Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Cause the sweetest kiss I ever got is the one I've never tasted...
Aaaaahhhhhhhhhh
Because the world is round it turns me on
Because the world is round...aaaaaahhhhhh
Because the wind is high it blows my mind
Because the wind is high......aaaaaaaahhhh
Love is old, love is new
Love is all, love is you
Because the sky is blue, it makes me cry
Because the sky is blue.......aaaaaaaahhhh
Aaaaahhhhhhhhhh...
Porque o melhor, enfim,
É não ouvir nem ver...
Passarem sobre mim E nada me doer!
_ Sorrindo interiormente,
Co'as pálpebras cerradas,
Às águas da torrente Já tão longe passadas. _
E eu sob a terra firme,
Compacta, recalcada,
Muito quietinho. A rir-me
De não me doer nada.
I wonder about the love you can't find And I wonder about the loneliness that's mine I wonder how much going have you got And I wonder about your friends that are not I wonder I wonder wonder I do
And you claim you got something going Something you call unique But I've seen your self-pity showing As the tears rolled down your cheeks
Ler e esquecer ou ler para esquecer?
Increscunt animi, virescit volnere virtus.
Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam.
Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno, o estar sempre disposto a meter-se, a lançar-se de um salto para dentro de outros homens e outras coisas, em suma, a famosa «objectividade» moderna é mau gosto, é algo não-aristocrático "par excellence".
Tem de se aprender a pensar - nas nossas escolas não se tem a mínima noção disto. Mesmo nas universidades, mesmo entre os autênticos doutos da filosofia, começa a cair em desuso a lógica como teoria, como prática, como ofício.
Entre nós e as palavras há metal fundente entre nós e as palavras há hélices que andam e podem dar-nos morte violar-nos tirar do mais fundo de nós o mais útil segredo entre nós e as palavras há perfis ardentes espaços cheios de gente de costas altas flores venenosas portas por abrir e escadas e ponteiros e crianças sentadas à espera do seu tempo e do seu precipício
...Ao longo da muralha que habitamos há palavras de vida há palavras de morte há palavras imensas, que esperam por nós e outras, frágeis, que deixaram de esperar há palavras acesas como barcos e há palavras homens, palavras que guardam o seu segredo e a sua posição... palavras diamantes palavras nunca escritas palavras impossíveis de escrever por não termos connosco cordas de violinos nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar e os braços dos amantes escrevem muito alto muito além do azul onde oxidados morrem palavras maternais só sombra só soluço só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar.
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Agora toda a gente podia dizer palavrões...A palavra foder estava disponível para ambos os sexos. Era como um brinquedo pegajoso, e estava ali se o quiséssemos.
"Os rapazes ganharam", disse a enteada dele, Silvia. "Outra vez."
"Detesto ouvir isso", disse Keith.
"Eu detesto dizê-lo."
Silvia cursara Sexo (no sentido de Género) na Universidade de Bristol. E era agora uma daquelas «crianças» jornalistas que, aos vinte e três anos, já escrevia uma muito discutida coluna semanal num dos grandes jornais. Leith conhecera-a quando ela tinha catorze - em 1994, quando ele vendera o seu grande duplex em Notting Hill e se mudara para a casa por cima do Health. Silvia tinha herdado a aparência da sua mãe, mas nenhuma da insana alegria desta; era um daqueles espíritos tórpidos que causavam riso a toda a gente menos a si mesma.
"Portanto, contrariamente ao teu melhor juízo", disse ela torpidamente, "dás por ti a passar a noite com um jovem. E são todos iguais. Não interessa quem. Um replicante com fato de quem trabalha na City. Um mal-cheiroso qualquer com uma camisola do Arsenal. E, na manhã seguinte, por hábito, tu dizes-lhe, sabes como é, quando puderes telefona-me. E ele fica a olhar para ti. Como se fosses uma leprosa que o tivesse acabado de pedir em casamento. Porque telefona-me é chantagem emocional, compreendes. E o compromisso não é permitido. Os rapazes ganharam. Outra vez."
A união sexual sem paixão é uma forma de sofrimento, e o sofrimento não é relativo. Será o prazer relativo? Compare-se um salão de baile com uma prisão, compare.se o dia das corridas com um dia no manicómio. Ou, caso se queira ver ambos no mesmo sítio, prazer e dor - uma noite no bordel , uma noite na maternidade.
Não sei, exatamente, se estou desiludida com o romance ou com a realidade dos anos 70. Será que a minha intuição de que tudo não passou de uma mentira , embrulhada numa auréola romântica de liberdade, estaria certa...
Paris é uma autêntica ilusão de óptica, um imponente cenário habitado por quatro milhões de silhuetas. Perto de cinco milhões no último recenseamento? Está bem, devem ter feito meninos. Não me admiro. Sempre me pareceu que nossos concidadãos tinham duas paixões violentas: as ideias e a fornicação. A torto e a direito, por assim dizer (…) É assim por toda a Europa. Bastar- lhes- á uma frase para definir o homem moderno: fornicava e lia jornais.
As personagens de A viúva grávida de Martin Amis não liam jornais, não confirmando, portanto, a totalidade da tese de Jean-Baptiste Clamence...
Put your money on me Cause I can barely breathe Put your money on me If you think I'm losing you, you must be crazy All your money on me I'm never gonna let you go, even when it's easy Put your money on me Go tuck me into bed, and wake me when I'm dead I know that you gotta be free But I'm never gonna let it go...
Pulverização da personalidade: não sei quais são as minhas ideias, nem os meus sentimentos nem o meu carácter... Só sinto uma coisa, enquanto a sinto na pessoa visualizada de uma qualquer criatura que aparece em mim. Substitui os meus sonhos a mim-próprio. Cada pessoa é apenas o seu sonho de si-próprio.Eu nem isso sou.
Não soube nunca o que sentia. Quando me falavam de tal ou tal emoção e a descreviam, sempre senti que descreviam qualquer coisa da minha alma, mas, depois, pensando, duvidei sempre. O que me sinto ser, nunca sei se o sou realmente, ou se julgo que o sou apenas. Sou uma personagem de dramas meus.
O esforço é inútil, mas entretém. O raciocínio é estéril, mas é engraçado. Amar é maçador, mas é talvez preferível a não amar. (O sonho, porém, substitui tudo). Nele pode haver toda a noção do esforço sem o esforço real. Dentro do sonho posso entrar em batalhas sem risco de ter morto ou de ser ferido. Posso raciocinar, sem que tenha em vista chegar a uma verdade, a que nunca chegue; sem querer resolver um problema, que nunca resolvo; sem que (...). Posso amar sem me recusarem nem me trairem, nem me aborrecerem. Posso mudar de amada e ela será sempre a mesma. E se quiser que me traia e se me esquive, tenho às ordens que isso me aconteça, e sempre como eu quero, sempre como eu o gozo. Em sonho posso viver as maiores angústias, as maiores torturas, as maiores vitórias. Posso viver tudo isso tal como se fosse da vida; depende apenas do meu poder em tornar o sonho vivido, nítido, real. Isso exige estudo e paciência interior.
Todo este universo é um livro em que cada um de nós é uma frase. Nenhum de nós, por si mesmo, faz mais que um pequeno sentido, ou uma parte de sentido; só no conjunto do que se diz se percebe o que cada um verdadeiramente quer dizer. Uns são frases que como se erguem do texto a determinar o sentido de todo um capítulo, ou de toda uma intenção, e a esses denominamos génios; outros são simples palavras, contendo uma frase em si mesmas, ou adjectivos definindo grandemente, destacadas aqui ou ali, mas sem dizer o que importa ao conjunto, e são esses os homens de talento; uns são as frases de pergunta e resposta, pelas quais se forma a vida do diálogo, e esses são os homens de acção; outros são frases que aliviam o diálogo, tornando-o lento para depois se sentir mais rápido, pontuações verbais do discurso, e esses são os homens de inteligência. A maioria são as frases feitas, quase iguais umas às outras, sem cor nem relevo, que servem todavia de ligar as intenções das metáforas, de estabelecer a continuidade do discurso, de permitir que os relevos tenham relevo, existindo, aparentemente, só para que esses possam existir. De resto, não somos nós feitos, como a frase, de palavras comuns (e estas de sílabas simples) de substância constante, diversamente misturada, da humanidade vulgar? Não é o nosso amor o amor de todos e o nosso choro as lágrimas em si mesmas? Mas cada um de nós ama e chora ele, que não outro: há um objectivo de dentro que o indefine (dissolve) e determina.
Isto que te estou dizendo é sem dúvida delírio, porque não sei por que te o digo; mas, porque o digo sem saber, é também sem dúvida verdade.
E as figuras de xadrez e as das cartas de jogar ou advinhar — seremos nós mais que elas onde a vida é vida?
Quando eu era menino beijava-me nos espelhos: era um sinal antecipado de que nunca haveria de amar. Tinha por mim, em adivinha de negação, a ternura que me nunca haveria de ser dada.
Este livro é uma fraude.
Este livro é uma fraude e ponto final.
Este livro é uma fraude e ponto final, mais não merece que eu diga.
Este livro é uma fraude.
Panquecas em Joyce...
E enquanto Edy Boardman estava com o pequeno Tommy atrás do carrinho ela pensava se jamais chegaria o dia em que ela pudesse ser chamada de sua futura mulherzinha. Então eles poderiam todos falar dela até ficarem roxos de raiva, Bertha Supple também, e Edy, o paviozinho curto, porque ela ia fazer vinte e dois anos em novembro. Ela materiais cuidaria dele com confortos materiais também pois Gerty era femininamente sagaz e sabia que um mero homem gosta do sentimento do lar. As panquecas dela feitas num tostado ouropardo e o pudim rainha Ana de deliciosa cremosidade tinham conquistado opinião de ouro de todos...
Madalenas em Proust...
E de repente a lembrança surgiu -me. Aquele gosto era o do pedacinho de madalena que nas manhãs de domingo em Combray ( porque nesses dias eu nunca saía antes da hora da missa), quando lhe ia dar bom-dia no quarto, a minha tia Léonie oferecia -me depois de o molhar na sua infusão de chá ou de tília. A visão da pequena madalena não me trouxera recordações antes de a ter provado, talvez porque, tendo depois disso visto muitas sem as ter comido, nas montras das pastelarias, a sua imagem afastara-se dos dias de Combray, ficando presa a outros mais recentes; talvez porque dessas recordações tanto tempo abandonadas longe da memória, nenhuma sobrevivera, tudo se desagregara; E assim que reconheci o gosto do pedaço de madalena molhado no chá que a minha tia me dava (...), logo a velha casa cinza de frente para a rua, onde estava o quarto dela, surgiu como um cenário de teatro e se aplicou ao pequeno pavilhão dando no jardim, construído atrás para os meus pais (...); e com a casa, a cidade, desde a manhã até a noite e por todos os tempos, a praça aonde me mandavam antes do almoço, as ruas onde ia comprar coisas, os caminhos que pegávamos se o tempo estivesse bom. E como nesse jogo no qual os japoneses se divertem, pondo numa bacia de porcelana cheia d’água pedacinhos de papel até então indistintos que, ao serem mergulhados, logo se estiram, se contorcem, se colorem, se diferenciam, tornam-se flores, casas, personagens consistentes e reconhecíveis, e assim agora todas as flores do nosso jardim e as do parque de monsieur Swann, e as ninfas do rio Vivonne, e a boa gente da aldeia e as suas pequenas casas, e a igreja e toda Combray e os seus arredores, tudo aquilo que toma forma e solidez, saiu, cidade e jardins, da minha xícara de chá.
Uma faceta diferente de Leonardo da Vinci...
De uma carta de recomendação de Leonardo da Vinci feita por si próprio, dirigida a Ludovico Sforza, Governador de Milão: "A minha excelência a construir pontes, fortificações e catapultas não admite comparações, e o mesmo se pode dizer de muitos outros aparelhos secretos, que não ouso descrever nesta carta. A minha pintura e a minha escultura são superiores às de qualquer outro artista. Sou superlativo a contar anedotas e a meter-me em sarilhos. E faço bolos verdadeiramente inigualáveis..."
Opiniões...
O presente livro revela-nos uma pouco conhecida faceta da personalidade do invulgar mestre do Renascimento: a sua devoção obsessiva pela comida, forma de a preparar e apresentar. Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci trazem à luz o Código Romanoff, atribuído a Leonardo da Vinci - receitas, regras de etiqueta à mesa, anotações diversas e ilustrações revelam ser Leonardo o inventor do guardanapo, da máquina de fazer spaghetti e da Nouvelle Cuisine, entre outras coisas. Imperdível, essencial e supremamente divertido.
Este extraordinário pequeno livro resulta de um conjunto de notas atribuídas a Leonardo da Vinci – o chamado Codex Romanoff - e lança nova luz sobre a personalidade caleidoscópica do gigante do renascimento, um homem aparentemente inesgotável, que se interessou por uma variedade de assuntos tão vasta que várias vidas pareceriam necessárias para a abarcar. Leonardo devotou um interesse muito particular pela alimentação, não tivesse ele sido criado por um padrasto pasteleiro e acabado por legar uma parte significativa da sua herança à sua cozinheira.
De como atribuir ao assassino um correto lugar à mesa.
Se está planeado um assassínio durante o repasto, então o mais conveniente é sentar o assassino ao lado daquele que irá constituir a matéria dos seus talentos (embora a escolha entre o lado direito ou o esquerdo dependa forçosamente do método utilizado pelo assassino), na medida em que confinando o decurso do evento a uma área reduzida, causar-se-é um menos transtorno à conversação....Depois de os criados procederem à remoção do cadáver, e de eventuais manchas de sangue, é prática corrente que o assassino se retire da mesa, uma vez que a sua presença pode , por vezes, perturbar as digestões dos convivas que agora se encontram sentados ao seu lado, e com este objetivo um bom hospedeiro terá sempre um convidado de reserva esperando lá fora e pronto a ocupar o seu lugar à mesa no momento oportuno.
se quisermos conservar a saúde, não devemos comer senão quando tivermos apetite, devendo a ceia ser sempre leve; é preciso mastigar bem e tudo quanto se come deve ser simples e cozinhado na perfeição... ('Acerca dos Benefícios de uma Dieta Moderada')
Hortelã - É um bom estimulante do apetite sexual e um reconstituinte do vigor sexual perdido. Por estas razões, os chefes militares proibiam a sua utilização por parte dos soldados em campanha no estrangeiro, a fim de estes se mantivessem castos e assim se tornarem melhores combatentes. É igualmente eficaz contra mordeduras de cães raivosos.('Sobre as Propriedades Terapêuticas de Algumas Ervas Aromáticas')
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