Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Vencidos, esfinges e facas...

Con ansia y amargura, he intentado cosechar los frutos del cielo y no he podido. Se elevaban hacia no sÈ quÈ otro cielo cuando les tendÌa mis manos golosas de su abundancia. Las ramas de las bÛvedas se comban sobre las esperanzas de nuestras plegarias; cuando Èstas callan, aquéllas pierden sus frutos. Tampoco brotan flores en el cielo ni las vides dan fruto. Dios, como no tiene nada que guardar en su casa, de aburrimiento y enojo, deja yermos los jardines del hombre. No, no; no es la vision de los astros lo que me deslumbrar·. Bastante luz he perdido mendigando a las alturas. Harto de toda laya de cielos, he dejado mi alma a merced de los ornamentos del mundo.

Vivir: especializarse en el error. Burlarse de las verdades indubitadas, no hacer caso de lo absoluto, tomar a broma la muerte y transformar lo infinito en azar. Solo se puede respirar en lo m·s hondo de la ilusion. El mero hecho de ser es tan grave que, comparado con el, Dios es pura bagatela.

Y, asi, ya no quiero nada. A menudo, cuando me encuentro en las noches que erigen los fondos del mundo, como saber si soy o no soy? Y, entonces, se puede ser o se puede no ser? O bien, atrapado en las vagas ondulaciones de la musica, perdido en medio de ellas, purificado de los azares de la respiracion, como me parecerÌa a mis semejantes? No tener sino una meta: ser m·s inutil que la musica. En ella no encuentra uno ni el es ni el no es. Donde te encuentras como tumultuosa vÌctima de su hechizo? No es acaso ella un ninguna-parte sonoro?

Yo creÌa ser joven bajo el sol y me encontré sin edad. Y si a media noche tenÌa aÒos, ya no los tenÌa en el meridiÛn. Todas las edades huyen y permanecen entre el ser y el no-ser, vestigio vibrante en el nihilismo mÌstico de las insolaciones.

He buscado las quietudes del alma en los paisajes, en las sonrisas, en las ideas. Pero ella, errabunda, no les servÌa de compaÒÌa, sino que revoloteaba por las cimas del mundo. øCu·ndo descender· su efervescencia hasta los aledaÒos de los no-seres cotidianos? Ojal· tuviera otra alma °un alma m·s terrenal!

Piensas en lo que quieres ser? Tus pesares no tienen futuro. Ni ningún futuro es tuyo. En el tiempo ya no tienes cabida; en el tiempo yace el horror. Y entonces te vas. Al marcharte te olvidas. Y en tu caminar eres otro y siendo, ya no eres.

Conseguirás sofocar el destino negativo que te tortura? Jamás. Te curarás del mal que devora el ritmo de tu respiración? En absoluto. Seguirás elevando la amargura de los sentidos a la esencia de tus preguntas? Siempre. No quieres exprimir tu sentido de lo irreparable en dulzura de las creencias? De ningún modo.... en tu sangre se deleitan los posos de un Nunca, en tu sangre se
descompone el tiempo y una rogativa al diablo te salva de la redención que supondría tu ahogamiento. Y el Diablo se desliza a hurtadillas por el ojo de Dios y tú sigues su sombra y su rastro...


Tornarmo-nos esfinges, ainda que falsas, até chegarmos ao ponto de já não sabermos quem somos. Porque, de resto, nós o que somos é esfinges falsas e não sabemos o que somos realmente. O único modo de estarmos de acordo com a vida é estarmos em desacordo com nós próprios. O absurdo é (o) divino. Estabelecer teorias, pensando-as paciente e honestamente, só para depois agirmos contra elas — agirmos e justificar as nossas acções com teorias que as condenam — talhar um caminho na vida, e em seguida agir contrariamente a seguir por esse caminho. Ter todos os gestos e todas as atitudes de qualquer coisa que nem somos nem pretendemos ser, nem pretendemos ser tomados como sendo. Comprar livros para não os ler; ir a concertos nem para ouvir a música nem para ver quem lá está; dar longos passeios por estar farto de andar e ir passar dias no campo só porque o campo nos aborrece.

Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar de fazer também amanhã. Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje. Nunca penses no que vais fazer. Não o faças. Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela. Na verdade, e no erro, no gozo e no mal-estar, sê o teu próprio ser. Só poderás fazer isso sonhando porque a tua vida real, a tua vida humana é aquela que não é tua, mas dos outros. Assim, substituirás o sonho à vida e cuidarás apenas em que sonhes com perfeição. Em todos os teus actos da vida real, desde o de nascer até ao de morrer, tu não ages: és agido; tu não vives: és vivido apenas. Torna-te para os outros, uma esfinge absurda. Fecha-te, mas sem bater com a porta, na tua torre de marfim. E a tua torre de marfim és tu próprio. E se alguém te disser que isto é falso e absurdo não o acredites. Mas não acredites também no que eu digo, porque se não deve acreditar em nada...Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.

Eu só penso num homem solitário que não consigo descrever... E passo o dia, morrendo, vejo-te escapulir rua fora, de braço dado com a tua namorada e tenho ciúmes, porque já não falas comigo, já nem te queixas da tua mãe, aprendeste a aceitar tudo com naturalidade e em casa sou o único que morre, tu e a tua mãe crescem cada qual para o seu lado...

Envelheço. Morro, em cada dia definho um pouco mais. Metido entre estas paredes de gritos, rebusco um passado que não percebo, que não domino, um passado que me escapa por entre os dedos, anos e anos de hiatos, será que vivi, será que algum dia me senti vivo ao ponto de querer bater com a porta no ontem e de olhá-lo de soslaio e com desprezo? As muletas pesam cada vez mais, as muletas que me rebocam generosamente de uma tristeza a outra, eu, o homem das quatro pernas, o aleijado que afia os cornos na ombreira da porta do quarto onde a tua mãe se escarrapacha com os pretos, eu a olhar pela fechadura, agarrado às muletas, por vezes tropeço e bato com a cabeça na porta, a tua mãe ri e grita mais alto e o preto entusiasma-se, mete a quinta no vaivém frenético e eu lembro-me de que não sou homem, de que sou um bicho assexuado e não consigo deixar de espreitar, a tua mãe a rugir e eu com o olho cravado na fechadura, o mesmo olho que vê e que não vê, o mesmo olho de que jorram galões de água do mar com que desesperadamente tento lavar os remorsos

Vou devolver-te a história pela qual esperaste e dizer: acabei. Vou obrigar-te a procurar, no orifício secreyo das palavras, o sentido das coisas e a gramática escondida do mundo. ... É este o meu legado: algumas palavras, silêncio, um palpitar de vida indecifrável.

Sem comentários: