Porque então sorrio eu de ti, viajante superfina? Ó pobre água-de-Colónia da melhor qualidade, Ó perfume moderno do melhor gosto, em frasco de feitio, Meu pobre amor que não amo caricatural e bonita! Que texto para um sermão o que não és! Que poemas não faria um poeta verdadeiro sem pensar em ti! Mas o facto é que a banda de bordo cessa, E eu verifico Que pensei em ti enquanto durou a banda de bordo. No fundo somos todos Românticos, Vergonhosamente românticos E o mar continua, agitado e calmo, Servo sempre da atenção severa da lua, Como, aliás, o sorriso com que me interrogo E olho para o céu sem metafísica e sem ti... Dor de corno...
Passados os momentos eufóricos dessa «adolescência tardia», que constituiu para Pessoa o seu encontro com Ofélia, o poeta regressa ao ponto de partida, ao refúgio de uma inata melancolia — condição, sem dúvida, de liberdade mas causa também... de um irremediável divórcio com a Vida Ofélia foi para Pessoa um ensaio existencial, nunca um amor como o da outra gente...mas, apesar de tudo, ele experimentou um amor verdadeiro, só que diferente, muito diferente. Há amores assim...
I press my lips against her name Two hundred words....The rain with a letter and a prayer Whispered on the wind...
E então, pouco a pouco, diante das suas pálpebras cerradas, uma visão surgiu, tomou cor, encheu todo o aposento. Sobre o rio, a tarde morria numa paz elísia. O peristilo do Hotel Central alargava-se, claro ainda. [...] Eram três horas quando se deitou. E apenas adormecera na escuridão dos cortinados de seda, outra vez um belo dia de Inverno morria sem uma aragem, banhado de cor-de-rosa: o banal peristilo do hotel alargava-se, claro ainda na tarde; o escudeiro preto voltava, com a cadelinha nos braços; uma mulher passava, com um casaco de veludo branco de Génova, mais alta que uma criatura humana, caminhando sobre nuvens, com um grande ar de Juno que remonta ao Olimpo...
Nesta forma de encarar o mundo, Reis é o o heterónimo que melhor exprime o seu drama íntimo...Os versos de "não -amor"são mais do que uma lição de estoicismo /epicurismo ... A recusa do amor tem múltiplas facetas que, mesmo numa relação inteiramente solitária, implica dependência...
Há latente um conflito irresolúvel entre o amor espiritual e o amor físico, referido, uma única vez, com a subtileza de que só este heterónimo é capaz: E não temos a mão Onde temos a alma.
Queremos ser só alma, mas a entidade que nos pensou deu-nos um corpo que, mesmo silenciosamente , existe: dormita, amolenta-se, adoece, mas só morre completamente quando "exalamos o último suspiro":para os gregos, o momento derradeiro em que a alma de liberta da matéria . Esse suspiro é, afinal, a alma que parte para se reintegrar no equilíbrio cósmico e transmigrar para outro corpo...
E tudo segue e corre sem que adiante, e gira e roda sem nenhum destino, verde, vermelho, cinza passam avante e o esboço inicial de algum menino. E às vezes um sorriso, deslumbrante, dirige-se feliz, num desatino, ao jogo sério, cego e ofegante...
Nova corrida, nova viagem...E tudo segue e corre sem que adiante...
E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas.... Assim as ideias, as imagens, trémulas de pressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…
Sou a minha própria paisagem, não sei sentir-me onde estou.
Transparência: a propriedade oposta é a opacidade. Embora a transparência, geralmente, se refira à luz visível, pode realmente referir-se a qualquer tipo de radiação. Por exemplo, a carne é suficientemente transparente aos raios X, permitindo a impressão em películas fotográficas...
Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar na alma, e, por cima de tudo, uma transparência lúcida do entendimento retrospetivo.
Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu.
Não sei o que faça, Não sei o que penso, O frio não passa E o tédio é imenso.
Para quê afeição, esperança, se perco, logo que as uso, a causa para as usar?
Isto lembra uma tristeza, e a lembrança é que entristece.
Hoje, falho de ti, sou dois a sós. Há almas pares, as que se conheceram Onde os seres são almas. Como éramos só um, falando! Nós Éramos como um diálogo numa alma. [...] Sei que, falho de ti, estou um a sós.[...] Ah, meu maior amigo, nunca mais Na paisagem sepulta desta vida Encontrarei uma alma tão querida Às coisas que em meu ser são as reais.
Ficámos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver. Um barco parece ser um objecto cujo fim é navegar; mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto. Nós encontrámo-nos navegando, sem a ideia do porto a que nos deveríamos acolher. Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: navegar é preciso, viver não é preciso.
Sem ilusões, vivemos apenas do sonho, que é a ilusão de quem não pode ter ilusões. Vivendo de nós próprios, diminuímo-nos, porque o homem completo é o homem que se ignora. Sem fé, não temos esperança, e sem esperança não temos propriamente vida. Não tendo uma ideia do futuro, também não temos uma ideia de hoje, porque o hoje, para o homem de acção, não é senão um prólogo do futuro...
Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo... Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter... Uma vontade morta e uma reflexão que a embala como a um filho morto...
Contento-me, afinal, com muito pouco: o ter cessado a chuva...
Acontece-me às vezes... surgir-me no meio das sensações um cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de acto com que dominá-lo. Para o remediar o suicídio parece incerto, a morte, mesmo suposta a inconsciência, ainda pouco. É um cansaço que ambiciona, não o deixar de existir — o que pode ser ou pode não ser possível —, mas uma coisa muito mais horrorosa e profunda, o deixar de sequer ter existido, o que não há maneira de poder ser.
Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Take me take me take me Take me out of myself
Take me to church I'll worship like a dog at the shrine of your lies I'll tell you my sins So you can sharpen your knife Offer me that deathless death Good God, let me give you my life...
Com os teus dedos feitos de tempo silencioso, Modela a minha máscara, modela-a...E veste-me essas roupas encantadas Com que tu mesmo te escondes...! Põe nos meus lábios essa voz Que só constrói perguntas, E, à aparência com que me encobrires, Dá um nome rápido, que se possa logo esquecer... Eu irei pelas ruas, Cantando e dançando...E lá, onde ninguém se reconhece, Ninguém saberá quem sou, À luz do teu Carnaval... Modela a minha máscara! Veste-me essas roupas! Mas deixa na minha voz a eternidade Dos teus dedos de silencioso tempo... Mas deixa nas minhas roupas a saudade da tua forma... E põe na minha dança o teu ritmo, Para me conduzir...
Está fascinada com a imagética deste poema...Não consegue parar de o ler...
Invento-te recordo-te distorço a tua imagem mal e bem amada sou apenas a forja em que me forço a fazer das palavras tudo ou nada.
Tudo pode definir-se basicamente como o contrário de nada.Será?? Nada! Não sei... Um nada que dói..
Hoje, numa época em que se misturam todos os discursos, em que profetas e charlatães usam as mesmas fórmulas com mínimas diferenças, cujo percurso nenhum homem ocupado tem tempo de seguir, num tempo em que as redacções dos jornais são constantemente incomodadas por gente que acha que é um génio, é muito difícil ajuizar do valor de um homem ou de uma ideia...O mundo dos que escrevem porque têm de escrever está cheio de grandes palavras e conceitos que perderam a substância. Os atributos dos grandes homens e das grandes causas sobrevivem ao que quer que seja que lhes deu origem, e é por isso que sobram sempre muitos atributos. Foram criados um dia por algum homem importante para outro homem importante, mas esses homens há muito que morreram, e os conceitos que lhes sobreviveram têm de ser utilizados. Por isso andamos sempre à procura do homem certo para um determinado adjectivo. A «portentosa plenitude» de Shakespeare, a «universalidade» de Goethe, a «profundidade psicológica» de Dostoievski e muitas outras imagens que uma longa tradição literária deixou atrás de si andam às centenas nas cabeças dos que escrevem, e essa sobrelotação de reservas leva-os a dizer hoje que um estratega do ténis é «insondável» ou um poeta em moda «grandioso». É compreensível que se sintam gratos quando conseguem aplicar sem desperdício a sua reserva de palavras...
Callar puede ser una música, una melodía diferente, que se borda con hilos de ausencia sobre el revés de un extraño tejido. La imaginación es la verdadera historia del mundo. La luz presiona hacia abajo. La vida se derrama de pronto por un hilo suelto. Callar puede ser una música o también el vacío ya que hablar es taparlo. O callar puede ser tal vez la música del vacío
Pienso que en este momento tal vez nadie en el universo piensa en mí, que sólo yo me pienso, y si ahora muriese, nadie, ni yo, me pensaría. Y aquí empieza el abismo, como cuando me duermo. Soy mi propio sostén y me lo quito. Contribuyo a tapizar de ausencia todo. Tal vez sea por esto que pensar en un hombre se parece a salvarlo.
Una soledad adentro y otra soledad afuera. Hay momentos que ambas soledades no pueden tocarse. Queda entonces el hombre en el medio como una puerta inesperadamente cerrada. Una soledad adentro. Otra soledad afuera. Y en la puerta retumban los llamados. La mayor soledad está en la puerta.
Hay palabras que no decimos y que ponemos sin decirlas en las cosas. Y las cosas las guardan, y un día nos contestan con ellas y nos salvan el mundo, como un amor secreto en cuyos dos extremos hay una sola entrada. ¿No habrá alguna palabra de esas que no decimos que hayamos colocado sin querer en la nada?
O Senhor Juarroz, concentrado nos seus pensamentos, esquece por completo a realidade, e troca toda a informação que vai inventando com aquela que efetivamente é real.
O senhor Juarroz pensou num Deus que, em vez de nunca aparecer, aparecesse, pelo contrário, todos os dias, a toda a hora, a tocar à campainha. Depois de muito meditar sobre esta hipótese, o senhor Juarroz decidiu desligar o quadro da electricidade.
A 2ª parte do salto para cima é a descer, mas a 2ª parte do salto para baixo não é subir - pensava o senhor Juarroz. Se do chão saltares para cima ao chão voltarás, mas se de um 30º andar saltares para baixo é provável que não voltes a subir ao 30º andar. De qualquer maneira, o senhor Juarroz, por preguiça, usava sempre o elevador.
Como gostava de ler e ia para uma viagem longa o senhor Juarroz decidiu pôr na mala seis exemplares do mesmo livro.
Na véspera de não partir nunca Ao menos não há que arrumar malas Nem que fazer planos em papel, Não há que fazer nada Na véspera de não partir nunca.
E p'ra que fingir? Porquê mentir e remar na dor?
Não: Não quero nada. Já disse que não quero nada. Por isto tudo, ter pensado o tudo É o ter chegado deliberadamente a nada.
O mito é o nada que é tudo. Tudo? Tudo vale a pena quando a alma não é pequena...Pena? Perdigão que o pensamento Subiu a um alto lugar,Perde a pena do voar, Ganha a pena do tormento. Não tem no ar nem no vento Asas com que se sustenha: Não há mal que lhe não venha. Mal? Não sou capaz de explicar a sensação do mal em mim... fonte de uma angústia inexprimível. Os homens constroem teorias estranhas sobre o bem e o mal, sobre os castigos e as recompensas; procuram assim a verdade que nunca em vida poderão saber.(...)Quando digo que sentia haver muito mal dentro de mim, não quero dizer que estivesse condenado a uma vida de infâmia ou de vício. Quero dizer, porém, isto — que havia em mim uma forte atracção por todas as coisas censuráveis que assediam o homem: podia controlar ou podia satisfazer esta atracção, mas uma vez satisfeita, mesmo só um pouco, era provável que eu nunca mais me pudesse controlar. Resolvi satisfazer essa atracção e, a partir desse momento, dava-me um prazer enorme explorar sempre novas espécies de mal. Prazer? Não há prazer mais complexo do que o do pensamento.Pensamento? Cansamo-nos de tudo, excepto de compreender. O sentido da frase é por vezes difícil de atingir. Cansamo-nos de pensar para chegar a uma conclusão, porque quanto mais se pensa, mais se analisa, mais se distingue, menos se chega a uma conclusão. Caímos então naquele estado de inércia em que o mais que queremos é compreender bem o que é exposto - uma atitude estética, pois que queremos compreender sem nos interessar, sem que nos importe que o compreendido seja ou não verdadeiro, sem que vejamos mais no que compreendemos senão a forma exacta como foi exposto, a posição de beleza racional que tem para nós. Cansamo-nos de pensar, de ter opiniões nossas, de querer pensar para agir. Não nos cansamos, porém, de ter, ainda que transitoriamente, as opiniões alheias, para o único fim de sentir o seu influxo e não seguir o seu impulso. Impulso? Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera As seivas, e a circulação do sangue, e o amor? Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.
Conseguiu transformar um nada numa cadeia de palavras... Palavras dos outros. Afinal, sempre ficam as palavras...
Agir é intervir. Um braço que se estende ocupa espaço e torna-se, assim, uma escultura metafísica. Nunca pude deixar de dar a este facto insignificante uma importância alada sobre o quotidiano. Nunca vi em mim senão uma romaria de inconsciências para o outono das minhas intenções. As longas horas que tenho passado à beira do meu correr têm-me [...] rios sobre a existência.[...] Pareceu-me sempre que ser era ousar; que querer era aventurar-se. Inércia soube-me a santidade, e não-querer a ter bons costumes. Construí assim uma moral burguesa do pensamento, um cuidado da comodidade e da decência através do respeito do mistério. A exagerada consciência, que sempre tive, dos meus momentos, doeu-me sempre a mistério e a divino. Nunca me compreendi sobretudo quando me surpreendi a viver as inconsciências dos meus instintos e a vulgar correcção dos meus reflexos nervosos.
Há dias longos, muito longos,demasiado longos. Teve, o que não é nada habitual, uma enxaqueca daquelas que nos deixam a ver estrelas...Esteve, sem sono, de olhos, desesperadamente fechados, a tentar ver a escuridão no meio dos raios de luz que de si emanavam...É estranho ver luz no meio do escuro, uma luz que se sabe não existir, mas que está lá,insistente, a impor a sua presença...
A palavra enxaqueca é de origem é árabe "الشقيقة" , mas prefere migrânea, do grego ηeμικρανίον, "metade do crânio". Assim, daqui para a frente, prefero, mal por mal, as migrâneas de origem grega...muito mais clássico...
A enxaqueca com aura é uma doença neurológica que se manifesta por crises precedidas de sintomas visuais ou sensitivos. O nome aura refere-se às sensações que se observam um pouco antes da dor de cabeça começar. A aura pode durar poucos minutos ou até uma hora, seguidos da dor de cabeça muito forte...Algumas pessoas não possuem qualquer desencadeante específico para a enxaqueca com aura. Mas seja qual for a causa, a boa notícia é que a enxaqueca com aura não é fatal.
Não faz ideia se esta informação é credível, mas achou curiosa a designação "enxaqueca com aura"...Agora tem piada, mas ontem não achou piada nenhuma à aura que, aliás, nem sabia que de aura se tratava...
O seu dia demasiado longo terminou de forma bem luminosa: uma espécie de auto fogo de artifício, resultado,pelos vistos, de duas coisas que espera não passem a fazer parte do seu quotidiano:a serotonina e a dopamina...Declara, portanto, que mesmo que isso contribua para a sua luminosidade, não quer saber destas " inas"...
Santa Hildegard von Bingen(1098–1179)- possivelmente vítima de enxaqueca com aura...Sente-se beatificada: daqui até à santidade .. é um passo.
Betrogen! Betrogen! Einmal dem Fehlläuten der Nachtglocke gefolgt – es ist niemals gutzumachen. kafka
Ainda não explicou ( não tem , sequer, a certeza de o querer fazer) o que motivou que o seu dia fosse estranhamente longo...Repare-se que nunca disse dia grande, mas sim longo, o que é significativamente diferente. Caminhou muito dentro de si, percorreu vários espaços...
Ti senti sola con la tua libertà ed é per questo che tu ritornerai e scoprirai che nulla é cambiato che sono restato l'illuso di sempre. N poca seen out m nebene du, sin blaste m sube infeha, bu infeh neran,sehr neran...wwanvo du, knsci whub du es... hcum capo livi whsi du ... nede scisa is du nedes m alet. Nedesm?
(…) Mas na vida corrente, novamente, dependemos de outros seres e eles dependem de nós. Tenho muitos amigos na vila. As pessoas que emprego, e sem as quais teria muita dificuldade em manter-me nesta casa, na verdade bastante isolada, e faltando-me tempo e força física para fazer a lida doméstica e a do jardim, são minhas amigas; de outro modo não estariam aqui. Não concebo que nos sintamos desobrigados em relação a um ser porque lhe pagamos (ou dele recebemos) um salário. Ou, como nas cidades, porque obtivemos algum objecto (um jornal, suponhamos) em troca de moedas, ou alimentos em troca de uma nota (…). Quando acolhemos muitos os seres, nunca somos o que se pode considerar solitários. A classe (palavra detestável, que gostaria de ver suprimida, tal como a palavra casta) não conta para nada: a cultura, no fundo, conta muito pouco – o que certamente não digo para rebaixar a cultura. Também não nego o fenómeno a que se chama “a classe”, mas os seres elevam-se sempre acima disso.
Não uma santa estética, como Santa Teresa, Não uma santa dos dogmas, Não uma santa. Mas uma santa humana, maluca e divina, Materna, agressivamente materna, Odiosa, como todas as santas, Persistente, com a loucura da santidade. (…) Eu, tantas vezes caindo de bêbado só por não querer sentir, Eu, embriagado tantas vezes, por não ter alma bastante, Eu, o teu contrário, Arranco a espada aos anjos, aos anjos que guardam o Éden, E ergo-a em êxtase, e grito ao teu nome. Eu, que nunca fiz nada no mundo, Eu, que nunca soube querer nem saber, Eu, que fui sempre a ausência da minha vontade, Eu te saúdo, mãezinha maluca, sistema sentimental! Exemplar da aspiração humana!
Tall saint, I'm devoted with a glass of champagne to you Bubbles to the chandelier I'm in your hands tonight, tall saint Stay behind me...
Sem comentários:
Enviar um comentário