... quero passar muito tempo a olhar para o mar até o mar se gastar nos meus olhos e não ser mais do que uma linha branca que faz chorar.
Gastei o dinheiro do transporte em livros e arrrasto os pés para levantar o pó e depois respirá-lo...
Vejo mortos.(...) Também adivinho coisas. Eu sei como a russa vai morrer...
Afundo-me nas ideias de Kierkegaard quando volto da escola. Afundo-me nas suas ideias como quem regressa a um porto seguro onde já esteve...
A minha mãe penteia-me, põe-me um laço azul e chama-me Nancy.Queri ir para o quarto para continuar a ler Kierkegaard , ir assim, vestido de mulher.
A minha mãe também julga que eu sou maricas, que gosto de homens, mas eu não sinto nada.
Sinto-me à vontade vestida de Nancy e ninguém me reconhece e posso dizer que sou a Cassandra e ninguém olha para mim com estranheza. Sou uma rapariga que vai a uma festa...
OCAPITÃO.O capitão.O capitão. O capitão.O capitão.O capitão.O capitão.O capitão.O capitão.O capitão.O capitão.O capitão olha para mim e é como se não me visse. O capitão olha para mim, mas não olha para mim. Ocapitão olha para a mulher amada que jaz em Cuba e é parecida comigo. Não estou dentro dos olhos do capitão, ela é que está, a que já não está.
Dedicatória que a russa escreve, na edição cubana de Anna Karenina, que oferece a Raulito: " Para o Raulito porque gosto mais dele do que dos filhos que terei no futuro."
Foi a Svetlana que te ofereceu esta merda- diz a minha mãe quando me vê chegar com o livro.
Foi a Svetlana que te ofereceu esta merda- diz a minha mãe quando me vê chegar com o livro.
A minha mãe chama-me maricas num entardecer de setembro, olhando-me nos olhos.
Raulito usa a palavra "anjo" num poema e é acusado de " diversionismo ideológico"...Comove imaginar o sofrimento deste adolescente que não percebe quem é...Eu não tenho futuro , sou uma árvore de raízes na areia...
A mãe quer que Raulito seja Nancy, a tia precocemente, desaparecida; o capitão vê no soldado Raul Iriarte a mulher que ficou em Cuba e morreu...Ele torna-se Cassandra...
Raulito usa a palavra "anjo" num poema e é acusado de " diversionismo ideológico"...Comove imaginar o sofrimento deste adolescente que não percebe quem é...Eu não tenho futuro , sou uma árvore de raízes na areia...
A mãe quer que Raulito seja Nancy, a tia precocemente, desaparecida; o capitão vê no soldado Raul Iriarte a mulher que ficou em Cuba e morreu...Ele torna-se Cassandra...
O capitão chama-me pelo nome dela e dá-me um abraço que nos consome a ambos, o abraço mais longo do mundo deu-me o capitão enquanto as balas que me vão matar descansam dentro da espingarda automática.
Jogamos beisebol e o Anna Karénina ficou aberto em cima da cama e eu penso que algém pode roubar-mo para limpar o ânus e que então ficarei mais só, mais abandonado do que nunca, apenas com os deuses, apenas com Apolo...
José, irmão de Raulito: - " Se o velho descobrir, mata-te,e a ele expulsam-no do partido e, provavelmente, do trabalho, está proibido de ter um filho maricas."
A alternância Cuba/ Angola não me parece eficaz, como estratégia narrativa. Desagrada-me...Também não apreciei a veracidade dos dons divinatórios de Taulito como Cassandra: tudo deveria ter permanecido no reino da imaginação....
Lejos de un dilema de época, la literatura de Gala crece en esa representación de los inadaptados: aquellos que no encajan, que incomodan y quedan a la deriva en un sistema que prefiere invisibilizarlos. El tiempo y el espacio son relativos. ¿Angola? ¿Cuba? ¿La Grecia clásica? Lo que importa, más allá de eso, es el escenario de tragedia anticipada, cómo la condición humana sigue sujeta a mandatos que la arrastran hasta su propia perdición>Él siente que lo es, y que está viviendo en un cuerpo prestado, pero no por ser transgénero –que lo es– sino que es como una reencarnación.
O que eu adoro este poema...
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