No existen paraísos perdidos.
El paraíso es algo que se pierde todos los días,
como se pierden todos los días la vida,
la eternidad y el amor.
Así también se nos pierde la edad,
que parecía crecer
y sin embargo disminuye cada día,
porque la cuenta es al revés.
O así se pierde el color de cuanto existe,
descendiendo como un animal amaestrado
escalón por escalón,
hasta que nos quedamos sin color.
Y ya que sabemos además
que tampoco existen paraísos futuros,
no hay más remedio, entonces,
que ser el paraíso.
Introdução
Obra prima de Dante Alighieri, iniciada por volta de 1307 e concluída pouco antes de 1321, é um poema narrativo ,rigorosamente simétrico, que narra uma odisseia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, descrevendo cada etapa da viagem com detalhes quase visuais. Dante é guiado no inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio e, no céu, por Beatriz. O poema possui uma simetria matemática, baseada no número três, com recurso a uma técnica original, conhecida comoterza rima, onde as estrofes de dez sílabas, com três linhas cada, rimam da forma ABA, BCB, CDC, DED, EFE... Os três livros que formam a Divina Comédia dividem-se em 33 cantos cada, com aproximadamente 40 a 50 tercetos, que terminam com um verso isolado no final, num total são 100 cantos. O Inferno possui um canto a mais que serve de introdução a todo o poema. Os lugares descritos em cada livro dividem-se em nove círculos cada, formando no total 27 (3 vezes 3 vezes 3) níveis. Os três livros rimam no último verso, pois terminam com a mesma palavra: stelle. Dante chamou à obra Comédia,o adjetivo “Divina” foi acrescido numa edição de 1555.
Adoramos a perfeição, porque a não podemos ter; repugná-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito. O ódio surdo ao paraíso — o desejo como o da pobre infeliz de [que] houvesse campo no céu. Sim, não são os êxtases do abstracto, nem as maravilhas do absoluto que podem encantar uma alma que sente: são os lares e as encostas dos montes, as ilhas verdes nos mares azuis, os caminhos através de árvores e as largas horas de repouso nas quintas ancestrais, ainda que as nunca tenhamos. Se não houver terra no céu mais vale não haver céu. Seja então tudo o nada e acabe o romance que não tinha enredo.
Para poder obter a perfeição fora precisa uma frieza de fora do homem e não haveria então coração de homem com que amar a própria perfeição. Pasmamos, adorando, da tensão para o perfeito dos grandes artistas. Amamos a sua aproximação do perfeito, porém o amamos porque é só aproximação.
Desenvolvimento
Bernardo de Claraval
Assinalam-se, hoje, dia 20 de Agosto de 2017, 864 anos da morte de São Bernardo; a figura maior da Ordem de Cister. De acordo com o pensamento do Abade de Claraval, o velho homem condenado ao cárcere da “Civitas Terrena” tem ao seu alcance a oportunidade de ascensão espiritual, podendo participar da “Civitas Dei”. A elevação da alma ao mundo transcendente pressupõe a renuncia ao “eu”, concretizando-se no contexto de uma vida comunitária norteada por um alto ideal de caridade e de serviço. Neste âmbito, São Bernardo evidencia a importância da austeridade e do desamor pelas “vaidades do mundo”. Por conseguinte, a caminhada para a “Civitas Dei” deve realizar-se num edifício de arquitectura simples, harmoniosa, equilibrada e funcional.
Na verdade, a espiritualidade de São Bernardo marcou definitivamente a arquitectura cisterciense; o Mosteiro de Alcobaça leva-nos a experienciar o ambiente propício ao cumprimento da Regra de São Bento na sua essência, e, consequentemente, ao processo de ascese.
Nas veias de Bernardo corria o sangue de duas das melhores famílias borgonhesas...Antes do nascimento de Bernado, sua piedosa mãe teve um sonho que a intrigou e perturbou bastante. Afigurou-se-lhe que gerava no seu ventre um cão branco ligeiramente avermelhado que ladrava sem cessar.(1)Alarmada, consultou um santo religioso que lhe acalmou os receios com as palavras:" Tranquilize-se, tudo vai bem. O cão da sua visão guardaré a casa de adaeus e ladrará fortemente em sua defesa contra os inimigos da fé. Por outras palavras, a sua criança que está prestes a surgir no mundo tornar-seá um pregador ilustre o qual, com a virtude de uma língua lenitiva , como um cão bondoso, curará as feridas do pecado em muitas almas"
(1) Esta famosa visão é recordada no hino vespertino e matinal para a festividade do santo: " Rufum dorso per catulum/ Praefigurasti puerum/ Fore doctore sedulum,/ Conditor alme siderum / Latrator strenuus, sanctus ex utero, / Doctor praecipius nectare supero: / Vigil assiduus, sub salutifero / Monstratur mater catulo. "
Há quem busque o saber por si mesmo, conhecer por conhecer: é uma indigna curiosidade.
Há quem busque o saber para poder exibir-se: é uma indigna vaidade. Estes não escapam a mordaz sátira que diz: 'Teu saber nada é, se não há outro que saiba que sabes.
Há quem busque o saber para vendê-lo por dinheiro ou por honras: é um indigno tráfico.
Mas há quem busque o saber para edificar, e isto é amor. E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência.
Bernard Shaw
O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.
Nenhuma pergunta é tão difícil de se responder quanto aquela cuja resposta é óbvia.
Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma.
Professores de grego são pessoas privilegiadas: poucos deles sabem grego e, os que sabem, não sabem mais nada.
A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente.
Do modo como a concebemos, a vida em família não é mais natural para nós do que uma gaiola é para um papagaio.
Bernardo Soares
Soares não é poeta. Na sua poesia é imperfeito e sem a continuidade que tem na prosa; os seus versos são o lixo da sua prosa, aparas do que escreve a valer.
AUTOBIOGRAFIA
Bernardo Soares é ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
L. do D.
Invejo — mas não sei se invejo — aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.
Que há(-de alguém) confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade, e no outro não é de compreender. Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida. Minha tia velha fazia paciências durante o infinito do serão. Estas confissões de sentir são paciências minhas. Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão e a imagem fica diferente. E recomeço. Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Crochet das coisas... Intervalo... Nada...
De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo... Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sofrego de me entreter... Uma vontade morta e uma reflexão que a embala, como a um filho vivo... Sim, crochet...
Bernardo Santareno
Sinopse- CHESTER, 1966 — Ian Brady e Myra Hindley, os amantes diabólicos,foram condenados a prisão perpétua, acusados de terem assassinado Edward Evans, de 17 anos, Lesley Ann Downey, de 10 e John Kilbride, de 12. O júri reconheceu Brady culpado dos três crimes e Myra Hindley culpada dos dois primeiros e cúmplice do terceiro... O Juiz, ao ler a sentença, acentuou ter sido este um dos processos mais atrozes da história e que os dois acusados tinham sido reconhecidos como culpados das mortes cruéis executadas a sangue frio... Diário de Notícias 7-5-66 Foi com base nesta notícia de um dos mais terríveis casos de assassínios em série da história do Reino Unido que Bernardo Santareno criou um dos mais brilhantes e violentos textos da sua carreira. Passado integralmente numa sala de tribunal onde decorre o julgamento de um casal de assassinos, cujos actos assumem contornos diabólicos, que o autor transmuta em figuras da mitologia, esta é, porventura, a mais acutilante obra de Santareno, na qual tudo é posto em causa: ética, moral, justiça, a própria essência do bem e do mal...
Procurador da Rainha – Para compreendermos e bem julgarmos os crimes deste arrepiante processo, teremos todos de descer aos infernos, degrau a degrau, sem medo nem cobardias. E os membros do júri devem preparar-se para esta penosa viagem...
2° Jurado – Que horror! Isto é um inferno. Quem pode sentir-se seguro, preparar o dia de amanhã, fazer os seus planos? Cidade de Assassinos! Oh, cada vez mais malvados! Um homem, para viver bem, nunca devia sair do canto da sua casa: Sozinho, fechado à chave!
3º Jurado - Pavlov, o velho russo que tantos e tão validos argumentos veio trazer ao princípio segundo o qual não existe uma „natureza humana eterna, imutável‟. Antes pelo contrário: „O homem pode ser transformado, desde que modificadas as condições materiais em que se processa a sua existência‟. Como isto nos faz esperar o futuro, e...desesperar do presente.
Bernardo Sasseti
Jornal de Notícias- Maio 2012: Morreu o pianista e compositor Bernardo Sassetti, de 41 anos. O músico terá caído de uma falésia, no Guincho, em Cascais, enquanto tirava fotografias...
Bernardo Bertolucci
Nos anos 70, "O Último Tango em Paris" gerou enorme controvérsia, devido às cenas de sexo explícito. Trinta anos depois, o erotismo, exibido no cinema ou na televisão, seria tão banal como os anúncios de detergentes, permitindo ver esta obra de Bertolucci com um olhar despido de "voyeurismo". Trata-se de um filme sobre a amargura e a solidão, que tem como fio condutor a história de Paul (Marlon Brando), um americano que vive em Paris e cuja mulher se suicidou. Um encontro casual com Jeanne (Maria Schneider), quando ambos tentam alugar o mesmo apartamento, transforma-se numa ligação isenta de compromissos, por imposição de Paul, que procura desse modo esquecer a sua tragédia pessoal.
44 anos depois, "O Último Tango em Paris" voltou a estar envolvido em polémica. O realizador foi fortemente criticado depois de ter vindo a público uma entrevista de 2013 em que revela que a mais famosa cena de sexo do filme foi planeada e filmada sem que a atriz Maria Schneider soubesse exatamente o que ia acontecer. A própria Maria Schneider revelou, em 2007, que se sentiu "humilhada" e "violada" por Brando, mesmo tratando-se de uma simulação em que não houve sexo. Na altura, a atriz disse que só foi informada momentos antes de filmarem a cena.
Segundo o realizador, a cena foi combinada com o protagonista do filme, o ator Marlon Brando, na altura com 48 anos, mas a atriz francesa de 19 anos não foi informada sobre a utilização de manteiga, nem deu o consentimento. "A sequência da manteiga é uma ideia que eu tive com Marlon na manhã antes das filmagens", disse Bernardo Bertulocci, num evento na Cinemateca de Paris, há três anos, dois depois da morte de Schneider. O realizador justificou que queria a reação da adolescente "como rapariga, não como atriz".
Conclusão
Cheguei hoje, de repente, a uma sensação absurda e justa. Reparei, num relâmpago íntimo, que não sou ninguém. Ninguém, absolutamente ninguém. Quando brilhou o relâmpago, aquilo onde supus uma cidade era um plaino deserto; e a luz sinistra que me mostrou a mim não revelou céu acima dele. Roubaram-me o poder ser antes que o mundo fosse. Se tive que reencarnar, reencarnei sem mim, sem ter eu reencarnado. Sou os arredores de uma vila que não há, o comentário prolixo a um livro que se não escreveu. Não sou ninguém, ninguém. Não sei sentir, não sei pensar, não sei querer. Sou uma figura de romance por escrever, passando aérea, e desfeita sem ter sido, entre os sonhos de quem me não soube completar.
Penso sempre, sinto sempre; mas o meu pensamento não contém raciocínios, a minha emoção não contém emoções. Estou caindo, depois do alçapão lá em cima, por todo o espaço infinito, numa queda sem direcção, infinitupla e vazia. Minha alma é um maelstrom negro, vasta vertigem à roda de vácuo, movimento de um oceano infinito em torno de um buraco em nada, e nas águas que são mais giro que águas bóiam todas as imagens do que vi e ouvi no mundo - vão casas, caras, livros, caixotes, rastros de música e sílabas de vozes, num rodopio sinistro e sem fundo.
E eu, verdadeiramente eu, sou o centro que não há nisto senão por uma geometria do abismo; sou o nada em torno do qual este movimento gira, só para que gire, sem que esse centro exista senão porque todo o círculo o tem. Eu, verdadeiramente eu, sou o poço sem muros, mas com a viscosidade dos muros, o centro de tudo com o nada à roda. E é, em mim, como se o inferno ele-mesmo risse, sem ao menos a humanidade de diabos a rirem, a loucura grasnada do universo morto, o cadáver rodante do espaço físico, o fim de todos os mundos flutuando negro ao vento, disforme, anacrónico, sem Deus que o houvesse criado, sem ele mesmo que está rodando nas trevas das trevas, impossível, único, tudo. Poder saber pensar! Poder saber sentir!









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