Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sem título...

Everything is tragic It all just falls apart But when I look into your eyes It pieces up my heart If I only had an answer...


Um livro bonito...
Frei Luiz de Sousa, seguido de A Sobrinha do Marquês, uma comédia em que uma respeitável loja de comércio, situada na Rua Augusta, é local de tramas e associações políticas, de compadrios que determinam destinos individuais e sociais. Um comerciante de panos, membro da Junta do Comércio, influencia os destinos da nação e detém uma espantosa capacidade de mimetismo, ora junto dos Távoras e da Companhia, ora junto do Marquês. Será um Barão? Um D. Luís de Távora, orgulhoso elemento da aristocracia, que clandestinamente vive a existência de sobrinho de um burguês, sendo o seu principal caixeiro e guarda-livros. Um Padre Jesuíta, disfarçado na figura de um pastor de almas, esconde um político e a sua aparente candura esconde uma terrível maldade...

Saudade das saudades que não tenho...


Fim...

Mas eu sabia que esta ideia de continuidade, por muito poderosa que fosse naqueles breves momentos, era uma ilusão.Havia as horas e os dias que ela passava em casa com Raymond; havia a sua privacidade e a sua própria busca. E ela trazia cada vez menos notícias. Agora havia acontecimentos que não partilhavam e muitas das coisas que me dizia tinham de ser acompanhadas de explicações ou comentários. (...)Uma ideia como esta assemelha-se a um sonho em que tudo nos parece real, desencadeando um medo que não queremos reconhecer, tendo o efeito de uma revelação.

A frase: Eu podia dizer que estava em Londres, mas de facto não sabia onde estava, Não possuía os meios a capacidade, para entender aquela cidade.



Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei-de ser sozinho.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é
É a mesma pessoa sem ninguém.


One more time...


A manhã, meio fria, meio morna, alava-se pelas casas raras das encostas no extremo da cidade. Uma névoa ligeira, cheia de despertar, esfarrapava-se, sem contornos, no adormecimento das encostas. (Não fazia frio, salvo em ter que recomeçar a vida.) E tudo aquilo — toda esta frescura lenta da manhã leve, era análogo a uma alegria que ele nunca pudera ter.(...)

Nestas horas matinais, em que a sombra já desapareceu, mas não ainda o seu peso leve, ao espírito que se deixe levar pelos incitamentos da hora apetece a chegada e o porto antigo ao sol. Alegraria, não que o instante se fixasse, como nos momentos solenes da paisagem, ou no luar calmo sobre o rio, mas que a vida tivesse sido outra, de modo que este momento pudesse ter um outro sabor que se lhe reconhece mais próprio.

Seria certo, por uma hora como estas, não chegar nunca à realidade humana para que a nossa vida se destina. Ficar suspenso, entre a névoa e a manhã, imponderavelmente, não em espírito, mas em corpo espiritualizado, em vida real alada, aprazia, mais do que outra coisa, ao nosso desejo de buscar um refúgio, mesmo sem razão para o buscar.

Sentir tudo subtilmente torna-nos indiferentes, salvo para o que se não pode obter — sensações por chegar a uma alma ainda em embrião para elas, actividades humanas congruentes com sentir profundamente, paixões e emoções perdidas entre conseguimentos de outras espécies.


Preto e branco? Corpo e alma?
Percorro a imagem com o olhar e vejo uma ausência sobre um corpo, ocultado por um vestido preto. Um corpo como todos os outros, apesar de elegante, só um corpo; linear, apesar de curvilíneo. Vejo linhas brancas, assimétricas, fragmentos de uma alma complexa para quem o corpo é uma prisão. Não vejo mulher, vejo um manequim estático, um corpo sem vida; não vejo colar, vejo angústias, conflitos, pedaços de quem quer ser mais do que objeto requintado.
Volto a olhar e a ausência domina a imagem: deixo de ver a mancha negra; deixo de ver os pedaços brancos, só vejo o que não vejo…
Branco e preto? Alma e corpo?
Uma ausência …

Preto ou branco? Corpo ou alma?
Imagem no olhar e sobe a ausência no corpo sob o tecido negro. Elegante, mas só um corpo. Linhas brancas, assimétricas, assindéticas, fragmentos indistintos da alma complexa. Corpo como prisão. Que mulher omissa? Que manequim estático? Cadáver lento? Sem adereços, expande-se o lugar onde mora a angústia. Deambula-se sobre o requinte decomposto nos estilhaços da infâmia. Não olho negro. Não olho branco. Que outra coisa senão vazio? Branco ou preto? Alma ou corpo?
Só. Ausência.



A MÁSCARA QUE ME DEFINE
Será que sou mais autêntica despida de todos os meus adereços? Será que sou mais eu mesma por debaixo da minha roupa? Será que a minha nudez me torna mais real?
Depois de instintivamente achar que sim, acabo a pensar que não.
Sem roupa não escolho nada em mim. Não escolho a altura das minhas pernas nem a largura dos ombros, o tamanho da copa do sutiã ou a cor da pele que tenho. Se não escolho o meu corpo, então o meu corpo não me define.
O que me define é o que faço dele e com ele. Que uso lhe dou, se cuido dele ou o maltrato, se o sento a um piano ou o levo ao ginásio ou o deixo estendido no sofá da sala. Se o visto de uma maneira discreta ou ousada.
O que me define verdadeiramente não são as características com que nasci, são as escolhas que faço. Essa é a minha verdade.
Hoje escolho o meu vestido preto e ponho o colar que me deste e eu gosto. Hoje sou.

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