Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

domingo, 3 de julho de 2016

Cambalhotas do pensamento...

Haverá uma inteligência única da qual, como afirma proust, todos somos co-locatários?

O pensamento é enterrado vivo No mundo e ali sufoca.Sufoco em pensamento ao existir. Oh, horror! Oh inferno verdadeiro

Passado no frio âmago desta alma Que se encolhe e arrepia de pavor Como querendo desaparecer E é consciente sempre de ter vulto Para o pavor tomar. Oh sumo horror Que o universo (...) Sufoco em alma! Suma-se-me a vida E a consciência e eu deixe de pensar De fitar o mistério e sem querer Compreender-lhe o horror! Abra-me o sonho Ou a loucura a tenebrosa porta Que a treva é menos negra que esta luz. O terror desvaria-me, o terror De me sentir vivo e ter o mundo Fechado a laços de compreensão Na minha alma gelada de pavor.

Qual é, senhor, a melhor sorte? Mais vale a vida ou mais querer? Há, além do portal da morte, Melhor viver? Será melhor viver amando E buscar o amor entre a vida, Ou, inda que chorando, Buscar o amor Onde tudo é a sombra e o vago, E o guarda negro a fauce estende Por sobre o desolado lago Haverá escondida margem, Oculta região feliz, Onde outra mais (...) aragem Banhe um amor como se quis?

A morte do príncipe - Todo este universo é um livro em que cada um de nós é uma frase. Nenhum de nós, por si mesmo, faz mais que um pequeno sentido, ou uma parte de sentido; só no conjunto do que se diz se percebe o que cada um verdadeiramente quer dizer. Uns são frases que como se erguem do texto a determinar o sentido de todo um capítulo, ou de toda uma intenção, e a esses denominamos génios; outros são simples palavras, contendo uma frase em si mesmas, ou adjectivos definindo grandemente, destacadas aqui ou ali, mas sem dizer o que importa ao conjunto, e são esses os homens de talento; uns são as frases de pergunta e resposta, pelas quais se forma a vida do diálogo, e esses são os homens de acção; outros são frases que aliviam o diálogo, tornando-o lento para depois se sentir mais rápido, pontuações verbais do discurso, e esses são os homens de inteligência. A maioria são as frases feitas, quase iguais umas às outras, sem cor nem relevo, que servem todavia de ligar as intenções das metáforas, de estabelecer a continuidade do discurso, de permitir que os relevos tenham relevo, existindo, aparentemente, só para que esses possam existir. De resto, não somos nós feitos, como a frase, de palavras comuns (e estas de sílabas simples) de substância constante, diversamente misturada, da humanidade vulgar? Não é o nosso amor o amor de todos e o nosso choro as lágrimas em si mesmas? Mas cada um de nós ama e chora ele, que não outro: há um objectivo de dentro que o indefine (dissolve) e determina.
Isto que te estou dizendo é sem dúvida delírio, porque não sei por que te o digo; mas, porque o digo sem saber, é também sem dúvida verdade.
E as figuras de xadrez e as das cartas de jogar ou advinhar — seremos nós mais que elas onde a vida é vida? Quando eu era menino beijava-me nos espelhos: era um sinal antecipado de que nunca haveria de amar. Tinha por mim, em adivinha de negação, a ternura que me nunca haveria de ser dada.
Por que não será tudo uma verdade inteiramente diferente, sem deuses, nem homens, nem razões? Por que não será tudo qualquer coisa que não podemos sequer conceber, que não concebemos — um mistério de outro mundo inteiramente? Por que não seremos nós — homens, deuses, e mundo — sonhos que alguém sonha, pensamentos que alguém pensa, postos fora sempre do que existe? E por que não será esse alguém que sonha ou pensa alguém que nem sonha nem pensa, súbdito ele mesmo do abismo e da ficção? Por que não será tudo outra-cousa, e cousa nenhuma, e o que não é a única cousa que existe? Em que parte estou que vejo isto como cousa que pode ser? Em que ponte passo que por baixo de mim, que estou tão alto, estão as luzes de todas as cidades do mundo e do outro mundo, e as nuvens das verdades desfeitas que pairam acima e a elas todas buscam, como se buscassem o que se pode cingir?
Tenho febre sem sono, e estou vendo sem saber o que vejo. Há grandes planícies tudo à roda, e os rios ao longe, e montanhas... Mas ao mesmo tempo não há nada disto, e estou com o princípio dos deuses e com um grande horror de partir ou ficar, e de onde estar e de que ser. E também este quarto onde te ouço olhar-me é uma coisa que conheço e como que vejo; e todas estas coisas estão juntas, e estão separadas, e nenhuma delas é o que é outra cousa que estou a ver se vejo. Para que me deram um reino que ter se não terei melhor reino que esta hora que estou entre o que não fui e o que não serei?




All I want is the best for our lives my dear And you know my wishes are sincere What's to say for the days I cannot fear...

A mania do absurdo e do paradoxo é o animal "spirits" dos tristes...

Com a vida de pernas para o ar... Que legenda indigna de uma imagem tão expressiva, mas é assim que me sinto e melhor não sei dizer...

As misérias de um homem que sente o tédio da vida do terraço da sua vila rica são uma coisa; são outra coisa as misérias de quem, como eu, tem que contemplar a paisagem do meu quarto num 4º andar da Baixa, e sem poder esquecer que é ajudante de guarda-livros. «Tout notaire a rêvé des sultanes»... Tenho um prazer íntimo, da ironia do ridículo imerecido, quando, sem que alguém estranhe, declaro, nos actos oficiais, em que é preciso dizer a profissão: empregado no comércio. Não sei como inserto o meu nome vem assim no Anuário Comercial... A mania do absurdo e do paradoxo é o animal "spirits" dos tristes. Como o homem normal, diz disparates por vitalidade, e por sangue dá palmadas nas costas de outros, os incapazes de entusiasmo e de alegria dão cambalhotas na inteligência, a seu frio modo fazem os gestos quentes da vida.

A ideia de viajar seduz-me por translação, como se fosse a ideia própria para seduzir alguém que eu não fosse. Toda a vasta visibilidade do mundo me percorre, num movimento de tédio colorido, a imaginação acordada; esboço um desejo como quem já não quer fazer gestos, e o cansaço antecipado das paisagens possíveis aflige-me, como um vento torpe, a flor do coração que estagnou.
E como as viagens as leituras, e como as leituras tudo... Sonho uma vida erudita, entre o convívio mudo dos antigos e dos modernos, renovando as emoções pelas emoções alheias, enchendo-me de pensamentos contraditórios na contradição dos meditadores e dos que quase pensaram que são a maioria dos que escreveram. Mas só a ideia de ler se me desvanece se tomo de cima da mesa um livro qualquer, o facto físico de ter que ler anula-me a leitura... Do mesmo modo se me estiola a ideia de viajar se acaso me aproximo de onde possa haver embarque. E regresso às duas coisas nulas em que estou certo, de nulo também que sou — a minha vida quotidiana de transeunte incógnito, e aos meus sonhos como insónias de acordado.
E como as leituras tudo... Desde que qualquer coisa se possa sonhar como interrompendo deveras o decurso mudo dos meus dias, ergo olhos de protesto pesado para a sílfide que me é própria, aquela coitada que seria talvez sereia se tivesse aprendido a ca
ntar.

Sei bem que a própria palavra é uma instituição dos outros, mas a substância da vida é a assimilação, isto é, a conversão do que é outro em nosso. E quanto mais nosso tornarmos o que é dos outros, mais vivemos. Para tornarmos mais nosso o que é dos outros, é preciso que ele, inicialmente, seja o menos possível dos outros já, para que mais facilmente seja nosso. A força da alma humana não é tal, que trabalhe seguramente através de grandes dificuldades. Napoleão disse que não conhecia a palavra impossível, mas deve tê-la encontrado em Moscovo e Waterloo, se a não tinha visto antes. Depois, deve ter ficado a conhecer a palavra, em toda a sua expressão maligna. Disse Goethe que «trabalhar dentro de limites revela o mestre». Revela, mas o mestre no sentido do "jongleur" de possibilidades, do artista de circo da inteligência superior. Dar uma cambalhota em que o corpo passe através de um arco de papel, revela o mestre no sentido de Goethe, porque o arco de papel é um limite, mas, na vida, e na arte que é a vida, não há limites dessa ordem. O limite que temos é a nossa própria personalidade; é o sermos nós e não a vida inteira. É isso o limite dentro do qual temos que trabalhar, porque não podemos trabalhar fora dele. E, para limite, basta esse.

A estrada inteiramente insubjectiva Branca, branca, sem pensamento algum: o branco é a matemática...

Simplificações...

Que outras coisas, além de meias-verdades, simplificações grosseiras ou banalidades poderão, com efeito, ser comunicadas a essa audiência de massas semiletrada que a democracia populista reuniu em torno dos mercados? [...] Os "investigadores de motivação", esses coveiros do discurso culto, dizem-nos que os anúncios perfeitos são os que não incluem palavras com mais de duas sílabas nem frases com orações subordinadas. [...] É absolutamente indubitável que o acesso de semi-analfabetos ao poder económico e político acarretou uma grave perda de riqueza e dignidade no plano da linguagem».

Tive um dia, interiormente, tão intenso que decidi respeitar este título e não escrever nada sobre o que sente. Simplificação bem prudente e avisada. Ainda me torno uma pessoa sensata: sem a pessoana distância afetiva, é impossível dar cambalhotas com o pensamento......

Decidida a não usar palavras, fiz uma breve incursão pelo inóspito mundo da matemática, deparando-me com uma miríade de simplificações: de radicais, de frações algébricas, de expressões trigonométricas, de expressões booleanas e de circuitos lógicos...Percorro, com a admiração bacoca dos ignorantes, sucessões de sinais totalmente insignificativos; leio, sem ler, todas aquelas simplificações incompreensíveis. Consola-me saber grego e latim e pensar que um matemático,no meu reino, poderá sentir constrangimento similar... Secretamente, sempre alimentei uma quimera: aprender matemática, uma das minhas perenes, embora inconfessadas, frustrações. Disse e repeti que odiava matemática por raiva de não conseguir encontrar significado naquelas contas sem porquê...Passava, na adolescência, improfícuas horas, a olhar, desculpe-se-me o plebeísmo, "como boi para palácio", para aquele mundo que intuía belo na sua organização perfeita, mas com uma pulcritude para mim inacessível. Sofri com isso e recalquei essa mágoa, sendo a pior aluna da turma, exibindo , com um orgulho ferido, o meu desprezo pelos algarismos, proclamando, ufana, a minha devoção às letras... Como todos os ódios genuínos, o meu era uma simplificação grotesca do amor ,do fascínio, que aquele mundo, absolutamente inacessível, despertava em mim.

Acabo de encontrar um título interessante para a minha biografia: o silêncio da matemática. A minha vida tem sido, afinal, uma série de silêncios: tudo terá começado com as equações de primeiro grau com duas incógnitas...

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.

Incógnitas...

Na matemática, incógnita é uma grandeza ou quantidade desconhecida, mas que se pretende descobrir para resolver uma equação ou inequação. A incógnita, assim, é um valor desconhecido, que irá ser descoberto por meio de uma equação, que pode ser tanto de primiro grau quanto de segundo grau, variando de acordo com a sua dificuldade de execução. Já percebi que, sem saber matemática, não resolver as minhas equações existenciais...Até porque , pelo que estou a perceber, preciso de distinguir incógnitas de variáveis

Incógnita é um nome feminino que indica algo desconhecido, mas que se pretende conhecer... Não concordo com o dicionário, o que é uma incógnita, incógnito deve permanecer...

A mais vil de todas as necessidades — a da confidência, a da confissão. E a necessidade da alma de ser exterior.
Confessa, sim; mas confessa o que não sentes. Livra a tua alma, sim, do peso dos seus segredos, dizendo-os; mas ainda bem que o segredo que dizes, nunca o tinhas dito. Mente a ti próprio antes de dizeres essa verdade. Exprimir(-se) é sempre errar. Sê consciente: exprimir seja, para ti, mentir


A fadiga de ser amado, de ser amado deveras! A fadiga de sermos o objeto do fardo das emoções alheias! Converter quem quisera ver-se livre, sempre livre, no moço de fretes da responsabilidade de corresponder, da decência de se não afastar, para que se não suponha que se é príncipe nas emoções e se renega o máximo que uma alma humana pode dar. A fadiga [de] nos tornar a existência de uma coisa dependente em absoluto de uma relação com um sentimento de outrem! A fadiga de, em todo o caso, ter forçosamente que sentir, ter forçosamente, ainda que sem reciprocidade, que amar um pouco também!... Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os factos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma....

A renúncia é a libertação. Não querer é poder.
Que me pode dar a China que a minha alma me não tenha já dado? E, se a minha alma mo não pode dar, como mo dará a China, se é com a minha alma que verei a China, se a vir? Poderei ir buscar riqueza ao Oriente, mas não riqueza de alma, porque a riqueza de minha alma sou eu, e eu estou onde estou, sem Oriente ou com ele.
Compreendo que viaje quem é incapaz de sentir. Por isso são tão pobres sempre como livros de experiência os livros de viagens, valendo somente pela imaginação de quem os escreve. E se quem os escreve tem imaginação, tanto nos pode encantar com a descrição minuciosa, fotográfica a estandartes, de paisagens que imaginou, como com a descrição, forçosamente menos minuciosa, das paisagens que supôs ver. Somos todos míopes, excepto para dentro. Só o sonho vê com (o) olhar.
No fundo, há na nossa experiência da terra duas coisas — o universal e o particular. Descrever o universal é descrever o que é comum a toda a alma humana e a toda a experiência humana — o céu vasto, com o dia e a noite que acontecem dele e nele; o correr dos rios — todos da mesma água sororal e fresca; os mares, montanhas tremulamente extensas, guardando a majestade da altura no segredo da profundeza; os campos, as estações, as casas, as caras, os gestos; o traje e os sorrisos; o amor e as guerras; os deuses, finitos e infinitos; a Noite sem forma, mãe da origem do mundo; o Fado, o monstro intelectual que é tudo... Descrevendo isto, ou qualquer coisa universal como isto, falo com a alma a linguagem primitiva e divina, o idioma adâmico que todos entendem. Mas que linguagem estilhaçada e babélica falaria eu quando descrevesse o Elevador de Santa Justa, a Catedral de Reims, os calções dos zuavos, a maneira como o português se pronuncia em Trás-os-Montes? Estas coisas são acidentes da superfície; podem sentir-se com o andar mas não com o sentir. O que no Elevador de Santa Justa é universal é a mecânica facilitando o mundo. O que na Catedral de Reims é verdade não é a Catedral nem o Reims, mas a majestade religiosa dos edifícios consagrados ao conhecimento da profundeza da alma humana. O que nos calções dos zuavos é eterno é a ficção colorida dos trajes, linguagem humana, criando uma simplicidade social que é em seu modo uma nova nudez. O que nas pronúncias locais é universal é o timbre caseiro das vozes de gente que vive espontânea, a diversidade dos seres juntos, a sucessão multicolor das maneiras, as diferenças dos povos, e a vasta variedade das nações.
Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.


O eu é , afinal, a única incógnita.

Sendo a vida uma equação, sem determinar o que valem as incógnitas ontológicas, nada se resolve. O problema primordial residirá no facto de, na existência humana, as constantes não o serem... Será que isto faz algum sentido?

Quero capturar o presente que, pela sua própria natureza, me é interdito: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já. Só no ato do amor — pela límpida abstração de estrela do que se sente — se capta a incógnita do instante que é duramente cristalina e vibrante no ar e a vida é esse instante incontável, maior que o acontecimento em si: no amor, o instante de impessoal jóia refulge no ar, glória estranha de corpo, matéria sensibilizada pelo arrepio dos instantes — e o que se sente é ao mesmo tempo que imaterial tão objetivo que acontece como fora do corpo, faiscante no alto, alegria, alegria é matéria de tempo e é por excelência o instante. E no instante está o é dele mesmo. Quero captar o meu é.

Só no ato de amor se capta a incógnita do instante: leio e releio o excerto, numa tentativa vã de que esta afirmação possa fazer algum sentido, mas não consigo. Talvez porque para mim o que seja, concretamente, o ato do amor a que clarice lispector se refere, permanece uma incógnita.


Cause they're gonna be cool happy genius heroes I'm gonna miss 'em so much

As incógnitas fazem-me sentir insegura... Não gosto - julgo que ninguém gostará - de me sentir insegura: deixa-me nervosa, ansiosa e as palavras terminadas em -osa não anunciam coisa boa. Que sufixo de mau agoiro... Será que a insegurança pode desencadear migrâneas? Sabe-se lá...

Quando olho para mim não me percebo. Tenho tanto a mania de sentir Que me extravio às vezes ao sair Das próprias sensações que eu recebo.

Só tenho uma constante: prefiro o termo migrânea a enxaqueca... Muito mais clássico...

Tu ne quaesieris - scire nefas - quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Ut melius quicquid erit pati,
seu pluris hiemes, seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum. Sapias, vina liques, et spatio brevi
spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.


De que valem os números babilónios?
São incógnitas...meras incógnitas

Sei este poema de cor, desde sempre...
É uma constante...


Constantes...

f(x) = \sin x + c.
Aqui a constante c é o termo constante da função f. O valor de c não foi especificado nesta fórmula, mas ele precisa ter um valor específico para f ser uma função específica. O termo constante pode depender da maneira pela qual a fórmula é escrita. Por exemplo,f(x) = x^3+(\sin x)^2 + 4 e g(x) = x^3-(\cos x)^2 + 5
Pois está muito bem, mas...

O ser imprudente é uma constante, o ser impulsiva é outra constante, o sofrer as consequências destas constantes, absolutamente invariáveis, é uma constante. Enquanto não aprende matemática, vai ser prudente e - ia dizer pulsiva, mas não funciona - ponderada, premeditada, qualquer coisa que a afaste de variáveis que lhe provocam mágoas daquelas que, não sendo nada, são "um nada que dói"...


Não gosta de amuar. Não tem, sequer, idade para isso, mas o que fazer desta incontornável constante? Desde criança que, em sua casa, o verbo amuar se conjugou em todos os tempos e modos, mas sempre na 3º pessoa do singular: ela,ela,ela...

Hoje tudo continua similar: o que tem ela? Oh... o costume, amuou...

(Sendo Ela tão dada a amuos,seria uma falha grave se, nestas Leituras, um Era uma vez de palavras, que já nem sabe se lhe chame Palavrário ou Glossário existencial, não constasse este verbo transitivo e intransitivo.)

Eu amuo
Ela amua
M amua
(A maria amua?)

Amuar:provocar amuo, enfadar;ficar amuado; emburrar; abespinhar ;teimar, insistir muito;não se desenvolver;não amadurecer; guardar, entesourar(dinheiro).
Sem dúvida, que nós ficamos amuadas, emburramos ou abespinahamo-nos , os outros sentidos não se nos aplicam...Não há vocábulo mais desinteressante, vê-se bem que é parecido com ela, por mais que pense, não lhe ocorre dizer nada sobre ele...
Fica mesmo intransitivamente abespinhada... kai du, shana, havte soquaqui to dicsadiz? m du m ambebu vemulmui...
Que palavra inóqua, nunca mais a usa...não se quer identificada com um conceito tão pouco inspirador...

Nem uma imagem de jeito se encontra porque, pelos vistos, amuo é mais coisa de criança...

I'm a loser
I'm a loser
And I'm not what I appear to be



Of all the love I have won or have lost There is one love I should never have crossed She was a girl in a million, my friend I should have known she would win in the end...

Começo a conhecer-me. Não existo. Sou o intervalo entre o que desejo ser e que os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida ... Sou isso, enfim ...

Um dia, à hora do correio, a minha mãe poisou-me uma carta em cima da mesa (...)Com uma velocidade vertiginosa,aquela assinatura sem verosimilhança jogava aos quatro cantinhos com a minha cama, com a lareira, com a parede. Via tudo a oscilar, como alguém que cai de um cavalo, e perguntava a mim mesmo se não haveria uma existência completamente diferente da que eu conhecia, em contradição com ela, mas que era verdadeira(...) Enquanto lia estas palavras o meu sistema nervoso recebia com admirável diligência a notícia de que me chegava uma grande felicidade. Mas a minha alma, isto é, eu próprio, e afinal o principal interessado, ainda a ignorava. A felicidade, a felicidade por intermédio de Gilberte, era uma coisa com que sonhara incessantemente, uma coisa toda em pensamentos, era,como Leonardo dizia da pintura, cosa mentale. Uma folha de papel coberta de caracteres é coisa que o pensamento não assimila imediatamente. Mas, mal terminei de ler a carta, pensei nela, ela tornou-se objecto de devaneio, tornou-se , também ela, cosa mentale, e já a amava tanto que de cinco em cinco minutos tinha de a reler, que a beijar. Conheci então a felicidade.

Continuava sozinho a fabricar as frases que poderiam agradar a S(...) Silencioso , este exercício era contudo uma conversa e não uma meditação, a minha solidão era uma vida de salão mental, onde as minhas palavras eram comandadas, não pela minha própria pessoa, mas por interlocutores imaginários...

Hqt x sefee hithi...Analter ticro qdwh du wrscrib mir,shanaofmbio...Neste dia também morreu kafka, neste dia também morreu jim morrison...


You know that it would be untrue You know that I would be a liar If I was to say to you Girl, we couldn't get much higher...

This is the end Beautiful friend This is the end My only friend, the end Of our elaborate plans, the end Of everything that stands, the end No safety or surprise, the end...

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