Perguntas:
Qual a diferença entre arte e literatura?
O que é uma imagem na literatura?
Qual a diferença entre uma imagem na literatura e na pintura/ fotografia?
Ver é ler? Ler é ver? Qual a diferença? Como se lê, como se vê?
Qual a relação entre o corpo e a linguagem?
Sugestão de um exercício, embora pareça infantil, é estimulante: comer sopa de letras: " a letra alimenta-nos..."
Curiosidade:costume hebraico de pôr palavras religiosas dentro de um ovo e comê-lo, portanto, come-se a palavra divina.
" Começou por ser instalação de museu e acabou por dar origem a um filme: Manifesto é interpretado por Cate Blanchett num invulgar exercício de versatilidade e transfiguração, que desempenha 13 papéis diferentes...
Uma instalação exposta num museu poderá ser (também) um filme? Não haverá, por certo, uma resposta única, muito menos definitiva. Seja como for, o filme Manifesto (estreia-se hoje) propõe uma hipótese original, envolvente e motivadora. E tanto mais quanto nele encontramos 13 personagens interpretadas por Cate Blanchett - todas as 13, entenda-se.
Exposta, desde 2015, em vários museus da Europa, a instalação Manifesto, concebida pelo artista alemão Julian Rosefeldt - também realizador do filme -, começou por ser uma conjunto de cenas autónomas em que Cate Blanchett declama vários extratos de textos que entraram na história como manifesto(s) das mais variadas visões do mundo, da política, do trabalho artístico, das relações humanas.
A lista de textos escolhidos é longa e sugestiva, começando com as palavras do Manifesto do Partido Comunista, escritas por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848, para desembocar nos preceitos técnicos e estéticos estabelecidos pelos cineastas dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg quando, em 1995, lançaram as bases do movimento Dogma.
Em qualquer caso, dizer que Blanchett "declama" tais textos é francamente insuficiente, para não dizer inadequado. Seguindo uma metodologia recheada de humor, Rosefeldt encena a atriz em situações e cenários que não estabelecem qualquer relação direta com os "conteúdos" dos manifestos citados. Assim, por exemplo: uma personagem sem abrigo deambula por uma grande zona de ruínas tecendo considerações sobre o situacionismo, citando, entre outros, Alexander Rodtschenko e Guy Debord; as palavras dos dadaístas, incluindo Tristan Tzara, Francis Picabia e Louis Aragon, são ditas por alguém que discursa durante uma cerimónia fúnebre; enfim, as memórias dos surrealistas, evocadas através do manifesto escrito por André Breton em 1924, surgem na boca de um fabricante de marionetas (com uma fascinante coleção de figuras da arte e da política concebida por Suse Wächter).
Cate Blanchett x 13
A multifacetada interpretação de Cate Blanchett é tanto mais surpreendente quanto valoriza a ironia do dispositivo montado por Rosefeldt. Outro exemplo particularmente feliz é aquele em que a atriz se desdobra em apresentadora de um jornal televisivo e repórter a intervir em direto: Blanchett evoca as linhas de força da arte conceptual e minimalista, não em tom de lição ou conferência, antes reproduzindo os automatismos de leitura de notícias e reportagem em contexto televisivo.
Daí também o divertido paradoxo de Manifesto. Não precisamos de conhecer ou reconhecer os textos evocados para sermos sensíveis ao seu apelo utópico. Todos nos falam de mundos mais ou menos alternativos em que, idealmente, as nossas linguagens teriam outra transparência e as relações entre os seres humanos seriam mais equilibradas. Ao mesmo tempo, descobrimo-los para além dos seus cenários "naturais", como se Rosefeldt nos quisesse dizer que é possível regressar a tais textos, não para os aplicar à letra, antes para relançarmos a sua energia de pensamento e os seus inusitados apelos emocionais.
Tendo em conta que este é um filme que, por assim dizer, nasceu no terreno dos museus, Manifesto pode também ser interpretado como um pedagógico exercício sobre as contaminações artísticas do nosso tempo. Afinal, é possível começar no domínio das artes plásticas e das instalações para desembocar no cinema. O cinema agradece a possibilidade de transgressão e transfiguração." In DN, Artes, João Lopes
De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusão,
A mesma ilusão
Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar deito-me nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, Sem Nome, tenho nada
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e de abismos
Acredito ter carne e vadiar
Ao redor dos teus cimos. De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
Do muito desejar altura e eternidade
Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua na água.
O artista é o criador de coisas belas.
O objectivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.
O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo ou para um novo material a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, tal como a mais rudimentar, forma de crítica é um modo de autobiografia.
Os que encontram significações torpes nas coisas belas são corruptos sem sedução, o que é um defeito. Os que encontram significações belas nas coisas belas são os cultos, Para esses há esperança.
Eleitos são aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza.
Um livro moral ou imoral é coisa que não existe. Os livros são bem escritos, ou mal escritos. E é tudo.
A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. Nenhum artista quer demonstrar coisa alguma. Até as verdades podem ser demonstradas.
Nenhum artista tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.
Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.
Sob o ponto de vista da forma, a arte do músico é o modelo de todas as artes. Sob o ponto de vista do sentimento, é a profissão de actor o modelo.
I'll never be as strong as you I'm a human, human A greater force I answer to...
A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. [Homem] livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo , burgueses de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.
Nas épocas anteriores da história encontramos quase por toda a parte uma articulação completa da sociedade em diversos estados [ou ordens sociais ], uma múltipla gradação das posições sociais. Na Roma antiga, temos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média: senhores feudais, vassalos, burgueses de corporação, oficiais, servos e, ainda por cima, quase em cada uma destas classes, de novo gradações particulares. A moderna sociedade burguesa, saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de luta, no lugar das antigas. A nossa época, a época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que directamente se enfrentam: burguesia e proletariado.
O que é essencial num manifesto é a acusação precisa, o insulto bem definido […] Seria necessário, a meu ver, com um laconismo fulminante e uma crueza absoluta de termos, atacar sem ênfase (o que não exclui as metáforas, muito pelo contrário) aquilo que sufoca, esmaga e apodrece o movimento literário e artístico na Bélgica; denunciar as academias pedantes, as camorras das exposições,a ladroeira dos editores, a tirania dos professores, dos eruditos e dos críticos ilustres mas tolos. Tudo isso, precisando as acusações com alguns detalhes ou anedotas e nomes, sobretudo. É necessário, portanto, violência e precisão; tudo muito corajosamente.
Declara-se para que se saiba:
1. que não apoiamos qualquer partido, grupo, directriz política ou ideologia e que na sua frente apenas nos resta tomar conhecimento: algumas vezes achar bom outras achar mau. Quanto à nossa própria doutrina, os outros hão-de falar.
2. que não simpatizando com qualquer organização policial ou militar achamo-las no entanto fruto e elemento exacto e necessário da sociedade - com quem não simpatizamos igualmente.
3. que sendo nós indivíduos livres de compromissos políticos permaneceremos em qualquer local com o mesmo à-vontade . Seremos nós os melhores Cofres-fortes dos segredos do Estado:ignoramo-los.
4. que sendo individualmente e portanto abjeccionalmente desligados das normas convencionais , temos o máximo respeito regozijo em ver essas mesmas normas nos comportamentos da sociedade. Assim delas daremos testemunho e mesmo ensino.
5. que não somos assim contra a ordem , o trabalho, o progresso, a família, a pátria, o conhecimento estabelecido (religioso, filosófico, científico ) mas que na e pela Liberdade, Amor e Conhecimento que lhes preside preferimos estes.
6. que a crítica é a forma da nossa permanência.
Manifesto surrealista ' Aviso a Tempo por Causa do Tempo' , do genial António Maria Lisboa.
Acredito na resolução futura destes condições aparentemente contraditórias de sonho e realidade numa espécie de realidade absoluta, se assim se pode dizer: surrealidade. Após a conquista, aspiro a certeza de não os alcançar, também despreocupado com a minha morte, no entanto, para não pesar pelo menos as alegrias de tal posse.
Viver e deixar de viver são soluções imaginárias. A existência está noutro local.
1952- Manifesto Ruptura [...] todas as variedades e hibridações do naturalismo; a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo “errado” das crianças, dos loucos, dos “primitivos”, dos expressionistas, dos surrealistas, etc...; o não figurativismo hedonista, produto do gosto gratuito, que busca a mera excitação do prazer ou do desprazer. É o novo: as expressões baseadas nos novos princípios artísticos; todas as experiências que tendem à renovação dos valores essenciais da arte visual (espaço-tempo, movimento e matéria); a intuição artística dotada de princípios claros e inteligentes e de grandes possibilidades de desenvolvimento prático; conferir à arte um lugar definido no quadro do trabalho espiritual contemporâneo, considerando-a um meio de conhecimento deduzível de conceitos, situando-a acima da opinião, exigindo para o seu juízo conhecimento prévio.
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos. […] Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres. […] A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna. […]
Portugal-Infinito, onze de Junho de mil novecentos e quinze...Hé-lá-á-á-á-á-á-á!De aqui, de Portugal, todas as épocas no meu cérebro, Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo,Ó sempre moderno e eterno, cantor dos concretos absolutos,Concubina fogosa do universo disperso,Grande pederasta roçando-te contra a diversidade das coisas Sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões...Pum! pum! pum! pum! pum! Agora, sim, partamos, vá lá prá frente,Pum!Heia...heia...heia...heia...heia...
Desencadeio-me como uma trovoada Em pulos da alma a ti, Com bandas militares à frente [...] a saudar-te... Com um [...] contigo e uma fúria de berros e saltos Estardalhaço a gritar-te E o universo anda à roda de nós como um carrocel com música dentro dos nossos crânios, E tendo luzes essenciais na minha epiderme anterior Eu, louco de [...] sibilar ébrio de máquinas,Tu célebre, tu temerário,tu o Walt — e o [...],Tu a [sensualidade porto?]Eu a sensualidade com [...] Tu a inteligência (...)
MANIFESTO FUTURISTA
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos glorificar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem.
8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!… Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade omnipotente.
9. Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo –, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de toda a natureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda a vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés multicores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas lutas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão entusiasta.
Dadá é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora desconhecido, amanhã toda a Zurique vai falar dele. Dadá vem do dicionário. É bestialmente simples. Em francês quer dizer "cavalo de pau". Em alemão: "Não me chateies, faz favor, adeus, até à próxima!" Em romeno: "Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente. Já tratamos disso." E assim por diante.Uma palavra internacional. Apenas uma palavra e uma palavra como movimento. É simplesmente bestial. Ao fazer dela uma tendência da arte, é claro que vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e vós, excelentíssimo poeta, que sempre poetaste com palavras, mas nunca a palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que nunca mais acaba, revolução Dadá que nunca mais começa. Dadá, vós, amigos e Também poetas, queridíssimos Evangelistas. Dadá Tzara, Dadá Huelsenbeck, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá, Dadá Hue, Dadá Tza.(...) Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois centímetros e meio. Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa. Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.
Dadá é a nossa intensidade: ergue as baionetas sem consequência a cabeça samatral do bebé alemão; Dadá é a vida sem pantufas e paralelas, que é por e contra a unidade e decididamente contra o futuro; sabemos de ciência certa que o nosso cérebro vai transformar-se em almofada confortável, que o nosso antidogmatismo é tão exclusivo como o funcionário, que não somos livres e gritamos liberdade; estrita necessidade sem disciplina e moral e cuspimos na humanidade. Dadá permanece no quadro europeu das fraquezas, mas assim como assim é merda para enfeitarmos o jardim zoológico da arte com todas as bandeiras consulares. Somos directores de circo e assobiamos por entre os ventos das feiras anuais, no meio dos claustros, dos bordéis, dos teatros, das realidades, dos sentimentos, dos restaurantes, ohi, hoho, bang, bang. Declaramos que o automóvel é um sentimento que nos acalentou com a lentidão das suas abstracções tal qual como os barcos a vapor, os ruídos e as ideias. No entanto, exteriorizamos a ligeireza, procuramos o ser central e alegramo-nos quando o ocultamos. Não queremos contar as janelas maravilhosas da elite, pois Dadá não está para ninguém e queremos que toda a gente compreenda isso. Aí é a varanda de Dadá, garanto-lhes. Dela podem ouvir-se as marchas militares, dela se pode descer, rasgando o ar como um serafim e ir mijar num urinol público e compreender a parábola. Dadá não é nem loucura, nem sabedoria, nem ironia, olhe bem para mim, honesto burguês. A arte era uma brincadeira, as crianças juntavam as palavras e punham campainhas no fim, e depois choravam e gritavam a estrofe e calçavam-lhes os botins das bonecas e a estrofe tornava-se rainha para morrer um pouco e a rainha tornava-se baleia e as crianças corriam até ficarem ofegantes.
Depois vieram os grandes embaixadores do sentimento
que gritaram historicamente em coro
psicologia psicologia hihi
ciências ciência ciência
vive la France
não somos ingénuos
somos sucessivos
somos
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS É O ESCARNEO DA CONSCIÊNCIA! SE O DANTAS É PORTUGUEZ EU QUERO SER HESPANHOL! O DANTAS É A VERGONHA DA INTELLECTUALIDADE PORTUGUEZA! O DANTAS É A META DA DECADÊNCIA MENTAL!
E AINDA HÁ QUEM NÃO CÓRE QUANDO DIZ ADMIRAR O DANTAS! E AINDA HÁ QUEM LHE ESTENDA A MÃO! E QUEM LHE LAVE A ROUPA! E QUEM TENHA DÓ DO DANTAS! E AINDA HÁ QUEM DUVIDE DE QUE O DANTAS NÃO VALE NADA, E QUE NÃO SABE NADA, E QUE NEM É INTELLIGENTE NEM DECENTE, NEM ZERO!...
E FIQUE SABENDO O DANTAS QUE SE UM DIA HOUVER JUSTIÇA EM PORTUGAL TODO O MUNDO SABERÁ QUE O AUTOR DOS LUZÍADAS É O DANTAS QUE N'UM RASGO MEMORÁVEL DE MODÉSTIA SÓ CONSENTIU A GLÓRIA DO SEU PSEUDÓNIMO CAMÕES. E FIQUE SABENDO O DANTAS QUE SE TODOS FÔSSEM COMO EU, HAVERIA TAES MUNIÇÕES DE MANGUITOS QUE LEVARIAM DOIS SÉCULOS A GASTAR. MAS JUYGAES QUE N'ISTO SE RESUME A LITTERATURA PORTUGUEZA? NÃÓ! MIL VEZES NÃO!(...)
PORTUGAL QUE COM TODOS ESTES SENHORES, CONSEGUIU A CLASSIFICAÇÃO DO PAIZ MAIS ATRAZADO DA EUROPA E DE TODO OMUNDO! O PAIZ MAIS SELVAGEM DE TODAS AS ÁFRICAS! O EXILIO DOS DEGRADADOS E DOS INDIFERENTES! A AFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! O ENTULHO DAS DESVANTAGENS E DOS SOBEJOS! PORTUGAL INTEIRO HA-DE ABRIR OS OLHOS UM DIA - SE É QUE A SUA CEGUEIRA NÃO É INCURÁVEL E ENTÃO GRITARÁ COMMIGO, A MEU LADO, A NECESSIDADE QUE PORTUGAL TEM DE SER QUALQUER COISA DE ASSEIADO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM
Outrosmanifestosdealmada
Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva e o seu refrão: "É preciso criar a pátria portuguesa do século XX".
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.
OS BAILADOS RUSSOS estão em Lisboa! Isto quer dizer: Uma das mais bellas étapes da civilização da Europa moderna está na nossa terra!”... “Aproveita, portanto, Portuguez! Vae ver os BAILADOS RUSSOS.
Tambémcontraodantasmassemtomdemanifesto...
Um grande artista (literário) nota-se aplicando-lhe a seguinte pergunta critica: tem paixão ou imaginação ou pensamento? Por ex. os “Lusíadas” de Camões têm paixão (o patriotismo), imaginação (o Adamastor, a Ilha dos Amores), mas não falhos de pensamento. Os sonetos de Antero têm sempre pensamento, às vezes imaginação, paixão nunca (Júlio Dantas nada: não é um grande poeta). O arquitecto, o pintor, o escultor não podem mostrar pensamento, nem o pode o compositor musical. Mas os três primeiros podem mostrar imaginação (conquanto não emoção); o segundo emoção, conquanto não imaginação. Vemos assim nitidamente as diferenças entre as artes. O pintor, se quiser dar uma aproximação do pensamento, só pode fazer uma coisa: simbolizar; o escultor menos, o arquitecto nada. O músico nunca pode nem dar nem indicar pensamento. E evidente a razão: a música dá a emoção, as artes da vista a imaginação; ora a emoção não está ligada à razão, mas a imaginação aproxima-se, sendo de perto uma combinação de emoção e razão, tendo o carácter não-rígido da emoção (a mildness), e a frieza da razão. A música é das artes todas a mais intuitiva, a mais instintiva, aquela em que crianças se tornam notáveis; é que da emoção depende e não da imaginação nem do pensamento, quer dizer, a segunda, mais do que a primeira, indesenvolvida nas crianças.
Manifesto - Não só rei novo, como também monarquia nova.
Nem a monarquia de caceteiros, que os miguelistas representam; nem a monarquia de conselheiros, que é pertença de manuelistas. Nada brigantino. Rei que fugiu, deixou de ser Rei.Como tudo quanto é alma portuguesa anseia pelo Rei, esse Rei é o Desejado. Como não sabemos quem há-de ser o Rei, ele é, para nós, o Encoberto. Assim se cria em nós o velho anseio sebastianista, único religiosismo verdadeiramente português. Na madrugada da era que para nós começa, através da névoa das nossas dúvidas e das nossas incompreensões, voltará, do fundo da alma da raça, o Rei da raça dos navegadores, D. Sebastião.
Nota à margem de não haver ainda Portugal Afirmação [p]ara substituir um Manifesto Vimos criar a sensibilidade portuguesa.
Até hoje só tem havido em Portugal a sensibilidade dos outros. Temos vivido por empréstimo a vida eur[o]peia. Salvo quando fizemos as descobertas, fomos sempre atrás dos últimos. Urge (...)
Lei de Malthus da sensibilidade- Os estímulos da sensibilidade aumentam em proporção geométrica; a própria capacidade de sentir aumenta apenas em progressão aritmética. Ao princípio, não se distingue bem a distância entre as duas progressões, mas, algum tempo passado, torna-se evidente; tempo depois evidentíssima. Na Renascença, ainda no princípio da nossa civilização, existia esta pequena diferença, porquanto a progressão aritmética 2.4.6.8. coincide no seu segundo termo com a progressão geométrica 2.4.8.16.....
É do romantismo para cá que se acentuou deveras com uma nitidez cada vez maior, a distância cavada pela virtude criadora dos números entre as duas progressões. De aí a incapacidade moderna de sentir o que sente. De aí a falência da sensibilidade contemporânea, enquanto não começou a perceber, por intuição aqui pela primeira vez exprimida em Lei, a sua razão aritmológica de ser. Primeiro avançaram os factos políticos para além da capacidade de os sentir; assim se estabeleceu na nossa civilização o princípio democrático quando nenhuma sensibilidade então, nem ainda, está apta a senti-lo.Com a era das máquinas a distância entre os termos de uma e outra progressão acentuou-se dolorosamente.
Terapêutica psíquica - Que maneira há de aproximar a sensibilidade da rápida multiplicação dos estímulos? Evidentemente que maneira natural, por assim dizer, não há nenhuma. Mas há uma maneira artificial. Como obter essa artificialização da sensibilidade? Como pode o homem tornar-se, efectivamente, o construtor do seu próprio emotivismo? Mediante três processos:
(1) a abolição do preconceito da personalidade. Acabemos com a ideia de que cada indivíduo é só ele-próprio. Todos nós coexistimos ao mesmo tempo que existimos. Todos nós somos todos os outros.
(2) A abolição do preconceito da individualidade. Deixemos de aceitar como verdadeira a tese fundamentalmente teológica da indivisibilidade da alma. Somos agregados de células, agrupamentos de psiquismos, de sub-nós, somos inteiramente tudo menos nós-próprios. Submerjamo-nos no mar de nós-próprios, afogados no Universo de lhe pertencermos.
(3) A abolição do dogma da continuidade lateral. Não julguemos mais que nós, do presente, somos um laço, um hífen móbil, entre o passado e o futuro. Não somos. Somos sim contínuos mas não com o passado ou com o futuro. A nossa continuidade é toda com o presente — com o presente externo de todas as coisas, e com o presente interno de todas as sensações.
Invertamos a ignóbil frase cientista que Bacon trasladou de Hipócrates — a de que a Natureza só se vence obedecendo-se-lhe. Ao contrário, à Natureza só se obedece vencendo-a. Só sendo superiores a tudo é que somos os iguais de tudo.
A interpretação futurista é uma visão de míopes da sensibilidade. Olham para o lado da Verdade, mas não lhe distinguem a figura.
Avisam-se os incautos e os sujeitos à hipnose do estrangeiro que este manifesto é superior, em todos os sentidos, a todos os manifestos simbolistas, cubistas ou futuristas.
MANIFESTO ANTROPÓFAGO
Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com os sustos da psicologia impressa.
O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-mundi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
Só podemos atender ao mundo orecular.
Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.
Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.
Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.
O instinto Caraíba.
Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência.Conhecimento. Antropofagia.
Contra as elites vegetais5. Em comunicação com o solo.
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju
A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E
sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.
Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade.
Esse homem chama-se Galli Mathias. Comi-o.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: - Meu filho, põe essa coroa na tua
cabeça, antes que algum aventureiro o faça21! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as
ordenações e o rapé de Maria da Fonte22.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura,
sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.
Oswald de Andrade
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano I, maio de 1928.)
Manifestoantioquequerquesejaquetiraosono...
Espera-me uma insónia da largura dos astros, E um bocejo inútil do comprimento do mundo. Não durmo; não posso ler quando acordo de noite, Não posso escrever quando acordo de noite, Não posso pensar quando acordo de noite — Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite! Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer! Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo, E o meu sentimento é um pensamento vazio. Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada, E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo. Não tenho força para ter energia para acender um cigarro. Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo. Lá fora há o silêncio dessa coisa toda. Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer, Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir. Estou escrevendo versos realmente simpáticos — Versos a dizer que não tenho nada que dizer, Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos... Tantos versos... E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim! Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir. Sou uma sensação sem pessoa correspondente, Uma abstracção de autoconsciência sem de quê, Salvo o necessário para sentir consciência, Salvo — sei lá salvo o quê... Não durmo. Não durmo. Não durmo. Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma! Que grande sono em tudo excepto no poder dormir! Ó madrugada, tardas tanto... Vem... Vem, inutilmente, Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta... Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste, Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança, Segundo a velha literatura das sensações. Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança. O meu cansaço entra pelo colchão dentro. Doem-me as costas de não estar deitado de lado. Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado. Vem, madrugada, chega! Que horas são? Não sei. Não tenho energia para estender uma mão para o relógio, Não tenho energia para nada, para mais nada... Só para estes versos, escritos no dia seguinte. Sim, escritos no dia seguinte.
Outrosmanifestosnãomodernistas...
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só pensar nela. Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulsa dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória; a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem querer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez,
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti, como de mim.
Perde-se a vida, a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz, seria
Matar a sede com água salgada.
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