Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...
sábado, 15 de agosto de 2015
Donzelas, Veladoras e Marias...
Non chegou, madre, o meu amigo,
e hoj'ést'o prazo saído!
ai, madre, moiro d'amor!
Non chegou, madre o meu amado
e hoj'ést'o prazo passado!
ai, madre, moiro d'amor!
Um quarto que é sem dúvida num castelo antigo. À direita, quase em frente a quem imagina o quarto, há uma única janela, alta e estreita, dando para onde só se vê, entre dois montes longínquos, um pequeno espaço de mar. Do lado da janela velam três donzelas. A primeira está sentada em frente à janela, de costas contra a tocha de cima da direita... É noite e há como que um resto vago de luar.
PRIMEIRA — Ainda não deu hora nenhuma.
SEGUNDA — Não se pode ouvir. Não há relógio aqui perto. Dentro em pouco deve ser dia.
TERCEIRA — Não: o horizonte é negro.
PRIMEIRA — Não desejais, minha irmã, que nos entretenhamos contando o que fomos? É belo e é sempre falso. ..
SEGUNDA — Não, não falemos nisso. De resto, fomos nós alguma cousa?
PRIMEIRA — Talvez. Eu não sei. Mas, ainda assim, sempre é belo falar do passado... As horas têm caído e nós temos guardado silêncio. Por mim, tenho estado a olhar para a chama daquela vela. Às vezes treme, outras torna-se mais amarela, outras vezes empalidece. Eu não sei por que é que isso se dá. Mas sabemos nós, minhas irmãs, por que se dá qualquer cousa?...
A MESMA — Falar do passado — isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena...
SEGUNDA — Falemos, se quiserdes, de um passado que não tivéssemos tido.
TERCEIRA — Não. Talvez o tivéssemos tido…
PRIMEIRA — Não dizeis senão palavras. E tão triste falar! É um modo tão falso de nos esquecermos! ... Se passeássemos?...
TERCEIRA — Onde?
PRIMEIRA — Aqui, de um lado para o outro. As vezes isso vai buscar sonhos.
Fernando Pessoa padece de cultura clássica... é o sensacionista mais puramente intelectual; a sua força reside mais na análise intelectual do sentimento e da emoção, por ele levada a uma perfeição que quase nos deixa com a respiração suspensa. Do seu drama estático, O Marinheiro, disse uma vez um leitor: «Torna o mundo exterior inteiramente irreal e, de facto, assim é. Nada de mais remoto existe em literatura. A melhor nebulosidade e subtileza de Maeterlinck é grosseira e carnal em comparação.» (...) jóia rara de requintado gosto, no mais belo poema dramático, jogado entre três personagens femininas, que falam e sonham com ‘O Marinheiro’ na mais delirante e poética sonoridade que alguma vez a língua portuguesa alcançara na sua musicalidade, onde o som da palavra clarifica e ilumina o significado, tornando o real, sonho e onde o sonhado é ele próprio o Marinheiro, personagem inexistente, mas presente na acção mágica do teatro musicado, através das vozes de três mulheres veladoras. O Marinheiro é o V Império.
Em «O Marinheiro», há oposição entre a vida e o sonho. Assistimos, ao longo da peça, à hesitação entre querer fugir da vida e um ritual em que, através do sonho, as veladoras querem voltar ao Eu Primordial. O sonho das veladoras é extremamente complexo: é passado e é divinatório, uma regressão que nos projecta para o futuro. O Marinheiro, algures entre o céu e a terra, é poder criador: – “Por que não será a única coisa real nisto tudo o marinheiro, e nós e tudo isto aqui apenas um sonho dele?…”.
Por isso à beira deste mar, donzelas,
Conduzi vossa dança ao som de risos
Soberbamente antigas
Pelos pés nus e a dança
Enquanto sobre vós arqueia Apolo
Como um ramo alto o azul e a luz da hora
E há o rito primitivo
Do mar lavando a costa
Naquele singelo sorrir estava uma dessas grandes paixões, que dão assunto para trinta páginas. Não é de hoje esta espécie de taquigrafia amorosa aplicada, nos olhos e no sorriso, à revelação de imensas sensações. Quanto mais longe de nós, mais afinado o sentimento, menos astuciosa a linguagem, e mais necessária a expressão muda nos olhos baixos, ou nos castos sorrisos de uma donzela do século passado.
Não gosta de picasso como ser humano, nem aprecia, particularmente, o cubismo, mas as demoiselles d'avignon são uma referência, na história da pintura. Fica o registo, não como símbolo de apreço, mas tão só como informação.
Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança,talvez por ser louca, desenvolveu a cultura e as ciências:enviou missões a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique; fundou a Academia Real das Ciências de Lisboa, a Real Biblioteca Pública da Corte e a Academia Real de Marinha...
A loucura da Maria, autora deste blogue, só implicou desenvolver a Web 2.0...
Escrito em 1972 por Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, Novas Cartas Portuguesas é um livro maldito. Banido em Portugal, aclamado lá fora, e por fim esquecido, nunca se livrou do estigma de ser o grande texto feminista português do século XX. A reedição que a Dom Quixote agora publica, com anotações de Ana Luísa Amaral, trá-lo finalmente de volta ao seu lugar na história da literatura portuguesa. Quase 40 anos depois, continua a ser um livro contemporâneo, e há toda uma nova geração a redescobri-lo. Já não temos medo dele? (Público,10/11/2010 )
Na época, Simone de Beauvoir, Margarite Duras, Doris Lessing, Íris Murdoch e Stephen Spencer assumiram , publicamente, a sua solidariedade com as feministas portuguesas.
Uma unidade-78 calorias. Cuidado com esta Maria:é ainda mais perigosa do que as três Marias juntas...
Todos os dias são dias
Mas também há dias santos
Entre todas as Marias
Tu és a dos meus encantos...
(Ora aqui está o "lindo" poema de amor que lhe foi dedicado quando tinha 16 amos...)
Será que teria preferido algo assim?
Ah,ah mentira...sempre achou o richard beymer com cara de parvo. Atualmente, por maioria de razão, embirra com ele: é parecido com o antónio seguro - o mesmo arzinho de bom menino gelatinoso, invertebrado, que lhe causa repulsa instintiva...
Isto de, no meio das marias, meter antónios, não está certo, mas a perfeição não existe.
Avé, Maria, cheia de graça
O senhor é convosco
Bendita sois vós entre as mulheres
Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus
Santa Maria, mãe de Deus
Rogai por nós, pecadores
Agora e na hora da nossa morte
Ámen
Ó Virgem Santíssima, Mãe Protetora dos Aflitos, refúgio e libertadora dos sofredores, ouvi, ó Mãe, os meus rogos e aliviai a minha dor. Rogo-Vos, pois, pela misericórdia de Vosso Santíssimo Filho e pela agonia que Jesus mesmo teve quando orou ao eterno Pai no monte das oliveiras , pelas duras cordas com que o prenderam ,pelos cruéis flagelos com que O açoitaram, pelos rigorosos espinhos com que O coroaram e pelas lágrimas e suor do sangue que derramou.
Nossa Senhora, Mãe Protetora dos Aflitos,
Valei-me , Valei-me , Valei-me ,Valei-me , Valei-me , Valei-me , Valei-me , Valei-me.
(Reza-se um Pai Nosso, uma Avé Maria, uma Glória ao Pai e uma Salvé Rainha) ...
E d´esta cuita ´n que me vos teendes,
em que og´eu vivo tan sen sabor
que farei eu pois mi-a vos non creedes?
que farei eu, cativo pecador?
que farei eu, vivendo sempre assi?
que farei eu, que mal-dia naci?
que farei eu, pois me vos non valedes?
que farei eu, se logo non morrer?
que farei eu, se mais a viver ei?
que farei eu, que conselhos non sei?
que farei eu, que vos desamparades?
Qu'est-ce que je peux faire ? je ne sais pas quoi faire?
Eu vou ser feliz Aqui tão perto de ti...
Bloom fingiu-se espontâneo.Fingiu duas vezes ser espontâneo,depois três,mas não conseguiu.
Não estás a ser espontâneo, disse Maria.
Ora vê - e Bloom repetiu a sua imitação falsa do espontâneo.
O que eu quero - disse Maria - é uma imitação verdadeira do espontâneo.
Maria Bloom é o elemento aglutinador que confere a esta narrativa fragmentária a unidade impossível...
O possível existe pelo menos uma vez,o impossível é único porque não é imitável.Ninguém se queixa de não saber imitar o impossível. A triste história de maria bloom poderia ser um subtítulo de a perna esquerda de paris...
Maria Bloom tinha aulas de paradoxos,duas vezes por semana, das seis às cinco da tarde. Nunca chegava a tempo porque chegava sempre adiantada.
Maria Bloom tinha uma dicotomia. Tinha-a encontrado na rua,ontem, dentro da cabeça,ao fim da tarde. Maria Bloom estava muito contente com a sua dicotomia.
Maria esteticamente era como a escrita de Mallarmé: não se percebia se era bonita ou feia,atraente ou horrível.
Maria Bloom por vezes era literária nas extremidades eróticas,o que aborrecia os homens.Preferiam que ela fosse erótica nas frases,erótica no alfabeto.No entanto existiam ainda outros dias.
Maria Bloom dizia que todas as catástrofes surpreendentes podem, uma semana depois,ser integradas em ficheiros,arrumados na 3ª prateleira.Toda a desordem ,no dia seguinte,é catalogável.
Maria... não tinha sido educada para transmitir amor, mas sim para transmitir informações.
Maria ...Falava como quem julga.
Maria Bloom tinha amigos, mas os amigos não a tinham a ela.
Maria Bloom tinha sido educada em prateleiras de livros. Brinquei mais em frente a prateleiras que sobre a erva, dizia Maria.
Maria até certa idade pensava que andar apaixonada era uma atividade profissional, exactamente como ensinar ou estucar paredes
Maria Bloom olhava para um poema como se este fosse um auxiliar administrativo convocado para fazer funcionar a alegria ou, em oposição,a angústia.
Maria Bloom fechava a boca quando lia porque considerava má educação interromper quem fala.
Maria era sensível à dor e à doença, e entre duas refeições chorava muito, como se os sentimentos se tivessem tornado obrigatórios.
Maria Bloom queria ser escritora,mas só sabia viver,não sabia escrever.
Maria despertava nos outros - há que o dizer - não um interesse apenas orgânico.Havia nela uma forma de suspirar que se assemelhava a um verso inteligente.
Miss Maria tinha menos segredos que uma caixa vazia. Mas tinha mais segredos que uma caixa cheia.
Maria gostava de ouvir toda a gente,mesmo as ovelhas quando faziam mé. Não fechava os ouvidos a nada.Não era mulher para ser complicada do pescoço para baixo. E do pescoço para baixo havia o cabelo,e do cabelo para cima havia o céu.
Maria Bloom gostava de ouvir os pássaros...Mas Maria Bloom não era uma mulher mitológica: era uma mulher.Tinha sensações e comovia-se com a realidade.
Na primeira noite ao lado de Gregor, Maria Bloom vomitou.
Maria Bloom estava agora distante das grandes alegrias e dos grandes sofrimentos,porque já era velha. Tudo é intermédio quando já não se é forte.
Uma mulher obesa avança,assim, a partir do meio da página,a passo; tranquila, mas não lenta.Essa mulher chama-se Maria Bloom.
Mas Maria Bloom não era uma máquina,não era uma máquina.
Maria Bloom tinha a cabeça curvada e o medo levantado... Dois velhos, e o homem velho tem ainda ciúmes da mulher velha. Gregor acusa Maria de tentar seduzir outro homem.
Fim da história de Maria Bloom...
Outras elas...
Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes..
Há mulheres, tal como há homens.Eu reescreveria: há seres que...
Embirro com os dias de ... da mamã, do papá, do mano, da mana, disto, daquilo e ...com o da mulher nem se fala... Que canseira.
Considera menoridade mental continuar com a coisa de mulher/ homem... Há seres, o sexo é um acidente que implica, inevitavelmente, diferenças anatómicas e fisiológicas, mas isso é a faceta animal da raça humana.
Irrita-se que a considerem um mulher inteligente: é uma pessoa inteligente... O que tem o quociente de inteligência, a lucidez mental e a capacidade de raciocínio a ver com o género... Que se saiba, não se pensa com o pénis nem com a vagina... Que se saiba ter ou não ter útero / testículos não é a questão.
Em pleno século XXI, ter orgulho em ser mulher é ridículo...
Um homem que lê, ou que pensa, ou que calcula, pertence à espécie e não ao sexo; nos seus melhores momentos escapa mesmo ao humano.
Não se nasce mulher, torna-se mulher.
Não gosta da palavra mulher, o "mu" é inestético e o "lher" nem comenta... Não serve sequer para uma rima de jeito- não há poema possível com a palavra mulher. Não gosta do dia da mulher. Todos têm de se pronunciar sobre, só a obrigação profissional a obrigava a estes dias de... Acabou... Entretanto, pôs-se a pensar na palavra homem- outro vocábulo detestável- "ho" e "mem" que combinação bizarra. Foneticamente, evoca o complexo de édipo, pois soa a "ó mãe".
A dicotomia maniqueísta homem-mulher não tem dignidade fónica nem filosófica...
Não consegue , nunca conseguiu sentir-me mulher. Será culpa ou inocência? Se for culpa , declaro-se culpada...
Não recorda o dia em que foi menstruada pela primeira vez como algo relevante; gosta, naturalmente, do filho, mas nunca diria que o dia em que ele nasceu foi o mais importante da sua vida. Não sabe ,sequer, o que significa ser mulher... Quando, masoquisticamente, vê um programa típico do dia, a ouvir afirmações sobre ser mulher para se penitenciar...O que conclui? Todas, mas todas as entrevistadas, falam de si como mães. Mas, afinal, hoje é dia da mulher ou dia da mãe? Mais parece o dia da fêmea, pois parir não é típico da mulher é , estou convicta, privilégio de todas as fêmeas, de todas as espécies...
Fisiologicamente, as diferenças homem-mulher são óbvias, agora as tretas que se ouvem indignam, causando um misto de repulsa, de riso , de comiseração." Ser mulher é ser especial...".Diz, deliciada, uma mulher embrulhada em popelines, com ar de guloseima, perante o olhar de cumplicidade complacente de uma entrevistadora tipo barbie, mas que, pelos vistos, sabe o que é ser mulher...
Nunca ninguém entendeu esta frieza, nunca ninguém a entenderá( desistiu de a comunicar) e remete-se, como relativamente a tudo o que é verdadeiramente importante,ao silêncio. Por vezes a palavra representa um modo mais acertado de se calar do que o silêncio.. Considera-se, tão só, um animal racional,acidentalmente, do sexo feminino, mas as emoções não têm género. Não tem dia de...Não é, definitivamente, merecedora de efemérides...
Caímos na teorização estéril, seguindo, como a fogos-fátuos, todas as teorias que não são mais que as exalações letais da civilização decomposta. Desde a teoria da democracia, concebida à moderna, e fora da sua coexistência com o princípio corrigente da escravatura, como na antiguidade, até à teoria do feminismo, em que o sexo inferior recebe foros de igual ao sexo imperante, tudo é uma dissolução e uma descida, tudo é, quando muito, a estrumeira onde colha vida a Europa futura, liberta do peso do dogma cristista.
Culpa ou inocência?
Existe uma coisa que uma longa existência me ensinou: toda a nossa ciência, comparada à realidade, é primitiva e inocente; e, portanto, é o que temos de mais valioso....
A única defesa está na maldade. As pessoas apressam-se, então, a julgar, para elas próprias não serem julgadas. Que quer? A ideia mais natural para o homem, a que lhe surge ingenuamente, como no fundo da sua natureza, é a ideia da sua inocência. Sob esse aspeto, somos todos como aquele francesinho que, em Buchenwald, teimava em querer apresentar uma reclamação ao escrivão, prisioneiro como ele, quando registava a sua chegada. Uma reclamação? O escrivão e seus colegas riam: "Inútil, meu velho. Aqui, não se reclama." "Mas, veja bem, meu caro senhor", dizia o francesinho, "o meu caso é excepcional. Sou inocente!"
Existe a seiva. Existe o instinto. E existo eu suspensa de mundos cintilantes pelas veias metade fêmea metade mar como as sereias.
Gosta de natália correia: metade fêmea, metade mar...
Desde que as coisas se tornem naquilo que a gente quer é igual dizer meu homem ou dizer minha mulher...
As mulheres sempre foram mais
minuciosas na vingança — disse Bloom. Folheiam-na
sem saltar uma página. E tratam das unhas
antes de pegar no machado.
Pelo contrário, um homem com raiva
e ressentimento é atabalhoado, desastrado,
incapaz de encontrar a pronúncia perfeita da violência,
Talvez seja errado pensar que Lucy é homossexual[...] Talvez ela prefira a companhia feminina. Ou talvez seja isso mesmo que as lésbicas são: mulheres que não precisam de homens.[...] Violar uma lésbica é pior do que violar uma virgem: é um golpe mais forte [...] Não pode esperar que Lucy o ajude, pacientemente ela tem de descobrir o caminho para a luz[...]O seu prazer em viver foi apagado.
O corpo não é, portanto, fixo ou constante, como quer a perspectiva naturalista, mas pode ser modificado, aperfeiçoado, e as suas necessidades produzidas e organizadas de diferentes maneiras. Essa concepção traz a marca do pensamento nietzschiano, pois, segundo Foucault, a genealogia é um tipo de história que não se referencia na consciência ou no Eu (com sua unidade e coerência), mas no corpo e em tudo que se relaciona com ele: a alimentação, o clima, os valores. O corpo, "lugar de dissolução do eu", "volume em perpétua pulverização", traz consigo "na sua vida e na sua morte, na sua força e na sua fraqueza" a inscrição de todos os acontecimentos e conflitos, erros e desejos.(...)
Apesar dessa influência, o pensamento de Nietzsche concederia uma liberdade de ação muito grande ao corpo, o que não estaria de acordo com as descrições minuciosas de Foucault sobre as técnicas do poder disciplinar. Nesse sentido, as suas elaborações também estariam influenciadas pelas reflexões desenvolvidas por Merleau-Ponty na Fenomenologia da Percepção (1945), especialmente as relacionadas às estruturas invariantes existentes no "corps vécu" ou "corps propre". Entretanto, essas constantes ainda seriam muito gerais para lidar com a especificidade histórica com que Foucault descreve as técnicas de constituição do corpo. Foucault mantém-se, portanto, "evasivo" em relação à extensão das modificações impostas pelas tecnologias de poder, ou seja, ele não determina claramente até que ponto o corpo pode ser modelado pelas relações de poder. Em suma, como observam H. Dreyfus e P. Rabinow, mesmo percebendo as influências de Nietzsche e Merleau-Ponty, é difícil determinar, com exatidão, a concepção de corpo em Foucault.
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