Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

terça-feira, 17 de março de 2015

Tentativas e tentações...

Oh, I get by with a little help from my friends Gonna try with a little help from my friends

Li, in illo tempore, sem grande emoção, praticamente todos os romances de gabriel garcía marquez. O realismo, mesmo mágico, não me atraiu, a figura do autor, confesso, também não...

A obra prima não é o famoso cem anos de solidão. Apesar de ter feito uma árvore genealógica dos buendía que chegou a ser relativamente famosa, não fiquei tão maravilhada como o mundo...

Eis a frase que a cativou: Nunca teve pretensões de amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor.

Depois de 54 anos, sete meses, onze dias e noites, o meu coração finalmente realizou-se. E eu descobri, para minha alegria, que é a vida e não a morte, que não tem limites.
Esperar todo este tempo, contado dia a dia, noite a noite, por uma mulher, sem qualquer contacto físico...faz acreditar nem sei bem em quê, mas acreditei em qualquer coisa. O pormenor da exatidão temporal agradou-me igualmente. Por outro lado, o processo de escrita conseguiu superar a maldição da "cor local" de que enferma a literatura latino americana..

Que chatice não ser protagonista de um romance famoso. Até tenho desejos bem simples de satisfazer: gostava de ser deus e, sei lá, talvez uma ana karenina lusitana...Já agora, se não fosse pedir muito, mas logo se vê.


And do you still think love is a laserquest or do you take it all more seriously?


Logo se vê, mas este caminho das pedras, este em concreto, não voltarei a percorrer. Nunca mais, a não ser em sonho.



Eu sou a menina do mar. Chamo-me Menina do Mar e não tenho outro nome. Não sei onde nasci. Um dia uma gaivota trouxe-me no bico para esta praia. Pôs-me numa rocha na maré vaza e o polvo, o caranguejo e o peixe tomaram conta de mim. Vivemos os quatro numa gruta muito bonita.

Tu nunca foste ao fundo do mar e não sabes como lá tudo é bonito. Há florestas de algas, jardins de anémonas, prados de conchas. Há cavalos marinhos suspensos na água com um ar espantado, como pontos de interrogação. Há flores que parecem animais e animais que parecem flores. Há grutas misteriosas, azuis-escuras, roxas, verdes e há planícies sem fim de areia branca. Tu és da terra e se fosses ao fundo do mar morrias afogado. Mas eu sou uma menina do mar.

Mar, metade da minha alma é feita de maresia Pois é pela mesma inquietação e nostalgia, Que há no vasto clamor da maré cheia, Que nunca nenhum bem me satisfez.

E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia Mais fortes se levantam outra vez, Que após cada queda caminho para a vida, Por uma nova ilusão entontecida.


De todos os cantos do mundo Amo com um amor mais forte e mais profundo Aquela praia extasiada e nua Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Um nome, fantástico e secreto, ecoa no mar, de onda em onda repetido, mas apenas o vento o reconhece quando o encontro e o perco, quando o reencontro e o volto a perder...

Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai, Deus!, se verrá cedo!


Suavemente grande avança Cheia de sol a onda do mar; Pausadamente se balança, E desce como a descansar.

Parece ser um ente apenas Este correr da onda do mar Como uma cobra que em serenas Dobras se alongue a colear.

E a minha sensação é nula, Quer de prazer, quer de pesar... Ébria de alheia a mim ondula Na onda lúcida do mar.


Olhando o mar, sonho sem ter de quê. Nada no mar, salvo o ser mar, se vê...

As ondas quebravam uma à uma Eu estava só com a areia e com a espuma Do mar que cantava só pra mim...

Eu chamei-te para ser a torre Que viste um dia branca ao pé do mar. Chamei-te para me perder nos teus caminhos Chamei-te para sonhar o que sonhaste Chamei-te para não ser eu...

Indiferente a mim e eu a ela, a natureza deste dia calmo furta pouco ao meu senso de se esvair o tempo. Só uma vaga pena inconsequente pára um momento à porta da minha alma e após fitar-me um pouco passa, a sorrir de nada.

Mar! Enganosa sereia rouca e triste! Foste tu quem (me) veio namorar, E foste tu depois que (me)traíste!

Bateram à minha porta... não havia ninguém , ninguém entrou e sentei-me numa cadeira... Nunca me esquecerei daquela ausência que...me satisfazia com o não ser, com um vazio aberto a tudo.



Se eu bailar no meu batel Não vou ao mar cruel E nem lhe digo aonde eu fui cantar Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo...
I dont need nobody, no, i, i dont need nobody Oh, i dont need nobody to be alone, To be alone...
But only if you ride the tide And balanced on the biggest wave...

Bóiam leves, desatentos, Meus pensamentos de mágoa Como, no sono dos ventos, As algas, cabelos lentos Do corpo morto das águas.


Por baixo da água seguem as palavras. Sobre o penteado da água Um círculo de pássaros e chamas. E pelos canaviais testemunhas que sabem o que falta. Sonho concreto e sem norte de madeira de guitarra.
O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esperança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte...Os beijos merecidos da Verdade.

Tu perguntas, e eu não sei, eu também não seio que é o mar. É talvez uma lágrima caída dos meus olhos ao reler uma carta, quando é de noite. Os teus dentes, talvez os teus dentes, Miúdos, brancos dentes, sejam o mar, um mar pequeno e frágil, afável diáfano, no entanto sem música.(...)Às vezes o mar é uma figura branca cintilando entre os rochedos. Não sei se fita a água ou se procura um beijo entre conchas transparentes. Eu também não sei o que é o mar. Aguardo a madrugada, impaciente, os pés descalços na areia.




Não descobrimos o absurdo sem nos sentirmos tentados a escrever um manual qualquer da felicidade. “O quê, por caminhos tão estreitos?...”. Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. “Acho que tudo está bem”, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe. O seu rochedo é a sua coisa. Da mesma maneira, quando o homem absurdo contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. No universo subitamente entregue ao seu silêncio, erguem-se as mil vozinhas maravilhadas da terra. Chamamentos inconscientes e secretos, convites de todos os rostos, são o reverso necessário e o preço da vitória. Não há sol sem sombras e é preciso conhecer a noite. O homem absurdo diz sim e o seu esforço nunca mais cessará. Se há um destino pessoal, não há destino superior ou, pelo menos, só há um que ele julga fatal e desprezível. Quanto ao resto, ele sabe-se senhor dos seus dias. Nesse instante subtil em que o homem se volta para a sua vida, Sísifo, regressando ao seu rochedo, contempla essa sequência de acções sem elo que se torna o seu destino, criado por ele, unido sob o olhar da sua memória, e selado em breve pela sua morte. Assim, persuadido da origem bem humana de tudo o que é humano, cego que deseja ver e que sabe que a noite não tem fim, está sempre em marcha. O rochedo ainda rola.

I can’t explain but I want to try...But I just cannot manage to make it through the day Without thinking of you lately...
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior Aqui está frio demais para apostar em mim.

Try Try a little tenderness... I try, and I try, and I try, and I try ...

Hei-de mandar arrastar com muito orgulho, pelo pequeno avião da propaganda e no céu inocente de Lisboa, um dos meus versos, um dos meus mais sonoros e compridos versos: E será um verso de amor...
Recuso os sonhos que te ignoram e os desejos que não possas despertar. Não quero fazer um gesto que não te louve, nem cuidar uma flor que não te enfeite; não quero saudar as aves que ignorem o caminho da tua janela, nem beber em ribeiros que não tenham acolhido o teu reflexo. Não quero visitar países que os teus sonhos não tenham percorrido como taumaturgos vindos de fora, nem habitar cabanas que não tenham abrigado o teu repouso. Nada quero saber de quem te precedeu em meus dias, nem dos seres que aí permanecem...

Acredito que se um homem vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expressão a cada pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos ao ideal helénico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o ideal helénico. Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio. A mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida. Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a acção é um modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso. A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.

Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome.Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.O pão nosso de cada dia nos dai hoje.Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amen...


O painel esquerdo corresponde ao primeiro momento das tentações...o painel central é preenchido por um templo cilíndrico, em ruínas, o único espaço do quadro que não é invadido por demónios. As paredes do templo são decoradas com imagens alusivas ao Antigo Testamento. No interior, junto a um altar a figura de Cristo faz um gesto de bênção, repetido pelo próprio Santo que olha na direcção do espectador... o painel direito apresenta uma mulher nua, junto a um tronco de árvore, coberto de um manto vermelho, tentando aliciar o Santo. Este desvia o olhar para a esquerda, onde depara com um grupo de estranhos seres que o tentam aliciar com comida e bebida. No topo, repete-se a imagem dos demónios voadores levando estranhos passageiros..

Pobre santo antão...Sempre gostei de ti, embora não saiba explicar porquê. É talvez, entre as confessáveis, a minha tentação mais permanente e inexpugnável, uma irracionalidade não argumentativa, porque tautológica: gosto porque gosto: não gosto porque não...

Ao pesquisar outras tentações célebres, por pensar que, além das de cristo, das de santo antão e das minhas, poderia haver outras merecedoras de divulgação, encontrei isto... Uma coisa que demorei a perceber se era a sério ou a brincar e ficou deprimida: tudo isto existe, tudo isto é triste, embora não seja fado: Perdoa, Senhor, o meu dia, a ausência de gestos corajosos,a fraqueza dos actos consentidos.Mea culpa,mea maxima culpa...

O homem primeiro tropeça, depois anda, depois corre, um dia voará...


Um dia voarão os filhos dos homens, disse padre Bartolomeu (...) quantas vontades recolheste hoje Blimunda? Não menos de trinta, respondeu. É pouco, e as mais são de homem ou de mulher? As mais são de homem, parece que as vontades de mulher resistem a separar-se do corpo... por que será? (...) E tu, Blimunda, lembra-te de que são precisas pelo menos duas mil vontades, duas mil vontades que tiverem querido soltar-se por as não merecerem as almas, ou os corpos por as não merecerem, com essas trinta que aí tens não se levantaria o cavalo Pégaso apesar de ter asas. Pensem como é grande a terra que pisamos, ela puxa os corpos para baixo, e sendo o sol tão maior como é, mesmo assim não leva a terra para si, ora, para que nós voemos na atmosfera serão precisas as forças concertadas do sol, do âmbar, dos ímanes e das vontades, mas as vontades são, de tudo, o mais importante, sem elas não nos deixaria subir a terra (...)

I want to live life, and never be cruel, and I want to live life, and be good to you, And I want to fly, and never come down...There's no sensation to compare with this suspended animation...



Ó meu anjo da guarda, faz-me voltar a sonhar, faz-me ser astronauta... I tie my life to your balloon and let it go...



Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.

Deleapa onu wq du livo sebu leli anoalt... I pucreth du ante noni facdo norini... Fly Me To The Moon Let me play amoung the stars Let me see what spring is like On jupiter and mars... m hao du cuwhe n blas m ...

abar

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