Analepse - 30 de novembro
1935
Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.
A sina dos homens! Daqui a trinta anos já ninguém sabe que Gary Cooper existiu. E, contudo, a cena da flor que vi há pouco num filme dele é tão bela como a Vénus de Milo, como a Vitória de Samotrácia, como um hino de S. Francisco de Assis. Gravar, riscar, esculpir, cavar numa pedra, num papiro, num papel, mas, em última análise, escrever — por ser a única maneira de eternizar a expressão.
Quatro horas da manhã. Não há maneira de o sono vir. Porca de vida! O dia, o que já sabemos; a noite, a maravilha que se vê: aos tombos nesta maldita cama, numa casa vazia onde nem um armário ressona, a ler na Montanha Mágica os liberalismos dum senhor Settembrini que já nem posso ouvir.
Põe-se a gente a ler estes Gides, estes Munthes, estes Malraux. E é sempre a mesma sensação de plenitude. Sempre a mesma sensação de que, depois daquilo, não vale a pena escrever uma palavra, de mais a mais nesta língua de que o diabo ainda se serve para falar à avó... Mas depois vem a revolta. Esta impotente revolta de todo o verdadeiro escritor português que começou por nascer atrás duma fraga e acaba por gastar a vida em Paio Pires, amanuense de secretaria. Metessem no braço dum Gide uma manga-de-alpaca, e eu queria ver... Então um homem nasce em Paris ou numa terra lavada da Suécia, tanto faz, mestres logo à beira do berço, todas as civilizações na biblioteca do pai, uma vida inteira pelo mundo além, e aqueles neurónios, e aqueles sentidos não hão-de reagir?! O mais bronco ser humano, quando fala com um Wilde, ouviu pelo menos falar o autor do De Profundis. Evidentemente, é preciso mais alguma coisa do que ir à China e ter certa experiência para escrever A Condição Humana. Mas, sem um homem andar de avião, como há-de um homem ganhar perspectivas de pássaro e falar de poços de ar?! ... E a gente não tem outro remédio senão gastar as horas a fabricar esta prosa travada, mais circunlóquio menos circunlóquio, esta prosa perra e oca que chega a meter nojo aos cães.
Aqui tenho à mesa-de-cabeceira o último livro ainda a cheirar à tinta da tipografia.Não há dúvida nenhuma que o concebi, que o realizei,e que,depois disso,com os magros vinténs que vou ganhando por estes montes,consegui pô-lo em letra redonda— a forma material máxima que se pode dar a um escrito. E, contudo, olho esta realidade que eu tirei do nada, que bem ou mal arranquei de mim, com o mesmo desânimo com que olho uma teia de aranha. E não é por saber de antemão que o livro vai ser abocanhado ou ignorado. Não obstante a lei natural que aconselha a que não haja homem sem homem, é preciso que a santa cegueira do artista lhe dê a força bastante para, em última análise, ficar só e confiante. Ora eu tenho, como artista, essa cegueira. O meu desalento vem duma voz negativa que me acompanha desde o berço e que nas piores horas diz isto: Nada, em absoluto, vale nada.
— Aqui na minha frente a folha branca do papel, à espera; dentro de mim esta angústia, à espera: e nada escrevo. A vida não é para se escrever. A vida — esta intimidade profunda, este ser sem remédio, esta noite de pesadelo que nem se chega a saber ao certo porque foi assim — é para se viver, não é para se fazer dela literatura.
— Um belo dia de sol, e eu sem paisagem dentro de mim para o receber. Que destino este! Nem a gente ter força dentro de si para aceitar estas dádivas puras da natureza! Os dias passam-se à margem do que realmente é vida. Passam-se a ler no jornal coisas tristes, ambições desmedidas, hipocrisias, guerras, e a recalcar cá dentro a mágoa de tudo isto. E daqui a meia dúzia de anos morre-se mesmo de vez, e adeus sol, adeus lua, adeus tudo o que o mundo tinha para se ver, e se não viu.
Grande discussão sobre a mania que a posteridade tem de publicar cartas íntimas de escritores mortos. Defendi, já se vê, que era um atropelo ao respeito que se deve a um homem, tornar público o que nele foi particular(...) doa a quem doer, perca-se o que se perca, nada do que um escritor não quis publicar em vida deve ser publicado depois da morte. E escusam de me argumentar com a verdade de que muitos livros póstumos enriqueceram o património da humanidade e a glória dos seus autores. Cá para mim, a humanidade nem tem o direito de tirar ao indivíduo aquilo que ele espontaneamente lhe não deu, nem de lhe engrandecer o nome contra a sua vontade.
Say what you need to say Say what you need to Say what you need to Say what you need to say..
Um autor escreve para se revelar ou para se ocultar? O ato de escrita será , afinal, a afirmação narcísica de um eu que, por timidez, não se revela, mas tem uma necessidade premente de comunicar? Quer-se exibir, mas ocultando-se no papel de personagem ou sob a máscara de narrador? Leu algures que um bom escritor é sempre tímido ...
A palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento.
Estou outra vez preso de todas as crises imagináveis, mas agora o assalto é total. Numa coincidência trágica , desabaram sobre mim crises de várias ordens. Estou psiquicamente cercado. Renasceu a minha crise intelectual...estou no meio de um desvairamento e numa angústia que mal imagina...
A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá, e é esta a razão intima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga. Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata. Hoje, dia catorze de Março, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe a valer isto.
No jardim que entrevejo pelas janelas caladas do meu sequestro, atiraram com todos os balouços para cima dos ramos de onde pendem; estão enrolados muito alto, e assim nem a ideia de mim fugido pode, na minha imaginação, ter balouços para esquecer a hora. Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma neste momento. Como à veladora do «Marinheiro» ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura a descoser-se. Se eu não lhe estivesse escrevendo, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as cousas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena — cheia de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas.
Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar. Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no «Livro do Desassossego». Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida....Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Puro egoísmo. O desejo de ser engenhoso, de ser comentado, de ser lembrado após a morte, de se desforrar de adultos que o desdenharam na infância e por aí afora. É uma falsidade fazer de conta que este não é um motivo forte para escrever...
Porque não acrediteis que eu escrevo para publicar, nem para escrever nem para fazer arte, mesmo. Escrevo, porque esse é o fim, o requinte supremo, o requinte temperamentalmente ilógico (...), da minha cultura de estados de alma. Se pego numa sensação minha e a desfio até poder com ela tecer-lhe a realidade interior a que eu chamo ou a A Floresta do Alheamento, ou a Viagem Nunca Feita, acreditai que o faço não para que a prosa soe lúcida e trémula, ou mesmo para que eu goze com a prosa — ainda que mais isso quero, mais esse requinte final ajunto, como um cair belo de pano sobre os meus cenários sonhados — mas para que dê completa exterioridade ao que é interior, para que assim realize o irrealizável, conjugue e contraditório e, tornando o sonho exterior, lhe dê o seu máximo poder de puro sonho, estagnador de vida que sou, burilador de inexactidões, pajem doente da minha alma Rainha, lendo-lhe ao crepúsculo não os poemas que estão no livro, aberto sobre os meus joelhos, da minha Vida, mas os poemas que vou construindo e fingindo que leio, e ele fingindo que ouve, enquanto a Tarde, lá fora não sei como ou onde, dulcifica sobre esta metáfora erguida dentro de mim em Realidade Absoluta a luz ténue e última dum misterioso dia espiritual.
Eu queria escrever-te uma carta Amor, Uma carta que dissesse deste anseio Deste anseio De te ver Deste receio De te perder Deste mais -que -bem -querer que sinto Deste mal indefinido que me persegue Desta saudade a que vivo todo entregue... Eu queria escrever-te uma carta... Mas ah, meu amor, eu não sei compreender Por que é, por que é, por que é, meu bem, Que tu não sabes ler E eu – Oh! Desespero! – não sei escrever…!
Escrever é entrar na afirmação de solidão onde o fascínio ameaça. É correr o risco da ausência de tempo, onde reina o eterno recomeço. É passar do Eu ao Ele, de modo a que o que me acontece não acontece a ninguém, é anónimo pelo facto de que isso me diz respeito, repete-se numa disseminação infinita. Escrever é dispor a linguagem sob o fascínio e, por ela, nela, permanecer em contacto com o meio absoluto, onde a coisa se torna imagem, de alusão a uma figura se converte em alusão ao que é sem figura e, de forma desenhada sobre a ausência, torna-se a presença informe dessa ausência, a abertura opaca e vazia sobre o que é quando não há mais ninguém.
Por que razão escrever teria alguma coisa a ver com essa solidão essencial, aquela cuja essência está em que, nela, aparece a dissimulação?
Um deste dias vou poder
apaixonar-me outra vez
sem me importar de saber
se vai durar um ano ou um mês
Correr e saltar num dia
depois não dormir tranquilo
pensar que o amor é isto
e descobrir que afinal é aquilo...
Já não há canções de amor como havia antigamente já não há canções de amor vou investigar o caso com o máximo rigor tirar a limpo a verdade que há nas canções de amor vou saber se ainda é possível escrever canções de amor...
Verba volant, scripta manent: há frases que destroem uma vida...Recordou-as todas antes de adormecer e talvez por isso teve um sono agitado em que se sentiu permanentemente ameaçada, pois estava numa ponte muito alta e convenceu-se que as grades estavam a ceder... O medo de cair e o não perceber o motivo de se encontrar ali desencadearam-lhe uma angústia enorme...
Negada a verdade, não temos com que entreter-nos senão a mentira. Com ela nos entretenhamos, dando-a porém como tal, que não como verdade; se uma hipótese metafísica nos ocorre, façamos com ela, não a mentira de um sistema (onde possa ser verdade) mas a verdade de um poema ou de uma novela - verdade em saber que é mentira, e assim não mentir.
Fez primeiro em Coimbra exercitar-se
O valeroso ofício de Minerva;
E de Helicona as Musas fez passar-se
A pisar de Mondego a fértil erva.
Quanto pode de Atenas desejar-se
Tudo o soberbo Apolo aqui reserva.
Aqui as capelas dá tecidas de ouro,
Do bácaro e do sempre verde louro.
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
Melodia triste sem pranto,Diluída, antiga, feliz Manhã de sentir a alma como um canto De D. Dinis. Vem do fundo do campo, da hora,E do modo triste como ouço, Uma voz que canta, e se demora. Escuto alto, mas não posso Distinguir o que diz; é música só, Feita de coração, sem dizer: Murmúrio de quem embala, com uma vago dó De o menino ter de crescer.
Conhece-se a poesia lírica pelo facto de ser quase desprezível a ideação ou o sentimento para existir uma boa poesia lírica. Assim o «Ai flores, ai flores do verde pino» ou o «Levantou-se a velida» de D. Dinis, rei de Portugal, são poesias líricas maravilhosas, conquanto contenham uma insignificante base ideativa ou mesmo emocional. É o lirismo puro.
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
Levantou-s'a velida,
levantou-s'alva,
e vai lavar camisas
eno alto,
vai-las lavar alva.
Em todos os grandes embusteiros há um fenómeno digno de nota, ao qual eles devem o seu poder. No próprio ato do embuste, entre todos os preparativos, com o horripilante na voz, na expressão, nos gestos, no meio da eficiente encenação, acomete-os a crença de si próprios: é esta que, tão milagrosa e fascinante, fala então aos circunstantes. Os fundadores de religiões distinguem-se desses grandes embusteiros por não saírem desse estado de autoilusão(...) O engano de si próprio tem de estar preente, para que estes como aqueles façam um efeito grandioso. Pois as pessoas acreditam na verdade daquilo que , visivelmente, é crido com veemência.
As nossas perpétuas mentiras, as nossas hipocrisias, toda a estrutura do fingimento da nossa raça - própria de uma raça que não conhece a nudez, que é uma raça vestida.
- Mas a mentalidade artística deles era uma mentalidade de pederastas.
- E a nossa? - de onanistas.
Que voz vem no som das ondas Que não é a voz do mar? É a voz de alguém que nos fala, Mas que, se escutamos, cala, Por ter havido escutar. E só se, meio dormindo, Sem saber de ouvir ouvimos, Que ela nos diz a esperança A que, como uma criança Dormente, a dormir sorrimos. São ilhas afortunadas, São terras sem ter lugar, Onde o Rei mora esperando. Mas, se vamos despertando, cala a voz, e há só o mar
Ó mar anterior a nós, teus medos Tinham coral e praias e arvoredos. Desvendadas a noite e a cerração, As tormentas passadas e o mistério, Abria em flor o Longe, e o Sul sidério Esplendia sobre as naus da iniciação. Linha severa da longínqua costa — Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta Em árvores onde o Longe nada tinha; Mais perto, abre-se a terra em sons e cores: E, no desembarcar, há aves, flores, Onde era só, de longe a abstracta linha. O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esperança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte — Os beijos merecidos da Verdade.
Suavemente grande avança Cheia de sol a onda do mar;Pausadamente se balança, E desce como a descansar...Parece ser um ente apenas Este correr da onda do mar Como uma cobra que em serenas Dobras se alongue a colear. Unido e vasto e interminável No são sossego azul do sol, Arfa com um mover-se estável O oceano ébrio de arrebol. E a minha sensação é nula, Quer de prazer, quer de pesar... Ébria. de alheia a mim ondula Na onda lúcida do mar.
Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar / De todos os cantos do mundo Amo com um amor mais forte e mais profundo Aquela praia extasiada e nua, Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Iremos juntos sozinhos pela areia Embalados no dia Colhendo as algas roxas e os corais Que na praia deixou a maré cheia. As palavras que disseres e que eu disser Serão somente as palavras que há nas coisas Virás comigo desumanamente Como vêm as ondas com o vento. O belo dia liso como um linho Interminável será sem um defeito Cheio de imagens e conhecimento.
Dei-te a solidão do dia inteiro.Na praia deserta, brincando com a areia, No silêncio que apenas quebrava a maré cheia A gritar o seu eterno insulto, Longamente esperei que o teu vulto Rompesse o nevoeiro.
Uma Após Uma Uma após uma as ondas apressadas Enrolam o seu verde movimento E chiam a alva espuma No moreno das praias. Uma após uma as nuvens vagarosas Rasgam o seu redondo movimento E o sol aquece o espaço Do ar entre as nuvens escassas. Indiferente a mim e eu a ela, A natureza deste dia calmo Furta pouco ao meu senso De se esvair o tempo. Só uma vaga pena inconsequente Pára um momento à porta da minha alma E após fitar-me um pouco Passa, a sorrir de nada.
Sente-se estranha. Nas suas mãos a voz do mar dormia Nos seus cabelos o vento se esculpia A luz rolava entre seus braços frios E nos seus olhos cegos e vazios Boiava o rasto branco dos navios.
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. A tua beleza aumenta quando estamos sós E tão fundo intimamente a tua voz Segue o mais secreto bailar do meu sonho. Que momentos há em que eu suponho Seres um milagre criado só para mim.
...Não te busquei no reino prometido Da terra nem na paixão com que eu a amei E porque não és tempo não te dei Meu desejo pelas horas consumido // Apenas imagino que me espera No infinito silêncio a pura face Pr′além de vida morte ou Primavera E que a verei de frente e sem disfarce...
Pra quê tanto mar? Pra quê? De quê serve Esta onda Que quebra?
A tua voz fala amorosa...
Tão meiga fala que me esquece
Que é falsa a sua branda prosa...
Meu coração nada mais quer
Que a melodia que em ti há...
Amar-me? Quem o crera? Fala
Na mesma voz que nada diz
Se és uma música que embala.
Eu ouço, ignoro, e sou feliz.
Nem há felicidade falsa,
Enquanto dura é verdadeira.
Que importa o que a verdade exalça
Se sou feliz desta maneira?
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar p'ra ela, Mas não lhe sabe falar. Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos
Que voz vem no som das ondas Que não é a voz do mar? É a voz de alguém que nos fala, Mas que, se escutamos, cala, Por ter havido escutar.
Vivemos em plena burocratização da cultura, o que fomenta a mediocridade... Gente com ambição, profissão e talento, praticamente abandonou o mundo da literatura. Este converteu-se num gueto de mediocridade, tédio, pretensiosismo e pose.(...) O suposto mundinho literário é 1% literário e 99% mundinho...
É a hora!
Sem comentários:
Enviar um comentário