Será que o meu hábito de me colocar na alma dos outros, me leva a ver-me como os outros me vêem, ou me veriam se em mim reparassem? Sim. E uma vez eu perceba como eles sentiriam o meu respeito se me conhecessem, é como se eles o sentissem na verdade, o estivessem sentindo, e sentindo-o, exprimindo-o naquele momento. Conviver com os outros é uma tortura para mim. E eu tenho os outros em mim. Mesmo longe deles sou forçado ao seu convívio. Sozinho, multidões me cercam. Não tenho para onde fugir a não ser que fuja de mim.
As imagens mais verdadeiras são aquelas que mentem.
Ele e eu fomos próximos da forma desapegada e intermitente que é a única que tenho de ser próxima de alguém. Era dele o eixo que estruturava o meu viajar: norte, bússola, não ter medo de me perder. Mesmo antes dos movimentos além-fronteira, foi ele o contraponto ao temperamento volátil da minha mãe. Penso: talvez ser mãe esteja ligado a ser filha. Pode ser que a filha que eu fui determine em parte a mãe que poderia ter sido. Tanto quanto não-sido.
A mulher que tem filhos torna-se mãe, mas não há palavra para não o ser...
Não deverá existir o direito de não nascer?
Nunca me esqueci do que me impeliu para o ser amado.
A menina silenciosa tornou-se numa rapariga discreta, de poucos afetos e menos entusiasmos.
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