Dão-nos um lírio e um canivete e uma alma para ir à escola mais um letreiro que promete raízes, hastes e corola. Dão-nos um mapa imaginário que tem a forma de uma cidade mais um relógio e um calendário onde não vem a nossa idade...
Penteiam-nos os crânios ermos com as cabeleiras das avós para jamais nos parecermos connosco quando estamos sós. Dão-nos um bolo que é a história da nossa história sem enredo e não nos soa na memória outra palavra que o medo...
É em homenagem ao poeta inglês John Keats ( 1795 - 1821) que o professor , protagonista do Clube dos poetas mortos, se chama john Keating.
Keats é uma das principais figuras da segunda geração do movimento romântico, no entanto a sua obra apenas começa a ser publicada quatro anos antes da sua morte. Durante a vida, os seus poemas, caracterizados por um imaginário sensual, não foram bem recebidos pelos críticos, sendo a sua influência e importância só postumamente reconhecidas. Também as conceções pedagógicas de JK foram rejeitadas na década de 50, tendo sido só muito mais tarde consideradas como válidas.
Keats e keating, dois homens incompreendidos no seu tempo, só serão valorizados pelos vindouros.
"Oh, se eu ao menos pudesse ter uma vida de sensações em vez de uma vida de pensamentos."
Carpe diem, quam minimum credula postero.
Não pudemos, Leucónoe, saber — que não é lícito — qual o fim
que os deuses a ti ou a mim quererão dar,
nem arriscar os cálculos babilónios. Quão melhor é sofrer o que vier,
quer sejam muitos os invernos que Jove nos der, quer seja o último
este, que agora atira o Mar Tirreno contra as roídas rochas.
Sê sensata, filtra o teu vinho e amolda a curto espaço
uma longa esperança. Enquanto falamos, terá fugido o invejoso tempo.
Colhe a flor do dia, pouco fiando do que depois vier a suceder.
O Captain! my Captain!
Ó Capitão! Meu capitão! A nossa terrível viagem já se cumpriu,
O Navio cruzou tormentas, é nosso o prémio pio,
O porto vê-se ao perto — os sinos dobram, o povo espera,
Olhos que à quilha firme tornam, desta nave forte e fera;
Mas ó coração, coração!
Ó gotas de vermelho brio,
No convés em que ele dorme,
Deitado morto e frio.
E, todavia como é difícil explicar-me! Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras.As palavras são pedras,o que nelas vive é o espírito que por elas passa.
Este «eu» solitário que achamos nos instantes de solidão final, se ninguém o pode conhecer, como pode alguém julgá-lo? E de que serve esse «eu» e a sua descoberta, se o condenamos à prisão? Sabê-lo é afirmá-lo! Reconhecê-lo é dar-lhe razão.
Entendo a tua loucura, meu bom moço, a tua perplexidade diante do poder que te nasceu nas mãos. Mas como não aprendeste que é mais forte criar uma flor (um parafuso...) do que destruir um império.
Aparição e Clube dos poetas mortos- Dois jovens professores de Literatura não convencionais que, por não cumprirem as normas vigentes, acabam por ser destituídos. Ambos têm alunos que, eventualmente influenciados pelas suas teorias existenciais, cometem atos extremos. A culpa será do professor?
Poderá um professor ser responsabilizados pelos atos de um aluno? Será Keating culpado do suicídio de Neil Perry? E Alberto, do ato homicida de Carolino.
Existe apenas um único problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida significa responder à questão fundamental da filosofia.
O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites.
Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz.
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