Pela cidade
num ou noutro
qualquer local
por acaso
nos encontramos
sem prévio aviso
e trocamos
olhares
sem nada
para além disso
sem nada
para além de gostarmos
de nos encontrar
Balada do investigador particular( Arte poética)
A verdade é que não sei viver sem ser
literariamente.
Imaginando uma composição imaginária,
que desconheço
e me inclui.
Sou um investigador particular, mas
as provas não me interessam.
Só as pistas. Porque as pistas fazem sonhar.
Nunca acreditei que fôssemos exclusivos, mas gostava de pensar que éramos singulares.
Um par singular.
ECCO - A linguagem é a capacidade de lidarmos com a ausência...Mas , agora, quando aqui estamos os dois , a falar um com o outro, com que ausência estamos a lidar?
Vou esquecendo a nossa história, distraindo-me nas histórias dos dias dos outros, onde vamos ficando como personagens abandonadas de uma telenovela banal.
Escrevo este diário como uma história em que não acredito, mas nessa história acredito que um dia tu voltas para mim.
Escrevo este diário como uma história em que não acredito, mas nessa história acredito que um dia tu voltas para mim.
foi a beleza do que não chegámos a ser
o nosso perdido futuro
que, ternamente, relembramos.
Depois do nosso encontro
fica a saudade de tudo
o que,
por nos encontrarmos,
deixamos de ser:
desconhecidos, cruzando-se
nas ruas da cidade dos dias antes.
O destino é a inteligência secreta do acaso Paul Valéry
Estes "Erros" de Nuno Artur Silva leem-se com imenso prazer...Na sua maoria, não são poemas, apesar de muitos textos terem forma poética, são reflexões fragmentárias sobre o universo literário , sobre a realidade atual... Muito , muito interessante. A intertextualidade com obras que fazem parte de mim, que identifico sem recorrer a notas, permitiram-me uma viagem literária que me deu o estranho prazer de encontrar amigos imaginários, que não encontro há algum tempo, pois ficaram esquecidos em estantes...Também encontrei muitos conhecidos reais perdidos no acaso do tempo...
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