Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Erros e Nuncas ...

Erros imperdoáveis, numa sociedade democrática e civilizada do século XXI: não mostrar emoção com a neve e outros fenómenos atmosféricos; odiar manifestações; não valorizar os óscares; não ligar a futebol; não fingir solidariedade autêntica com os refugiados; pensar que o bloco de esquerda tem militantes atrasados mentais; não dividir o mundo em esquerda / direita, como se as ideologias fossem objetos; considerar que os homens são iguais; acreditar que a pena de morte é um desperdício: os monstros eliminam-se sem pena, de qualquer tipo; ser verdadeiro, autêntico, indiferente a gente medíocre, ignorante, grosseira; viver num castelo a que só tem acesso uma elite privilegiada, não pelo nascimento ou estatuto económico, mas pela inteligência e cultura... O erro mais imperdoável é, afinal, como sentia horácio, odi profanum vulgus...

Foi, é e será a pessoa errada, num tempo-espaço errados... E será sempre o mesmo sonho, a mesma ausência.

Nunca mais
Caminharás nos caminhos naturais.
Nunca mais te poderás sentir
Invulnerável, real e densa -
Para sempre está perdido
O que mais do que tudo procu
A plenitude de cada presença.
E será sempre o mesmo sonho, a mesma ausência.


Todos os erros humanos são fruto da impaciência. Interrupção prematura de um processo ordenado, obstáculo artificial levantado em redor de uma realidade artificial.Disse kafka e muito bem...

Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exacto nem feliz.


That some make it, mistake it Some force and some will fake it I never meant to let you down Some fret it, forget it Some ruin and some regret it I never meant to let you down I never meant to let you I never meant to let you down I never meant ...



There are many things that I would like to say to you But I don't know how...

Nunca digas nunca: é um erro fazê-lo... Ah que nunca a verdade definida Mate a alma, que vive de não tê-la!


I was born a bitch, I was born a painter, I was born fucked. But I was happy in my way. You did not understand what I am. I am love. I am pleasure, I am essence, I am an idiot, I am an alcoholic, I am tenacious.I am; simply am...

Quisiera darte todo lo que nunca hubieras tenido, y ni así sabrías la maravilla que es poder quererte...




A frescura de impressões, o modo directo de sentir que aprendi nos seus versos, apliquei-o a outros assuntos, a uma Natureza de ordem diversa. Assim, reparei que uma máquina é tão natural - porque é tão real, e, afinal, ser natural é ser real, se fôssemos a pensar a fundo - como uma árvore; e uma cidade como uma aldeia. O que é essencial é sentir directamente e com ingenuidade as coisas - árvores ou máquinas, campo ou cidade. A m[inha] sensibilidade predispõe-me a sentir a máquina mais do que a árvore, a cidade mais do que o campo. Não deixo por isso de ter direito ao nome de poeta. O essencial é sentir directa e simplesmente. Eu sinto directa e simplesmente. Sinto o complexo, o anormal e o artificial? É o meu modo de sentir. Logo que eu os sinta espontaneamente, estou no meu lugar, no lugar que a Natureza, criando-me assim, me impôs. Cumpro o meu dever. Chamam-me um «transviado». Não o sou. [...] Nasci para sentir as coisas simplesmente, tanto como vós; eu não nasci, como vós para sentir só as coisas simples. Se eu sou eu e não vós, para que hei-de escrever como escreveis? Escrevo [...] em mim é eu ser eu. Em que sou eu «transviado» em ser eu?
Para mim o único modo de transviar é criar um sistema, ou pertencer a um sistema. Há horas do dia em que sou materialista [?] e outras em que sou ultramontano, completamente ultramontano. É conforme sinto. Acho isto natural.
Se, como a grande maioria da gente, eu [...], se eu fosse panteísta, espiritualista, protestante, católico (...), qualquer coisa que se saiba o que é e se pode definir, eu mereceria o nome de transviado. Apenas vejo nunca pertencendo a um sistema ou a uma filosofia, mas pertencendo a um cérebro e a um sistema nervoso, e estes têm um modo de sentir e não uma religião, ou uma estética, ou uma moral qualquer.


A rapariga inglesa, uma loura, tão jovem, tão boa Que queria casar comigo. . . Que pena eu não ter casado com ela. . .Teria sido feliz Mas como é que eu sei se teria sido feliz? Como é que eu sei qualquer coisa a respeito do que teria sido Do que teria sido, que é o que nunca foi?

No acaso da rua o acaso da rapariga loira. Mas não, não é aquela. A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro. Perco-me subitamente da visão imediata, Estou outra vez na outra cidade, na outra rua, E a outra rapariga passa. Que grande vantagem o recordar intransigentemente! Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga, E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta. Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!

E eu nunca sei como hei-de concluir As sensações que a meu pesar concebo. Nem nunca, propriamente, reparei Se na verdade sinto o que sinto. Eu Serei tal qual pareço em mim? serei Tal qual me julgo verdadeiramente? Mesmo ante às sensações sou um pouco ateu, Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

De que nos serve a vida se a queremos e não a buscamos,Se nunca é para nós a vida?

Write me a letter, please. You never write me a letter, monsieur.

Errare humanum est... Uma ficção é um erro relativo. Um erro é uma ficção absoluta.

Tudo quanto tem sido feito está cheio de erros, de faltas de perspectiva, de ignorâncias, de traços de mau gosto, de fraquezas e desatenções. Escrever uma obra de arte com o preciso tamanho para ser grande, e a precisa perfeição para ser sublime, ninguém tem o divino de o fazer, a sorte de o ter feito.(...)Tu, que me ouves e mal me escutas, não sabes o que é esta tragédia! Perder pai e mãe, não atingir a glória nem a felicidade, não ter um amigo nem um amor — tudo isso se pode suportar; o que se não pode suportar é sonhar uma coisa bela que não seja possível conseguir em acto ou palavras. A consciência do trabalho perfeito, a fartura da obra obtida — suave é o sono sob essa sombra de árvore, no verão calmo

As coisas que errei na vida São as que acharei na morte, Porque a vida é dividida Entre quem sou e a sorte. As coisas que a Sorte deu Levou-as ela consigo, Mas as coisas que sou eu Guardei-as todas comigo.



Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exacto nem feliz.




Dos erros que consistem em atribuir à Consciência as qualidades da Realidade, o principal e mais grave é aquele que, sobretudo desde Kant, corre na filosofia como o seu insofismável princípio basilar - o de que a Realidade existe, senão apenas, por certo que primariamente, através da Consciência. Mesmo na forma simples que é dada a esta afirmação por Condillac - de que, façamos o que fizermos, por alto que subamos ou baixo que desçamos, nunca saímos de nós-próprios e das n[ossas] sensações -, mesmo nesta forma, repito, este princípio representa um erro. O género de erro, já o disse: consiste em atribuir à Consciência (e até à consciência individual) os atributos próprios da Realidade.

Um dos erros mais graves, porque dos mais vulgares, e tanto mais vulgar porque se apoia na vaidade, que é a mais vulgar das qualidades humanas, é o do crítico, ou o simples leitor, se erigir, espontaneamente, em crítico absoluto, em autoridade universal. Isto sucede com grande frequência em matéria artística... Um indivíduo qualquer, desconhecedor do que seja o cálculo diferencial, não diz, ao folhear um livro sobre o assunto: «isto é incompreensível«, ou, «este homem não sabe o que diz»; diz simplesmente, «não compreendo isto.» Mas o mesmo indivíduo, se for também desconhecedor de metafísica, já vulgarmente não diz, ao folhear um livro sobre esse assunto: «não compreendo isto«; a sua tendência é para dizer: «que confuso que é este homem!», ou, «isto é incompreensível». É que o ponto técnico da metafísica consiste em pensamentos e ideias, e não nas palavras empregadas, que são as correntes. E se o mesmo indivíduo folhear um livro em que essas ideias metafísicas estejam expostas em verso, redobrarão as suas acusações ao autor por aquilo que é, afinal, a ignorância dele que está lendo.Ninguém, desconhecedor de medicina, pasma de que não compreenda determinado passo de um livro médico escrito cerradamente na terminologia da matéria. Mas qualquer indivíduo, ignorante de metafísica em geral e da de Hegel em particular, se acha apto a querer compreender, a criticar, e, se for sincero, a censurar, o verso hegeliano de Antero:Não-ser, que és o ser único absoluto! São assim a maioria dos leitores e dos críticos. Outros, em menor número, não levam a tal ponto a sua vaidade instintiva, a sua divinização de si mesmos. Não levam a tal ponto, mas a algum ponto a levam. Essa presunção, assim vulgarmente tida, assenta contudo num triplo erro...

Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência.
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer coisa que não fosse o Mundo.


Nowadays most people die of a sort of creeping common sense, and discover when it is too late that the only things one never regrets are one's mistakes.

A beleza é uma forma de génio... diria mesmo que é mais sublime que o génio por não precisar de qualquer explicação. É um dos grandes factos do mundo, como a luz do sol, ou a primavera, ou o reflexo nas escuras águas dessa concha de prata a que chamamos lua. É inquestionável...

O senhor dispõe só de alguns anos para viver deveras, perfeitamente, plenamente. Quando a mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela; então o senhor descobrirá que já não o aguardam triunfos, ou que só lhe restam as vitórias medíocres que a recordação do passado tornará mais amargas que destroçadas...

Eu, agora - que desfecho! Já nem penso mais em ti...Por que será que nunca deixo De lembrar que te esqueci?

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
O sair de um lugar, o chegar a um lugar, conhecido ou desconhecido,
Perco, ao partir, ao chegar, e na linha móbil que os une,
A sensação de arrepio, o medo do novo, a náusea —
Aquela náusea que é o sentimento que sabe que o corpo tem a alma,
Trinta dias de viagem, três dias de viagem, três horas de viagem —
Sempre a opressão se infiltra no fundo do meu coração.




Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Sem comentários: