Em geometria, chama-se aresta ao segmento que representa a intersecção de duas faces de um poliedro:linha de intersecção de dois planos ou duas superfícies que se cortam...
Quem não vê uma palavra não pode ver uma alma.
Cansa tanto viver! Se houvesse outro modo de vida!
Nunca tive dinheiro para poder ter tédio à vontade.
Nada é, tudo se outra.
O mundo não é verdadeiro, mas é real.
Uma gaiola foi procurar um pássaro.
Tu és o trabalho de casa. Nenhum aluno à vista.
Os esconderijos são inúmeros,a salvação apenas uma,mas as possibilidades de salvação são tantas quantos os esconderijos.
Existe um objetivo, mas não há caminho; aquilo a que chamamos caminho é hesitação.
Duas tarefas no início da vida: restringir cada vez mais o teu círculo e verificar constantemente se não te encontras escondido algures fora dele.
...Viver é dizer não,portanto dizer não é uma afirmação.
Minha cela - minha fortaleza.
A verdadeira explicação é que um grande demónio se instalou nele e que um sem-número de demónios mais pequenos aparece para servir o grande.
Se atentarmos bem, os aforismos são arestas: implicam uma intersecção ideológica de duas ou mais faces da realidade.Gosto de aforismos, mas não populares. Gosto-os com muitas arestas, muitas intersecções, inúmeras portas e janelas...reveladoras ,não de almas simples,lineares, mas produto de complexidades insondáveis.Os seres sem arestas, sem portas e janelas entediam-me. Como há quem os possa apreciar??
O mundo é coisas destacadas e arestas diferentes; mas, se somos míopes, é uma névoa insuficiente e contínua...O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir - não para as índias impossíveis, ou para as grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para o lugar qualquer - aldeia ou ermo - que tenha em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio, do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso.
Um homem de génio é produzido por um conjunto complexo de circunstâncias, começando pelas hereditárias, passando pelas do ambiente e acabando em episódios mínimos de sorte.
Uma mão fria aperta-me a garganta e não me deixa respirar a vida. Tudo morre em mim, mesmo o saber que posso sonhar! De nenhum modo físico estou bem. Todas as maciezas em que me reclino têm arestas para a minha alma. Todos os olhares para onde olho estão tão escuros de lhes bater esta luz empobrecida do dia para se morrer sem dor.
So silentNo violenceBut inside my headSo loud and clear…
Por mais que por mim me embrenhe todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia. Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge. Então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de que me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhecê-1as durezas. Todos os pesos visíveis de objectos me pesam por a alma dentro.
Deus não terá arestas porque ele é todas as arestas. A ideia que me atrai no divino, o que sempre me fez experimentar o desejo pueril de ser deus, é a omnipresença. Não invejo,antes pelo contrário, a omnnisciência nem a omnipotência, mas o dom da ubiquidade sempre, secretamente, me fascinou...A artimanha de fechar os olhos com muita força não anda a resultar ... Se fosse deus, ia ter contigo e, mesmo que não me visses, eu estaria lá… Tenho saudades da minha imagem de ti. Quando for deus, eu vou: é tão difícil descobrir-te no meio de tantas arestas, portas e janelas...
Busco-me e não me encontro. Pertenço a horas crisântemos, nítidas em alongamentos de jarros. Devo fazer da minha alma uma coisa decorativa.Não sei que detalhes demasiadamente pomposos e escolhidos definem o feitio do meu espírito. O meu amor ao ornamental é, sem dúvida, porque sinto nele qualquer coisa de idêntico à substância da minha alma.
O dinheiro não traz felicidade, mas dá uma sensação tão parecida que é necessário um especialista para ver a diferença.
Ser natural é a mais difícil das poses.
Nenhum homem é suficientemente rico para comprar seu passado.
É absurdo dividir as pessoas em boas e más. Elas são apenas encantadoras ou fastidiosas.
A única diferença que existe entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais.
Como não foi genial, não teve inimigos.
Qualquer um pode ter empatia com o sofrimento de um amigo. É simpatizar com o sucesso dele que exige uma natureza delicada.
Ela comporta-se como se fosse bela. Esse é o segredo do seu encanto.
Porque abrem as coisas alas para eu passar? Tenho medo de passar entre elas, tão paradas conscientes. Tenho medo de as deixar atrás de mim a tirarem a Máscara. Mas há sempre coisas atrás de mim. Sinto a sua ausência de olhos fitar-me, e estremeço. Sem se mexerem, as paredes vibram-me sentido. Falam comigo sem voz de dizerem-me as cadeiras. Os desenhos do pano da mesa têm vida, cada um é um abismo. Luze a sorrir com visíveis lábios invisíveis A porta abrindo-se conscientemente Sem que a mão seja mais que o caminho para abrir-se. De onde é que estão olhando para mim? Que coisas incapazes de olhar estão olhando para mim? Quem espreita de tudo? As arestas fitam-me. Sorriem realmente as paredes lisas. Sensação de ser só a minha espinha. As espadas.
Uma porta é geralmente entendida como uma abertura num elemento de vedação arquitetónica, como uma parede, permitindo a passagem de um ambiente para outro.
Uma porta só existe quando deixa de existir, ou seja, a porta só existe quando se abre... uma porta fechada deixa de ser porta? Se queremos entrar e a porta está fechada, damos com o nariz na porta. Se a porta está aberta e se fecha, no momento em que vamos a entrar, levamos com a porta no nariz..
Eu acho que dentro de nós há um espesso sistema de corredores e de portas fechadas. Nós próprios não abrimos todas as portas, porque suspeitamos que o que há do outro lado não será agradável de ver (...) Vivemos numa espécie de alarme em relação a nós mesmos, que talvez seja não querermos saber quem somos na realidade.
Hoje ,aliás, nada possuo. Não me inquieto, pois, com a minha segurança, mas comigo mesmo e com a minha presença de espírito. Tenho também empenho em trancar a porta do pequeno universo bem fechado de que sou o rei, o papa e o juiz.Tranco a porta, mas acabo por abrir a janela...Uma janela, em tempos de novas tecnologias, é uma porta...
Tenho o complexo do trinco. No momento de adormecer nunca consigo saber se corri o trinco.
Now you're knocking at my door Saying please come out with us tonight...
Sleeping is giving in no matter what the time is...
Apetece-me fechar portas e janelas, preciso de dormir ...Apetece-me abrir portas e janelas...preciso de viver…
Abram todas as portas! Partam os vidros das janelas! Omitam fechos na vida de fechar! Omitam a vida de fechar da vida de fechar! Que fechar seja estar aberto sem fechos que lembrem, Que parar seja o nome alvar de prosseguir, Que o fim seja sempre uma coisa abstrata e ligada Fluida a todas as horas de passar por ele! Eu quero respirar!
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas! Que verão agradável o dos outros!
Janela,etimologicamente, é um diminutivo de janua, que significa porta ou entrada...
Abertura feita em parede ou telhado de uma construção, para deixar entrar claridade e ar;Moldura geralmente móvel, de madeira ou metal, envidraçada, que serve para tapar essa abertura. Abertura semelhante, em veículos, que possibilita visibilidade e ventilação. Abertura, geralmente revestida de material transparente, em envelope ou embalagem, para se poder ver o que está dentro. Num ecrã, área geralmente retangular que permite visualizar um conjunto de informações ou elementos gráficos diferentes do que está visível no resto do ecrã. Num texto impresso, espaço deliberadamente deixado em branco ou resultante de falha de impressão. Falha provocada por erosão Qualquer buraco ou rasgão, especialmente na roupa e no calçado. Período de tempo livre entre dois períodos ocupados.
Quem olha, de fora, através de uma janela aberta, nunca vê tantas coisas quanto quem olha uma janela fechada. Não há objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais deslumbrante do que uma janela iluminada por uma vela, O que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante do que o que se passa atrás de uma vidraça. Nesse buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida. (...)Que importa o que possa ser a realidade situada fora de mim, se ela me ajuda a viver, a sentir que existo e o que sou?
Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual eu podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.Finjo? Não finjo. Se quisesse fingir, para que escreveria isto? Estas coisas passaram-se, garanto; onde se passaram não sei, mas foi tanto quanto neste mundo qualquer coisa se passa, em casas reais, cujas janelas abrem sobre paisagens realmente visíveis. Nunca lá estive — mas acaso sou em quem escreve?
Abre teu coração Abre teu coração Ou eu arrombo a janela...
Fecho, cansado, as portas das minhas janelas, excluo o mundo e um momento tenho a liberdade. Amanhã voltarei a ser escravo; porém agora, só, sem necessidade de ninguém, receoso apenas que alguma voz ou presença venha interromper-me, tenho a minha pequena liberdade, os meus momentos de excelsis. Na cadeira, aonde me recosto, esqueço a vida que me oprime. Não me dói senão ter-me doído.
Assim soubesses tu compreender o teu dever de seres meramente o sonho de um sonhador. Seres apenas o turíbulo da catedral dos devaneios. Talhares os teus gestos nos sonhos, para que fossem apenas janelas abertas para paisagens puras da tua alma.
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