Não é neccessário vivermos ao lado de alguém para nos sentirmos ligados a esse alguém mais do que a qualquer outra pessoa...

terça-feira, 11 de julho de 2017

Sucesso: demiurgos, qualidades e prestígio...

Quando procuramos respostas para as dúvidas fundamentais , podemos encontrá-las por duas vias: ou inventamos um deus que é responsável por tudo, ou acreditamos que o divino está em nós.

Gregory , um homem atraente, e o banal Terry,seu irmão adotivo, detestam mulheres. Além da misoginia, liga-os o ódio de classe e a rivalidade sexual...

Vejo pouco por onde escolher...As lágrimas pós -coitais enojam-me tanto como as borbulhas pré-menstruais. E as coisas horrorosas que elas "dizem" . Estão sempre a tentar compreender-nos, estão sempre a falar de coisas como deve ser, estão sempre a tentar ser pessoas. Nós aceitamos, damos troco. Não devemos dar a entender que, apesar de todos os seus encantos, elas são simplesmente desinteressantes.

É muito curioso, mas torna-se aborrecido ser-se calçado e disputado a todo o momento. Idiotas, com as suas rixas possessivas. Não veem que estou aqui para ser saboreado, considerado, adorado, não disputado como uma peça de carne?


Eu chamei-te para ser a torre
Que viste um dia branca ao pé do mar.
Chamei-te para me perder nos teus caminhos.
Chamei-te para sonhar o que sonhaste.
Chamei-te para não ser eu:
Pedi-te que apagasses
A torre que eu fui a minha vida os sonhos que sonhei.


Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas Deixarei que o teu nome se perca repetido Mas espera-me: Pois por mais longos que sejam os caminhos Eu regresso


Já viram um homem em pêlo Sair de repente da casa de banho Escorrendo por todos os pêlos Com o bigode cheio de pena Já viram um homem muito feio A comer esparguete Garfo em punho e ar de bruto Com molho de tomate no colete Quando são bonitos são idiotas Quando são velhos são horríveis Quando são pequenos são maus Já viram um homem gordo à beça Extrair as pernas do ó-ó Massajar a barriga e coçar as guedelhas Olhando pensativo para os pés

Não se casem raparigas não se casem Façam antes cinema Fiquem virgens em casa do papá Sejam serventes no carvoeiro Criem macacos criem gatos Levantem a pata na Ópera Vendam caixas de chocolate Professem ou não professem Dancem em pêlo para os gagás Sejam matadoras na avenida do Bois Mas não se casem raparigas Não se casem

Já viram um homem à rasca Chegar tarde para o jantar Com baton no colarinho E tremeliques nas gâmbias Já viram no cabaret Um senhor não muito fresco Roçar-se com insistência Numa florzinha de inocência Quando são burros aborrecem Quando são fortes fazem desporto Quando são ricos guardam o milho Quando são duros torturam Já viram ao vosso braço pendurado Um magrizela de olhos de rato Frisar os três pêlos do bigode E empertigar-se com um ar de bode


Não se casem raparigas não se casem Vistam os vossos vestidos de gala Vão dançar ao Olímpia Mudem de amante quatro vezes por mês Peguem na massa e guardem-na Escondam-na fresca debaixo do colchão Aos cinquenta anos pode servir Para sacar belos rapazes Nada na cabeça tudo nos braços Ah que bela vida será Se não se casarem raparigas Se não se casarem


Considerar todas as coisas que nos sucedem como acidentes ou episódios de um romance a que assistimos não com a atenção senão com a vida. Só com esta atitude poderemos vencer a malícia dos dias e os caprichos dos sucessos.

Won't you please let me go These words lie inside they hurt me so And I'm not the kind that likes to tell you Just what I want to do I'm not the kind that needs to tell you Just what you, want me to...



Os espíritos, os deuses, as Vidas Supremas de que os símbolos falam, os demiurgos, os demónios, os espíritos todos — nunca existiram. São criações dos HERMÉTICOS para uso ilusório dos Esotéricos. Assim como estes só por símbolos não sempre certos dão notícia da sua fé e dos seus poderes aos Esotéricos, aqueles o fazem a eles. Deus mesmo não existe; Deus é uma criação ilusória dos HERMÉTICOS. Existe realmente e verdadeiramente para os Esotéricos, mas verdadeiramente não existe. O mistério é mais profundo do que julgais e de que os Esotéricos julgam. O Mistério É MAIS UNO E INDIVISÍVEL DE QUE DEUS E OS ANJOS. Um grande horror físico descera sobre mim. Eu não sabia para onde pudesse olhar que um terror pessoal não saísse d'esse objecto. Quando ergui os olhos não havia ninguém no quarto, além de mim. O grande Espelho fitava-me ocamente. Com mão trémula acendi o candeeiro. A alegria humilde da luz derramou-se de repente pela sala. Não estava lá ninguém. Eu tinha sonhado então? Não podia determinar se sim, se não. Olhei em volta, cheio de um pavor que morava, rígido, nas minhas mínimas, sentidas, veias. Mas nada de estranho no quarto. Nada?


Ao contrário de deus, o demiurgo não cria ex nihilo, mas a partir de um estado preexistente de caos, procurando que o seu produto se assemelhe ao modelo eterno e perfeito. Timeu estabelece a constituição do mundo sensível e, posteriormente, dos seres que o habitam com particular evidência para o homem. Como este é o eixo temático em torno do qual gira toda a narrativa, é forçoso que o diálogo seja contextualizado num movimento que começa nos filósofos pré-socráticos. A relação de Platão com esta tradição é ambígua: se, por um lado, a tenta superar, condenando abertamente alguns dos seus representantes, por outro, importa dela vários elementos cuja autoria silencia.

Na minha opinião, temos primeiro que distinguir o seguinte: o que é aquilo que é sempre e não devém, e o que é aquilo que devém sem nunca ser. Um pode ser apreendido pelo pensamento com o auxílio da razão, pois é imutável. Ao invés, o segundo é objecto da opinião acompanhada da irracionalidade dos sentidos e, porque devém e se corrompe, não pode ser nunca.

Sou alguém que chegou cedo demais.(...)Acordei hoje com esta certeza e queria partilhá-la contigo...Não sou a pessoa que inventas ( inventamos sempre a pessoa que amamos). É mais complicado: sou uma pessoa que não poderias inventar. Estou além da tua imaginação.


Talvez sejam os nomes a dar existência às coisas.(...) Imagino uma sociedade secreta de poderosos demiurgos. Vejo-os atravessando os séculos, confundindo-se com as multidões, na sua fantástica missão. Eis que vão de povoado em povoado , disseminando nomes nas mais diversas línguas e, à medida que essas línguas se enriquecem, o universo vai ganhando cor e complexidade.
Contrariando a tese acima , sinto que acontecem na minha alma , frequentes vezes, um tumulto de sentimentos nunca nomeados. Talvez se tornem comuns quando alguém lhes der um nome
.


Um homem sem qualidades é feito de qualidades sem homem
E de repente, perante estas considerações, Ulrich teve de reconhecer, com um sorriso, que, no meio disto tudo, era um carácter, apesar de não ter nenhum.


Um fragmento gigantesco, não se podendo dizer que a unidade estrutural seja a sua principal qualidade...
O ser humano não consegue viver sem paixão. E a paixão é o estado no qual todos os seus sentimentos e ideias se encontram no mesmo espírito. Tu podes pensar, quase ao contrário, que é o estado em que um sentimento se torna todo-poderoso, um único sentimento que atrai a si todos os outros - um arrebatamento! Não, não querias dizer nada? Seja como for, é assim. Também é assim. Mas a força de uma tal paixão é imparável. Os sentimentos e as ideias só ganham continuidade quando se apoiam uns nos outros, na sua totalidade, têm de se orientar no mesmo sentido e arrastam-se uns aos outros. E o ser humano tenta por todos os meios, pela droga, pela ilusão, pela sugestão, pela crença, pela convicção, por vezes apenas recorrendo ao efeito simplificador da estupidez, criar um estado semelhante àquele. Acredita nas ideias, não por elas às vezes serem verdadeiras, mas porque tem de acreditar em alguma coisa. Porque tem de manter os afectos em ordem. Porque tem de tapar com alguma ilusão o buraco entre as paredes da vida, para não deixar que os seus sentimentos se espalhem ao vento. O caminho certo seria o de, em vez de se entregar a estados ilusórios, procurar pelo menos as condições da autêntica paixão. Mas, feitas as contas, embora o número de decisões que dependem do sentimento seja infinitamente superior ao daquelas que se podem tomar com a pura razão, e todos os acontecimentos decisivos para a humanidade nasçam da imaginação, só as questões da razão se mostram ordenadas de forma suprapessoal; para o resto, nunca se fez nada que mereça o nome de esforço comum ou que sugira sequer a consciência da sua desesperada necessidade.

A velha regra — pensar antes de agir — sofre alterações na realidade. A prática obriga frequentemente a agir sem ter tempo para pensar. Por isso uma das qualidades que mais convém que o homem prático desenvolva é a de saber pensar à medida que age, a de ir construindo em caminho a própria direcção do caminho. Isto tem a desvantagem de ser absurdo, e a vantagem de ser verdadeiro.

Quando, porém, com esse grande desenvolvimento das qualidades de integração coexista um desenvolvimento igualmente grande das de desintegração — isto é, uma psiconervose — , as qualidades de integração passam a funcionar rápida e profundamente, para se não deixarem arrastar pelas outras. Dá‑se, pelo equilíbrio hipersão de um fenómeno mórbido, uma hiperharmonia do espírito. A essa hiperharmonia chamamos génio. Quer isto dizer que não haja homens de talento com psiconervoses? Não. Mas há duas maneiras de a psiconervose coexistir com um excesso de faculdades de integração.

Descreveu Carlyle a humanidade como sendo um vaso cheio de cobras, cada uma d'elas tentando erguer a cabeça acima das de todas as outras.
A frase, aparentemente simples, assenta contudo em uma intuição que conviria que os psicólogos e os sociólogos meditassem de perto — o amor ao prestígio como grande anseio humano, a vaidade como qualidade primária do homem social. Os redactores de projectos igualitários, os sonhadores de organizações sociais salvadoras — últimos crentes no milagre — fariam bem em meditar, podendo, este princípio, tirando d'ele, sabendo, as suas necessárias conclusões.
Não é mais a vaidade que a confiança no efeito do valor próprio. A confiança só no valor próprio, que não no efeito d'ele, é outra coisa, e chama-se orgulho. Podem coexistir, podem não coexistir. Tão contraditória é a aparência da condição humana, que, podemos confiar no efeito de nosso valor, sem confiar nesse valor mesmo. É que na vida do espírito a acção precede sempre a consciência; movemo-nos antes que o queiramos.
Seja como for, a importância social da vaidade é implícita na definição, (que demos) d'ela. Ao passo que a confiança no valor próprio, porém não no efeito d'ele, — isto é, na aceitação d'ele por outrem — intimida e paralisa o esforço, pelo receio da desilusão e da dificuldade; a confiança no efeito d'esse valor necessariamente estimula para a acção.
Há por isso um sinal distintivo, pelo qual se diferençam os orgulhosos dos vaidosos: os orgulhosos são tímidos, os vaidosos são audazes. Há quem seja cumulativamente orgulhoso e vaidoso; quem o é será tímido e audaz ou intermitentemente, ou em manifestações diferentes do espírito.
Se a vaidade é mais ridícula que o orgulho, é que é por natureza activa, e se revela sempre; o orgulho, como se esconde, mal pode aparecer onde o escarneçam. Por isto, e ordinariamente, tem-se a vaidade por baixa, e por nobre o orgulho. Nem um, nem outro, é nobre ou deixa de sê-lo. Pela razão já exposta — a essência activa da vida —, a vaidade é mais vulgar, o orgulho — sobretudo o orgulho sem, ou com pouca, vaidade — raro. Da sua raridade se deriva — (assim) como de seu menor ridículo e de sua pouca incidência, por inerte, sobre outrem — o mito da sua nobreza.
É a vaidade a mestra do esforço, o sal da acção, o alimento da vida. Todo homem quer ser mais que os outros, dentro da esfera de ambição que a sua fantasia lhe determina. Ser mais rico que outro, mandar mais que outro, ser mais bonito, mais elegante, mais bem vestido — tais são as aspirações normais do último animal da evolução das espécies. D'elas nasce tudo que é social — o bom como o mau, assim o nobre como o mesquinho. O fato melhor do caixeiro, os gestos da condessa, a conquista da Gália por César, a Divina Comédia têm esta comum origem. Não há mister inventar, como Nietzsche, uma «vontade de poder» para disfarce opulento d'esta nudez do egoísmo humano. O pitecantropo vestido é menos dionisíaco do que isso.
Como o orgulho vive para dentro, pensando e sentindo, e a vaidade para fora, operando, resulta que, ante o conseguimento alheio, o primeiro movimento de um é o desconsolo e o tédio, da outra o despeito e a inveja. A inveja é a qualidade primária da comparação social: gera as intrigas e as malícias de que se compõe a quotidianidade da vida; estimula rancorosamente o esforço que se vai cansando; é a matriz de quase todas as censuras e de todas as revoluções.
Tal é a realidade da vida humana: a vaidade como base, a inveja como meio, o progresso como fim. Certos há, porém, que escapam à inveja do comum dos homens. Ao sentimento, que despertam, e pelo qual fogem a essa inveja, chama-se ordinariamente prestígio. O prestígio é, pois, aquela imposição da nossa personalidade aos outros, que não lhes desperta a inveja.
Parece que a primeira condição do prestígio deve ser a superioridade — a superioridade por nós reconhecida. Não é assim. A só superioridade não evita a inveja; há mister que essa superioridade se baseie em uma diferença de qualidade, que não, ou que não só, de grau.
A quem não temos por superior, e nos supera nos benefícios da vida, invejamos, invejamos simplesmente. A quem temos por nosso superior, porém como da mesma espécie que nós e nosso superior só em grau, invejamos ainda, porém de diverso modo: invejamos que a Natureza, que não já a Sorte ou o Destino, lhe concedesse as qualidades, por meio das quais nos supera. A quem, porém, sentimos não só superior, senão também diferente, dificilmente invejaremos, salvo se a inveja for uma disposição habitual nossa. Não há contraste sem semelhança. Não podemos comparar-nos com quem nos não parecemos. O nosso superior semelhante faz o que fazemos, porém melhor; o nosso superior diferente faz o que não poderíamos fazer nunca. Por isso um escritor português dificilmente invejará a celebridade de um escritor estrangeiro. Por isso Byron invejava Shakespeare, e só admirava Milton: o intuitivo menor doía-se do intuitivo maior; o grande racional não o ofendia.
A primeira condição do prestígio é, pois, necessariamente a diferença — a diferença, porém, desacompanhada de inferioridade. Todos sentimos diferente um louco ou um imbecil; a nenhum damos prestígio. Não falemos ainda de superioridade; falemos só de diferença. A primeira condição do prestígio é a diferença que não é inferior. É que todo o raro, desde que não seja baixo, atrai e preocupa.
Como, porém, a diferença tanto mais nos preocupará quanto menos pudermos definir em que consiste, segue que a segunda condição do prestígio é o mistério. Todos os grandes fascinadores se destacam por diferentes, e se insinuam por não se revelarem. Quando ouvirdes dizer que certo homem é «interessante» — é o primeiro adjectivo do prestígio — vereis que se deve entender que de certo modo se não compreende bem o que pensa, o que sente, que carácter tem. Os grandes sedutores usam conscientemente este processo de insinuação; muitas vezes não têm mais mistério que o saber o que o mistério vale.
A terceira — mas só a terceira — condição do prestígio é, então, a superioridade. Quando é enorme e sensível envolve já a diferença, e por aí, que não por si, se prestigia. Quando é súbita, deslumbrante envolve já o mistério, e por ele, que não por si, adquire prestígio. De per si — isto é, como superioridade explicável, racional — não é nem o primeiro nem o segundo elemento da sujeição do espírito alheio.
São estas as três condições do prestígio. Quem queira analisar o conteúdo d'ele não encontrará mais que isto. O prestígio do homem de génio é d'esta ordem, porque o génio é diferente e misterioso.

Sem comentários: