I took a heavenly ride trough our silence I knew the waiting had begun And headed straight... into the shining sun...
W voma moma tp caund tq du m senman ta shime?? Esthi siwi ligo mesi desod... Fw t lasul te,t lasul... cati bse hupez...
As horas pela alameda Arrastam vestes de seda, Vestes de seda sonhada Pela alameda alongada Sob o azular do luar... E ouve-se no ar a expirar - A expirar mas nunca expira - Uma flauta que delira, Que é mais a ideia de ouvi-la Que ouvi-la quase tranquila Pelo ar a ondear e a ir... Silêncio a tremeluzir...
O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas... Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso... Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte... O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto... Minha ideia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e entanto Tu és a tela irreal em que erro em cor a minha arte..Abre todas as portas e que o vento varra a ideia Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões... Minha alma é uma caverna enchida pela maré cheia, E a minha ideia de te sonhar uma caravana de histriões...Porque me aflijo e me enfermo?... Deitam-se nuas ao luar Todas as ninfas... Veio o sol e já tinham partido... O teu silêncio que me embala é a ideia de naufragar, E a ideia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido...E eu deliro... De repente pauso no que penso... Fito-te E o teu silêncio é uma cegueira minha... Fito-te e sonho... Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te, E a tua ideia sabe à lembrança de um sabor de medonho...O teu silêncio é um leque — Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo, Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...Gelaram todas as mãos cruzadas sobre todos os peitos... Murcharam mais flores do que as que havia no jardim... O meu amar-te é uma catedral de silêncios eleitos, E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra... O que é que me tortura?... Se até a tua face calma Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos... Não sei... Eu sou um doido que estranha a sua própria alma... Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...
Tive um outro intervalo comigo próprio. Tornei a meditar sem saber em quê. Quando de novo despertei o silêncio era absoluto — logo invisível de todos os meus sonhos idos e das minhas esperanças mortas, e a minha consciência da vida afundava-se lentamente nele, assumindo, à medida que se afundava, noções novas de possibilidades de compreender a vida sob outros aspectos, vagos terrores e interiores.
Não sei que diga. Se falar como sou, não serei entendido... Calo. Falar seria não me compreenderem. Prefiro a incompreensão pelo silêncio.
yes I wonder why...
Tu não existes, eu bem sei, mas sei eu ao certo se existo? Eu, que te existo em mim, terei mais vida real do que tu, do que a própria vida que te vive?
A minha vida é tão triste, e eu nem penso em chorá-la; as minhas horas tão falsas, e eu nem sonho o gesto de parti-las. Como não te sonhar? Como não te sonhar? Ópio de todos os silêncios, Lira para não se tanger, Vitral de lonjura e de abandono — faze com que eu seja odiado pelos homens e escarnecido pelas mulheres.(...) Torna-me inútil e estéril, ó Acolhedora de todos os sonhos vagos; faze-me puro sem razão para o ser, e falso sem amor a sê-lo (...) — ó Ladainha de Desassossegos, ó Missa-Roxa de Cansaços, ó Corola, ó Fluido, ó Ascensão!... Que pena eu ter de te rezar como a uma mulher, e não te querer (...)como a um homem, e não te poder erguer os olhos do meu sonho como Aurora-ao-contrário do sexo irreal dos anjos que nunca entraram no céu!
Correm rios, rios eternos por baixo da janela do meu silêncio. Vejo a outra margem sempre e não sei porque não sonho estar lá, outro e feliz. Talvez porque só tu consolas, e só tu embalas e só tu carpes e oficias.(...) Tu não o sabes, tu não sabes que o não sabes, tu não queres saber nem não saber. Despiste de propósitos a tua vida, nimbaste de irrealidade a teu mostrar-te, vestiste-te de perfeição e de intangibilidade, para que nem as Horas te beijassem, nem os Dias te sorrissem, nem as Noites te viessem pôr a lua entre as mãos para que ela parecesse um lírio. Desfolha ó meu amor sobre mim pétalas de melhores rosas, de mais perfeitos lírios, pétalas de crisântemos (...) cheirosas à melodia do seu nome. E eu morrerei em mim a tua vida, ó Virgem que nenhum abraço espera, que nenhum beijo busca, que nenhum pensamento desflora.
O indivíduo, na sua angústia de não ser culpado mas de passar por sê-lo, torna-se culpado. Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo. A vida decide por nós,compromete-nos a existência... Sem pecado, nada de sexualidade, e sem sexualidade, nada de História.
[...] a possibilidade da liberdade não é poder escolher entre o bem e o mal. [...] A possibilidade é o poder. Num sistema lógico é bem cómodo dizer que a possibilidade se transforma na realidade.Todavia isso não é assim tão fácil e precisa-se de uma determinação intermediária. Essa determinação intermediária é a angústia, que,todavia, não explica o salto qualitativo como não o justifica eticamente. A angústia não é nenhuma determinação da necessidade, mas também nenhuma da liberdade, ela é uma liberdade cativa, onde a liberdade em si mesma não é livre, mas sim cativa, não na necessidade, mas sim em si mesma.
23 de fevereiro de 2015
Todo homem que for dotado de espírito filosófico há-de ter o pressentimento de que, atrás da realidade em que existimos e vivemos, se esconde outra muito diferente e por consequência, a primeira não passa de uma aparição da segunda.
Não sei de que maneira a sucessão Dos dias tem achado este meu ser Que a si mesmo se tem ignorado. Não sei que tempo vago atravessei Nos breves dias de febril ausência De parte do meu ser. Agora Não sei o que há em mim que sobrenada A ignorada cousa que perdi. Cansado já doutra maneira vaga,Sinto-me diferentemente o mesmo; Não sei detidamente o que mudou Em mim, nem sei o que de mim me resta A não ser esta vaga e horrorosa Sufocação da existência inerte Num pavor. Mas a mesma já não é. Sinto pavor, mas já não é o mesmo Pavor, nem é a mesma solidão D'outrora, a solidão em que me sinto.(...) Resta-me apenas um desejo ermo De amar e de sentir, mas não me sinto Educado no ser ou natural Ao sentimento, à emoção, à vida, Mas alheado (...) E a minha antiga dor imorredoura Mais escondida dentro em mim de mim E eu menos, não sei como, isolado Só de mim mesmo, perdido... Neste atordoamento nasce em mim Qualquer coisa de negro e estranho e novo Que pressinto com medo, e que, outrora, Arredado de mim dentro em minha alma, Eu pressentia sem o pressentir..
De suave e aérea a hora era uma ara onde orar. Por certo que no horóscopo do nosso encontro benéficos conjuntos culminavam. Tal, tão sedosa e tão subtil, a matéria incerta de sonho visto que se intrometia na nossa consciência de sentir. Cessara por completo, como um verão qualquer, a nossa noção ácida de que não vale a pena viver. Renascia aquela primavera que, embora por erro, podíamos pensar que houvéssemos tido. No desprestígio das nossas semelhanças os tanques lamentavam-se da mesma maneira, entre árvores, e as rosas nos canteiros descobertos, e a melodia indefinida de viver — tudo irresponsavelmente. Não vale a pena pressentir nem conhecer. Todo o futuro é uma névoa que nos cerca e amanhã sabe a hoje quando se entrevê. Meus destinos os palhaços que a caravana abandonou, e isto sem melhor luar que o luar nas estradas, nem outros estremecimentos nas folhas que a brisa, e a incerteza da hora e o nosso julgar ali estremecimentos.
A criança, que nada matou em mim, assiste ainda, de febre e fitas, ao circo que me dou. Ri dos palhaços, sem haver cá fora do circo; põe nos habilidosos e nos acrobatas olhos de quem vê ali toda a vida. E assim, sem alegria, sem contacto, entre as quatro paredes do meu quarto durmo...
O seu Eu pensante pode ser infeliz, mas há um outro que vive fugazes momentos de felicidade...que lhe causa inveja.lhe,mas, afinal, quem é este lhe? Tem o pressentimento que o Eu vai deixar de ter inveja de lhe... Não será só um pressentimento, é ,antes, uma inevitabilidade evidente, mas prefere considerá-lo assim... Sempre se va habituando à ideia: enquanto não verbaliza de outro modo, enquanto não destroi o prefixo, enquanto, mesmo ilusoriamente, considerar que é um mero pressentimento, tem tempo de se reorganizar e... Não quer que o pressentimento evolua para sentimento e , muito menos, para ressentimento...
Como acredita que, fingindo que nada mudou, nada muda...vai esforçar-se por desenvolver esta sua capacidade de ignorar a realidade e "romanciar"...
Romanciar lembra-me a história de Tolkien e Edith...Nem Camilo, um experiente vivedor e inventor de amores e desamores, conseguiria arquitetar tal intriga amorosa. Shakespeare não supunha que um vindouro iria dar origem a um amor ainda mais contrariado do que o de Romeu e Julieta, só que com um final feliz... Gosto de finais felizes, como qualquer romanciadeira que se preze...
Já que Tolkien foi um inventor de línguas e de palavras, presto-lhe homenagem e dedico-lhe um neologismo, armando-me em romanciadora da sua vida:esperar 5 anos para poder rever a mulher amada, esperar dos 16 aos 21 anos, comove qualquer romanciante, por pouco sentimental que seja...
O que seria de Tolkien sem Edith? Teria escrito a obra que o imortalizou? Há quem diga que não...( Ela duvida, mas não quer destoar e convenhamos que fica bem, num romanciamento, imaginar que Edith, o amor de adolescente, foi a musa inspiradora de senhores, elfos e anéis...)
O seu amor foi tão eterno que os dois estão enterrados, bem juntinhos, no cemitério de Wolvercote, em Oxford. Na lápide,a presença da mais bela história de amor da mitologia élfica...Edith, pressionada por Tolkien, teve de se converter ao catolicismo e , quando jurou " até que a morte nos separe", levou a coisa tão a sério que nem a morte os separou... Com estórias assim é fácil romanciar:one life, one love...
O que tem o romanciar da vida de tolkien a ver com os seus pressentimentos? Analogia pelo contrário...
É simples: há pessoas incompatíveis... Claro que está falar de pessoas gramaticais, que, como é sabido, se materializam em pronomes pessoais, que podem ter várias pessoas e, portanto, várias formas e diferentes funções sintáticas. Os pronomes pessoais são, assim, um caso flagrante de heteronímia morfossintática. Não pode haver confusão,como é evidente, entre heterónimos pessoanos e heterónimos pessoais...Ela não abdica da autoria destes últimos.
Eu sou.
Tu és.
Ele não é.
Nós somos.
Vós não sois.
Eles não são.
Há pessoas ,no presente, no passado ou no futuro, bem indicativas... Eu + ele/ela,eles/elas = nós. Esta igualdade não existe. A partir do momento em que o um sente o outro como ele e não como tu, não há troca afetiva intensa: haverá simpatia, cordialidade, muita coisa, mas não há amor e, muito menos, a sua forma superior: uma amizade sincera...
0 amor não se vê como se fosse uma presença. É demasiado completo para ter uma forma. E como jamais se conseguiram obter juros de uma coisa que não ocupa espaço, é preferível não, parece-lhe. Se tu não és, ela não é e ponto final. TentOU que O eu fosse, para que tu fosses, para que ela não fosse, para que nós fôssemos, para que vós não fôsseis, para que elas não o fossem... O ciúme resulta da incompatibilidade entre pessoas verbais: o eu e o tu não são compatíveis com ele/ ela , eles/elas. Qualquer relação que implique dizer-se "eu gosto de ti" , morfologicamente, exclui e inviabiliza o ele/ ela , eles/elas. Eu+tu=nós e... não há outra igualdade possível.
Assim, a lógica matemática confirma a morfologia: o nós só é nós, afetivamente, de acordo com esta fórmula-uma verdade filosoficamente indiscutível. Ricardo Reis, que, prudentemente, rejeita emoções e amores, tem uma poesia, paradoxalmente, muito marcada pelo discurso de segunda pessoa, do tu, com destinatárias fictícias. Porquê? A ânsia de que eu+tu não se torne nunca um nós, que pode causar sofrimento e nos retira a liberdade interior, conduz o poeta à obsessão de o estar permanentemente a dizer... O paradoxo reside no facto de Cloé ser uma projeção literária de Ofélia, um perigo bem real para Fernando Pessoa...Quanto mais se afirma, "Eu não quero."," Eu? Não...", " Oh...nem pensar!! ,maaior é a ameaça de emoções, por vezes recalcadas, que retiram tranquilidade, capacidade de discernimento, provocando maus pressentimentos.
I'm drifting and drifting, Just like a ship out on the sea.




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