem tens pena de mim? forças-me a morrer. 

(...) 

“Córidon, que demência se apossou de ti, Córidon? 
Manténs a vide mal podada em olmo alto. 
Porque não te propões a fazer algo útil,
 trançando com o vime e o junco maleável? 
Se este te repele, acharás outro Aléxis”. 


  peço-vos perdão... não por vos deixar, mas por ter ficado tanto tempo.


O passado, por pouco que nele pensemos, é coisa infinitamente mais estável do que o presente
 

só nos vemos a nossa vida 
 
Sempre tivera medo, um medo indeterminado, incessante... 

  Toda a felicidade é inocência... 

  A primeira consequência das tendências interditas é fecharmo-nos em nós mesmos 

  Eu não era feliz. Claro que sentia uma certa decepção com esta falta de felicidade, mas acabei por resignar-me

  Pensava nele , como se ele fosse filho de outro

Advertência da autora aos possíveis leitores:
"Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada(...)Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém." CL


    Epígrafe de Bernard Berenson: "Uma vida plena pode ser aquela que alcance uma identificação tão completa com o não-eu que não haja mais um eu para morrer".


    Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa. Minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai. Durante as horas de perdição tive a coragem de não compor nem organizar. E sobretudo a de não prever. Até então eu não tivera a coragem de me deixar guiar pelo que não conheço e em direção ao que não conheço: minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria. Não eram as antevisões da visão: já tinham o tamanho de meus cuidados. Minhas previsões me fechavam o mundo
.




Uma história simples de uma amizade talvez improvável em que até participa"A Brigitte Bardot em carne e osso!"que paga quarenta francos por uma garrafa de água.
 


Sinopse:
Em Paris, nos anos 60, Momo, um rapazinho judeu de onze anos, torna-se amigo do velho merceeiro árabe da rua Bleue. Mas as aparências iludem: o Senhor Ibrahim, o merceeiro, não é árabe, a rua Bleue não é azul e o rapazinho talvez não seja judeu.


    O que é ser judeu?

Ser judeu é simplesmente ter memória. Uma má memória. 

    O que é ser árabe? 

Para toda a gente sou o árabe da esquina. 
Árabe significa ter a mercearia aberta à noite e ao domingo 



 A década de 1980 na República da Irlanda foi um tempo de crise. Os governos de Charles Haughey e Garret FitzGerald agravaram a situação com empréstimos e impostos elevados. Depois de aderir ao ERM - Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio em 1979, a Irlanda também foi confrontada , durante grande parte da década de 1980, com uma moeda sobrevalorizada. Grande parte do capital emprestado, na década de 1980, foi destinado a sustentar esta moeda sobrevalorizada. O investimento estrangeiro, sob a forma de capital de risco, foi desencorajado. Esta foi também uma fase de instabilidade política e de extrema corrupção política, com alternância entre o Fianna Fáil e o Fine Gael, com alguns governos que nem sequer duraram um ano e, num caso, três eleições em dezoito meses. O

    Passa-se em 1985, mas há algo de medieval, nesta história simples, bem escrita, de leitura muito agradável que evidencia, de modo tranquilo e sereno, a maldade que pode estar escondida, num convento católico, muma Irlanda em crise.

    Sem reflexões filosóficas, a narrativa flui , marcada por acontecimentos que, eles sim, desencadeiam , inevitavelmente, a reflexão do leitor. Nunca o narrador nos impões a sua perspetiva, pois prefere  deixar que a ação e as personagens se encarregam de mostar a realidade. Julgar? Julgue quem lê... 
 

“Numa impossível manhã de Inverno, numa estação muito conhecida, um homem que não conheço-” Quando? Onde? Quem? É neste ambiente de indefinição e mistério que todos os contos se desenrolam… Uma combinação perfeita do real com o fantástico e reflexões filosóficas sobre a condição humana. E se o tempo parasse? Como seria o encontro com um “eu” passado? Morrer pode ser uma forma de viver? Já imaginou ser apenas o sonho de alguém? Quem sou eu? São alguma das perguntas... Será que encontramos as respostas? 

 "À semelhança de Poe, que foi sem dúvida um dos seus mestres, Giovanni Papini não pretende que os seus contos fantásticos pareçam reais." - Prefácio

E se o tempo parasse? Alguém desejaria ficar aprisionado daquele instante?

 Nós precisaremos da ilusão do futuro, para viver na realidade do presente de hoje e do de amanhã?

Um homem encontra o seu Eu do passado. Do convívio nasce a certeza do quão odiosos fomos, somos e seremos. Sem outra alternativa, matamo-nos.

 Viver é sonhar com o futuro e assassinar o passado. 

 Um “evento” culmina no esperado. Uma vida que não merece ser escrita, não merece ser vivida. 

 Uma ode à morte: uma forma diferente de viver morrendo.

 E se eu fosse apenas um sonho de alguém? A vida é um sonho? Uma alucinação? 

Ninguém se lembra de o ter conhecido… Ele acaba por fazer a questão que outros lhe têm colocado a ele mesmo, e compreende que ele nunca se conheceu a ele mesmo na vida, não na sua abstração, pelo menos. O mundo volta a lembrar-se dele, mas ele já não faz parte desse mundo. 

 Um escritor procura o “homem comum”, aquele que não teve nenhum evento digno de registo na sua vida, mas que, ainda assim, tem uma história que poderia dar um romance – como a de toda a gente,

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