Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Polifonias e imitações...




A polifonia, utilizada metaforicamente por Bakhtin, na análise da obra de Dostoiévski, tornou-se um conceito essencial nas ciências da linguagem.

A palavra é entranhadamente dialógica e, por isso, precisa manter a possibilidade de diferenciação. Enquanto vai de um modo e regressa de outro, enquanto sobe devagar e desce a correr, enquanto se enreda num enunciado e se desenreda em dois, a palavra vai formando um corpo de ideias e desideias de contorno diverso, mas unificado. É a polifonia, segundo a terminologia bakhtiniana.

Dostoiévski é o criador do romance polifónico. Criou um género romanesco essencialmente novo. Assim como acontece com os sons na polifonia musical, na polifonia literária as diversas personagens falam umas com as outras e, por vezes, com o leitor – que, nesse caso, também se torna uma personagem – diferenciando as suas palavras no interior de uma unidade perfeita. Na obra musical polifónica, as notas e as linhas melódicas apresentam -se de modo individualizado, mantendo sua independência no meio da democracia do conjunto. Na obra literária polifónica, as palavras enunciadas pertencem a cada personagem, mas só ganham sentido quando se perdem na rede jogada por outra palavra de outra personagem. A diversidade das palavras polifoniza -se, isto é, forma um conjunto por meio da singularidade e da valência de cada uma. A polifonia é dostoievskiana – muitos uns em um; pertença pela diferença; unidade pluralizada. A multiplicidade de vozes e consciências independentes e imiscíveis e a autêntica polifonia de vozes plenivalentes constituem, de facto, a peculiaridade fundamental dos romances de Dostoiévski.

My soul was floating in thin air I clung to the bed, and I clung to the past And I clung to the welcome darkness...

Then you go to the place where you've finally found You can look at yourself sleep the clock around...

A polifonia poderia ser explicada por razões económicas e sociais, externas, e razões psicológicas, internas. Bakhtin não nega a repercussão das condições infraestruturais na literatura. E também não nega que uma psique perturbada por várias vozes interiores possa ser traduzida literariamente de modo polifónico . Ambos podem ajudar a explicar a polifonia, mas, segundo Bakhtin, não são artisticamente decisivos. Quer dizer, não são eles, em última instância, que definem a originalidade estética da proposta polifónica de Dostoiévski. Se assim fosse, extintas aquelas condições, a obra literária deixaria de ter importância na grande construção estética da humanidade. Não é o que pensa Bakhtin: "A descoberta do romance polifónico por Dostoiévski sobreviverá ao capitalismo”...

If I could do just one near perfect thing I'd be happy They'd write it on my grave, or when they scattered my ashes ...

On second thoughts I'd rather hang around and be there with my best friend If she wants me..

So what went wrong? It was a lie, it crumbled apart Ghost figures of past, present, future haunting the heart

I want the world to stop Give me the morning (give me the understanding) I want the world to stop Give me the morning, give me the afternoon The night, the night I want to write a message to you Everyday at 10 o clock in the evening Yellow pearl my city is This is your art this is your Balzac your Brookside and your Bach...


Versão simplificada das ideias de Tales,Anaximandro,Heraclito, Parménides e Anaxágoras.

Vou narrar uma versão simplificada da história desses filósofos: de cada sistema quero apenas extrair o fragmento de personalidade...É também uma tentativa de deixar soar de novo a polifonia da alma grega. Esta tentativa de contar a história dos filósofos gregos mais antigos distingue-se ...pela concisão. Esta conseguiu-se porque,em cada filósofo, se mencionou apenas um número muito limitado das suas teorias...Escolheram-se as doutrinas em que ressoa com maior força a personalidade de cada filósofo,ao passo que uma enumeração completa das teses que nos foram transmitidas,como é costume nos manuais,só leva a uma coisa: ao total emudecimento do que é pessoal.É por isso que esses relatos são tão aborrecidos: em sistemas que foram refutados só nos pode interessar a personalidade,uma vez que é a única realidade eternamente irrefutável. Com três anedotas é possível dar a imagem de um homem; vou tentar extrair três anedotas de cada sistema, e não me ocupo do resto

I struggle with words for fear that they'll hear But Orpheus sleeps on his back still dead to the world...


A originalidade não é mais do que uma imitação criteriosa...

Tenho que me preparar espiritualmene para ler um livro que há muito espero..
Li O primeiro homem, ao som de Beirut, numa tarde fresca de verão, e perdi -me no meio da angústia, da melancolia e da realidade...

Apeteceu-me imitar este desconhecido... Nem sei bem explicar porquê, mas pareceu-me um som adequado a camus.


And you said that i was liar and i'm lost somewhere on the inside, forever alone...

Não existe senão o mistério da pobreza que torna os homens sem nome e sem passado

De resto, como fazer compreender que uma criança pobre pode por vezes ter vergonha sem nunca invejar coisa alguma?

Os nomes dos outros países muitas vezes impressionavam -na, sem que ela, no entanto, conseguisse pronunciá-los corretamente. Em todo caso, ela nunca tinha ouvido falar da Áustria-Hungria nem da Sérvia; a Rússia era, como a Inglaterra, um nome difícil, ignorava o que era arquiduque e jamais conseguira juntar as quatro sílabas de Sarajevo. A guerra estava lá, como uma nuvem negra, pesada de ameaças sombrias, mas ninguém podia impedir que invadisse o céu, assim como não se podia impedir a chegada dos gafanhotos ou dos temporais devastadores.. Os alemães forçavam mais uma vez a França a entrar na guerra, e as pessoas iam sofrer, não havia motivo para isso, ela não conhecia a história da França, nem o que era história.

And it rips through the silence of our camp at night And it rips through the night And it rips through the silence of our camp at night And it rips through the silence All that is left is all that I hide...

If I was young, I'd flee this town I'd bury my dreams underground As did I, we drink to die We drink tonight...

Um outro opinador internético estabeleceu uma analogia, que me pareceu interessante, entre o último romance de camus e o primeiro de clarice . Como o tenho em lista de espera, está estabelecido o meu plano de leitura a curto prazo.


E sempre no pingo de tempo que vinha nada acontecia se ela continuava a esperar o que ia acontecer.

A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais (...) Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Mesmo só em certo ponto do jogo perdia a sensação de que estava mentindo – e tinha medo de não estar presente em todos os seus pensamentos. Ela morreu assim que pôde.

Também me surpreendo, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa.

Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas inquietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito – imagino já sem lucidez – minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrei a vida, pois? Mas, mesmo assim na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. (...) Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.
Ainda não se cansara de existir e bastava-se tanto que às vezes, de grande felicidade, sentia a tristeza cobri-la como a sombra de um manto, deixando-a fresca e silenciosa como um entardecer. Ela nada esperava. Ela era em si, o próprio fim.

Um dia, depois de viver sem tédio muitos iguais, viu-se diferente de si mesma. Estava cansada. Andou de um lado para outro. Ela própria não sabia o que queria. Pôs-se a cantar baixinho, com a boca fechada. Depois cansou-se e passou a pensar em coisas. Mas não o conseguia inteiramente. Dentro de si algo tentava parar. Ficou esperando e nada vinha para ela. Vagarosamente entristeceu de uma tristeza insuficiente e por isso duplamente triste. Continuou a andar por vários dias e seus passos soavam como o cair de folhas mortas no chão. (...) Na verdade ela sempre fora duas, a que sabia ligeiramente que era e a que era mesmo, profundamente.

E foi tão corpo que foi puro espírito. Atravessou os acontecimentos e as horas imaterial, esgueirando-se entre eles com a leveza de um instante.
As coisas principais assaltavam-na em quaisquer momentos, também nos vazios, enchendo-os de significados.

A noite densa e escura foi cortada ao meio, separada em dois blocos negros de sono. Onde estava? Entre os dois pedaços, vendo-os – o que já dormira e o que ainda iria dormir – isolada no sem-tempo e no sem-espaço, num intervalo vazio. Esse trecho seria descontado de seus anos de vida.

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